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Por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
Num debate com alunos e alunas sobre sistema de Castas e sistema de Classes
sociais, tentamos fazer uma comparação, é claro, antes que nos critiquem, as
diferenças teóricas existem, por exemplo, no sistema de classes da antiga Índia
- hoje teoricamente já não existe mais -, não havia possibilidade de uma pessoa
mudar de uma casta para outra, no sistema classes sim, é só a pessoa ganhar e
guardar mais dinheiro ou bens.
Na conversa, usamos um melão amarelo, fruta usada no lanche das escolas
públicas no Distrito Federal, para talvez assim, facilitar o entendimento;
todos sabemos que a riqueza de um país, aqui ou em qualquer lugar do mundo, é
medida principalmente pelo tamanho do PIB (Produto Interno Bruto), que é o
montante de bens produzidos pela sociedade nas áreas da indústria, comércio,
serviços e agricultura.
Repartimos o melão, primeiro em duas partes 75% e 25% cada, depois,
pegamos a parte menor e dividimos novamente em cerca de 30 minúsculos pedaços e
as entregamos a 30 alunos (as), a outra parte maior ficou para os outros 10
alunos (as).
É óbvio, aqueles alunos e alunas que receberam as menores partes
reclamaram muito pois foram prejudicados na distribuição que deveria ser
igualitária. Por sua vez a minoria que recebeu as partes maiores ficou em
silêncio.
Outro detalhe conhecido por quase todo mundo é que, como o melão, a
riqueza, o PIB, tem um tamanho, um limite e que não existe fantasia nisso, não
podemos aumentar ou diminuir o tamanho da riqueza com toques de magia.
Os 75% da turma, portanto a maioria, que recebeu a menor parte da fatia
do melão, iniciou um processo de reinvindicação e insubordinação que foi
prontamente suplantado pelas justificativas do tipo: “recebemos a maior parte
porque somos mais educados”, o grupo da maioria se sentiu amedrontada e
calou-se.
Uma garota do grupo da maioria inconformada e certa de que estava sendo
ludibriada, ponderou que a riqueza (o melão) é produzida por todos, ricos e
pobres, e que era um absurdo aquela injusta distribuição.
O sistema de Castas, tipo indiano, tem suas origens numa complexa
justificativa religiosa onde o destino de cada indivíduo é o que ajuda a
determinar sua posição na sociedade. Claro que debatemos isso também, e, como é
cultural, é histórico, feito pelos humanos, portanto, pode ser repensado,
reestruturado, refeito.
No sistema de classes, que também é histórico, é humano, a posição social
de uma pessoa é determinada por seu poder econômico, os mais abastados, ocupam as
posições mais altas e se privilegiam dos bens produzidos por todos.
Moral dessa história toda, o melão amarelo está sendo abocanhado por uma
minoria. No sistema de Castas como no sistema de Classes, a maioria que
trabalha, produz, paga percentualmente mais impostos, vive historicamente com
menos e, às vezes com nada.
Quem trabalha mais? O rico ou o pobre?
Leia o texto a seguir que talvez ajude a entender o de cima e vice versa.
O problema da
concentração econômica
O livro de Thomas Piketty serve de alerta para a proeminência do capital
financeiro no mundo
por Paulo Yokota — publicado 26/05/2014
04:11, última modificação 26/05/2014 04:58
Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/economia/o-problema-da-concentracao-economica-1363.html
A publicação da versão em inglês do livro Capital in the Twenty
First Century, do economista francês Thomas Piketty, provocou um novo
surto da discussão do problema da concentração econômica. O assunto que vem
sendo discutido desde Karl Marx, indicando ser da natureza do sistema capitalista provocar este
fenômeno, mostra que mesmo com a aspiração igualitária existente no mundo,
expressa na atual política da maioria dos países, como aponta o professor
Antonio Delfim Netto, não se conseguiu estabelecer um sistema eficiente desta
correção, tanto pela tributação como pelas agências que procuram preservar a
concorrência.
Nas principais economias do mundo, inclusive a chinesa e a russa, por motivos que vão além
da natureza do funcionamento do sistema
de mercado, como as privatizações de antigas
estatais e suportes governamentais que beneficiaram grupos ligados ao poder, os
dados disponíveis mostram que está havendo uma concentração da renda, mesmo com
a existência de uma tributação que pretende ser progressiva para corrigir parte
do problema. Na realidade, além da renda o que vem ocorrendo é a transferência
de patrimônios que privilegiam poucos.
Alem do que ocorre ao nível dos contribuintes individuais, e das
atividades que por razões tecnologias determinam tendências monopolísticas, as
dimensões crescentes dos grupos econômicos se inclinam à formação de
oligopólios aproveitando as vantagens das escalas. Nem mesmo a existência de
algumas agências que têm como finalidade a preservação dos mecanismos de
concorrência corrige esta propensão. Constata-se que nos processos de
desenvolvimento acelerado das economias, aproveitando os ganhos das dimensões,
mesmo com intenções oficiais de melhoria da distribuição da renda, ocorrem
acentuadas concentrações que nem sempre são neutralizadas.
O
setor financeiro aparenta ser o que mais determina o aproveitamento de sua
dimensão, provocando inclusive o controle de outros segmentos da economia.
Chega a dificultar medidas corretivas ou punitivas de parte das autoridades,
mesmo quando constatados comportamentos condenáveis, como os que estão sendo
divulgados recentemente. Alegam riscos sistêmicos que possam até abalar algumas
economias nacionais, consagrando-se o princípio de que são demasiadamente
grandes para falirem.
Tradicionalmente, o setor
de petróleo é clássico onde algumas poucas
empresas possuem participação preponderante, com o abuso do poder político que
conseguem, mesmo que tenham sido combatidas. O desmembramento da antiga
Standard Oil resultou nos Estados Unidos, na primeira metade do século XX, em
alguns artifícios para a continuidade de grandes grupos econômicos, como a
criação de holdings.
Também as commodities agrícolas sempre contaram com as chamadas “majors”, que aproveitaram as
vantagens das suas escalas mundiais para operarem, num número limitado, no
comércio internacional. As dimensões mínimas existentes em algumas atividades
sempre favoreceram que poucas empresas tivessem um papel preponderante em
alguns setores como ocorre na mineração, siderurgia, produção de alumínio,
papel, cimento, farmacêutica, construção pesada e muitos outros. Não é um
fenômeno que se restringe a alguns países, inclusive, independe do regime
político adotado.
Atualmente, a dimensão e o poder do segmento financeiro acabam inibindo
ações de controle de organismos internacionais como o FMI – Fundo Monetário
Internacional, BIS – Banco Internacional de
Compensações (o banco central dos bancos centrais), o BCE – Banco Central
Europeu entre outros. Todos sabem que alguns bancos deflagraram a crise mundial
a partir de 2007/2008 e, no entanto, receberam assistência astronômica de
alguns países para evitarem um mal maior. Os seus lucros foram exorbitantes,
premiando dirigentes que deveriam ser punidos por gestões perigosas.
Os fluxos financeiros que superam em
milhares de vezes as movimentações comerciais continuam sem possibilidade de
regulamentação, ainda que os especialistas entendam que eles devam ter algumas
restrições importantes. São desequilíbrios que podem conduzir a situações
perigosas, diante das exageradas concentrações econômicas, onde opoder
político ainda não encontrou mecanismos
eficientes para suas correções. Mas, é necessário que continuem tentando, pois
devemos crer que um mínimo de racionalidade acabará prevalecendo.
registrado em: Desigualdade
social
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