no Pragmatismo político
Qual a diferença entre Pós e MBA? Onde buscar os melhores cursos de especialização? Posso fazer doutorado sem ter feito mestrado? O que é mestrado profissional?
Com o
crescimento no número de concluintes em cursos de graduação no país – o
quantitativo ultrapassa mais de 1 milhão de formados em um ano, de acordo com o Censo Escolar -,
um dos caminhos naturais da carreira é a realização de uma pós-graduação. E
opções de cursos é o que não faltam. Só de mestrados e doutorados, por exemplo,
existem mais de 5 mil cursos.
Dentro desse leque, questionamentos é o que não falta. Por
exemplo, os MBA´s (da sigla em inglês, Master Business Administration) são
cursos de mestrado? Ou ainda: Existem cursos gratuitos de pós-graduação? E onde
buscar as melhores opções de especialização? Para tirar essas e outras
dúvidas sobre o tema, além de descobrir que é possível, por exemplo, tentar um
doutorado mesmo sem ter feito o mestrado, o iG Educação preparou um guia amplo
sobre as principais diferenças e as informações mais fundamentais sobre todos
os tipos de pós-graduações existentes no país.
Pós-graduação no Brasil
No País, existem dois tipos de cursos de pós-graduação. São os
cursos “lato sensu“,
como as especializações e os MBA´s, e os “stricto
sensu“, que são os mestrados e os doutorados. Existe uma série de
diferenças entre eles. As pós-graduações “lato
sensu“, geralmente, têm uma menor duração e tendem a ser menos
exigentes que os mestrados e doutorado. Além disso, elas não precisam ter uma
autorização prévia do MEC.
A instituição que já oferece cursos de graduação, e é autorizada pelo
ministério a funcionar, não precisa pedir permissão ao MEC para criar novos
cursos. Sendo assim, eles tendem a ser mais flexíveis, conseguindo atender
necessidades mais específicas do mercado de trabalho, por exemplo.
Já os cursos “stricto
sensu” precisam de autorização do governo para funcionar. Cabe à Capesrealizar a recomendação do curso para
que ele possa funcionar. É durante a avaliação realizada por essa agência que
são atribuídas as notas para cada um dos programas de pós-graduação (“stricto sensu“) existentes
no país. Essa pontuação, que se torna pública e pode ser consultada na internet,
atesta o nível de qualidade do curso, tornando-se mais fácil a escolha do
candidato.
Confira, a seguir, características mais específicas sobre cada
modalidade:
1. ESPECIALIZAÇÃO:
De forma mais ampla, todo curso que é realizado após o ensino
superior é chamado de curso de pós-graduação. Contudo, no país, o termo
abreviado “pós”
foi comumente associado a cursos de especialização. Essa modalidade de
pós-graduação é vista por muitos candidatos como uma oportunidade de mudar de
área. É comum os cursos de especialização estarem abertos a graduados de
qualquer área de conhecimento. De acordo com o MEC, normalmente, a “pós” é um curso que tem o
objetivo técnico ou profissional mais específico, sem abranger totalmente uma
área de conhecimento. No entanto, ele precisa seguir algumas regras mínimas.
Caso contrário, ele será considerado um simples curso livre. Conheça as
principais exigências da especialização:
– Perfil do candidato: requisito mínimo exigido é que o candidato
tenha diploma de curso superior
– Como escolher os cursos? Pela falta de fiscalização e controle
na criação dos cursos de especialização pelo MEC,
não existe um sistema oficial disponibilizando uma relação completa desses
cursos. Assim, a melhor forma de escolher a pós é analisando algumas
informações que podem melhor indicar o nível de qualidade da instituição.
Por meio do sistema eletrônico E-mec é possível fazer uma busca em
todas as faculdades, centros universitários e universidades brasileiras. Lá, é
possível conferir o endereço da instituição, telefones e sites. Também é
possível conferir as áreas de conhecimento dos cursos de graduação que a
instituição oferece, além de dados sobre fundação e se ela tem ficha suja no
MEC (opção “ocorrências“).
Adicionalmente, recomenda-se fazer visitas prévias à coordenação do curso,
avaliar o programa de aulas da pós e verificar se ela é bem reconhecida no
mercado.
