Falamos
aqui no Resistência...
E
todos que têm um pouco de memória e idade lembram...
Que
o Estado brasileiro pós Ditadura Militar...
Foi
aparelhado basicamente por dois presidentes...
Com
motivações diferentes...
FHC
aparelhou o Estado com o intuito de torna-lo mais eficiente, um conceito que na
visão neoliberal está anos-luz dos interesses do povo...
Lula
deu ao Estado, sem livrá-lo de ingerências neoliberais, uma outra cara, a cara
da inclusão social do povo...
Lula
e Dilma, inclusive, criaram e fortaleceram leis, órgãos, instituições de
combate à corrupção...
Pois
bem...
O
novo governo dá que cara ao Estado?
Segundo
Celso Rocha de Barros, na Folha de SP...
Aparentemente,
a maneira de parar a Lava Jato era fazê-la de otária. Nada dessa coisa da
esquerda de confrontá-la abertamente, nada de tentar desmontá-la em silêncio,
como tentou Temer: o negócio era se eleger como campeão da luta contra os
corruptos, colocar Moro no Ministério da Justiça, prometer-lhe uma vaga no STF,
convocar passeata todo domingo contra a corrupção, e, enquanto isso, aparelhar
os tribunais, a polícia, a Receita, o Coaf, todos os órgãos que foram
responsáveis pelas investigações de corrupção da última década.
Bolsonaro
conseguiu que Toffoli neutralizasse o Coaf, e não deixou que Moro nomeasse
gente sua para o órgão. Fez tudo isso enquanto convocava manifestações dizendo
que o Coaf era a coisa mais importante de todos os tempos, que se o Coaf não
ficasse com Moro o mundo acabaria. No fim, quem tirou o poder de Moro sobre o
Coaf foi o próprio Bolsonaro.
Bolsonaro
já deixou claro que só nomeará para procurador-geral da República quem aceitar
ser submisso ao presidente. A tradição de escolher o mais votado da lista
tríplice, defendida pela turma da Lava Jato, acabou, não tem mais, morreu, vai
ver era comunismo aquilo.
E
qual vai ser a desculpa para descartar todo e qualquer nome que não aceite
acobertar esquemas? A moral, é claro.
Cada
vez que um candidato der sinais de que tem alguma mínima restrição às
picaretagens dos bolsonaristas, eles vão inventar algum esquerdismo para o
sujeito. Lembrem-se: o perfil oficial do presidente da República compartilhou
um texto que diz que Deltan Dallagnol é tão de esquerda quanto o PSOL. Se você
for honesto, não se candidate à PGR sob Bolsonaro: em 15 minutos, sua tia vai
receber mensagem no WhatsApp dizendo que você defende distribuir mamadeira de
pinto em creche.
E
deixo aqui meus parabéns para quem foi domingo protestar contra o STF: começou
a dar certo, o Toffoli já parou a investigação do Flávio.
Na
semana passada, o desmonte se acelerou na Receita e na Polícia Federal.
O
superintendente da Receita no Rio de Janeiro, Mário Dehon, foi atacado por
autoridades investigadas e prontamente afastado por Bolsonaro, que também
declarou que a Receita persegue sua família.
O
superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, foi
afastado por não interferir nas investigações sobre Flávio Bolsonaro. Bolsonaro
achou que houve abusos na investigação, foi lá, afastou o cara —tudo isso
enquanto seus apoiadores estão nas redes sociais pedindo para fechar o
Congresso por causa da lei do abuso de autoridade.
E o
Moro? Essa é a jogada mais impressionante, pela ousadia. Vários políticos
tentaram neutralizar Moro, mas só Bolsonaro foi arrojado o suficiente para
neutralizá-lo dando-lhe um cargo.
Desde
então, Moro só perdeu poder, teve que silenciar sobre o caso Queiroz e é
ridicularizado pelo presidente da República sempre que possível. Pare de
prestar atenção no Lula, Moro, esqueça o Greenwald: quem está te derrubando é o
Jair.
Ainda
não se sabe se o aparelhamento bolsonarista será bem-sucedido. A Polícia
Federal, a Receita, os procuradores vão reagir. E parece cada vez menos
provável que Moro termine o ano no cargo de ministro. Mas, em termos de
popularidade presidencial, talvez não dê em nada: talvez a indignação toda
tenha sido mesmo só cinismo.
Por
José Gilbert Arruda Martins
FONTE:
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/celso-rocha-de-barros/2019/08/aparelhamento-bolsonarista.shtml
IMAGEM:
CAROLINA
ANTUNES/PR – na RBA
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