quinta-feira, 29 de outubro de 2015

E quando o professor é coxinha?

por José Gilbert Arruda Martins

Eu que já andei muito tempo nas salas de aulas de escolas do Maranhão - Grajaú e Imperatriz -,  em Brasília no La Salle, Batista, Dom Bosco, Centro de Ensino Fundamental 03 Cei, Centro de Ensino Fundamental 02 Cei, Cedlan, Setor Leste...estou completamente indignado com as atrocidades e a falta de competência do governo com a Educação Pública e a sociedade de Brasília.




Ontem a PM de Brasília fez "seu papel", bateu, prendeu, algemou, disparou gás de pimenta contra a Educação Pública de Brasília.

Por que "seu papel"?

Por que a Polícia Militar parece que está aí para bater e perseguir trabalhador e trabalhadora.

A tese, que falamos em sala de aula, de que a PM é um "braço armado" das elites, se faz, exatamente nesses momentos.

O desrespeito de ontem, não foi apenas contra "O professor ou a Professora", foi contra a sociedade, contra a Educação Pública como um todo.

E, grande parte desse fato profundamente lamentável é de responsabilidade de alguns professores e professoras que se aburguesaram e não conseguem sair para as ruas quando é verdadeiramente necessário.

Encastelam-se em suas vidinhas burguesas, acomodados em "migalhas" capitalistas.

Não conseguem mais enxergar a importância da luta conjunta.

Não conseguem mais enxergar o coletivo.

Não conseguem mais enxergar que, muitas vezes, lutar pela Educação Pública é sair para as ruas em busca de dignidade e respeito.

Conheço, felizmente, centenas de companheiros e companheiras que lutam há mais de 20, 30 anos, dando aulas e indo às ruas quando a categoria e a Educação Pública estão ameaçadas.

Mas conheço também, infelizmente, um parte de professores e professoras, que deveriam estar em outra profissão. Colegas que apoiam a violência, que apoiam governos autoritários, que apoiam intervenção militar, que são a favor da ditadura militar.

Colegas que usam as redes sociais para insuflar o discurso de ódio, que adoram uma piada homofóbica, machista, racista.

Professores e professoras que não conseguem ler outra coisa que não a Revista Veja, Época...que usam a Globo como único canal de informação.

Professores e professoras que não conhecem um Paulo Freire, que se recusam a fazer esse tipo de leitura por que é "doutrinação comunista".

Colegas - esses, não chamo de companheiros ou companheiras -, chamo de colegas, que, em época de Conselho de Classe, usam o Conselho para se vingar de aluno, para "ferrar" com jovens que, muitas vezes, estão pedindo socorro a eles com a sua inquietude.

E agora?

O que o professor coxinha irá fazer?

Ontem, 28/10/15, o governo Rolemberg, mandou a Polícia Militar do Distrito Federal bater, algemar e prender professores. O que você professor coxinha vai fazer agora?







CORRUPÇÃO - Câmara anuncia início de análise sobre processo contra Cunha na corregedoria

na Rede Brasil Atual
O 1º secretário da Câmara, Beto Mansur, será o relator, mas poderá acolher ou rejeitar a representação. Pedido, assim como o do Conselho de Ética, estava parado havia mais de 20 dias
por Hylda Cavalcanti, da RBA
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A representação contra Cunha foi assinada por deputados do PT, Psol, PPS, Rede, PSB, Pros e PMDB


Brasília – O deputado Beto Mansur (PRB-SP), que ocupa a primeira secretaria da Câmara dos Deputados, afirmou na tarde de hoje (28) que foi escolhido pela mesa diretora da Casa para ser relator da representação contra o presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na corregedoria. O pedido contra Cunha foi feito por 29 parlamentares de sete legendas no início do mês, poucos dias antes da representação apresentada contra ele no Conselho de Ética – e apresenta como argumentos os mesmos motivos.
Com o anúncio de Mansur, passam a ser dois os processos legislativos contra o presidente da Câmara a ter seguimento, em dois órgãos da Casa, depois de mais de 20 dias de espera. Ambos estavam parados, aguardando cumprimento de prazos regimentais.
Segundo Mansur, a escolha do seu nome foi decidida pelos integrantes da mesa diretora após reunião realizada no começo desta quarta-feira. Conforme as regras da Casa, que são diferentes das do Conselho de Ética, ele não tem prazo para responder ao pedido feito pelos deputados e pode acolher ou rejeitar o pedido. Se rejeitar, a representação será imediatamente arquivada. Se acolher, será devolvida para a corregedoria para que, a partir daí, seja formalizado o processo.
A representação contra Cunha na corregedoria, assinada por deputados do PT, Psol, PPS, Rede, PSB, Pros e PMDB, pede que seja avaliada a investigação aberta pela Polícia Federal e Ministério Público Federal por envolvimento do deputado na Lava Jato.

