sexta-feira, 5 de setembro de 2014

PICASSO DO INSS - Como um cartaz de 20 dólares vira notícia

Quer conhecer como se faz "jornalismo" no Brasil?
Deseja conhecer o que é o denominado JORNALISMO DE ESGOTO?
O cineasta Jorge Furtado, diretor de grandes títulos nacionais como Ilha das Flores, O Dia em que Dorival Encarou a Guarda, O Homem que Copiava, Meu Tio matou um Cara e Saneamento Básico, lançou agora em agosto um novo documentário: O Mercado de Notícias, você precisa assistir.
Jorge Furtado criou também o site www.omercadodenoticias.com.br, acesse conheça, vamos debater.

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

FONTE: http://www.omercadodenoticias.com.br/casos-jornalisticos/

Em março de 2004, o jornal Folha de S. Paulo publica na capa de sua edição de domingo (07.03.2004), sob o título “Decoração burocrata”, uma reportagem informando que um valioso “desenho do pintor espanhol” Pablo Picasso “passa os dias debaixo de luzes fluorescentes e em meio à papelada de uma repartição do governo federal”, dividindo sua “moldura com restos de inseto”. Na foto, além da reprodução do supostamente valioso desenho, um retrato do Presidente Lula. O sentido da matéria é claro: os novos ocupantes do governo federal não reconhecem e não sabem lidar com o valor da arte. A notícia do suposto descaso com tão valiosa obra aparece em vários jornais, revistas e sites, no Brasil e no exterior. A observação atenta de alguns leitores logo deixa evidente que se trata de uma “barriga”: o tal desenho de Picasso é, na verdade, de uma reprodução fotográfica, sem nenhum valor. Os jornais são alertados de seu erro, mas nenhum desmente a informação. Em dezembro de 2005, o “Picasso do INSS” está outra vez na capa da Folha de São Paulo (29.12.2005) e também na do Estado de S. Paulo: um incêndio destruiu parte do prédio do INSS mas, para alívio de todos e apesar do descaso dos órgãos públicos, o “valioso” Picasso foi salvo das chamas. Mais uma vez os jornais são alertados por leitores de que se trata de uma reprodução sem valor, mas nada noticiam. As reportagens que tentam esclarecer os fatos só fazem aumentar a confusão. Detalhe: o supostamente valioso desenho de Picasso foi dado ao INSS como pagamento de uma dívida. Em quanto foi avaliado? E por quem?

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