Hoje ao se levantar da cama, após banhos e cafés, indo começar o dia na andança e correria, passava por uma rua com as primeiras luzes do dia. É visto então mais na frente a cena: um jovem a mexer com uma, igualmente, jovem.

Aprende-se em casa: "Não seja o herói", "não se meta em confusão", "fuja de brigas". Por tal motivo não se "rende a tentação" de ir lá ajudar.
O primeiro foge e leva consigo os pertences do segundo. Uma cena cotidiana, afinal, acontece todos os dias, a todo momento.
Deitado no colchão a escrever esse texto, em pé no ônibus ao teclar no Whats APP, sentado no bar a virar um copo de cerveja. Acontece a todo momento, com qualquer um, em qualquer lugar.
Quem se ergue a ajudar em tais momentos? Quem evita o ocorrido, que hoje foi isso daqui dois minutos foi um ataque mais "intimo" em um beco ou aos berros os tapas dados pelo vizinho em sua mulher na casa ao lado.
Quem se levanta e segura a mão dos que oprimem os que não podem, talvez no momento, revidar ou fugir?
Quem nunca se esgueirou pelas sombras da rua para outra calçada, ou virou as costas e fez o trajeto maior para que não tivesse que dar o corpo como escudo e proteger um desconhecido oprimido?
Quem nunca foi oprimido, e mentalmente pediu ajuda? Hoje foi ele, ontem foi ela, amanhã será aquele outro e depois mais outro e mais outro, em uma sucessiva onda de oprimidos e opressores, em uma intermitente troca de papeis.
Não há quem ajude muitas vezes, quando só, encontra se em tal situação. Há sempre o caminho mais longo, há sempre o olhar para outro lado distante, há sempre a outra calçada vazia.
O opressor não se veste apenas como o delinquente da rua, como o bêbado do marido, como o drogado do vizinho.
O Opressor veste se como o "amigo" que não ajuda, como o irmão que não ouve, como o oprimido que se volta contra o outro oprimido e apoia o opressor.
O Opressor está vestido em terno e gravata no governo, em roupas caras na televisão, ou em roupas simples na esquina.
O Opressor pode ser qualquer um, a qualquer momento, independentemente de sua historia, basta apenas erguer se para exercer força exagerada sobre outro.
Por isso nessa manhã atrasou se o passo, olhou para o chão, para o céu, ou para o lado, e mais uma vez fez se cúmplice do opressor e deixou se passar o fato.
Mateus Martins, é aluno do 5° período do Curso de Biomedicina da UFF - Universidade Federal Fluminense, Niterói.
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