Mansur destacou que, juntamente com os pedidos contra Eduardo Cunha, a mesa diretora vai dar seguimento ao pedido de representação feito contra o 1º vice-presidente da Casa, deputado Waldir Maranhão (PP-MA) – também por participação no esquema da Lava Jato. O relator do pedido de representação contra Maranhão será o 2º secretário da Câmara, Felipe Bornier (PSD-RJ).

13 DE NOVEMBRO - Debate no ABC sobre papel da juventude terá participação de Lula

na Rede Brasil Atual
Seminário no Sindicato dos Metalúrgicos também terá rapper GOG, a representante do Levante Popular da Juventude Thays Carvalho, e a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral


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Em maio, Lula conversou com a juventude metalúrgica e disse que quer “aprender e ouvir com as novas gerações”


São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC promoverá em 13 de novembro o seminário O Papel da Juventude na Transformação Social, que terá a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o coordenador da Comissão da Juventude Metalúrgica do ABC, Alessandro Guimarães, o diálogo é uma forma de os jovens pautarem os rumos do cenário político e econômico: “É mais uma oportuni­dade para que diversos grupos da juventude e sociedade em geral possam expor ideias e soluções para o futuro do país”.
Para dar continuação ao debate iniciado em maio com a juventude metalúrgica, Lula estará presente para “aprender e ouvir o que as novas gerações desejam”.
O evento também contará com a presença do rapper GOG, a representante do Levante Popular da Juventude Thays Carvalho e a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral.
As inscrições podem ser feitas no site.

Rollemberg chama polícia para acabar com protesto

no Portal do Sinpro - DF


Dezenas de servidores, incluindo professores(as), bloquearam as saídas de Brasília nos Eixões Norte e Sul da cidade, na tarde desta quarta-feira (28/10).
A interdição das faixas é mais um ato de protesto contra a intransigência do governo Rolemberg em não negociar com os servidores em greve e não apresentar uma solução pelo pagamento de reajuste ao Magistério Público do DF, previsto para setembro e que foi adiado pelo governador para outubro de 2016.
No momento, a Ponte do Bragueto, sentido Sobradinho — Asa Norte, está fechada.
O mesmo ocorre do outro lado da cidade, com a interdição do Eixão Sul. Ao menos 300 servidores protestavam na via quando os policiais iniciaram o confronto. Todas as pistas estão fechadas com os próprios carros dos manifestantes.
Truculência – Há relatos de pessoas presas nos veículos sofrendo pela truculência da Polícia Militar, que tem como comandante em chefe o governador Rollemberg.
Segundo informações recebidas pelo Sinpro, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) chegou à saída sul atirando bombas de gás e spray de pimenta para todos os lados para acabar com o protesto.
O resultado foi desastroso. Houve prisões de professores e diretores do Sinpro – inclusive alguns saíram feridos. A PM ainda disparou balas de borracha contra os manifestantes, provocando pânico entre a multidão.
No momento, alguns professores e dirigentes sindicais estão sendo levados para a 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul.
Advogados do Sindicato já estão a caminho da delegacia para prestar suporte aos professores.
Fotos: Deva Garcia

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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Ives Gandra: José Dirceu foi condenado sem provas

no Viomundo

Ives Gandra: "Do ponto de vista jurídico, eu não aceito a teoria do domínio do fato. A teoria que sempre prevaleceu no Supremo foi a do na dúvida pró-réu"

