Mais três jovens negros mortos por policiais da Rondesp em Salvador: Alexsandro Lima entregava as pizzas que a mãe fazia. Ao ser abordado durante o trabalho, ele apanhou, teve as pernas quebradas e levou 5 tiros. Vizinhos relatam que ouviram a ação, o rapaz reconheceu seu algoz, que, segundo eles, frequentemente lanchava na pizzaria de sua mãe. “Não faz isso comigo, Bira!”, relataram ter sido as últimas palavras do jovem. A foto de capa é de sua mãe durante seu enterro.
A versão policial é de que os três rapazes assassinados na operação eram envolvidos com o tráfico de drogas na região e com eles foram encontrados 32 papelotes de cocaína, 21 balas de maconha e um revólver calibre 38 com numeração raspada.
Vizinhos contestam tal versão e contaram aos aos pais de Alexsandro que ele deu de cara com os policiais num trecho escuro da rua. Segundo os relatos, os PMs surravam Rafael de Oliveira Cerqueira, 19, e Denilson Campos dos Santos, 22. Quando pensou em retornar, Alexsandro foi alertado por um dos PMs: “Você tem três minutos para vir até aqui”, disse o policial. “Ele foi, disse que trabalhava, mas mesmo assim apanhou, e muito. Ele gritava: ‘Socorro, socorro’, mas ninguém podia fazer nada’”, contou o pai, Edilson Souza Lima, 42. “Meu neto conhecia todo mundo do bairro e era muito querido. Era um rapaz franzino, diabético. Não bebia nem voltava tarde pra casa por causa da doença”, contou a avó. “Eles dizem que aconteceu troca de tiros. Mas como? Ele levou cinco tiros e teve as pernas quebradas. Já os policiais, não levaram nenhum tiro”, declarou Carla Lima, 35, mãe de Alexsandro. (com informações do Correio 24 horas)
A versão policial é de que os três rapazes assassinados na operação eram envolvidos com o tráfico de drogas na região e com eles foram encontrados 32 papelotes de cocaína, 21 balas de maconha e um revólver calibre 38 com numeração raspada.
Vizinhos contestam tal versão e contaram aos aos pais de Alexsandro que ele deu de cara com os policiais num trecho escuro da rua. Segundo os relatos, os PMs surravam Rafael de Oliveira Cerqueira, 19, e Denilson Campos dos Santos, 22. Quando pensou em retornar, Alexsandro foi alertado por um dos PMs: “Você tem três minutos para vir até aqui”, disse o policial. “Ele foi, disse que trabalhava, mas mesmo assim apanhou, e muito. Ele gritava: ‘Socorro, socorro’, mas ninguém podia fazer nada’”, contou o pai, Edilson Souza Lima, 42. “Meu neto conhecia todo mundo do bairro e era muito querido. Era um rapaz franzino, diabético. Não bebia nem voltava tarde pra casa por causa da doença”, contou a avó. “Eles dizem que aconteceu troca de tiros. Mas como? Ele levou cinco tiros e teve as pernas quebradas. Já os policiais, não levaram nenhum tiro”, declarou Carla Lima, 35, mãe de Alexsandro. (com informações do Correio 24 horas)
Leia mais sobre o assunto: A fala lamentável de Rui Costa e o genocídio negro institucionalizado
A carne mais barata do mercado é a carne negra: contra o extermínio da juventude negra e a favor do estado democrático de direitospor Carla Liane N. dos Santos, Bahia Notícias10/02/2015Há algumas semanas atrás assistimos de cá o apelo da presidente da república para que as autoridades da Indonésia poupassem as vidas de dois brasileiros presos no país asiático e condenados à morte por tráfico de drogas. Disse ela, ainda, que o ordenamento jurídico brasileiro não comporta a pena de morte, e que seu “enfático apelo pessoal” expressava o sentimento de uma mãe bem como de toda a sociedade brasileira.Semanas depois treze jovens NEGROS foram executados em Salvador – BA, na Vila Moisés situada na Estrada das Barreias, no bairro do Cabula logo após a polícia receber a informação de que um grupo de trinta homens planejava roubar um banco na região, desencadeando um confronto armado, conforme noticiado pela impressa.É muito difícil como cientista social calar diante de tais fatos. Voltamos então a pensar sobre a efetividade do ordenamento jurídico brasileiro e sobre o sentido da justiça em uma sociedade democrática? A justiça para quem, diante da “invisibilidade das desigualdades no Brasil? Aqui, quem tem o direito de defesa? Estamos declarando o fim do Estado de Direitos e pregando o olho por olho e o dente por dente? Se assim for, abriu a temporada do salve-se quem puder, em que Hobbes diria que homem é o lobo do homem!!! Ou talvez estamos vivendo o tempo em que como diria Maquiavel, os fins justificam os meios. Caracterizamos como Civilização ou Barbárie?É até compreensível a máxima Weberiana de que o Estado possui o monopólio da violência, expressa pelo uso legitimo da força física dentro de um determinado território, visando, sobretudo, a manutenção da coesão social, da ordem e antes de mais nada, em nome da JUSTIÇA.A quem pedir clemência, em nome das mães e das comunidades negras das periferias da cidade que convivem com o diário derramamento de sangue dos seus? Como justificar a naturalização de tal desintegração da ordem social?Continuaremos reproduzindo da forma mais perversa e desigual a luta de classes associada ao preconceito e discriminação racial?Não podemos ser superficiais nas nossas análises nos atendo apenas aos fins, esquecendo os meios e, sobretudo, esquecendo as raízes de tais desigualdades. É necessário ra-di-ca-li-zar !!!A temática da violência em suas múltiplas dimensões constitui uma questão crucial que desafia as políticas de desenvolvimento social no Brasil contemporâneo. Presencia-se, atualmente, o expressivo número de jovens em situação de pobreza e desfiliação social, sem oportunidades de trabalho, envolvidos no submundo de uma sociabilidade precária, configurando um quadro que coloca a juventude negra em uma posição de vulnerabilidade e de falta de perspectivas futuras.Como dizia Arendt, a violência é uma forma de supressão da palavra, o que leva à negação da condição humana. Neste sentido, o enfrentamento da violência depende do resgate do direito à palavra, da expressão das necessidades e reivindicações dos sujeitos, do fomento de espaços coletivos de discussão.Não podemos calar diante desse quadro, a violência será sempre a pior solução. Ela reflete um ato de brutalidade sustentada na opressão, intimidação, medo e o terror. Graças aos movimentos sociais avançamos e conquistamos o Estado Democrático (com muito a aperfeiçoar), não podemos retroceder. Para reverter esse cenário de genocídio da juventude negra das nossas periferias, o poder público deve entrar nas comunidades oferecendo-lhes ao invés de balas de fogo, oportunidades, reconhecendo as diferentes subjetividades e necessariamente caminhando junto com a juventude multifacetada na direção da inclusão social e do bem comum, fortalecendo o protagonismo desses atores, criando espaços de inserção positiva, socialmente referenciada.Se não formos capazes de traçar caminhos alternativos priorizando a participação social, garantia de direitos, efetividade de nossas leis, reconhecendo e respeitando as diferenças, então nos declaremos vencidos pelas armas e pelo derramamento de sangue, onde o alvo é sempre o mesmo. Afinal, a carne mais barata do mercado é a carne negra!
* Carla Liane N. dos Santos, é socióloga, doutora em Ciências Sociais,
especialização em Direito Constitucional Afrodescendente e vice-reitora da Universidade Estadual da Bahia – UNEB
especialização em Direito Constitucional Afrodescendente e vice-reitora da Universidade Estadual da Bahia – UNEB
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