Um país só pode conquistar e construir um regime verdadeiramente democrático se respeitar a todos, principalmente as mulheres. Nossas mulheres têm que lutar dia após dia, há décadas por sobrevivência física. Essa situação de violência extrema é democrática, acontece no meio das classes pobres e ricas, as pesquisas constatam.
O que faze?
Uma das alternativas é levar o problema para a sala de aula a partir da educação infantil. Constato no meu dia a dia como professor comportamentos machistas aprendidos na sociedade mas, principalmente em casas pesquisas mostram que é grande o percentual de violência contra as mulheres provocadas pelo namorado, marido ou ex-marido.
A escola brasileira em todos os níveis precisa mergulhar a fundo nessa questão, do Ensino Infantil à Universidade.
Quando estive em Niterói-RJ visitando a Universidade Federal Fluminense em fevereiro passado, tive a oportunidade de presenciar os trotes dos calouros dos diversos cursos, parte do que vi eram trotes que incluíam brincadeiras que deixavam as meninas em situação vexatória.
Se essa violência acontece nos trotes universitários, ela precisa ser tartada na Universidade também.
Por: José Gilbert A. Martins
Mais de meio milhão de mulheres são estupradas todos os anos
Por Dermi Azevedo
Carta Maior
Carta Maior
A
multiplicação dos atos de violência de todo tipo contra a mulher foi o eixo
central das denúncias apresentadas em Recife/PE, nos dias 4 e 5 de maio, no 1º
Encontro Nacional de Mulheres promovido pelo Movimento Olga Benário. O Encontro,
realizado na Escola Técnica Estadual Profº Agamenon Magalhães/ETEPAM, reuniu
cerca de 300 mulheres de todo o país, vindas do campo e da cidade, de 13
Estados. No final dos debates, foi divulgada a Carta de Recife, que segue
abaixo na íntegra:
CARTA DE RECIFE
"Reunidas
na cidade de Recife, mulheres representadas por 13 estados brasileiros nos dias
03 e 04 de maio de 2014, analisaram a situação de exploração e opressão em que
vive as mulheres.
Identificamos
que a crise do sistema capitalista aprofunda as desigualdades da sociedade de
uma forma geral e das mulheres de forma particular. Constatamos o aumento da
diferença salarial entre homens e mulheres, aumento dos casos de abuso,
estupros e feminicídios.
Encaramos
os tristes dados de que mais de meio milhão de mulheres são estupradas todos os
anos. Uma mulher é agredida a cada 15 segundos e cada hora e meia uma mulher é
assassinada em nosso país. Essa violência é fortalecida pelos grandes meios de
comunicação que resume o corpo da mulher como uma mera mercadoria.
Neste
ano, de forma especial, as mulheres serão submetidas à políticas de graves
violações de direitos em decorrências da realização da Copa da Fifa. Nós somos
as principais atingidas pelas truculentas remoções para construção de obras e
seremos submetidas a um cenário propício ao aumento significativo da exploração
sexual de mulheres e meninas. Os recursos destinados à realização dos
megaeventos estão sendo desviados de áreas essenciais para a melhoria da
situação de vida das mulheres como saúde, habitação e educação.
As
mulheres negras, além do combate diuturno ao machismo e opressão de gênero,
ainda enfrentam o racismo, que tem raízes profundas na sociedade capitalista
brasileira. Debater e organizar as mulheres negras contra a violência racial
será também uma de nossas bandeiras.
No
marco dos 50 anos do golpe militar no Brasil, onde milhares de mulheres foram
perseguidas, presas, torturadas e assassinadas e muitas ainda continuam
desaparecidas, fortalecemos a importância da organização e do protagonismo das
mulheres na luta pela transformação da sociedade.
Por
isso, o 1º Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário reafirma seu
compromisso com o combate a todas as formas de violência contra as mulheres,
por salário igual para trabalho igual, por creches, restaurantes e lavanderias
públicas, pelo fim da exploração sexual das mulheres, pela descriminalização e
legalização do aborto, pelo fim da mercantilização das mulheres e também pelo
fim do racismo.
Avaliamos
que a sociedade capitalista, patriarcal, racista, homofóbica, lesbofóbica e
machista nos impede de vivermos plenamente como mulher. Desta maneira, a luta
contra esse sistema explorador e opressor é fundamental para conquistarmos a
nossa verdadeira emancipação. Somente em uma sociedade nova seremos tratadas
com igualdade e respeito. Essa sociedade tem nome, chama-se sociedade
socialista e por ela lutamos!"
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