terça-feira, 10 de março de 2015

Morre filho de casal gay agredido em escola de SP

Os adolescentes envolvidos na confusão prestaram depoimento na semana passada.
no Portal R7
                                                                                Imagem: Sylvia Albuquerque, do R7
Peterson Ricardo de Oliveira, 14 anos.

por Mateus Falcão de A. A. Martins*

O que podemos dizer depois de ler uma notícia dessas?

Posso dizer o que eu senti depois de ler isso, uma tristeza enorme e uma indignação maior ainda.


Mais um jovem morre por consequência do formato da nossa sociedade. 

Por consequência da forma que somos educados, e de todos os âmbitos de nossa vida. Está entremeado o preconceito desde quando nascemos, desde da escolha da cor da roupa do bebê aos filmes/desenhos que assistimos. 

Heróis que apenas mostram a visão "perfeita" que a sociedade tem do que devemos ser: Brancos, héteros, fortes, altos, guerreiros violentos mas com motivações "nobres", etc. 

E somos bombardeados pelo preconceito (ou podemos também chamar de: formas de mulheres/homens perfeitos perante a sociedade) a todo momento, propagandas de perfumes, de roupas e na "propaganda" mais forte desde da origem do ser humano: A Religião.
A Religião com R maiúsculo que engloba todas as religiões, mas que se diz a única e verdadeira. 


A Religião que diz que somos todos iguais e amados perante a Deus, mas manda jogar pedra em quem foge as suas normas e decreta o fechamento dos portões do Paraíso quando o humano demonstra características próprias, que não o fazem nem menos nem mais humano por isso.

Onde termina essa hipocrisia social em que vivemos?


Livres para viver sob determinadas regras.


Poderosos para viver sob um estado de impotência.


Igualitário a todos, se for mantido sob os padrões.


E você leitor que se manteve pacientemente até aqui? O que você fez hoje? Pregou que apoia a igualdade de direitos a todos, mas "olhou torto" quando um casal lésbico passou ao seu lado de mãos dadas. Ergueu o punho e o bateu contra o peito de indignação ao ler uma notícia triste como essa, mas não pode deixar de "torcer o nariz" quando um transexual cruzou o seu caminho pela rua e o censurou da ponta do cabelo até o dedão do pé por estar simplesmente existindo.


PENSE. E digo mais. REPENSE.


Por que no momento que falamos que não temos preconceitos, mas com palavras bem elaboradas e gestos bem articulados, erguemos uma vírgula e acrescentamos um "mas" a nossa frase estamos desvalidando tudo que falamos anteriormente, e estamos incitando a sociedade a "jogar mais uma pedra" em mais um inocente.


Morre filho de casal gay agredido em escola de SP 


Os adolescentes envolvidos na confusão prestaram depoimento na semana passada 

Morreu, na tarde desta segunda-feira (9), o adolescente Peterson Ricardo de Oliveira, de 14 anos, que estava em coma desde a semana passada após se envolver em uma confusão em uma escola pública na Vila Jamil, em Ferraz de Vasconcelos, Grande São Paulo.
Peterson foi agredido no dia 5 deste mês por ser filho de um casal de homossexuais, segundo um dos pais que conversou com o R7, Márcio Nogueira.
— Eu não sabia que meu filho sofria preconceito por ser filho de um casal homossexual. O delegado que nos informou. Estamos tristes e decidimos divulgar o que aconteceu para que isso não se repita com outras crianças.
O adolescente estudava na unidade de ensino desde os seis anos. Um irmão de 15 anos, que frequenta o mesmo colégio, presenciou a agressão.
O delegado Eduardo Boiguez Queiroz, da delegacia de Itaquaquecetuba, confirmou que o menino se envolveu em uma briga horas antes de passar mal e precisar ser levado da escola para o hospital.
— Ele brigou com alguns garotos na entrada da escola e passou mal quatro horas depois. Ele brincou, assistiu aula e depois passou mal. Ele já tinha um aneurisma. Não podemos afirmar que ele passou mal por conta da briga.
A Secretaria Estadual de Educação e a Secretaria Estadual de Saúde negam a versão da família. Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que não há nenhum registro de agressão no interior da unidade onde o adolescente estudava.
Já a Secretaria Estadual de Saúde confirma que o adolescente deu entrada nesta quinta-feira (5) no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos com parada cardiorrespiratória e passou por um processo de reanimação. Exames feitos no garoto também constataram que ele teve hemorragia, mas não apresentava sinais externos de violência física.
O pai informou que pretende processar o governo de São Paulo. 

— Queremos que a justiça seja feita. 


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