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O ex-ministro José Dirceu foi condenado sem provas. A teoria do domínio do fato foi adotada de forma inédita pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para condená-lo.
Sua adoção traz uma insegurança jurídica “monumental”: a partir de agora, mesmo um inocente pode ser condenado com base apenas em presunções e indícios.
Quem diz isso não é um petista fiel ao principal réu do mensalão. E sim o jurista Ives Gandra Martins, 78, que se situa no polo oposto do espectro político e divergiu “sempre e muito” de Dirceu.
Com 56 anos de advocacia e dezenas de livros publicados, inclusive em parceria com alguns ministros do STF, Gandra, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, diz que o julgamento do escândalo do mensalão tem dois lados.
Um deles é positivo: abre a expectativa de “um novo país” em que políticos corruptos seriam punidos.
O outro é ruim e perigoso pois a corte teria abandonado o princípio fundamental de que a dúvida deve sempre favorecer o réu.
*******
Folha – O senhor já falou que o julgamento teve um lado bom e um lado ruim. Vamos começar pelo primeiro.
Ives Gandra Martins - O povo tem um desconforto enorme. Acha que todos os políticos são corruptos e que a impunidade reina em todas as esferas de governo. O mensalão como que abriu uma janela em um ambiente fechado para entrar o ar novo, em um novo país em que haveria a punição dos que praticam crimes. Esse é o lado indiscutivelmente positivo. Do ponto de vista jurídico, eu não aceito a teoria do domínio do fato.
Por quê?
Com ela, eu passo a trabalhar com indícios e presunções. Eu não busco a verdade material. Você tem pessoas que trabalham com você. Uma delas comete um crime e o atribui a você. E você não sabe de nada. Não há nenhuma prova senão o depoimento dela -e basta um só depoimento. Como você é a chefe dela, pela teoria do domínio do fato, está condenada, você deveria saber. Todos os executivos brasileiros correm agora esse risco. É uma insegurança jurídica monumental. Como um velho advogado, com 56 anos de advocacia, isso me preocupa. A teoria que sempre prevaleceu no Supremo foi a do “in dubio pro reo” [a dúvida favorece o réu].
Houve uma mudança nesse julgamento?
O domínio do fato é novidade absoluta no Supremo. Nunca houve essa teoria. Foi inventada, tiraram de um autor alemão, mas também na Alemanha ela não é aplicada. E foi com base nela que condenaram José Dirceu como chefe de quadrilha [do mensalão]. Aliás, pela teoria do domínio do fato, o maior beneficiário era o presidente Lula, o que vale dizer que se trouxe a teoria pela metade.
O domínio do fato e o “in dubio pro reo” são excludentes?
Não há possibilidade de convivência. Se eu tiver a prova material do crime, eu não preciso da teoria do domínio do fato [para condenar].
E no caso do mensalão?
Eu li todo o processo sobre o José Dirceu, ele me mandou. Nós nos conhecemos desde os tempos em que debatíamos no programa do Ferreira Netto na TV [na década de 1980]. Eu me dou bem com o Zé, apesar de termos divergido sempre e muito. Não há provas contra ele. Nos embargos infringentes, o Dirceu dificilmente vai ser condenado pelo crime de quadrilha.
O “in dubio pro reo” não serviu historicamente para justificar a impunidade?
Facilita a impunidade se você não conseguir provar, indiscutivelmente. O Ministério Público e a polícia têm que ter solidez na acusação. É mais difícil. Mas eles têm instrumentos para isso. Agora, num regime democrático, evita muitas injustiças diante do poder. A Constituição assegura a ampla defesa -ampla é adjetivo de uma densidade impressionante. Todos pensam que o processo penal é a defesa da sociedade. Não. Ele objetiva fundamentalmente a defesa do acusado.
E a sociedade?
A sociedade já está se defendendo tendo todo o seu aparelho para condenar. O que nós temos que ter no processo democrático é o direito do acusado de se defender. Ou a sociedade faria justiça pelas próprias mãos.
Discutiu-se muito nos últimos dias sobre o clamor popular e a pressão da mídia sobre o STF. O que pensa disso?
O ministro Marco Aurélio [Mello] deu a entender, no voto dele [contra os embargos infringentes], que houve essa pressão. Mas o próprio Marco Aurélio nunca deu atenção à mídia. O [ministro] Gilmar Mendes nunca deu atenção à mídia, sempre votou como quis.
Eles estão preocupados, na verdade, com a reação da sociedade. Nesse caso se discute pela primeira vez no Brasil, em profundidade, se os políticos desonestos devem ou não ser punidos. O fato de ter juntado 40 réus e se transformado num caso político tornou o julgamento paradigmático: vamos ou não entrar em uma nova era? E o Supremo sentiu o peso da decisão. Tudo isso influenciou para a adoção da teoria do domínio do fato.
Algum ministro pode ter votado pressionado?
Normalmente, eles não deveriam. Eu não saberia dizer. Teria que perguntar a cada um. É possível. Eu diria que indiscutivelmente, graças à televisão, o Supremo foi colocado numa posição de muitas vezes representar tudo o que a sociedade quer ou o que ela não quer. Eles estão na verdade é na berlinda. A televisão põe o Supremo na berlinda. Mas eu creio que cada um deles decidiu de acordo com as suas convicções pessoais, em que pode ter entrado inclusive convicções também de natureza política.
Foi um julgamento político?
Pode ter alguma conotação política. Aliás o Marco Aurélio deu bem essa conotação. E o Gilmar também. Disse que esse é um caso que abala a estrutura da política. Os tribunais do mundo inteiro são cortes políticas também, no sentido de manter a estabilidade das instituições. A função da Suprema Corte é menos fazer justiça e mais dar essa estabilidade. Todos os ministros têm suas posições, políticas inclusive.
Isso conta na hora em que eles vão julgar?
Conta. Como nos EUA conta. Mas, na prática, os ministros estão sempre acobertados pelo direito. São todos grandes juristas.
Como o senhor vê a atuação do ministro Ricardo Lewandowski, relator do caso?
Ele ficou exatamente no direito e foi sacrificado por isso na população. Mas foi mantendo a postura, com tranquilidade e integridade. Na comunidade jurídica, continua bem visto, como um homem com a coragem de ter enfrentado tudo sozinho.
E Joaquim Barbosa?
É extremamente culto. No tribunal, é duro e às vezes indelicado com os colegas. Até o governo Lula, os ministros tinham debates duros, mas extremamente respeitosos. Agora, não. Mudou um pouco o estilo. Houve uma mudança de perfil.
Em que sentido?
Sempre houve, em outros governos, um intervalo de três a quatro anos entre a nomeação dos ministros. Os novos se adaptavam à tradição do Supremo. Na era Lula, nove se aposentaram e foram substituídos. A mudança foi rápida. O Supremo tinha uma tradição que era seguida. Agora, são 11 unidades decidindo individualmente.
E que tradição foi quebrada?
A tradição, por exemplo, de nunca invadir as competências [de outro poder] não existe mais. O STF virou um legislador ativo. Pelo artigo 49, inciso 11, da Constituição, Congresso pode anular decisões do Supremo. E, se houver um conflito entre os poderes, o Congresso pode chamar as Forças Armadas. É um risco que tem que ser evitado. Pela tradição, num julgamento como o do mensalão, eles julgariam em função do “in dubio pro reo”. Pode ser que reflua e que o Supremo volte a ser como era antigamente. É possível que, para outros [julgamentos], voltem a adotar a teoria do “in dubio pro reo”
Por que o senhor acha isso?
Porque a teoria do domínio do fato traz insegurança para todo mundo.
Leia também:

