terça-feira, 7 de outubro de 2014

Atenção Amigos e Amigas, Professores e Professoras. Conheçam esse artigo do Boaventura de Sousa Santos


O artigo do maravilhoso sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos, que tive o prazer de conhecer pessoalmente numa aula da indignação - aula de abertura do semestre - em 2012 na Unb, precisa ser lido por todos, principalmente, por nós professores (as) e estudantes. Por isso mesmo, a partir de hoje, durante a semana, vou postá-lo em partes pequenas, para você se deliciar e se libertar. Claro, postei por inteiro agora há pouco, mas vamos iniciar por parte. Vamos dividir cada parágrafo em dois períodos.

PARTE I

ELEIÇÕES - O Brasil na hora das decisões

por Boaventura de Sousa Santos - Fonte: Le Monde Diplomatique - 07/10/2014

Em 2015, o Brasil comemora o mais longo ciclo de vida democrática da sua história: trinta anos. Isso é em si um fato importante num momento em que o Brasil emerge como uma potência mundial e em que, por isso, o que se passa no país interessa não só aos brasileiros como ao mundo no seu conjunto. São trinta anos de progressos extraordinários na construção de uma institucionalidade democrática que ousou ir para além da matriz eurocêntrica, combinando democracia representativa com democracia participativa; na configuração de um sistema judicial independente; na adoção de políticas públicas que permitiram níveis de redistribuição social nunca antes alcançados; no enfrentamento da injustiça histórica de longa duração com concessões de terras e territórios aos povos indígenas e quilombolas, e com políticas de ação afirmativa no sistema educativo e potencialmente no sistema de emprego; na tentativa de superar os limites da transição democrática pactuada no que diz respeito à injustiça histórica de mais curta duração – os crimes da ditadura militar; na criação de um sistema de educação superior e de pesquisa científica dinâmico e socialmente responsável; na configuração de uma política econômica que garantiu estabilidade e níveis elevados de crescimento; enfim, no desenho de uma postura nas relações internacionais centrada numa nova concepção dos interesses do país e da região relativamente autônoma diante dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos na região e mesmo no mundo.

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