no Outras Palavras
por José Gilbert Arruda Martins
Professor e professora do Brasil, vocês conhecem a chamada "Dívida Pública" do Brasil?
Você sabe como ela foi e é criada?
Você sabe quem ganha com ela?
Se você respondeu não para uma ou para todas as alternativas acima, você precisa correr para saber.
O documentário - Dívida Pública Brasileira a Soberania na corda bamba - https://www.youtube.com/watch?v=aFzke1cCwUg, pode te ajudar a entender quem ganha e quem perde.
Por que o Brasil se sujeita a pagar juros exorbitantes que inviabilizam as Políticas Públicas para o atendimento aos trabalhadores e à sociedade como um todo?
O que a Grécia, com a vitória do partido Syriza está fazendo é o que todos os países com as mesmas dificuldades podem e devem fazer.
A América Latina, a África e a maioria dos países asiáticos e, muitos países europeus mais pobres, principalmente do leste do continente, foram explorados violentamente pela Inglaterra, pelos Estados Unidos e pela Europa Rica.
Os super ricos desses países é que saíram mais ricos ainda. O sistema colonial, que assassinou milhares de americanos, africanos e asiáticos, foi uma construção dos países ricos da Europa e depois dos EUA como parte de um projeto de acúmulo e controle da riqueza mundial.
Portanto, o Brasil, a América Latina, todo o Continente africano e os países em dificuldades da Ásia e da Europa têm sim todo o direito moral e legal para exigirem o perdão de suas dívidas, a renegociação de suas dívidas e, até a reestatização de empresas importantes para suas soberanias e seu desenvolvimento social e humano.
Piketty opina: “Syriza pode libertar Europa”
Por Eugenio Occorsio | Tradução Carta Maior
“Não entendo por que as chamadas chancelarias europeias estão tão aterrorizadas com a vitória do Syriza na Grécia. Ou melhor, eu entendo, mas é hora de desmontar suas hipocrisias”. Thomas Piketty (1), que leciona na École d’Économie parisiense, “o economista mais conceituado de 2014″, tal como definiu o Financial Times, vem à tona com toda a sua garra em um editorial publicado ontem pelo jornal Libération. “Na Europa, faz falta uma revolução democrática”, ele escreveu, e repete alto e bom tom ao telefone, no aeroporto de Paris, antes de embarcar para Nova York, a cidade que lançou seu O capital no século XXI como livro do ano graças ao respaldo do prêmio Nobel Paul Krugman.
Professor, Tsipras abriu o caminho — defendendo, no entanto, o estandarte da saída do euro?
Professor, Tsipras abriu o caminho — defendendo, no entanto, o estandarte da saída do euro?
Sim, mas agora suavizou muito as suas posições. Revelou-se, ao contrário, como um líder fortemente europeísta.. Desde já, o Syriza fará valer suas posições na Europa, mas isso não será um mal. Ao contrário.
Em resumo, algo acontecerá. Mas estamos certos de que será algo inovador?
Em resumo, algo acontecerá. Mas estamos certos de que será algo inovador?
Veja, consideremos a situação com realismo. A tensão na Europa chegou a um ponto em que, de uma forma ou de outra, explodirá em 2015. E as alternativas são três: uma nova crise financeira tremenda; a consolidação das forças de direita que formam uma coalizão cujas bases estão se formando agora, centradas na Frente Nacional na França, incluindo a Lega Nord e o 5 Stelle; ou uma sacudida política que venha da esquerda: o Syriza, os espanhóis do Podemos, o Partido Democrático italiano, o que resta dos socialistas. Você escolhe qual das soluções? Eu escolho a terceira.
A famosa “revolução democrática”, em resumo. Quais deveriam ser as primeiras ações?
Dois pontos. Primeiro, a revisão total da atual política baseada na “austeridade”, que está asfixiando qualquer possibilidade de recuperação na Europa, a começar pelo sul da zona do euro. E essa revisão tem que prever como primeiríssima coisa uma renegociação da dívida pública, uma ampliação dos prazos e, eventualmente, perdões de verdade de algumas partes. É possível, eu asseguro. Já se perguntaram por que os EUA vão de vento em popa, assim como a Europa que está fora do euro, por exemplo a Grã-Bretanha? Mas por que a Itália deve destinar 6% do PIB para pagar os juros e apenas 1% à melhoria de suas escolas e universidades? Uma política centrada apenas na redução da dívida é destrutiva para a zona do euro. Segundo ponto: uma centralização nas instituições europeias de políticas de base para o desenvolvimento comum a partir da política tributária e, no mais, reorientar esta última para onerar mais as maiores rendas pessoais e industriais. Nesses assuntos fundamentais, deve-se votar por maioria de países — e não mais por unanimidade –, e vigiar depois para que todos se ajustem. Uma maioria centralizada vale também em outras frentes, à semelhança do que se está começando a fazer com os bancos. Só assim se poderá homogeneizar a economia e desbloquear a fragmentação de 18 políticas monetárias com 18 tipos de juros, expostas ao açoite da especulação. Não se dar conta disso é ser míope, e o que é pior, profundamente hipócrita.
As “hipocrisias europeias” das quais falava no início: a que o senhor se refere, mais concretamente?
Vamos pela ordem. O mais hipócrita é Jean-Claude Juncker, o homem a quem se entregou, inconscientemente, à Comissão Europeia depois que ele levou Luxemburgo durante vinte anos a uma sistemática depredação dos benefícios industriais do resto da Europa. Em segundo lugar, está a Alemanha, que finge ter se esquecido do superperdão de suas dívidas após a II Guerra Mundial. Elas foram reduzidas, num só golpe de 200 para 30% do PIB, o que permitiu financiar a reconstrução e o impressionante crescimento dos anos seguintes. Aonde teria chegado se fosse obrigada a reduzir, a duras penas, sua dívida em 1% ou 2% ao ano, como está obrigando o sul da Europa a fazer? O terceiro lugar nessa embaraçosa classificação de hipocrisias pertence à França, que agora se rebela diante da rigidez alemã, mas que esteve na primeira fila prestando apoio à Alemanha quando esta impôs a política de austeridade, e pareceu igualmente decidida quando o Fiscal Compact de 2012 condenou às economias mais frágeis a reembolsar suas dívidas até o último euro, apesar da devastadora crise de 2010-2011. Assim que se desmascarar e ilhar essas hipocrisias, será possível retomar o desenvolvimento europeu no ano que está prestes a começar. E o Syriza dará menos medo.
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(1) Thomas Piketty (1971) é diretor de estudos da EHESS (École des Hautes Études en Sciences Sociales) e professor associado da Escola de Economia de Paris, além de autor de recente e fulgurante celebridade pro seu livro O Capital no século XXI (Fundo de Cultura Econômica, 2014).
(1) Thomas Piketty (1971) é diretor de estudos da EHESS (École des Hautes Études en Sciences Sociales) e professor associado da Escola de Economia de Paris, além de autor de recente e fulgurante celebridade pro seu livro O Capital no século XXI (Fundo de Cultura Econômica, 2014).
Tradução de Daniella Cambaúva
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