sábado, 13 de julho de 2019

MORO OUVIU CONVERSAS DE ADVOGADOS DE LULA EM TEMPO REAL



Suspeição de Moro é suficiente para anular todo o processo.
Cristiano Zanin, advogado de Lula, deu entrevista ao jornal El País..
Vamos destacar aqui no Resistência Contemporânea alguns trechos ...
Cristiano Zanin: “A Lava Jato ouviu em tempo real as nossas conversas. É uma violência ao direito de defesa”
El País: A estratégia da defesa vai mudar após as mensagens vazadas pelo The Intercept?
Cristiano Zanin: Esse material do The Intercept, que também está sendo divulgado por outros veículos, reforça uma situação que foi por nós colocada desde o início dos processos do ex-presidente Lula, que é a suspeição do então juiz Sergio Moro e também dos procuradores da Lava Jato.
Em 2016, nós apresentamos, tanto a suspeição de Moro, quanto dos procuradores.
E esses incidentes foram sendo processados ao longo do tempo e agora chegou ao Supremo Tribunal Federal.
El País: Quais elementos foram usados para comprovar a suspeição que vocês apresentaram?
Cristiano Zanin: São vários fatos que apontam claramente para a suspeição, de acordo com o que diz a lei brasileira e os tratados internacionais que o Brasil se obrigou a cumprir.
Primeiro, as diversas medidas tomadas em relação ao ex-presidente Lula antes da fase processual que indicavam uma predisposição do ex-juiz Moro para condenar o ex-presidente.
Houve a condução coercitiva, incompatível com a Constituição como reconheceu o próprio Supremo, buscas e apreensões diversas na casa do ex-presidente, dos seus filhos e colaboradores, interceptações telefônicas em larga escala, inclusive com a divulgação de parte das conversas interceptadas, que foi aquela entre Lula e Dilma, coletada após o exaurimento da autorização.
Houve também interceptações no nosso escritório para acompanhar a estratégia de defesa.
Ou seja, houve o acompanhamento em tempo real de conversas entre advogados que estavam tratando da defesa do ex-presidente Lula.
Não é tão somente o fato de ter ocorrido uma interceptação, mas sim uma interceptação que foi acompanhada em tempo real, por 25 dias, quando policiais, procuradores e o juiz Moro sabiam de tudo o que era conversado pelos advogados e possivelmente tomavam medidas para inviabilizar a estratégia da defesa.
Teve também a participação de Moro em inúmeros eventos claramente de natureza política e sempre marcados por ser de oposição política ao ex-presidente Lula.
Ainda a questão bastante relevante que foi a interferência direta de Moro durante a eleição, sobretudo com a divulgação de uma parte da delação de Palocci.
Outro argumento que integra o nosso habeas corpus é o fato dele ter deixado o cargo de juiz que conduzia os processos contra o ex-presidente Lula, que inviabilizou a sua candidatura, para assumir um dos principais cargos no governo que se elegeu a partir do momento em que Lula foi impedido de ser candidato.
Esse quadro, totalmente documentado e comprovado, é mais do que suficiente para configurar a suspeição do ex-juiz Moro e consequentemente para que seja anulado todo o processo.
El País: O processo inteiro?
Cristiano Zanin: Todo o processo. É o que diz a lei: uma vez reconhecida a suspeição, todos os atos são anulados e o processo deve ser reiniciado na presidência de um juiz imparcial independente.
Esse é um direito que vale para qualquer cidadão, mas que para o ex-presidente não valeu.
 (Foto por Ricardo Stuckert, em dezembro de 2016)
FONTE:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/11/politica/1562871221_209921.html
https://www.conversaafiada.com.br/brasil/zanin-lava-jato-ouviu-em-tempo-real-as-conversas-da-defesa-de-lula

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