Antônio David, sobre as manchetes do UOL/Folha: Jornalismo ou charlatanismo?

no Viomundo
impeachment 2

por Antônio David
A manchete da Agência Estado (O Estado de S. Paulo), reproduzida pelo portal UOL (Folha de S. Paulo), é: “61% acham que rejeição das contas é motivo para impeachment de Dilma”.
Isso acontece tanto na capa quanto na chamada interna.
“52,6% têm acompanhado ou ouviram falar sobre o julgamento das contas do Governo Federal feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Desses, 61,3% consideram que o parecer pela rejeição das contas é motivo para realização de impeachment da presidente Dilma Rousseff” (reproduzido de CNT/MDA).
Jornalismo ou charlatanismo?
Leia também:

"O Opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os oprimidos."

por Mateus Martins*

Hoje ao se levantar da cama, após banhos e cafés, indo começar o dia na andança e correria, passava por uma rua com as primeiras luzes do dia. É visto então mais na frente a cena: um jovem a mexer com uma, igualmente, jovem.
 



Aprende-se em casa: "Não seja o herói", "não se meta em confusão", "fuja de brigas". Por tal motivo não se "rende a tentação" de ir lá ajudar. 

O primeiro foge e leva consigo os pertences do segundo. Uma cena cotidiana, afinal, acontece todos os dias, a todo momento. 

Deitado no colchão a escrever esse texto, em pé no ônibus ao teclar no Whats APP, sentado no bar a virar um copo de cerveja. Acontece a todo momento, com qualquer um, em qualquer lugar. 

Quem se ergue a ajudar em tais momentos? Quem evita o ocorrido, que hoje foi isso daqui dois minutos foi um ataque mais "intimo" em um beco ou aos berros os tapas dados pelo vizinho em sua mulher na casa ao lado. 

Quem se levanta e segura a mão dos que oprimem os que não podem, talvez no momento, revidar ou fugir? 

Quem nunca se esgueirou pelas sombras da rua para outra calçada, ou virou as costas e fez o trajeto maior para que não tivesse que dar o corpo como escudo e proteger um desconhecido oprimido? 

Quem nunca foi oprimido, e mentalmente pediu ajuda? Hoje foi ele, ontem foi ela, amanhã será aquele outro e depois mais outro e mais outro, em uma sucessiva onda de oprimidos e opressores, em uma intermitente troca de papeis.

Não há quem ajude muitas vezes, quando só, encontra se em tal situação. Há sempre o caminho mais longo, há sempre o olhar para outro lado distante, há sempre a outra calçada vazia. 


O opressor não se veste apenas como o delinquente da rua, como o bêbado do marido, como o drogado do vizinho. 

O Opressor veste se como o "amigo" que não ajuda, como o irmão que não ouve, como o oprimido que se volta contra o outro oprimido e apoia o opressor. 

O Opressor está vestido em terno e gravata no governo, em roupas caras na televisão, ou em roupas simples na esquina. 

O Opressor pode ser qualquer um, a qualquer momento, independentemente de sua historia, basta apenas erguer se para exercer força exagerada sobre outro.

Por isso nessa manhã atrasou se o passo, olhou para o chão, para o céu, ou para o lado, e mais uma vez fez se cúmplice do opressor e deixou se passar o fato.


Mateus Martins, é aluno do 5° período do Curso de Biomedicina da UFF - Universidade Federal Fluminense, Niterói.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Declaração de princípios da Globo, versão 1984


por José Gilbert Arruda Martins


A Globo é um instrumento perverso. 

Por que perverso? 

Por que, ao mesmo tempo que "acaricia" com suas novelas e programas ditos culturais e de entretenimento, oprime a sociedade, defendendo interesses escusos e discursos de ódio.

As organizações Globo fazem mal à democracia brasileira.

Fazem mal à sociedade brasileira.

Essa é uma parte daquilo que todo mundo (ou quase) já sabe.

Mas por que, continuamos, ao ligar a TV, sintonizá-la na emissora dos Marinho?

