quarta-feira, 21 de maio de 2014

Despertando a Cidadania (Projeto Click Humano a serviço da educação)

Dona Meire - Acervo Click Humano
Por José Gilbert Arruda Martins (professor)

“A questão da violência perpetrada por ou contra os jovens é uma das mais delicadas e dolorosas fraturas da vida social no Brasil, e no mundo, e é sobre ela que precisamos aprender novas formas de problematização para suscitar debates à altura dos desafios. É preciso lembrar que práticas de violência não ocorrem no vazio social, mas estão conectadas a um contexto sociológico mais amplo. As diversas formas da violência estão ligadas a variados conflitos sociais e ao campo das desigualdades que as tornam mais agudas” (Revista Carta na Escola, 84, março de 2014)

Sr. Richard - Acervo Click Humano

Em nossa escola, de fevereiro para cá, nós professores e professoras, estamos notando e vivendo um crescimento de comportamentos violentos por parte dos nossos alunos e alunas; cotidianamente ouvimos e passamos por algum momento de desrespeito que beira a violência física, essa situação é extremamente estressante e antipedagógica, todos perdem, nós educadores e os jovens também.

Sr. Elismar - Acervo Click Humano

O que fazer? Acreditamos que o projeto iniciado em fevereiro, no começo com atividades apenas de sala de aula, e agora, com atividades como a de ontem quando recebemos cinco pessoas em situação de rua para bater um papo com os alunos e alunas, pode ajudar concretamente.

Sr. Raimundo - acervo Click Humano
Qual a intensão do Projeto Click Humano? As atividades fora da sala de aula são eficazes? São capazes de impedir nossos jovens alunos entrarem no mundo da violência? Conseguiremos efetivamente desenvolver o processo de ensino-aprendizagem nesse tipo de evento?
Acreditamos que sim. Como já foi defendido por vários estudiosos, a sala de aula tradicional ou o ambiente formal de educação não são os únicos locais de aprendizagem, o projeto proporciona aos alunos e alunas participantes um ambiente muito rico de novas experiências, de novas sensações que normalmente não são vivenciadas em sala de aula.
Se formos capazes de, ao longo do processo de desenvolvimento das atividades, orientarmos os participantes no sentido de despertá-los para, por exemplo, a cultura de paz na família, na comunidade onde residem na escola e na convivência com os professores e colegas, o projeto já estará fazendo seu papel.

Sr. Jailson - acervo Click Humano
O Projeto Click Humano, Um Olhar Sobre a População de Rua do Distrito Federal fez ontem dia 20 de maio mais um evento no auditório da escola, reunimos três turmas “C”, “E” e “F”, cerca de 60 alunos e alunas da 1ª. série do Ensino Médio.
O evento, o segundo com pessoas em situação de rua, recebeu os alunos da Escola de Meninos e Meninas do Parque: Dona Meire, Jailson, Sr. Raimundo, Elismar e Richard, além de três professoras.

Acervo Click Humano
Sr. Raimundo esteve com nossos alunos e alunas pela primeira vez e nos contou sua história, já foi jogador de futebol do Madureira Futebol Clube, apelidado como “Cafezinho” fez sucesso no clube carioca da Zona Norte na década de 1970.
As histórias são comoventes, Dona Meire, por exemplo, é de São Paulo, nunca viu o pai ou a mãe, foi entregue para adoção pela família quando tinha 3 meses de idade, passou pela antiga Febem e hoje vive em Brasília.

Srs. Elismar e Raimundo - acervo Click Humano
Jailson, Elismar, Richard...nomes gente, ser humano que, por algum motivo perdeu tudo e agora sobrevivem do apoio das pessoas e do Estado.
Essa situação não é exclusividade do Brasil, a maioria das cidades médias e grandes do mundo estão tendo que conviver com esse fenômeno, é o sistema econômico excludente produzindo no seu dia a dia milhares de “restos” sociais, gente que a sociedade não enxerga.

Acervo Click Humano
Um dos objetivos do projeto Click Humano é dar visibilidade a essas pessoas e provocar nos alunos e alunas sentimentos de respeito ao outro.
Nos encontros que fizemos semana passada e no de ontem, a emoção foi a tônica, muitos alunos e alunas foram às lágrimas quando os convidados começaram a contar as histórias de suas vidas.

O projeto serve ainda para debatermos o sistema e modelo de desenvolvimento econômico brasileiro e mundial, um modelo que exclui, que não respeita as pessoas. Como disse um aluno da turma I, “Os moradores de rua não são vistos pelo sistema por que não podem consumir, comprar, ir ao shopping”.












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