Desmilitarizar
a polícia, segurança pública e Direitos Humanos...
Procuradoria-Geral
da República manteve seminário que governo tentou censurar.
Como
alguém, em sã consciência, pode ser contra um evento onde os indicadores expressam
violência insuportável?
Vejam
os dados...
Segundo
dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, somente em 2018, foram
registradas mais de 50 mil mortes violentas no Brasil.
Em
2017, foram mais de 60 mil, índices comparados aos de países em conflito.
Outro
dado alarmante diz respeito ao crescimento da população carcerária, que já
ultrapassa os 700 mil presos.
Destes,
apenas 13% respondem pelo crime de homicídio, enquanto 28% estão presos por
tráfico de drogas.
Entre
a população carcerária feminina, esse índice é ainda mais preocupante: 62% das
detentas respondem por tráfico de drogas.
A
taxa de resolução de homicídios, por sua vez, é outro fator que chama a
atenção: apenas por volta de 5 a 8% dos crimes desse tipo são solucionados.
O
número de policiais mortos também é considerado alto: em 2018, somente no Rio
de Janeiro, estima-se que mais de 100 PMs foram mortos, a maioria fora do
horário de serviço.
Apesar
desses números alarmantes Witzel e o governo federal, tentaram impedir o
evento.
A Procuradoria-Geral
da República (PGR) foi em frente e manteve o debate “Desmilitarizar a polícia:
segurança pública e direitos humanos”, realizado na terça-feira (13).
O
evento contou com a participação de especialistas da segurança pública,
policiais militares, autoridades com experiência no tema e representantes da
sociedade civil.
A
organização dentro da PGR responsável pela realização do evento foi a Câmara de
Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional do Ministério
Público Federal (7CCR/MPF), em parceria com a Organização Não Governamental
(ONG) Justiça Global.
o
governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, criticou o evento via Twitter.
Segundo ele, a abordagem do tema era “inaceitável”, comprovando que o MPF
realizava “eventos políticos, com claro desvio de suas atribuições
institucionais”.
O
debate também irritou bolsonaristas.
Alguns
dias antes do evento, o líder do PSL, partido do presidente, no Senado, Major
Olimpio (SP), gravou um vídeo afirmando que iria protocolar uma manifestação de
repúdio na PGR “para que não se realize esse evento” e conclamando os policiais
para “que compareçam também, que venham fardados”.
Witzel
tentou censurar o debate. Segundo informações da coluna de Mello Franco, no
jornal O Globo, o governador do Rio enviou áudios para grupos de PMs atacando o
evento e ameaçando os procuradores envolvidos. “Devem ser severamente
advertidos e punidos”, afirmou.
O
debate contou com a participação do especialista em segurança pública, escritor
e professor Luiz Eduardo Soares; do coordenador da 7CCR, subprocurador-geral da
República Domingos da Silveira; de Sandra Carvalho, socióloga, coordenadora da
Organização Não Governamental Justiça Global e integrante do Conselho Nacional
de Direitos Humanos; e de Elias Miller, coronel da reserva da Polícia Militar
de São Paulo e diretor da Federação Nacional de Oficiais Militares Estaduais.
A
subprocuradora-geral da República Sandra Cureau, integrante da 7CCR, leu uma
nota na abertura do evento enviada ao órgão pela Rede de Comunidades e
Movimentos Contra Violência, subscrita por 45 entidades da sociedade civil.
“Apenas
quando for entendido que a atenção e o compromisso com os direitos humanos é
uma condição fundamental para um projeto de segurança pública eficaz, que
garanta e proteja direitos ao invés de ceifar vidas, conseguiremos avançar no
enfrentamento da violência e do racismo estruturais, bem como na construção de
uma sociedade verdadeiramente democrática”, aponta a entidade.
Eduardo
Soares, que é autor do livro Elite da Tropa, que inspirou a realização do filme
Tropa de Elite, manifestou ainda que o quadro atual da polícia revela um método
de encarceramento que atinge diretamente o jovem negro e pobre de comunidades
periféricas, classificado por ele como mero “varejista do tráfico”. O grande
traficante, por sua vez, permanece impune.
IMAGEM:
Antonio
Agusto/Secom/PGR
FONTE:
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