Por que, além do comodismo, da preguiça intelectual que nos impede de buscar outras alternativas, as organizações Globo, ao longo desses 50 anos de existência, conseguiu, com a ajuda de dinheiro público, fazer grandes investimentos em tecnologia e diversidade de programação - de qualidade duvidosa - voltada para as classes C e D principalmente.

Não que essas classes sejam burras, mas a TV aberta, continua sendo a única alternativa de "divertimento" para essa parte importante da sociedade.

Nas periferias e comunidades das médias e grandes cidades, é sabido, os equipamentos de esporte, escola e cultura são escassos.

Por isso, talvez, esse tipo de programação, principalmente da TV aberta, ainda enchem os olhos de muitos.

O Brasil, entre muitas outras coisas, precisa baratear a TV fechada.

Regulamentar os meios de comunicação, tornando-os mais acessíveis e democráticos.

Apoiar as mídias alternativas.

Investir na difusão e na qualidade do sinal de internet.

...


no Viomundo



Lula, o psicografado, no país da meganhagem

no Tijolaço

psicho


Virou moda, agora, publicarem-se as coisas mais estranhas sobre Lula  sem o pudor, sequer de registrar se ele confirma, nega ou, até, recusa-se a comentar.
Basta que “aliados” – que é como a Folha chama, várias vezes, os supostos interlocutores de Lula – falem algo que “se non è vero, è bene trovato”e. claro, ajudem a colocar o ex-presidente em alguma situação de desgaste ou conflito. Muy amigos…
Há alguns dias, foi o “acordo” com Eduardo Cunha, do qual Lula foi avisado pela imprensa.
Que Lula fique indignado com a invasão do escritório do filho é obvio, não conheço um que não ficasse com este tipo de ação sobre seu filho sabendo que é contra o pai que se age.
Dai ém diante. a lenda: Lula sabe perfeitamente que Dilma não tem controle sobre o Ministério Público, o que faria ser uma absoluta ilusão que ele ou ela pudessem determinar o que fariam os promotores que, inclusive, neste caso do escritório de Fábio, foram os que o incluíram – combinados ou não com a PF – na Operação Zelotes, com a qual nada disso tem relação.
Obvio que já saiu a milésima nota do Instituto desmentindo mais uma “reportagem psicografada”, que a Folha coloca, claro, lá no final da matéria, porque não dá a menor importância ao que diz quem ela diz que disse o contrário.
Se não tem confirmação, daria, no máximo, uma notinha nas “colunas” de política que sucederam as antigas “colunas sociais”. Aquilo que no meu tempo a gente chamava de “cesta página” –  cesta mesmo, não sexta, porque designava aquele cilindro de lata para papéis inservíveis.
Mas é interessante especular sobre a matéria.
Primeiro é a fixação em chamar de “aliados”. Não são amigos, não são companheiros de partido, não são assessores. São “aliados”, em oposição aos ” assessores presidenciais”.

Como todo bom boato, nasce de algo real e óbvio: a inapetência e a abulia com que José Eduardo Cardozo se comporta com tudo que se passa na área que deveria estar sob sua autoridade, que é apresentada como motivo de irritação de Lula.
Daí, porém, partem para uma teoria estrambótica de que seria uma orientação para “entregar Lula” como forma de “livrar Dilma”.
Será que existem tantas cabeças microcéfalas – existem, não viram o Rodrigo Constantino apontando um videogame americano como doutrinação comunista? – que acreditam que Dilma resistiria dois meses no Governo com o êxito de um plano para lançar Lula à desgraça?
Mas o pior, o pior de tudo é ver a política e o país sendo dirigidos pela meganhagem do MP e da PF, que vão enfiando suspeitas aqui e ali, onde der, com claríssimos objetivos políticos.
Estamos quase chegando ao ponto em que democracia será abolir o voto para governador e presidente e fazer eleições para delegado e promotor.

Folha mente e Lula desmente

no Conversa Afiada
"Informações são completamente falsas"
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Conversa Afiada reproduz do Instituto Lula:
Nota sobre matéria da Folha de S.Paulo a respeito de Lula e Dilma

Não tem qualquer fundamento a matéria do jornal Folha de S. Paulo "Em conversas, Lula responsabiliza Dilma por ação em empresa de filho". As informações nela contida são completamente falsas.

Educadores defendem projeto que cria semana de contadores de história

na Rede Brasil Atual
Projeto destina uma semana do ano letivo, em escolas públicas de educação básica, para disseminar o patrimônio cultural brasileiro


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Erika Kokay: "A contação de história é importante para o ensino e para toda a sociedade"