– Fique atento! Dos professores que farão parte do corpo docente
do curso, pelo menos metade deles devem ser mestres ou doutores. E os demais,
devem ter, pelo menos, a formação de especialista.
– Duração: os curso têm duração mínima de 360 horas. Nesse tempo,
no entanto, não estão computados as horas de estudo individual, sem assistência
do professor, e nem do tempo reservado, obrigatoriamente, à elaboração do
trabalho final.
– Processo seletivo: cabe à própria instituição definir seus
critérios de seleção. Se o candidato se sentir injustiçado durante o processo,
ele pode até levar sua queixa à Secretaria de Educação Superior (SESu), responsável pelos cursos “lato sensu“.
– Custo: geralmente os cursos de especialização são pagos, tanto
em instituições privadas quanto nas públicas. A cobrança pelo pagamento em
universidades estaduais e federais, por exemplo, ocorre porque esses cursos não
são considerados “atividades
de ensino regulares, como os mestrados e o doutorado”.
– Trabalho final de conclusão: é comum que os cursos exijam a
elaboração de uma monografia. No entanto, é possível outras modalidades de
trabalho final, como a elaboração de artigos, por exemplo.
– Titulação: ao concluir, o aluno ganha o título de especialista.
A titulação ocorre por meio da emissão de um certificado pela instituição que
ofertou o curso. Com o documento em mãos, o candidato pode, por exemplo, ser
professor universitário em instituições privadas.
2. MBA:
O MBA (da sigla em inglês, Master Business Administration) não é
um curso de mestrado, como o nome sugere. Junto com a especialização, ele é um
curso “lato sensu“.
Sendo assim, muitas de suas características são comuns com a “pós“. De acordo com o
próprio MEC,
os MBA´s “nada mais são do
que cursos de especialização em nível de pós-graduação na área de Administração“.
Muitos dos cursos oferecidos são voltados para o campo dos
negócios e da gestão. No entanto, é possível encontrar MBA´s de outras áreas,
como comunicação e saúde.
– Perfil do candidato: independente do segmento do MBA, o curso em
si é visto como uma oportunidade de realização e troca de contatos
profissionais. Para fomentar esse networking é comum algumas instituições
exigirem que o candidato tenha tido experiências de trabalho já consolidadas. O
diploma da graduação também é obrigatório.
– Como escolher os cursos? O candidato pode, como nos cursos de
especialização, consultar o portal E-mec para obter mais informações sobre se a
instituição pretendida oferece algum tipo de MBA.
– Fique atento! De Forma complementar, o candidato também pode
consultar se o curso faz parte da Associação Nacional de MBA (Anamba)
– uma organização que monitora os parâmetros de qualidade. Mas vale lembrar que
a não presença de cursos na Anamba não significa que ele não é de qualidade.
– Duração: os cursos têm duração mínima de 360 horas. Nesse tempo,
no entanto, não estão computados as horas de estudo individual, sem assistência
do professor, e nem do tempo reservado à elaboração do trabalho final.
– Processo seletivo: cabe à própria instituição definir seus
critérios de seleção. Se o candidato se sentir injustiçado durante o processo,
ele também pode levar sua queixa à Secretaria de Educação Superior (SESu), responsável pelos cursos lato
sensu.
– Custo: geralmente os cursos de MBA são pagos. Tanto em instituições
privadas quanto públicas. A cobrança pelo pagamento em universidades estaduais
e federais, por exemplo, ocorre porque esses cursos não são considerados “atividades de ensino regulares“,
como os mestrados e o doutorado.
– Trabalho final de conclusão: elaboração de uma monografia ou
outras modalidades de trabalho final
– Titulação: ao fim do curso, o candidato tem o título de
pós-graduação em nível “lato
sensu“.
3. MESTRADO:
Para funcionar, os cursos “stricto
sensu” como os mestrados precisam ser recomendados pela Capese reconhecidos pelo MEC. É essa agência do Ministério da
Educação que avalia o curso e atesta sua qualidade. As notas vão de 1 a 7 (nota
máxima). Os cursos precisam ter, ao menos, a nota 3. Aqueles que possuem nota 5
já são considerados com “elevado
padrão de qualidade“. Mas, para ter essa nota, é preciso que tenham
cursos de doutorado, além do mestrado. O máximo possível é a nota 7, que
significa que o curso tem um “desempenho
claramente destacado“, afirma a Capes.
