"85 pessoas mais ricas do mundo detêm juntas o equivalente ao que a metade da população mais pobre do planeta tem"
"Entre março de 2013 e março de 2014, essas 85 pessoas aumentaram sua riqueza em US$ 668 milhões diariamente!"
https://www.google.com.br/search?q=charge+exterm%C3%ADnio+jovem&rlz=2C1SAVU_enBR0538BR0538&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwiys83g_o3KAhVJjJAKHXc
Cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo de hoje, século XXI, estão abaixo da linha da pobreza, são miseráveis e passam fome.
Quantos dos jovens, na faixa de idade entre 15 e 29 anos, estão nessa situação?
Se a riqueza de um país tem limites e tamanhos, é claro que milhares de pessoas e famílias, espalhadas pelo mundo, ficaram sem sua parte.
Entre os milhões que não receberão nada ou quase nada, estão os jovens e suas famílias.
Todo jovem deseja ter alguma coisa, um livro, um relógio, um brinco, uma roupa da moda, um telefone, o desejo de consumir é próprio dos seres humanos, mais ainda, em um sistema onde a TV aberta, diuturnamente, martela em suas mentes que você tem que adquirir para ser, ter para ser.
Como a juventude pobre, negra, moradora das periferias, é impactada por essa colossal desigualdade?
Vou tentar neste texto levantar algumas questões, que poderão servir como pontos de reflexão, não apenas para nós educadores e educadoras, mas, principalmente, à juventude.
Não que eu tenha a pretensão em ensinar a juventude, é ela que me ensina, nos ensina. Vou apenas cutucar e provocar, esse é o objetivo do texto.
Mesmo por que, no meu entendimento, não tem como enfrentar a desigualdade, que é urgente, sem a participação efetiva dos jovens.
"Observar e aprender com os jovens também pode contribuir para pensar em soluções maiores para o conjunto da sociedade brasileira"
A situação de exclusão social da juventude, não é algo novo, no mundo ou no Brasil.
Entre os milhões de pobres e explorados, durante a Revolução Industrial Capitalista Europeia, dos séculos XVIII e XIX, milhares eram crianças e jovens.
"Importante ressaltar a preferência de certos burgueses pela utilização em larga escala da mão-de-obra considerada mais “dócil” e – claro – mais barata, como as mulheres (principalmente para a tecelagem), crianças e rapazes abaixo dos 18 anos de idade, o que levava ao desemprego dos homens adultos.No Brasil, dos 1,5 milhões de escravos no Brasil do século XIX, milhares eram crianças e, principalmente jovens, que eram superexplorados em quase todo tipo de serviço.
Dessa forma, a miséria e a fome não tardaram a aparecer, assim como doenças como a cólera e o tifo nas humildes regiões habitacionais, devido às péssimas condições de higiene, escassez do fornecimento de água e pelo fato de não terem como se protegerem do frio. Tal quadro levou à morte inúmeros trabalhadores pobres."
"O Censo, feito em 1872, foi realizado com sucesso como parte das políticas inovadoras de D. Pedro II. O resultado foi o registro de 10 milhões de habitantes, onde a população escrava correspondia a 15,24% desse total. Os 10 milhões de pessoas estavam distribuídos em 21 províncias, sendo cada uma subdividida em municípios que, por sua vez, eram divididos em paróquias. Ao todo, eram 1.440 paróquias, as unidades mínimas de informação, que serviram de base para o mapa disponibilizado."
Com a crise do sistema em 1929, eram jovens, uma parcela considerável dos que morreram de fome, dos que vagavam pelas ruas das cidades dormindo debaixo de pontes e esgotos, dos desempregados ou subempregados.
A conhecida Crise de 1929, foi mais uma crise cíclica do sistema capitalista selvagem. O sistema, como muita gente conhece, produz suas próprias crises para justificar, entre outras coisas, arrocho salarial, fechamentos de unidades não lucrativas, demissões de operários etc.
Em tempos de crises, o capitalista rentista mais rico, nunca perde, ao contrário, elas - as crises -, são novas e promissoras oportunidades de maiores e mais gordos ganhos.
Quem perde mesmo, é a classe trabalhadora e o povo em geral, que ver desaparecer seu já minúsculo, poder de compra.
As crises, na sua maioria provocadas pelo sistema, enquanto enchem os bolsos dos já ricos, empobrece ainda mais os já pobres.
Os filhos e filhas do povo, de forma direta ou indireta, são afetados, e, milhares, precisam abandonar a escola para trabalhar, com isso, o ciclo da miséria continua, porque a formação fica cada vez mais distante, os filhos, explorados no mercado capitalista, seguem os passos dos pais e mães, como perderam a chance de continuar os estudos, serão os subempregados ou desempregados do presente e do futuro.
A história nos mostra, não é de hoje, que a juventude é impactada pela violenta e arquitetada desigualdade do sistema capitalista.
Como a própria juventude pode enfrentar um monstro como esse? O que ela pode fazer?
As respostas não são fáceis de serem dadas.
Mas uma parte delas - respostas -, pode vir, por exemplo, dos movimentos em defesa da Educação Pública, que acontece atualmente, principalmente, nos Estados de São Paulo e Goiás.
