por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
Estava assistindo a um documentário sobre Educação com o professor Pedro Demo da UNB - Universidade de Brasília -, dizia que quando chegou a Alemanha para estudar, entrou no Campus, andou atrás de aula, não encontrou, a Universidade não tinha aulas, tinha e sim centro de pesquisas.
A Universidade Federal do ABC, criada em 2006, portanto pelo governo Lula da Silva, sai à frente? Parece que sim.
Dá para fazer isso, claro, guardando as devidas proporções, no Ensino Médio? Penso que sim.
Iniciação Científica. Sim podemos.
Estudantes escolhendo a sua grade horária? Sim podemos.
Estudantes construindo seu próprio aprendizado, orientados por professores? Sim podemos.
Estudantes participando das principais decisões em conjunto com direção, coordenação, educadores etc.? Sim podemos.
Melhorar as estruturas: Salas de aula, salas de reuniões, auditórios, refeitórios, bibliotecas, áreas de convivências, Laboratórios? Sim podemos.
Como a UFABC fez, o Brasil inteiro pode fazer.
Precisamos é de vontade política, de compromisso de todos que estão envolvidos com Educação Pública no país.
A revolução da Universidade Federal do ABC
no Outras Palavras
Ruptura da estrutura de departamentos, grade curricular aberta e ênfase na pesquisa caracterizam instituição — que avança e é reconhecida, enquanto centros tradicionais mergulham em crise
Por Luis Nassif, no GGN
Com oito anos de existência, a Universidade Federal do ABC (UFABC) é o primeiro caso de sucesso das novas universidades federais.
Com seu reitor alemão Klaus Capelle, a UFABC deverá se transformar em um divisor de águas do ensino e da pesquisa universitária, na passagem para o século 21.
A primeira revolução foi na estrutura interna.
As universidades tradicionais são divididas em departamentos acadêmicos, caixinhas fechadas, compartimentalizadas.
A UFABC inverteu a lógica. Os grandes problemas contemporâneos da ciência e da tecnologia e as demandas das empresas não se encaixam em caixinhas, diz Capelle. A Universidade precisa formar pessoas capazes de resolver problemas, o que passa por uma formação interdisciplinar.
Para tanto, a UFABC foi organizada em três grandes centros:
1. Centro de Ciências Naturais e Humanas, a etapa da descoberta.
2. Centro de Engenharia e Ciências Sociais, a etapa da invenção.
3. Centro de matemática, computação e cognição, a etapa da análise.
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Durante três anos o aluno receberá sólida formação interdisciplinar, generalista, aprendendo a aprender e sendo empreendedor de sua própria formação, como define Capelle. Por “empreendedor da própria formação”, significa que o aluno tem liberdade para montar sua própria grade.
Os alunos podem sair pelas duas portas de entrada, ou se dedicar a carreiras mais tradicionais: no total de 47 portas de saída, entre graduação e pós. Optando por ela, em dois anos sairá com diploma convencional, já que parte do ensino anterior vale como crédito.
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Na UFABC o aluno é estimulado para a pesquisa desde o primeiro dia.
Mal ingressa na Universidade, o aluno é envolvido em projeto de pesquisa. A maioria não dispõe de informação suficiente para definir seu projeto. Mas irá se beneficiar da experiência em ambiente de pesquisa.
Anualmente, são concedidas centenas de bolsas para iniciantes, com o orçamento da própria universidade.
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O pós-graduação tem um doutorado inovador, acadêmico-industrial.
Antes de montar o projeto, o aluno recebe uma bolsa CNPQ (Conselho Nacional de Pesquisas) para passar seis meses em empresas conveniadas, buscando desafios científicos e tecnológicos dignos do doutorado.
Se identificar o projeto, ingressa no doutorado e o desenvolve em colaboração com a universidade inteira. O financiamento será integralmente bancado pelo CNPQ, sem desembolso por parte da empresa.
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Em 2006 a UFABC foi inaugurada com 50 professores e 500 alunos, sem campus próprio. Oito anos depois, tem 552 professores, todos com título de doutor, 10 mil alunos, 26 cursos de graduação, 21 de pós, 2 campi próprios, 100 mil m2 de área construída e primeiro colocada em vários rankings.
Em 2012, entre as 2 mil instituições avaliadas pelo MEC, foi uma das 27 que tiraram nota máxima. O estudo holandês Leiden Ranking of Brazilian Research Institutions and Universities analisou 60 universidades brasileiras e conferiu à UFABC o primeiro lugar em colaboração internacional e o segundo em quantidade de publicações entre os 10% mais citados em cada área.
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Sem a abertura das novas universidades, o país continuaria preso à estratificação das universidades tradicionais.
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