São Paulo – “A contação de história é importante para resgatar a identidade nacional”, disse a deputada Erika Kokay (PT-DF), autora do Projeto de Lei (PL 4005/12), que cria a Semana Nacional dos Contadores de História. A deputada contou com o apoio de educadores, que levantaram a bandeira do projeto em audiência pública realizada na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, na última semana.
O projeto destina uma semana do ano, ao menos, para as escolas públicas de educação básica se dedicarem a informações sobre manifestações verbais, poéticas, literárias e musicais que compõem o patrimônio cultural imaterial brasileiro.
Além da transmissão cultural, os presentes na audiência defenderam que o projeto incentiva a leitura e a educação. Educadores das universidades federais de Minas Gerais e do Espírito Santo debateram o PL, além de escritores, atores, mestres em contação e representantes do Ministério da Cultura.
“Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. E quem não gosta de contar e nem de ouvir histórias, um bom sujeito nunca será”, disse a subsecretária da Cultura de Santo Amaro, em São Paulo, Andrea Souza. A audiência tomou um tom lúdico e de defesa do folclore e dos contadores de história do país.
O projeto de lei está em tramitação na Comissão de Educação. Se for aprovado, deve passar pelas comissões de Cultura, de Constituição e Justiça, e de Cidadania. Entre os presentes, ficou o consenso destacado pela educadora e produtora cultural Rosane Castro. “As histórias não foram feitas para ficar escondidas, esquecidas. Uma história é para ser revivida”, argumentou.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Moradores de rua: tão paulistanos quanto você.

no Socialista Morena
 Fotos por Magnesio
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São Paulo, a maior cidade da América do Sul, tem quase 16 mil pessoas morando na rua, de acordo com o censo feito pela Fipe/USP entre fevereiro e março deste ano. É impossível não reparar neles, estão em toda parte. Mas e OLHAR para eles? A maioria das pessoas quando vê alguém que vive na rua vira o rosto –quando não simplesmente muda de calçada.
Por que olhar para os sem-teto perturba tanto? Tristeza? Culpa? Medo? Desprezo? Nojo? Ou é algo mais profundo, que tem a ver com valores e a real importância do dinheiro na vida da gente?
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O fotógrafo e designer Magnesio (autor do visual do blog!) faz o contrário: anda pelas ruas de São Paulo olhando para os sem-teto, que retrata em belas imagens em preto e branco. Preto e branco como as calçadas cinza, as paredes cinza e o céu cinza que os emolduram. Preto e branco como a vida destas pessoas. Por que elas foram parar ali? A maior parte das vezes por causa da pobreza, mas não só: desilusões amorosas, abandono pela família, alcoolismo… São muitas as razões que podem levar alguém a viver na rua, à margem da sociedade.
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O que muita gente não sabe é que as pessoas que vivem nas ruas têm o direito de estar ali. São tão paulistanas quanto você. Possuem, inclusive, os mesmos direitos constitucionais que qualquer um de nós: “todos são iguais perante a lei”, diz o artigo 5 da Constituição brasileira.
Não se pode forçar moradores de rua, como alguns desejam, a ir viver num abrigo –há cerca de 10 mil vagas nos abrigos da capital paulista hoje. Políticas higienistas são desumanas e hipócritas: apenas escondem o morador de rua da vista dos incomodados, não resolvem seus problemas sociais e existenciais. As soluções para eles precisam ser mais atuais e menos moralistas, condizentes com suas necessidades.
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E você, o que faz quando vê uma pessoa em situação de rua?
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Você acha “empoderamento” uma palavra feia? Vou citá-la 19 vezes neste texto

