Suspeição de Moro é suficiente para
anular todo o processo.
Cristiano Zanin, advogado de Lula,
deu entrevista ao jornal El País..
Vamos destacar aqui no Resistência
Contemporânea alguns trechos ...
Cristiano Zanin: “A Lava Jato ouviu
em tempo real as nossas conversas. É uma violência ao direito de defesa”
El País: A estratégia da defesa vai
mudar após as mensagens vazadas pelo The Intercept?
Cristiano Zanin: Esse material do The
Intercept, que também está sendo divulgado por outros veículos, reforça uma
situação que foi por nós colocada desde o início dos processos do ex-presidente
Lula, que é a suspeição do então juiz Sergio Moro e também dos procuradores da
Lava Jato.
Em 2016, nós apresentamos, tanto a
suspeição de Moro, quanto dos procuradores.
E esses incidentes foram sendo
processados ao longo do tempo e agora chegou ao Supremo Tribunal Federal.
El País: Quais elementos foram usados
para comprovar a suspeição que vocês apresentaram?
Cristiano Zanin: São vários fatos que
apontam claramente para a suspeição, de acordo com o que diz a lei brasileira e
os tratados internacionais que o Brasil se obrigou a cumprir.
Primeiro, as diversas medidas tomadas
em relação ao ex-presidente Lula antes da fase processual que indicavam uma
predisposição do ex-juiz Moro para condenar o ex-presidente.
Houve a condução coercitiva,
incompatível com a Constituição como reconheceu o próprio Supremo, buscas e
apreensões diversas na casa do ex-presidente, dos seus filhos e colaboradores,
interceptações telefônicas em larga escala, inclusive com a divulgação de parte
das conversas interceptadas, que foi aquela entre Lula e Dilma, coletada após o
exaurimento da autorização.
Houve também interceptações no nosso
escritório para acompanhar a estratégia de defesa.
Ou seja, houve o acompanhamento em
tempo real de conversas entre advogados que estavam tratando da defesa do
ex-presidente Lula.
Não é tão somente o fato de ter
ocorrido uma interceptação, mas sim uma interceptação que foi acompanhada em
tempo real, por 25 dias, quando policiais, procuradores e o juiz Moro sabiam de
tudo o que era conversado pelos advogados e possivelmente tomavam medidas para
inviabilizar a estratégia da defesa.
Teve também a participação de Moro em
inúmeros eventos claramente de natureza política e sempre marcados por ser de
oposição política ao ex-presidente Lula.
Ainda a questão bastante relevante
que foi a interferência direta de Moro durante a eleição, sobretudo com a
divulgação de uma parte da delação de Palocci.
Outro argumento que integra o nosso
habeas corpus é o fato dele ter deixado o cargo de juiz que conduzia os
processos contra o ex-presidente Lula, que inviabilizou a sua candidatura, para
assumir um dos principais cargos no governo que se elegeu a partir do momento
em que Lula foi impedido de ser candidato.
Esse quadro, totalmente documentado e
comprovado, é mais do que suficiente para configurar a suspeição do ex-juiz
Moro e consequentemente para que seja anulado todo o processo.
El País: O processo inteiro?
Cristiano Zanin: Todo o processo. É o
que diz a lei: uma vez reconhecida a suspeição, todos os atos são anulados e o
processo deve ser reiniciado na presidência de um juiz imparcial independente.
Esse é um direito que vale para
qualquer cidadão, mas que para o ex-presidente não valeu.
(Foto por Ricardo Stuckert, em dezembro de
2016)
FONTE:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/11/politica/1562871221_209921.html
https://www.conversaafiada.com.br/brasil/zanin-lava-jato-ouviu-em-tempo-real-as-conversas-da-defesa-de-lula
Nenhum comentário:
Postar um comentário