por José Gilbert Arruda Martins (professor)
Um país se faz e se governa para todos, esse modelo rentista precisa ser deixado para segundo plano, Lula da Silva fez isso, Dilma também quando apostaram em Programas Sociais mais efetivos e bancados por uma política de Estado com planejamento, continuidade e fonte de financiamento, precisamos continuar, a sociedade brasileira experimentou o governo de 8 anos do PSDB, não está tão longe assim e, apesar da "grande" mídia somos capazes de lembrar o que os trabalhadores e o povo em geral passou.
Os aposentados e aposentadas foram chamados pelo próprio presidente na época de vagabundos/preguiçosos que tinham que continuar trabalhando, ele se esqueceu da própria aposentadoria precoce - aos 37 anos de idade - como professor da USP.
Uma rápida reflexão sobre a história distante ou recente do Brasil mostra qual modelo de desenvolvimento foi imposto à sociedade brasileira. O modelo sempre foi aquele, como o texto abaixo destaca, que defendeu e defende a concentração em detrimento da distribuição de riqueza.
Nos últimos 12 anos o modelo mudou, as classes menos favorecidas entraram no mercado de consumo, além de alimento passaram a adquirir bens duráveis como geladeiras, fogões, eletrônicos...isso parece incomodar as elites, essas não querem que o Povo melhore, coma mais e melhor.
A educação, que ainda tem muito para melhorar, chegou aos pobres, os Programas Ciência Sem Fronteiras do Governo Federal, o Prouni, as Cotas, o Enem...estão colocando no Ensino Superior pessoas que antes nunca tinham nem sonhado com a Universidade, são milhares de pobres, filhos do Povo entrando na Universidade para cursar Graduação, Mestrado e Doutorado.
Esses avanços precisam estar além do ódio que uma classe mesquinha, uma elite branca que nunca pensou além dela mesma sente.
Os trabalhadores e trabalhadoras, a classe média mais baixa, professores e professoras...precisam se informar melhor, refletir melhor para não caírem na lábia das elites e escolherem um modelo que concentra em vez de distribuir.
A matéria abaixo, se lida com reflexão e interesse, pode ajudar a entender, é hora de reflexão, é hora de não perder a oportunidade.
O verdadeiro programa da direita
por Silvio Caccia Bava Fonte: Le monde diplomatique Brasil - 14/08/2014 |
Vale tudo para tirar o PT do governo. Seu maior poder é o controle da mídia. É por meio dela que a direita disputa a opinião pública e impõe sua visão de mundo. A internet muda um pouco esse estado de coisas, permitindo a expressão da pluralidade e o questionamento da realidade. Mas ela não tem o poder da TV. Mais de 95% dos domicílios brasileiros têm televisão. E seus moradores, todos os dias, passam horas assistindo a uma variedade de programas, aliás, não tão variados assim. Há vários meses está em curso uma campanha, capitaneada pelos principais jornais e TVs, de ataques ao governo e de desgaste da presidente Dilma, da candidata Dilma. A disputa eleitoral, que deveria se transformar num embate entre dois projetos, não aparece assim. É um contínuo martelar de acusações contra o governo federal: corrupção, aparelhamento da máquina pública, má gestão, centralismo, descontrole das obras públicas, leniência com manifestações sociais que atentam contra a propriedade privada e quebram bancos e lojas. A crítica ao governo federal deve ser feita, mas os problemas apontados precisam ser enfrentados na raiz, isto é, na própria forma como o sistema de representação política brasileira foi capturado pelo poder econômico. Nas últimas eleições para o Congresso Nacional, 230 parlamentares eleitos foram financiados majoritariamente por menos de 5% das empresas que se engajaram em algum financiamento eleitoral. O presidencialismo de coalizão cobra seu preço e as distorções no nosso sistema político representativo são reais. Mas o que se vê é a manipulação da opinião pública. Ocorre que a verdadeira agenda da direita concentradora tem de ficar escondida do eleitorado. Como ela ganharia a eleição prometendo privatizações, arrocho salarial e desemprego? Como os verdadeiros interesses não podem ser apresentados, o foco passa a ser o combate à corrupção, a necessidade de honestidade, o compromisso com o interesse público, a maior capacidade de gestão para aperfeiçoar o desempenho do Estado. É o mesmo que não dizer nada. E os recursos públicos, serão aplicados onde? Segundo os ideólogos da direita, a economia vai mal e o país está sendo levado para uma fase ruim. O PIB é baixo. A inflação é alta. As exportações fraquejam. A balança comercial vai para o vermelho. O investimento caiu. Os ativos na Bolsa de Valores e as taxas de juros caíram. Os aumentos reais de salários e o maior investimento nas políticas sociais pressionam os custos. O superávit primário está ameaçado e o país caminha para um cenário de baixo crescimento que precisa ser evitado. Esse é o discurso formulado pelo capital, especialmente pelo setor rentista. A proposta, na realidade, em primeiro lugar, é aumentar os juros da dívida pública e o superávit primário. Isso para atender ao setor rentista. Depois, reduzir salários e os benefícios previdenciários, e flexibilizar os contratos de trabalho, destituindo direitos. O aumento do desemprego para pressionar os salários é desejável. Haverá também privatizações, aumento nas tarifas públicas e cortes no orçamento das políticas sociais, abrindo espaço para as empresas privadas ampliarem sua presença no setor. Como anunciado, o novo governo eleito assinará tratados de livre-comércio para internacionalizar nossa economia, isto é, abrir o mercado brasileiro ainda mais para as grandes corporações transnacionais, destruindo a indústria nacional, o pequeno e médio empresário. Essa abertura envolve a redução de tarifas de importação e a livre circulação dos fluxos de capitais, tão a gosto do capital especulativo financeiro. E para tudo isso é necessário ganhar as eleições e assegurar o controle do Estado. Essas propostas estão sendo aplicadas na Grécia, na Espanha e na Itália, e não têm nada de original. Elas obedecem aos interesses e ao comando das grandes corporações transnacionais e da acumulação financeira. Qualquer veleidade de autonomia ou de projeto de desenvolvimento deve ser engavetada. Mas, como veremos nesta edição, e contrariando a análise precedente, o brasileiro vai melhor do que antes, há mais empregos, seu salário melhorou, as políticas sociais melhoraram. O motor da economia é, e sempre foi, o mercado interno. A novidade não está no andar de cima, com seu consumo de elite. A novidade está no ingresso de dezenas de milhões de brasileiros no mundo do consumo, alimentando um mercado de produtos de massa, circuitos curtos de produção e consumo, gerando emprego e bem-estar. Tudo isso implicou a redução do ganho dos rentistas. Então, neste caso, a economia vai mal para quem?
Silvio Caccia Bava
Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil |
Nenhum comentário:
Postar um comentário