no Socialista Morena
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Tenho lido e ouvido muita gente boa por aí cismando com a palavraempoderamento. Certamente, gente empoderada que já não PRECISA dela –ou nunca precisou. Gente que nasceu empoderada ou que ainda não se deu conta de que na verdade ainda não se empoderou.
Afinal, qual a origem desse termo? Ao que tudo indica, o psicólogo norte-americano Julian Rappaport foi o primeiro a enfatizar a ideia, em 1977, de que é preciso empoderar certos grupos para desenvolver a qualidade de vida do entorno social ao qual estão conectados. O educador brasileiro Paulo Freire subverteu um tanto o conceito, propondo que são os próprios grupos que devemempoderar-se a si próprios. E esta noção vingou.
No ano 2000, a declaração da ONU para o novo milênio incluiu oempoderamento das mulheres e a igualdade entre gêneros como “meios eficazes para combater a pobreza, a fome e a doença e de estimular o desenvolvimento de uma forma sustentável”. Nos últimos anos, as feministas têm utilizado com frequência o conceito de empoderamento, gerando ainda mais antipatia em alguns setores da mídia e da intelectualidade.
A explicação para a rejeição sem dúvida está na expressão “poder” embutida nela. Poder não é algo que vem de graça, é algo que se conquista, se disputa. Ninguém quer perder poder. E empoderar significa, claro, que alguém que não tem poder vai passar a tê-lo. Sobretudo, novamente lembrando Freire, quando se tratam de cidadãos historicamente oprimidos: mulheres, negros, LGBTs, pobres. Você acha mesmo que opressores vão deixar que oprimidos se empoderem, assim, sem mais nem menos, de uma hora para outra?
– Alto lá! Onde nós estamos? O Brasil não é bagunça, não! 
Meninos e meninas negras crescem assistindo na televisão pessoas iguais a elas sendo somente empregadas, copeiros, jardineiros; tendo como padrões de beleza pessoas brancas e de cabelo liso, isso num país mestiço como o nosso. Crescem sendo alvo da violência policial, que os pinça na multidão pela cor da pele; sendo vítimas do racismo, velado ou não, de patrões, colegas e até da família. Mesmo não sendo negro, é possível calcular a devastação que isto traz à auto-estima de alguém. Empoderar-se, para os afrodescendentes, é compreender a necessidade de lutar, de não aceitar passivamente as injustiças.
– Imaginem! Negros se revoltando contra a polícia que os mata. Isto seria a convulsão social! Os negros têm de se conformar que infelizmente parecem mais suspeitos do que os brancos. E que mal há em alisar aquele cabelo com produtos químicos desde a infância?
Mulheres crescem aprendendo que os homens são superiores e, ainda que não sejam ensinadas assim, um dia irão descobrir que os salários deles são superiores. Mulheres são vítimas de maridos violentos e têm medo de denunciá-los. Mulheres são mortas por companheiros e ex-companheiros. Mulheres sofrem bullyingcotidiano (inclusive no trabalho) por não se adequar aos padrões de beleza impostos pela mídia. E quando são consideradas bonitas, são, lógico, “burras”. Pois quanto mais elas se empoderam, mais rejeitam a monotonia dos rótulos e a submissão ao homem. E obviamente não aceitam ganhar um salário menor pelo mesmo trabalho apenas por possuir vagina e não pênis.
– Vocês estão loucos? O que será das nossas famílias? Sempre foi assim e sempre funcionou. Feminista é tudo baranga! E para que salários maiores? Assim vocês vão quebrar as empresas! 
Gays e transexuais foram tratados ao longo dos anos como a escória da sociedade, proscritos que não podiam conviver com as pessoas normalmente, estudar, trabalhar, amar. Ter filhos. Sobretudo na última década, o empoderamento LGBT deu visibilidade aos homossexuais e transgêneros, mas a coisa não pára aí. Enquanto um só gay, lésbica ou trans do mundo continuar a sofrer discriminação, agressão e até morte por homofobia, o empoderamentonão chegou ao fim. Principalmente no Brasil, campeão de assassinatos a homossexuais, e onde homofóbicos têm cadeira cativa no Congresso Nacional e na mídia.
– Casamento é homem e mulher! Criança com trejeitos tem que apanhar muito para consertar! É de menino que se torce o pepino! Lésbica é só uma mulher mal comida! Direitos humanos para travestis? Onde é que já se viu?
Os pobres são humilhados diariamente por quem está acima na pirâmide social e pela imprensa hegemônica, que só olha para eles na hora de fazer reportagens do tipo “mendigo gato”. As empregadas domésticas e os usuários do Bolsa Família que o digam. No discurso não-assumido dos “diferenciados”, é preciso colocar o pobre “em seu devido lugar”. Mas qual é o lugar do pobre? Viajar de avião, por exemplo, não podia. Frequentar faculdade também não. Todo esteempoderamento tem visivelmente incomodado as classes sociais mais altas. Afinal, o pobre empoderado não leva desaforo para casa. Vem com teus preconceitos para o lado deles pra tu ver.
– Ah, aí já é comunismo! O aeroporto fica parecendo uma rodoviária! Comprar carro? Nossa, então é por isso que tem tanto trânsito! Foi o PT que inventou essa divisão idiota entre classes! 
Quem tem medo do empoderamento? Não seja ingênuo. Esta é uma das palavras que os conservadores adoram convencer você de que são chatas, bobas, anacrônicas. Tipo “ativismo”, “engajamento”, “politização”, “ideologia” ou “socialismo”. Sabem por que fazem isso? Para que os oprimidos não lutem pelo que vale a pena lutar. Fazem isso para que se conformem, abaixem a cabeça. E ajudem a manter intocado o status quo que privilegia adivinhem? os poderosos.
Há atualmente uma inversão bizarra do que é ser inteligente e do que é ser otário: quem não questiona nada é inteligente e quem questiona é otário. Como pode? Desde quando conformismo é sinal de inteligência? É exatamente o contrário: conformar-se é sinônimo de burrice.
Empodere-se!

Frente Povo Sem Medo marca ato nacional contra Cunha e o ajuste

na Rede Brasil Atual
Primeira manifestação do coletivo terá como foco o afastamento do presidente da Câmara e mudanças na política econômica
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Mais de 30 movimentos sociais, que compõem o coletivo, decidiram pela manifestação nacional


