Haddad já havia dito “A
prefeitura de São Paulo é cemitério de político”.
Não sei se a cidade, mas as
elites ricas e, como destaca o texto, as velhas mídias, são cemitérios sim.
O Estado de São Paulo
possui talvez, uma das elites mais ricas e mais conservadoras da América
Latina, prova disso é a presença e a força do psdb no governo há vários anos.
Esse texto do Luis Nassif
chama a atenção para outra coisa importante; as elites brasileiras sempre, ou
quase sempre criaram as condições econômicas e políticas de crise para
manterem-se no poder.
Foi assim na trama que
manteve a Monarquia no início do século XIX, no golpe civil-militar que
instalou a República EM 1889, na crise para colocar Getúlio no poder em 1930,
no golpe civil-militar de 1964 que derrubou um governo eleito democraticamente,
na passagem do governo militar para o civil quando impediram que a emenda das
diretas fosse vitoriosa em 1984/5.
Em todos esses momentos,
como agora no ataque a um dos grandes e honrados políticos desse país Fernando
Haddad, as elites mostraram o que JÁ sabemos: O POVO QUE SE FERRE.
POR JOSÉ GILBERT ARRUDA
MARTINS (PROFESSOR)
Nessa política de criar os
ambientes de crise
Fonte: http://jornalggn.com.br
A campanha encetada contra o prefeito de São Paulo
Fernando Haddad é a prova incontestável de como o país gosta de devorar seus
principais ativos intelectuais.
Haddad não é apenas
prefeito de São Paulo, eleito pelo PT. Provavelmente é o melhor quadro público
que o país produziu nas últimas décadas. Seu trabalho técnico e político à
frente do MEC (Ministério da Educação) mostra uma visão de futuro e uma
capacidade de formulação inédita na administração pública brasileira - federal
ou de qualquer estado.
Haddad demonstrou não
apenas ser um iluminista, perseguindo as mudanças e antenado com os temas
contemporâneos - ao contrário dos retrógrados e conformados que pululam no seu
partido e nos demais - como um formulador de primeiríssima, casando visão
técnica com política - entendido, aí, a capacidade de identificar resistências
e contorná-las.
Graças à sua
insistência, conseguiu criar o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), que significou
um corte na educação brasileira, enfrentando com persistência e argumentos a
visão míope-fiscalista do então MInistro da Fazenda Antonio Pallocci.
Sua insistência com o
ENEM abriu possibilidades sem precedentes para os jovens de menor poder
aquisitivo, uma matrícula única permitindo a 8,5 milhões de candidatos prestar
um único exame e ter acesso - de acordo com sua nota - ao universo de
faculdades públicas e privadas.
Não existe paralelo em
outro país de exame com tal amplitude - e absoluta ausência de problemas. O
ENEM só foi notícia na fase inicial de implantação, quando apresentava alguns
problemas. Depois que ficou azeitado, deixou de ser notícia.
Há outras revoluções
feitas por ele, como a política nacional de inclusão de pessoas com deficiência
na rede regular de ensino. São 800 mil crianças, que antes dependiam do modelo
de exclusão das APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e que
foram incluídas na rede regular com amplo suporte garantido pelo MEC.
O Reuni (Recuperação e
Expansão das Universidades Federais) permitiu a abertura de centenas de novos
campi, descentralizando o ensino superior.
Em todos esses momentos,
Haddad mostrou-se impermeável tanto à pressão do liberalismo educacional
inconsequente quanto do corporativismo que existe no meio.
Quando resolveu ampliar o número
de vagas nas universidades públicas, enfrentou uma manifestação de professores
considerando absurdo salas de aula com mais de 15 alunos. Respondeu que ficaria
mais satisfeito se visse cartazes protestando contra salas de aulas com menos
de 15 alunos.
O Pronatec, o PROUNI, o FIES
foram montados em parceria com o setor privado. E Haddad enfrentou as pressões
corporativas, que o acusavam de pretender privatizar a educação.
Em todos os momentos, jamais
fugiu da procura e da viabilização das grandes soluções.
Todos esses projetos foram
montados sem preconceitos ideológicos, juntando forças já existentes,
articulando ações entre agentes públicos e sociedade civil.
E foi esse espírito
que levou para a prefeitura de São Paulo, enfrentando problemas seculares que
todos seus antecessores recusavam-se a encarar.
Resolveu enfrentar o desafio
do transporte coletivo, com os corredores de ônibus;
o desafio da desospitalização dos dependentes de drogas, com a Operação Braços
Abertos; o desafio de reduzir a segregação social que marca a cidade.
Se a velha mídia quer
bater no PT, tenho uma infinidade de dicas. No Ministério de Dilma tem meia
dúzia de ministros acomodados, sem espírito público, jogando apenas para a
plateia.
Mas deixem Haddad trabalhar. Não
privem a vida pública brasileira de alguém do seu quilate. É algo tão atrasado
quanto seria as esquerdas crucificando Prestes Maia ou Olavo Setubal, devido à
sua origem política.
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