– Perfil do candidato: é importante que o candidato tenha
interesse na realização de pesquisas científicas. Muitos dos mestrandos
pretendem seguir a carreira acadêmica, ou seja, querem ser professores
universitários.
– Como escolher os cursos? Os cursos recomendados pela Capes podem
ser consultados pela internet. No portal da agência é possível conferir as
notas dos programas e também relatórios detalhados sobre a qualidade do corpo
docente, das instalações e da proposta curricular do mestrado.
– Fique atento! Ao contrário dos cursos de especialização e MBA,
em cursos “stricto sensu”
como o mestrado, é desejável que o postulante se dedique integralmente aos
estudos, deixando de lado o trabalho e outras atividades.
– Duração: geralmente têm duração de dois anos. Mas é comum ser estendido
até dois anos e meio. No primeiro ano os estudantes têm aulas, no segundo, se
dedicam à confecção do trabalho final de conclusão.
– Processo seletivo: cabem às instituições de ensino ditarem as
regras de seleção dos alunos. De acordo com a Capes,
“eventuais abusos de poder
podem ser corrigidos através de recurso na própria instituição ou dos órgãos de
defesa do consumidor “.
– Custo: como são considerados cursos regulares pelo MEC, nenhuma instituição de ensino pública
pode cobrar pelo mestrado. Dessa forma, o candidato selecionado não precisa
pagar mensalidades para a realização do mestrado. Além disso, é comum parte dos
estudantes ganharem bolsa mensal de auxílio durante o curso. Além da Capes, que
oferece uma bolsa no valor médio de R$ 1.500, outras agências de fomento como o CNPq, vinculado ao Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação, e as fundações de pesquisa como a Fapesp também
oferecem esse tipo de auxílio. Já nas privadas que têm mestrado, praticamente
todos os cursos são cobrados. Contudo, os alunos matriculados em instituições
particulares também podem postular a essas bolsas de auxílio.
– Trabalho final de conclusão: é necessário que o estudante
elabore uma dissertação ao final do curso. E a pesquisa deve ser apresentada e
defendida diante de um grupo de pesquisadores e especialistas para ser
aprovado.
– Titulação: ao final do curso, o aluno adquire um diploma de
mestre.
4. MESTRADO PROFISSIONAL:
É uma modalidade mais recente de cursos “stricto sensu“. O mestrado
profissional foi regulamentado em 2009. Sua principal diferença em relação ao
mestrado (acadêmico) é o seu enfoque voltado à qualificação profissional do
candidato. Além disso, o candidato tem mais opções de realização do trabalho
final de conclusão.
– Perfil do candidato: geralmente o postulante não tem pretensão
de abandonar o mercado de trabalho após a conclusão do curso para seguir a
carreira acadêmica.
– Como escolher os cursos? Segue a mesma sistemática do conjunto
de cursos “stricto sensu“.
Assim, para consultar os cursos de mestrados acadêmicos recomendados pela Capes basta
o candidato acessar o portal da agência.
– Fique atento! Como a modalidade é recente, a oferta é restrita.
– Duração: geralmente têm duração de dois anos, mas pode se
estendido por mais meses.
– Processo seletivo: cabe à instituição ofertante definir e anunciar
publicamente as regras do certame.
– Custo: mesma sistemática dos mestrados acadêmicos, ou seja,
cabem às instituições de ensino ditarem as regras de seleção dos alunos.
– Trabalho final de conclusão: pode ser apresentado em vários
formatos além da dissertação, como por exemplo por meio da elaboração de um
artigo, desenvolvimento de aplicativo, elaboração de estudo de caso ou produção
artística.
– Titulação: De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE)
– orgão consultor do MEC -, como todo curso “stricto sensu“, o diploma
do mestrado profissional tem validade nacional e grau “idêntico” ao mestrado
acadêmico. Sendo assim, quem finaliza o mestrado profissional também fica
habilitado a ser um professor universitário, por exemplo.
