Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=cidade+dos+mortos+egito
por José Gilbert Arruda martins
Onde tem dinheiro os rentistas vão. Não importam as pessoas, quem são, como vivem, se têm sonhos, o fundamental aqui é o lucro acima de qualquer coisa.
O cemitério de El Harafa no Cairo, capital do Egito, é um dos maiores símbolos mundiais do tipo de sistema econômico que a maior parte das pessoas e do mundo é obrigado a conviver.
É, o que especialistas chamam de hipercapitalismo. Um sistema cada vez mais excludente que enriquece uma minoria de 1% da população mundial.
Nunca se viu, na história do sistema capitalista, tantas pessoas excluídas, as grande e médias cidades do mundo estão aparecendo aos milhares pelas ruas.
É um problema para s pessoas, para a cidade, para o prefeito, para os comerciantes.
E, como solucionar tão grande problema?
Medidas paliativas como, centro de atendimento, albergues, distribuição de sopa etc. não são capazes de resolver, mesmo por que o sistema produz mais a cada minuto.
Então como resolver?
Mudando, invertendo o sistema econômico. Criando um sistema de desenvolvimento diferente. Talvez o que os especialistas chama de pós-capitalismo.
Cidade dos Mortos do Cairo: necrópole transformada em metrópole.
Fonte: http://pt.euronews.com/2013/03/04/cidade-dos-mortos-do-cairo-necropole-transformada-em-metropole
O Egito é um país cheio de contrastes, repleto de caras ocultas que às vezes espreitam o mundo da fresta de uma porta tumular.
A falta de casas é um mal endêmico até ao ponto de segundo os dados oficiais dois milhões de pessoas habitarem nos cemitérios. Quando Sergio Tréfault fez o filme “A Cidade dos Mortos”, com que ganhou o Grande Prêmio Documenta Madri em 2010, os números rondavam o milhão de residentes na maior necrópole do mundo, El Harafa.
Hatem Hosni é um dos jovens egípcios que fez um lar num velho nicho num dos cemitérios do Cairo – espécie de bairro da lata dos que afluíram à capital egípcia nos anos 60.
Um quarto e uma pequena cozinha constituem todo o espaço do que dispõem os cinco membros da família.
Os filhos brincam entre os mortos que exalam um cheiro que ninguém pode ignorar nos picos de calor.
Hatem Hosni
“A situação econômica, a falta de postos de trabalho e os arrendamentos caros obrigam-nos a viver aqui. Ter um apartamento novo custa imenso dinheiro e não tenho emprego, de modo que não podemos sair daqui. O governo esqueceu-nos. Não nos têm em conta. É como se estivéssemos mortos porque vivemos nos cemitérios”.
Na capital egípcia, visitamos o conhecido cemitério Aisha. Al Haj Ahmed reside, há 43 anos, num diminuto jazigo, em péssimas condições, sem eletricidade, nem água potável.
Vive da esmola dos familiares dos mortos, que rondam o equivalente a um euro, em total ignorância do que se passa no centro da cidade. A Primavera Árabe esqueceu-o no inverno dos tempos.
Al Haj Ahmed:
“Sou analfabeto, não sou capaz de ler nem de saber que se passa no Egito, as únicas notícias que me chegam são das pessoas que vêm aqui e me explicam que houve incidentes num bairro qualquer, mesmo que isso nada me importe, porque vivo aqui, não tenho ninguém e não me vou meter em política”.
No meio destes cidadãos anônimos, ignorados, vivem ocultos muitos criminosos, delinquentes fugidos à justiça, traficantes de armas e de drogas, que também encontram espaço nas ruelas da Cidade dos Mortos. Mas também há vendedores ambulantes, padarias, tudo o que é necessário para o quotidiano dos vivos.
Uma mulher de idade queixa-se:
“Há quatro anos que minha filha solicitou um apartamento às autoridades, vive num pequeno quarto com o marido, incapacitado, e com a sogra.”
Os egípcios fazem pequenos mausoléus para os mortos desde o tempo dos faraós, porque era costume aí ficarem a viver com os defuntos durante 40 dias. Assim, tanto se pode ver a roupa a secar ao vento, como um homem a escavar na terra, uma carrinha a distribuir botijas de gás…
MOHAMMED SHAIKHIBRAHIM, correspondente da euronews no Cairo:
“As pessoas que vivem nos cemitérios são conhecidas por “mortos-vivos”. São cidadãos que não entendem a linguagem dos confrontos políticos nem o que se passa no país. Sobreviver nestas ruelas é, alias, o único problema existencial de quem apenas quer viver o dia a dia”.
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