quinta-feira, 23 de abril de 2015

Consumismo e Pós- Modernidade Acrítica

por José Gilbert Arruda Martins

"Eu Duvido, Logo Penso, Logo Existo"

René Descartes (1596 - 1650), quando escreveu, ou pensou na frase, vivia uma sociedade autoritária, onde o absolutismo real podia tudo, ou quase tudo.

A frase, do século XVI, é, a meu ver, de grande atualidade, vivemos uma sociedade que, por causa de vários fatores, entre eles o consumismo, parece não pensar, não raciocinar o que faz ou o que diz.

Tudo, ou quase tudo, é para ontem, ninguém tem mais tempo a "perder".

Tem algum vencedor, nesse comportamento, onde a sociedade deslumbrada com o consumismo, parece não conseguir enxergar outros valores que não seja os que levem a ganhos individuais?

A pós-modernidade capitalista, esconde a importância da história, da economia e do entendimento do funcionamento da máquina de moer gente.

Vivemos como máquinas que produzem, dia a dia somos impulsionados a correr pela sobrevivência sem me importar com quem está ao lado, atrás ou na frente.

Somos como gado ao matadouro, somos fortes e não temos a consciência da nossa força.

A suposta beleza de poder ganhar um pouco e poder consumir, me amordaça e desorganiza. Não tenho tempo para pensar a política.

É natural que a política seja feita por "eles", não me interessa a política. "Vou votar por que sou obrigado, se não fosse, aproveitaria melhor o dia da eleição".

A pós-modernidade capitalista, principalmente agora com a tentativa de ampliação do sistema de terceirização da mão de obra, e que tem a arrogância de defender que o progresso e ganhos econômicos serão para todos, continua sua caminhada rumo ao lucro e mais lucro, moendo trabalhadores e trabalhadoras.

O professor francês Thomas Piketty, autor do livro "O Capital do século XXI", defende na sua obra exatamente o contrário do que pregam os defensores da terceirização, a concentração de riqueza hoje é uma das mais espetaculares da história, quanto mais produção econômica e mais progresso, mais concentração e mais pobreza.

Como provocar, em consumidores das "delícias" - capitalistas, smartfones, carrões, facebook, whatsapp, tablets etc. -, o mínimo de debate crítico sobre a realidade social que nos cerca? uma realidade recheada de todo tipo de mazelas e desrespeitos?

Como fazer pensar temas importantes, que, no presente e no futuro, poderão atingir em cheio a todos, como é o caso da terceirização?

A divisão de classes, tão "esquecida", que sempre existiu e que está aí presente, a quem interessa saber e conhecer?

O enriquecimento absurdo de uma minoria, em detrimento do trabalho e da vida de uma maioria que é explorada, principalmente os jovens, sempre existiu e cresce a cada dia, mas a quem interessa o debate?

A classe trabalhadora, historicamente, sempre teve grandes dificuldades de organização, da década de 1980 aos dias presentes, os sindicatos minguaram, uma prova foi a facilidade de aprovação da PL 4330 na Câmara dos Deputados. Como fazer com que a sociedade e, a própria classe dos trabalhadores, se interesse por esse debate?

Estamos, portanto, diante de um grande impasse, de um lado temos o deslumbre com as novas tecnologias e o consumismo, mesmo que a maioria encontre grandes dificuldades para consumir, e do outro a tentativa do grande capital nacional e internacional, de nos aprisionar e explorar ainda mais, o que fazer?

Será que seremos capazes de enxergar as armadilhas do sistema capitalista global a tempo de uma reação?

Será que seremos capazes de analisar que o sistema que nos deslumbra é o mesmo que nos explora?

Não resta dúvida que o consumo é importante. Ele produz mais empregos, por exemplo. Mas não podemos perder de vista a organização e o pensar as estruturas de funcionamento do sistema.

"É no consumo que o capitalismo mostra toda a sua pujança. É na cultura do prazer que o capital se locupleta. A sua incrível capacidade de se transformar, adaptar, reinventar é vista como em um espelho na cultura do consumo" (Barros, 2014)








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