5. DOUTORADO:
Além dos mestrados, o doutorado é outra modalidade de cursos “stricto sensu“. Sendo
assim, os normativos são semelhantes. No país, são quase 2 mil cursos voltados
para a formação de doutor. Uma quantidade bem mais baixa que a de mestrados
acadêmicos, mas superior a de mestrados profissionais. Saiba mais sobre os
números:
Uma das principais diferenças entre o mestrado e o doutorado está
no nível de exigência que é solicitado aos candidatos selecionados no
doutorado. Para ser professor de uma universidade pública, por exemplo, é
preciso ter o doutorado.
Já depois dessa titulação, o candidato que finaliza o curso de
doutorado ainda pode prosseguir nos estudos, realizando aprofundamentos de
pesquisas. Tais atividades já são consideradas como de ”pós-doc“, ou seja, de
pós-doutorado. No Brasil, ainda não existe a modalidade de doutorado
profissional.
– Perfil do candidato: é recomendável que o postulante tenha forte
interesse analítico no desenvolvimento de pesquisas científicas. É preferível
que o candidato se dedique inteiramente ao doutorado em regime de dedicação
exclusiva.
– Como escolher os cursos? Segue a mesma sistemática do conjunto
de cursos “stricto sensu“.
Assim, para consultar os cursos de doutorado recomendados pela Capes basta o
candidato acessar oportal da Capes. Lá, é possível conferir as notas dos
programas e também relatórios detalhados sobre a qualidade do corpo docente,
das instalações e da proposta curricular do doutorado.
– Fique atento! Mesmo exigindo um nível alto do candidato, é
possível que pessoas que tenham apenas o título de graduação tentem uma vaga em
doutorados. O candidato deve ficar atento aos editais de seleção.
– Duração: geralmente quatro anos.
– Processo seletivo: Mesma sistemática dos mestrados , ou seja,
cabem às instituições de ensino ditarem as regras de seleção dos alunos. De
acordo com a Capes,
“eventuais abusos de poder
podem ser corrigidos através de recurso na própria instituição ou via órgãos de
defesa do consumidor“.
– Custo: Como são considerados cursos regulares pelo MEC, nenhuma instituição de ensino pública
pode cobrar pelo doutorado. Dessa forma, o candidato selecionado não precisa
pagar mensalidades para a realização do doutorado. Além disso, é comum parte
dos estudantes ganharem uma bolsa mensal de auxílio financeiro durante o curso.
Além da Capes, que oferece uma bolsa no valor médio de R$ 2.200, outras
agências de fomento como o CNPq,
vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e as fundações de
pesquisa como a Fapesp também oferecem esse tipo de auxílio.
Já nas privadas que têm doutorado, praticamente todos os cursos são cobrados.
Os alunos de instituições particulares, contudo, também podem postular a essas
bolsas de auxílio.
– Trabalho final de conclusão: o candidato precisa defender uma
tese “que represente
trabalho de pesquisa importando em real contribuição para o conhecimento do
tema“, atesta a Capes. É também fundamental que o objeto de estudo
tenha um enfoque inovador.
– Titulação: oferece o título de doutorado, ou seja, os
concluintes podem, sim, ser chamados de doutores.
Davi Lira, Último Segundo
Fontes
Para a elaboração dessas orientações e construção desse mapeamento
consolidado, a reportagem contou com a colaboração de especialistas na área,
como o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE),
José Fernandes de Lima, Gustavo Balduíno, secretário executivo da Andifes (a
associação dos reitores das universidades federais), e o especialista em educação Claudio
de Moura Castro, ex-diretor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), órgão federal responsável pela avaliação dos cursos de
mestrado e doutorado no país.
Adicionalmente, ainda foi consultada uma série de normativas
presentes nos bancos de dados do Ministério da Educação (MEC),
do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Capes. O objetivo era ficar por dentro de
todos os detalhes e meandros e simplificar, ao máximo, a legislação. Tudo isso
para esclarecer as principais dúvidas dos futuros candidatos da forma mais prática
possível.
Os dados sobre o número de pós-graduados formados no país e a
relação de doutores por milhão de habitantes no Brasil e em Portugal foram
coletados de publicação do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (GEE),
organização social ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Nenhum comentário:
Postar um comentário