sexta-feira, 9 de maio de 2014

Mulheres denunciam violência de gênero crescente em todo o país



Um país só pode conquistar e construir um regime verdadeiramente democrático se respeitar a todos, principalmente as mulheres. Nossas mulheres têm que lutar dia após dia, há décadas por sobrevivência física. Essa situação de violência extrema é democrática, acontece no meio das classes pobres e ricas, as pesquisas constatam.
O que faze?
Uma das alternativas é levar o problema para a sala de aula a partir da educação infantil. Constato no meu dia a dia como professor comportamentos machistas aprendidos na sociedade mas, principalmente em casas pesquisas mostram que é grande o percentual de violência contra as mulheres provocadas pelo namorado, marido ou ex-marido.
A escola brasileira em todos os níveis precisa mergulhar a fundo nessa questão, do Ensino Infantil à Universidade.
Quando estive em Niterói-RJ visitando a Universidade Federal Fluminense em fevereiro passado, tive a oportunidade de presenciar os trotes dos calouros dos diversos cursos, parte do que vi eram trotes que incluíam brincadeiras que deixavam as meninas em situação vexatória.
Se essa violência acontece nos trotes universitários, ela precisa ser tartada na Universidade também.

Por: José Gilbert A. Martins


Mais de meio milhão de mulheres são estupradas todos os anos

Por Dermi Azevedo
Carta Maior
A multiplicação dos atos de violência de todo tipo contra a mulher foi o eixo central das denúncias apresentadas em Recife/PE, nos dias 4 e 5 de maio, no 1º Encontro Nacional de Mulheres promovido pelo Movimento Olga Benário. O Encontro, realizado na Escola Técnica Estadual Profº Agamenon Magalhães/ETEPAM, reuniu cerca de 300 mulheres de todo o país, vindas do campo e da cidade, de 13 Estados. No final dos debates, foi divulgada a Carta de Recife, que segue abaixo na íntegra:
CARTA DE RECIFE
"Reunidas na cidade de Recife, mulheres representadas por 13 estados brasileiros nos dias 03 e 04 de maio de 2014, analisaram a situação de exploração e opressão em que vive as mulheres.
Identificamos que a crise do sistema capitalista aprofunda as desigualdades da sociedade de uma forma geral e das mulheres de forma particular. Constatamos o aumento da diferença salarial entre homens e mulheres, aumento dos casos de abuso, estupros e feminicídios.
Encaramos os tristes dados de que mais de meio milhão de mulheres são estupradas todos os anos. Uma mulher é agredida a cada 15 segundos e cada hora e meia uma mulher é assassinada em nosso país. Essa violência é fortalecida pelos grandes meios de comunicação que resume o corpo da mulher como uma mera mercadoria.
Neste ano, de forma especial, as mulheres serão submetidas à políticas de graves violações de direitos em decorrências da realização da Copa da Fifa. Nós somos as principais atingidas pelas truculentas remoções para construção de obras e seremos submetidas a um cenário propício ao aumento significativo da exploração sexual de mulheres e meninas. Os recursos destinados à realização dos megaeventos estão sendo desviados de áreas essenciais para a melhoria da situação de vida das mulheres como saúde, habitação e educação.
As mulheres negras, além do combate diuturno ao machismo e opressão de gênero, ainda enfrentam o racismo, que tem raízes profundas na sociedade capitalista brasileira. Debater e organizar as mulheres negras contra a violência racial será também uma de nossas bandeiras.
No marco dos 50 anos do golpe militar no Brasil, onde milhares de mulheres foram perseguidas, presas, torturadas e assassinadas e muitas ainda continuam desaparecidas, fortalecemos a importância da organização e do protagonismo das mulheres na luta pela transformação da sociedade.
Por isso, o 1º Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário reafirma seu compromisso com o combate a todas as formas de violência contra as mulheres, por salário igual para trabalho igual, por creches, restaurantes e lavanderias públicas, pelo fim da exploração sexual das mulheres, pela descriminalização e legalização do aborto, pelo fim da mercantilização das mulheres e também pelo fim do racismo.
Avaliamos que a sociedade capitalista, patriarcal, racista, homofóbica, lesbofóbica e machista nos impede de vivermos plenamente como mulher. Desta maneira, a luta contra esse sistema explorador e opressor é fundamental para conquistarmos a nossa verdadeira emancipação. Somente em uma sociedade nova seremos tratadas com igualdade e respeito. Essa sociedade tem nome, chama-se sociedade socialista e por ela lutamos!"


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