Intercept
se associa à Folha e ferra (mais) o Moro
Adesão
do PiG é um tiro no peito da Vaza Jato
Lava
Jato articulou apoio a Moro diante de tensão com STF, mostram mensagens.
Segundo o Conversa Afiada do PH.
Procuradores
na linha de frente da Operação Lava Jato se articularam para proteger Sergio
Moro e evitar que tensões entre ele e o Supremo Tribunal Federal paralisassem
as investigações num momento crítico para a força-tarefa em 2016.
O
episódio deixou Moro contrariado por criar novo foco de atrito com o Supremo,
um dia depois de ele ser repreendido pelo tribunal por causa da divulgação das
escutas telefônicas que tiveram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como
alvo naquele ano.
As
mensagens indicam que os procuradores e o então juiz temiam que o ministro
Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, desmembrasse os inquéritos que
estavam sob controle de Moro em Curitiba.
Assim
que soube, no dia seguinte, Moro escreveu ao procurador Deltan Dallagnol, chefe
da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, para reclamar da polícia e avisar que
acabara de impor sigilo aos papéis.
"Tremenda
bola nas costas da Pf", disse. "E vai parecer afronta",
acrescentou, referindo-se à reação que esperava do Supremo.
Moro
avisou que teria de enviar ao tribunal pelo menos um dos inquéritos em
andamento em Curitiba, que tinha o marqueteiro petista João Santana como alvo.
Deltan disse ter contatado a Procuradoria-Geral da República e sugeriu que o
juiz enviasse outro inquérito, com foco na Odebrecht.
Horas
depois, o procurador escreveu novamente a Moro para discutir a situação e
sugeriu que não tinha havido má-fé na divulgação dos papéis pela PF.
"Continua sendo lambança", respondeu o juiz, no Telegram. "Não
pode cometer esse tipo de erro agora."
Deltan
procurou então encorajar Moro e lhe prometeu apoio incondicional. "Saiba
não só que a imensa maioria da sociedade está com Vc, mas que nós faremos tudo
o que for necessário para defender Vc de injustas acusações", escreveu.
Moro
disse que temia pressões para que sua atuação fosse examinada pelo Conselho
Nacional de Justiça.
Deltan
prometeu ao juiz que falaria com o representante do Ministério Público Federal
no CNJ e sugeriu que tentaria apressar uma das denúncias que a força-tarefa
estava preparando.
O
vazamento das mensagens expôs a proximidade entre Moro e a força-tarefa e pôs
em dúvida sua imparcialidade como juiz na condução dos processos da Lava Jato.
Segundo
a legislação, juízes devem se manter imparciais diante da acusação e da defesa.
Se estiverem de alguma forma comprometidos com uma das partes, devem se
considerar suspeitos e, assim, ficam impedidos de julgar a ação. Quando isso
ocorre, o caso é enviado para outro magistrado.
As
mensagens mostram também que procuradores e policiais se mobilizaram em
diversos momentos para manter o juiz como um aliado da força-tarefa.
Moro
pediu a Deltan que ajudasse a conter o grupo antipetista MBL (Movimento Brasil
Livre), após um protesto em frente ao apartamento do ministro Teori Zavascki em
Porto Alegre, em que militantes estenderam faixas que o chamavam de
"traidor" e "pelego do PT" e pediam que deixasse "Moro
trabalhar".
"Não
sei se vcs tem algum contato mas alguns tontos daquele movimento brasil livre
foram fazer protesto na frente do condominio.do ministro", digitou Moro no
Telegram, no fim da noite. "Isso não ajuda evidentemente."
Ricardo
Balthazar e Flavio Ferreira, da Folha; Rafael Moro Martins e Amanda Audi, do
The Intercept Brasil
REFERÊNCIAS:
https://www.conversaafiada.com.br/politica/intercept-se-associa-a-folha-e-ferra-mais-o-moro
por José Gilbert Arruda Martins
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