Nessas unidades da federação, os governos resolveram impor uma série de medidas, entre elas, a "Reorganização" das Escolas. Com isso, só em São Paulo, o estado mais rico do Brasil, cerca de 93 escolas seriam fechadas, impactando a vida de milhares de estudantes e de trabalhadores.
Em resposta, a juventude secundarista, em um movimento inédito, ocupou, até novembro, 93 escolas, apenas em São Paulo.
"Em protesto contra a “reorganização” imposta pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que pretende fechar pelo menos 93 escolas e extinguir a oferta de ensino médio no período noturno e ensino de jovens e adultos (EJA) em diversas delas, os alunos ocupam 43 escolas. Ao longo do dia de hoje (17), dez escolas foram ocupadas: uma em Bauru, no interior do estado, três em Santo André, no ABC, duas na capital, uma em Jundiaí, uma em Osasco, uma em Diadema e uma em Jandira."
É óbvio, que apenas esses movimentos, por si só, não são suficientes, mas podem ser o começo de um novo tempo, onde jovens se interessariam pela política e, nesse interesse, as organizações estudantis e sociais dos próprios estudantes, ou que seus pais e mães fazem parte, poderiam ser potencializadas, organizadas, para a atuação na sociedade e interferência na vida política do país.
O jovem e a jovem, não pode jamais, perder de vista a importância do cenário político.
O interesse pela política deve, o mais cedo possível, manifestar-se, não como uma carreira para ganhar dinheiro, mas para fazer pelo país, pelo povo, por sua comunidade.
O grêmio estudantil é um dos espaços mais importantes para o jovem que deseja interferir no mundo da política.
Um dos fatores que ajudaram as elites ricas a acumular bens e capitais, foi a formação educacional dos seus filhos; as famílias tradicionais que dominam a política nos municípios brasileiros e que, de forma quase que natural, nas micro-regiões, nos estados e a nível federal, apostaram e apostam nos filhos e netos para continuar a sua perpetuação no comando da política e, consequentemente, no controle da produção e distribuição de bens e riqueza.
Você, jovem, filho e filha de trabalhador, filho e filha da mulher e do homem do povo, entre na política, faça parte, é importante, não apenas de forma individual, mas, fundamentalmente, comunitária, coletiva.
Os pobres, as populações moradoras das periferias e comunidades, querem e devem consumir o que precisa ser consumido.
Comer, ter acesso ao ensino público de qualidade, aos equipamentos de cultura nos bairros, moradia; mas como, se a brutal concentração da riqueza não permite?
As famílias de trabalhadores pobres, na sua maioria negros, apesar do Programa Federal Bolsa Família, não conseguem dar aos seus filhos, roupas da moda, relógios, telefones, como praticamente, todo jovem gostaria de ter.
A maioria das comunidades periféricas das médias e grandes cidades, não possuem escolas suficientes, equipamentos de cultura: teatro, quadras poliesportivas, espaços cultuais adequados, transporte público, atendimento preventivo de saúde etc.
E quando, a juventude resolve sair do bairro e ir ao "centro" se divertir, o Estado se encarrega de exterminá-la.
"Matou-se mais no Brasil do que nas doze maiores zonas de guerra do mundo. Os dados são da Anistia Internacional no Brasil e levam em conta o período entre 2004 e 2007, quando 192 mil brasileiros foram mortos, contra 170 mil espalhados em países como Iraque, Sudão e Afeganistão.
Os números surpreendem e são um reflexo de uma "cultura de violência marcada pelo desejo de vingar a sociedade", conta Atila Roque, diretor-executivo da base brasileira da Anistia Internacional. De acordo com os últimos levantamentos feitos pelo grupo, 56 mil pessoas foram assassinadas em solo brasileiro em 2012, sendo 30 mil jovens e, entre eles, 77% negros."
Escrevi sobre a matança de jovens, aqui mesmo nesse espaço, dias atrás, infelizmente, tive que encerrar esse texto com os números acima, mas, acredito, que temos saídas, uma delas como dito, seria a maior participação dos jovens filhos do povo, na disputa política, talvez não resolveremos a curto prazo, mas a médio e longo prazo sim, a política pode ser o caminho.Que apareça desses eventos de ocupação de escolas, outros líderes, com a cabeça voltada para o progresso de todos e todas, e faça a diferença, na luta por um sistema econômico que não exclua, mas inclua mais e mais pessoas.
Fontes Consultadas:
1. http://www.diplomatique.org.br/edicoes_especiais_det.php?id=11
2. https://www.google.com.br/search?q=Jovens+em+situa%C3%A7%C3%A3o+de+pobreza+na+Inglaterra+do+s%C3%A9culo+XIX&rlz=2C1SAVU_enBR0538BR0538&oq=Jovens+em+situa%C3%A7%C3%A3o+de+pobreza+na+Inglaterra+do+s%C3%A9culo+XIX&aqs=chrome..69i57.19879j0j7&sourceid=chrome&es_sm=0&ie=UTF-8
3. http://www.revistaforum.com.br/2013/01/21/populacao-escrava-do-brasil-e-detalhada-em-censo-de-1872/
4. http://www.historia.uff.br/nec/condicoes-da-classe-operaria-epoca-da-revolucao-industrial
5. http://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2015/11/43-escolas-ocupadas-em-sp
6. http://www.cartacapital.com.br/sociedade/violencia-brasil-mata-82-jovens-por-dia-5716.html
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