terça-feira, 16 de junho de 2015

Os direitos sexuais são direitos humanos universais baseados na liberdade inerente, dignidade e igualdade para todos os seres humanos.

Neide Castanha* 
A sociedade tem ditado a maneira como homens, mulheres e jovens devem atuar e se comportar, e os valores que devem ter sobre o que é correto ou incorreto, “bom” ou “mau” dentro da sociedade. Aos jovens se tem negado e reprimido seus sentimentos e seus direitos a informação sobre o seu corpo, seu prazer e seu desenvolvimento. 

Em troca, eles convivem com proibições e tabus que provocam dúvidas e temores sobre sua própria sexualidade. Esse processo perverso não os permite reconhecer e desfrutar suas sensações e desejos, criando obstáculos ao seu amadurecimento e impedindo sua autonomia em direção ao exercício dos seus direitos sexuais. 

Sexualidade é uma parte integrante da personalidade de todo ser humano. O desenvolvimento total depende da satisfação de necessidades humanas básicas, como desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho, amor. 

A sexualidade é construída através da interação entre os indivíduos e as estruturas sociais. 

O total desenvolvimento da sexualidade é essencial para o desenvolvimento individual, interpessoal e social. Os direitos sexuais são direitos humanos universais baseados na liberdade inerente, dignidade e igualdade para todos os seres humanos. 

Saúde sexual é um direito fundamental, então saúde sexual deve ser um direito humano básico. Para assegurar que os seres humanos e a sociedade desenvolvam uma sexualidade saudável, os direitos sexuais devem ser reconhecidos, promovidos, respeitados, defendidos por todas as sociedades de todas as maneiras. 

Saúde sexual é o resultado de um ambiente que reconhece, respeita e exercita os direitos sexuais. Portanto, a negação dos direitos sexuais é uma forma de violência que pode revelar na face mais cruel e perversa que é o abuso e a exploração sexual, e em particular quando vitimiza crianças e adolescentes. 

O enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil tem sido assumido por uma mobilização nacional e uma articulação de organizações da sociedade civil, de representantes dos poderes públicos, de organismos internacionais, de setores empresariais que lutam pelos direitos infanto-juvenis. 

Nesse contexto, desde o ano 2000, o marco dessa luta é simbolizado pelo o dia 18 de maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data foi instituída pela Lei Federal n.º 9970/00, e foi escolhida porque em 18 de maio de 1973 em Vitória-ES um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Crime Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas 8 anos de idade que foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada por jovens Prefácio 8 Caderno Temático de classe média alta daquela cidade. Esse crime, apesar de sua natureza hedionda, até hoje está impune. 

Ter um dia no calendário nacional para destacar a temática da violência sexual é uma estratégia fundamental para avançar na formação de uma nova cultura e consciência da sociedade brasileira, capaz de garantir a toda criança o direito ao desenvolvimento de sua sexualidade de forma segura e protegida, livres de abuso e exploração sexual. 

A mobilização e manifestação de massa é um fator preponderante para convocar a sociedade e facilitar o seu engajamento no enfrentamento da violência sexual, bem como criar oportunidades para articular e integrar as autoridades dos poderes públicos, criar acordos, compromissos e pactos que possam barrar as atrocidades que ocorre com milhares de meninas e meninos brasileiros vitimizados pelo abuso sexual intra familiar e pela exploração sexual comercial na forma da prostituição infantil, do turismo sexual, da prostituição nas rodovias, da pornografia, da pedofilia e do tráfico interno e internacional para fins sexuais. 

O 18 de Maio acontece também para reafirmar: “Os Direitos Sexuais são Direitos Humanos”. 

* Neide Castanha Secretária Executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes

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