São Paulo – A Frente Povo Sem Medo realizou quinta-feira (22), na sede nacional da CUT, em São Paulo, a primeira reunião de seus componentes, representantes de aproximadamente 30 movimentos sociais em 15 estados, e decidiu realizar seu primeiro ato nacional em 8 de novembro, pedindo o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e mudanças na política econômica do governo.
A presença do coletivo nas ruas está destacada no manifesto, divulgado no último dia 6. “No momento político e econômico que o país tem vivido se torna urgente a necessidade de o povo intensificar a mobilização nas ruas, avenidas e praças contra esta ofensiva conservadora, o ajuste fiscal antipopular e defendendo uma saída que não onere os mais pobres”, diz o texto.
A professora e secretária de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT, Janeslei Aparecida Albuquerque, defendeu a atuação dos cutistas perante a conjuntura política, que vai de encontro às diretrizes da Frente Povo Sem Medo.
“A CUT está junto com os movimentos sociais que estão nas ruas contra a retirada dos direitos dos trabalhadores. No Congresso, dominado pelo fundamentalismo, pela bancada da bala, do latifúndio e dos bancos, a CUT tem exercido papel importante de oposição a essa direita que ataca um conjunto de direitos do campo do trabalho e dos direitos sociais e civis”, disse a dirigente.
“Esta reunião é importante, e saímos otimistas daqui. O povo brasileiro não pagará por essa crise e nem aceitará a pauta imposta pelo governo”, afirmou o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos.
Com informações da CUT

domingo, 25 de outubro de 2015

Professor é agredido em ato pró-impeachment em Natal

na Revista Fórum
Confira o relato de Daniel Valença, docente da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), agredido em manifestação realizada na capital do Rio Grande do Norte no último dia 21; vídeo mostra momento em que professor leva choque elétrico
Por Daniel Valença*, no Viomundo
O dia em que vi o fascismo de perto
À direita, o homem que aplicou o choque em Daniel Valença aparece carregando a arma
À direita, o homem que aplicou o choque em Daniel Valença aparece carregando a arma
Fui ver com meus próprios olhos o ato pró-impeachment em Natal. Eram cerca de 15 manifestantes e mais 10 “seguranças” contratados para “proteger” os bonecos de Dilma e Lula. Como em todo o Brasil, novamente a UJS rasgou os bonecos – o fizeram, aliás, em São Paulo, no Recife e em João Pessoa.
Corri para acalmar a confusão e impedir que os jovens fossem agredidos fisicamente. No meio do caminho, um dos organizadores do ato me aplicou um mata-leão, hora em que perdi meus óculos e celular. A PM assistiu a tudo e nada fez, exceto deter os jovens da UJS que, já algemados, continuaram sendo agredidos física e verbalmente.
Fui cercado por todo esse grupo que berrava “petista!”, “comunista!”, “bandido filho da puta”. Respondi insistentemente que era petista e comunista com muito orgulho e que tinha o direito de sê-lo. Foi então que um manifestante fascista veio por trás e me aplicou um choque elétrico, prática comum aos torturadores do DOI-CODI. Resisti para não cair. E me vi sendo chutado e agredido por pessoas que teoricamente eram jornalistas, até que um amigo finalmente conseguiu me retirar do cerco.
Pela primeira vez, vi o fascismo de perto. Ao contrário daquele das décadas de 1920-1940, não havia uma multidão, contavam-se nos dedos. Mas eram pessoas com muito recurso financeiro, com armas proibidas, com ódio estampado na face, não contra um sujeito, mas contra Ideias, e contavam com a cumplicidade do aparelho coercitivo do Estado.
Há meses, quando tudo isto começou, não faltavam setores no governo e na sociedade para advogar que os atos puxados por “movimentos” pró-impeachment eram democráticos: seriam as inúmeras ocorrências de violência coletiva apenas excessos individuais. Agora que tais “movimentos”, sem identidade nem história, não conseguem mobilizar trinta pessoas para subsidiar o golpe intentado por Eduardo Cunha, o rei se revela nu: é quem lidera tais atos que são os proponentes da violência legitimada, do ódio de classe e preferência política. Eles refletem na sociedade civil o que intentam na política; a retirada do artigo que protegia os movimentos sociais da tipificação do crime de terrorismo por parte do relator do PSDB é um exemplo. O projeto de lei do PSDB que criminaliza a liberdade de cátedra dos docentes, outro.
Marx denunciava que as pessoas aceitam viver numa ordem desumana porque a realidade lhes aparece invertida. Em situações específicas da história, como a que estamos vivendo, isso toma contornos ainda mais intensos. O incipiente fascismo atual transforma o crime em manifestação democrática, o violento agressor em “democrata”, a vítima em “bandido”. Com a cumplicidade dos meios empresariais de comunicação e das forças coercitivas do Estado.
Por fim, gostaria de fazer um apelo. Aqueles que, como eu, têm inúmeras críticas e estão descontentes com a política do segundo mandato da presidenta, ou até mesmo os que defendem o impeachment: não se deixem envenenar. Não se deixem envenenar, porque nas ruas e no parlamento, os que lideram essa tentativa de golpe, usando dos instrumentos mais desonestos, ilegais e violentos possíveis, buscam um projeto de sociedade muito distante do  país soberano, justo e solidário que a maioria dos brasileiros compartilha.
Às dezenas de pessoas que prestaram solidariedade, minha sincera gratidão.

(*) Daniel Valença é professor licenciado do curso de Direito, da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), onde leciona Ciência Política, Trabalho e Ética. Está fazendo doutorado em Direitos Humanos na Universidade Federal da Paraíba (UFPB)