Suspeita-se que apologistas do impeachment tenham organizado uma onda de denúncias na rede social contra o jornalista. Página permanece no ar, mas não pode ser atualizada
por Mário Magalhães
EPRODUÇÃO
Blog do Mário Magalhães – Horas antes de a Câmara aprovar o envio ao Senado do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, o Facebook decretou censura à página do jornalista e escritor Fernando Morais.
O gancho é de 30 dias. Não apresentaram explicação para o que chamam de “bloqueio'', a não ser a mensagem nada esclarecedora reproduzida acima: “Você publicou algo recentemente que viola as políticas do Facebook, portanto você está temporariamente impedido de usar este recurso (…)''.
O recurso mencionado é a permissão para publicar. A página permanece no ar, mas não pode ser atualizada.
Autor dos clássicos “Olga'' e “Chatô: O rei do Brasil'', Morais escreveu uma das mais expressivas obras de não ficção em língua portuguesa.
Nos últimos tempos, empenhou-se publicamente no combate ao afastamento da presidente da República.
Suspeita-se que apologistas do impeachment tenham organizado uma onda de denúncias ao Facebook contra o jornalista.
Morais teria sido punido por pensar diferente de quem queria silenciá-lo.
A Constituição brasileira assegura a livre expressão, violada pela censura arbitrária do Facebook.
Fernando Morais recorrerá à Justiça pelo direito de opinião. Ele disse ao blog: “Tenho certeza de que a gente ganha. Se for preciso, fecharemos o Facebook no Brasil''.
Enquanto a censura prosseguir, ele terá seus posts veiculados na página do jornalista Lucas Figueiredo (leia-a clicando aqui).
O blog já tinha tratado de censura na rede de Mark Zuckerberg em duas ocasiões:“O jornalismo no Facebook será censurado?'' e “Agora é oficial: jornalismo no Facebook será submetido à censura''.
Nos últimos dias, com abordagens diferentes, muita gente tem falado em “república de bananas''.
Se o Facebook tiver autorização judicial no Brasil para ferir a livre expressão das ideias, poderemos encomendar nosso diploma de republiqueta.
Aqui, não há – ou não deveria haver – poder para censurar os cidadãos. Nem quem pensa assim, nem quem pensa assado.
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