por José Gilbert Arruda Martins
"Somos todos iguais, braços dados ou não"?
Não, definitivamente, não somos.

Ao contrário, somos uma sociedade de classes bem definidas, onde historicamente, uma delas mandou e manda, com mão de ferro.
Vivemos um tipo de apartheid social, econômico e cultural, a meu ver, muito pior e mais violento, que o africano, pois lá os negros e o povo tinham a apartação e as regalias das elites, escritas no papel, na Constituição, aqui não, nunca as elites escancararam o racismo, ele foi sempre escamoteado por praticamente todas as instituições sociais, pela imprensa, pela escola, pela Universidade, pelos escritores importantes.
Planejamos e criamos uma cultura do ódio que serviu e serve para explorar os escravos e, agora, os pobres. E essa cultura não se desfaz de uma hora para outra, mesmo porque, não existe o interesse das elites em destruí-lo, esse ódio faz bem a eles e seus negócios.
Portanto, esse ódio sempre existiu. Ele não era muito claro por que as elites foram muito pouco incomodadas em seu projeto mesquinho de abocanhar a riqueza quase toda para si.
Agora que os pobres começaram a disputar os espaços que são de todos, as elites saíram do comodismo, pelo menos, temporariamente, para ir ao ataque.
O ódio que hoje se descortina de forma absolutamente medieval, é próprio de grupos minoritários que detêm a hegemonia sobre a política e a economia do país há muitos anos.
Se analisarmos a história do país veremos claramente, que os momentos mais cruéis, foram e são marcados por tentativas do Povo em sair da miséria e do estado de abandono, e, em todos esses momentos, foi brutalmente reprimido.
A repressão veio, na maioria dos casos, em forma de estupro, perseguições, assassinatos, prisões ilegais, torturas etc.
Com o advento da internet a violência apenas se espalha com maior rapidez, mas ela é um fenômeno da cultura elitista brasileira que vem desde a Colônia.
Zumbi dos Palmares, numa tentativa de criar e por em prática um projeto coletivo, foi violentamente perseguido, torturado, teve a cabeça decepada e seu corpo exposto, numa clara e direta mensagem ao povo sobre quem verdadeiramente manda.
No século XIX, Nísia Floresta Brasileira Augusta, educadora, poetisa, feminista revolucionária do Nordeste, foi perseguida pela elites da época.
A violência não para por aí, quem conhece a vida de uma homem negro, que no início do século XX, se rebelou contra as torturas que os marinheiros sofriam?, João Cândido Felisberto, que nasceu no Rio Grande do Sul em 1880 sofreu a violência da "política" e da prisão.
Violência e repressão, desrespeito e brutalidades, são as marcas e o modelo de uso frequente pelas elites quando ela teve que tratar com a maioria, com os pobres e trabalhadores.
Somos uma sociedade marcada pela luta de classes; a Balaiada e a Cabanagem, que explodiram no Brasil do século XIX, são outros dois exemplos palpáveis dessa luta que recrudesce hoje no Brasil. São as elites, saindo do "bem bom" para mostrar quem controla, quem manda.
A violência do adesivo contra a presidenta Dilma, não lembra apenas a violência contra as mulheres da série "Game Of Thrones", trás à nossa memória, toda uma história de estupros que as meninas negras sofriam dia a dia durante mais de 300 anos realizados pelos Senhores, "homens Bons" nas Senzalas e Casas Grandes do Brasil colonial.
E, agora, com pastores no poder, evangélicos conservadores mandando em um dos principais poderes da estrutura política do país, imaginem o que vem pela frente.
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