sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Como o neoliberalismo destruiu a Argentina



Você é a favor da privatização das empresas públicas?
Como você fará para consumir, se seu salário não alcança as alterações de preços?
Por isso a pergunta...
Quem mais forte que o Estado pode concretamente empregar pessoas e mantê-las comendo pelo menos três vezes ao dia?
Qual ou quais organizações empresarias em meio a crises cíclicas do sistema capitalista abre mão de seus vultosos lucros para empregar mais e melhor os trabalhadores?
Que fique claro – o Estado não tem a obrigação do lucro – tem a obrigação de proporcionar bem-estar à população.
A empresa privada tem um dono e o dono exige lucro, para ter lucro explora e só investe naquilo que dar lucro.
Por isso o Estado mais do que nunca, tem o papel fundamental de investir no social, no ser humano, no bem-estar.
Outro ponto importante...
Os defensores do Estado mínimo, neoliberal vivem sem o Estado?
Nunca... sempre viveram às custas e da presença do Estado...
Pega, por exemplo, a dívida pública brasileira... (que contabiliza os passivos dos governos federal, estaduais e municipais)
Dívida bruta subiu em março para R$ 5,431 trilhões, 78,4% do PIB...
Quem ganha e quem perde com a Dívida Pública?
O governo federal vende papéis da dívida ao mercado capitalista que ganha bilhões em juros...
A Dívida Pública é um dos melhores negócios capitalista...
O trabalhador ganha o quê?
Nada...
Por isso...
“O Estado tem que ter o tamanho das necessidades do povo”
No artigo - A revolução do Emprego Garantido - Robert Skidelsky defende uma proposição inovadora desafia a lógica neoliberal e sustenta: Estados podem oferecer trabalho digno a todos que o requeiram; e direcioná-lo para necessidades sociais e ambientais.
A Argentina de Macri...
Macri elogiado por Bolsonaro e Dória...
Pediu falência...
Pediu moratória de parte de sua dívida ...
A política neoliberal de Macri faliu a Argentina...
Por José Gilbert Arruda Martins
O historiador Vinícius Carvalho no 247 escreveu...
Tem uma galera me pedindo "ajuda" pra entender a crise argentina.
Eu estudo neoliberalismo, o neoliberalismo é por si só uma doutrina monetarista e a crise argentina tem, em grande medida, um flanco monetarista.
A ditadura militar argentina, assim como a chilena e a uruguaia - e diferente da brasileira - teve uma característica neoliberal de influência da Escola de Chicago e as teorias de Milton Friedman. Portanto esse conjunto de fatores quando somados podem sim explicar o contexto geral da crise argentina atual.
A fome já atinge a outrora pomposa classe-média argentina, racionamento de leite de alimentos nos mercados do país, inflação galopante, moeda derretida... e agora, congelamento de preços.
É evidente que a derrocada Argentina tem vários culpados e vários motivos, mas é bom destacar que os hermanos chegaram a possuir, no início do século passado, um PIB Per Capita comparável ao da Alemanha e Holanda, e superior ao da Espanha, Suécia, Suíça e Itália.
O projeto de estado da Argentina no século XIX vislumbrava ser a potência que ia fazer frente com os Estados Unidos. Eles realmente acreditaram e tentaram, de certa forma, realizar este plano.
Com uma população quase que integralmente alfabetizada, um PIB cerca do dobro do Brasil, e responsável por mais de 50% das exportações de toda a América do Sul, no início do século XX.
A Argentina foi, no mundo contemporâneo, talvez a única nação literalmente desenvolvida que se transformou subdesenvolvida num período relativamente curto. Com todos os problemas que esses termos carregam, claro.
Agora, de todos os processos que levaram a Argentina a esta catástrofe, eu destaco a ditadura militar daquele país e, claro a supressão do mercado nacional e da indústria pelo monetarismo.
O neoliberalismo, principalmente após a década de 90, após o Plano Brady e o Consenso de Washington, se aprofundou de forma com que permitisse que os países pudessem "lastrear" a sua moeda não apenas com riquezas do setor produtivo, ou dólares, mas com "papel". Todas as moedas passaram ali a serem especulativas. Em uns países mais e em outros menos. E a Argentina foi a que levou tal processo mais à fundo.
Porém, cerca de 2 décadas antes, durante a ditadura, por lá ocorreu o que eu chamo de "quimioterapia econômica e social". Explico:
Com o intuito de destruir a esquerda do país e o legado peronista (e aqui não vou me apegar as controvérsias do peronismo, mas o que ele possa ter tido de bom, como a ideia de um estado nacional forte e industrializado), e com isso impôr o modelo neoliberal, os militares forçaram um processo de desindustrialização, enfraquecimento econômico dos centros urbanos e voltou a sua economia para o campo.
Com isso, automaticamente, na contramão do século XX, um modelo de trabalho sindical, de alta qualificação, uma sociedade civil pujante e inteligente, uma classe-média cosmopolita e progressista se viu de uma hora para outra desempregada e dilapidada. Some a isso a grande crise do petróleo dos anos 70.
Sim, meus amigos. Os militares argentinos perceberam que para enfraquecer a esquerda e o peronismo tinham que sacrificar a indústria do país, empobrecer a população e com isso priorizar o campo.
Isso para não falar da repressão, que matou cerca de 30 mil pessoas...
A bomba relógio da atual crise argentina foi armada assim: Uma população letrada, rica, empobrecida forçadamente, um país que viu seu PIB despencar, passou a deixar de vender produtos industrializados com alto valor agregado para vender produtos do campo, de baixo valor. É como se você abrisse mão da sua revendedora da BMW para administrar um sacolão, tudo isso por ódio ideológico.
Somou aí o processo de tornar o peso uma moeda especulativa. Uma população com o padrão de consumo despencando, passa a tomar empréstimos, se endividar, se torna inadimplente e não tem como cobrir o buraco. A previdência não dá mais conta. E aí, meus amigos, não adianta aumentar taxa de juros, decretar feriados bancários, congelar preço e nem nada. A crise é cíclica e sem data para terminar. Porque se uma moeda não tem um colchão de "riqueza" para que o seu câmbio seja sustentado, chega determinado momento que nem mais a especulação e a espoliação dos mais pobres vai dar conta de alimentar o rentismo.
Uma das economias mais dinâmicas das Américas, atrás apenas de Canadá e EUA, se viu transformada então numa grande roça pelo neoliberalismo.
E sabem quem está com um plano igualzinho para o Brasil? A turma da lava-jato e do Jair Bolsonaro. Com o intuito de destruir a esquerda, o PT e as universidades, eles estão matando toda a indústria. Vai ser terra arrasada.
E, com esse volume de perda de exportações, não me surpreende se o Real já não começar a derreter este ano.

Autor: Vinícius Carvalho

Historiador

FONTE:

IMAGEM:



Nenhum comentário:

Postar um comentário