por José Gilbert Arruda Martins
O Brasil não tem tradição
democrática, em pouco mais de 100 anos sofremos nada menos que cinco golpes de
Estado – 1889, 1930, 1937, 1964, 2016 – que desmantelaram as nossas já
precárias instituições.

Sendo que, com exceção do de
1964 – que derrubou um governo trabalhista de João Goular – e o atual, 2016 –
que apeou um governo popular de Dilma Roussef -, todos os outros foram
rearranjos da própria burguesia.
O Brasil tem atualmente
cerca de 36 partidos políticos e mais 54 em processo de criação no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), desses apenas quatro podem ser denominados de
esquerda ou progressistas - PT, PCdoB, PDT, PSOL e PCO -, o golpe foi articulado e efetivado dentro das
outras 32 agremiações políticas.
Você pode perguntar: E o PSTU? Não é de esquerda? Me recuso a citar esse partido e colocá-lo ao lado da esquerda progressista no Brasil, o PSTU é um dos apoiadores do golpe.
Você pode perguntar: E o PSTU? Não é de esquerda? Me recuso a citar esse partido e colocá-lo ao lado da esquerda progressista no Brasil, o PSTU é um dos apoiadores do golpe.
Foi essa arquitetura
parlamentar atrasada, ultra conservadora, apegada a Igrejas Evangélicas, que
rasgaram a Constituição e as leis dia 12 de maio de 2016.
O Congresso brasileiro hoje
é dominado pela Bíblia, pela Bala e pelo latifúndio – “Bíblia” é uma referência
aos parlamentares eleitos e apoiados por igrejas, principalmente as evangélicas
neopentecostais; a “bala” é uma
referência aos parlamentares ligados ao setor militar, defensores da máxima
“bandido bom é bandido morto” e do extermínio das populações negras
periféricas; “latifúndios” referência ao
agronegócio nacional e internacional que domina o campo no país expulsando,
invadindo terras de pequenos agricultores e assassinando lideranças camponesas.
Esse acima é um pequeno
retrato da atual composição do Congresso que deu o golpe no governo eleito com
mais de 54 milhões de votos.
Diversos fatores motivaram e
criaram o cenário e as condições
políticas e jurídicas para o golpe, dois deles se destacam, o primeiro é a
questão do petróleo, o Brasil em 2006 descobriu “um mar de óleo” uma quantidade
imensa de petróleo de primeira qualidade nas entranhas da bacia atlântica, o
governo Lula da Silva, para resguardar a soberania e os interesses do país,
resolveu criar uma nova empresa estatal para cuidar da questão e mais criou um
sistema que deu à Petrobrás o controle sobre a exploração, esse fato jogou as
empresas multinacionais do petróleo para cima do governo; o outro ponto, não
menos importante, é a questão dos Programas Sociais – Certificação de terras aos
quilombolas – de 2004 a março de 2016 foram entregues mais de 2.800
certificações de terras quilombolas -, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida,
Prouni, Fies, Mais Médicos, Pronatec, para citar apenas alguns, que retiraram
da pobreza extrema milhares de brasileiros antes completamente esquecidos pelas
elites.
São esses dois projetos, o
pré-sal e o Projeto Popular de resgate da cidadania perdida, que motivaram os
golpistas.
O governo de Dilma Roussef
foi usurpado, não porque ela cometeu erros, mas por ter acertado, por dá
continuidade aos projetos de autonomia do país e do povo.
Projeto Popular que a
chamada “Casa Grande” – referência ao poder dos Senhores de Engenho do Brasil
Colonial -, não aceitou e, como não conseguem vencer no voto, resolveram, com a
ajuda da velha e carcomida mídia, com uma estrutura judiciária atrasada e cheia
de mandonismo , autoritarismo e vícios seculares, rasgar a Constituição e apear
um governo eleito democraticamente.
O Brasil tem uma estrutura
oligopolizada de mídia completamente antidemocrático e autoritário.
Foi esse monopólio midiático
que, durante os últimos treze anos, de forma ininterrupta e diuturnamente, veio
atacando a esquerda, os movimentos sociais e o governo, preparando o cenário
para o desfecho golpista do dia 12 de maio.
Sem o apoio da mídia – a
verdadeira oposição política do Brasil, liderada pela Rede Globo de
Televisão -, o golpe dificilmente teria
tido sucesso.
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