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Os problemas da educação no Brasil, principalmente a pública, vão desde
a questão pedagógica, propriamente dita, nós professores estudamos as teorias
progressistas, libertadoras e implementamos no dia a dia o que tem de mais
atrasado nessas mesmas teorias; déficit de salas de aula em vários Estados e
municípios, falta de professores e professoras, seriedade e compromisso de
governos, mas um dos problemas mais crônicos, na minha visão, é ouvir de
pessoas que nunca leram um único livro sobre Educação, ir a público falar sobre
Educação como fez Ronaldo.
Ronaldo foi um ótimo jogador de futebol mas, está se revelando um
político conservador é só olhar quem ele apoia. E isso pode se transformar num
problema, caras como Ronaldo, que não tinham dinheiro nem para pagar a passagem
de ônibus para ir aos treinos e ficaram ricos com o futebol, podem, se bem “orientados”,
entrar na política e ajudar a empurrar o barco para rumo à direitas do tipo reacionárias, que possam impedir mudanças significativas. E isso é sério.
Por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
Depois do futebol
A
indignação sobre a falta de boa educação no Brasil é a maior de todas as
falácias de nossa sociedade
por Vladimir Safatle
Fonte site Carta capital – 17/07/2014
Vou
poupar os leitores do exercício ingrato de ler mais um comentário sobre a
chamada “inexplicável” derrota brasileira de terça-feira. Cada um tem o
“inexplicável” que lhe convém. Para alguns que seguem a impressionante financeirização
selvagem e mafiosa do futebol brasileiro, não há nada de inexplicável a
desvendar.
No entanto, algo de curioso aconteceu
após a referida derrota. Aparentemente, várias manifestações politicamente
informadas começaram a colocar a conta dos problemas na famosa e insuperável
“ausência de educação” da sociedade brasileira. Momento particularmente cômico
foi ver o jogador Ronaldo fazer uma comparação entre o número exponencial de
prêmios Nobel alemães e a nulidade de tais prêmios entre nós.
“Educação”
virou há muito uma daquelas causas que
parecem tudo explicar. Normalmente, ela aparece na boca daqueles que, no fundo,
nunca se preocupam de fato com ela. Gostaria, por exemplo, de perguntar ao
senhor Ronaldo quanto ele gastou de sua fortuna na criação de fundações de
pesquisa e de artes que poderiam ajudar o País a ter seus feitos científicos e
literários reconhecidos. Na verdade, a indignação sobre a ausência de boa
educação no Brasil é a maior de todas as falácias de nossa sociedade.
Prova maior disso é a ausência, pura e
simples, da educação nos temas de campanhas eleitorais deste ano. Tente se
esforçar a fim de lembrar quais foram as propostas efetivas que você ouviu
nesses últimos meses a respeito de reformas no sistema educacional brasileiro.
O governo federal aprovou um Plano
Nacional de Educação que, afora elevar o porcentual do PIB gasto com educação
em 10% até 2024 e transformar 50% das escolas públicas em escolas de tempo
integral, é composto, em larga medida, de declarações de intenções e metas quantitativas
ligadas basicamente à extensão e matrículas.
No entanto, uma meta de dez anos não
engaja um governo que governará apenas quatro. Propostas sobre como dar
efetivamente um salto de qualidade no sistema educacional público estão
completamente ausentes, a não ser através da exigência de aumentar o número de
mestres e doutores nas universidades. Um ponto importante, mas que não tem a
força de preencher uma verdadeira política de construção da qualidade (que
passaria, por exemplo, pelo comprometimento na construção de laboratórios,
bibliotecas, financiamento de formação continuada de professores, assim como
discussões curriculares e sobre práticas didáticas).
Por outro lado, não há discussão alguma
a respeito do modelo educacional que o Brasil precisa. Essa ausência de
capacidade de formulação de política talvez seja quebrada, atualmente, apenas
pela proposta de federalização do ensino público, apresentada pelo senador
Cristovam Buarque. Uma proposta que mereceria ser discutida, já que toca
problemas importantes a respeito da ausência de criação de uma verdadeira
carreira do magistério capaz de atrair nossos melhores alunos, reformar a
infraestrutura de nossas escolas (cuja grande maioria nem sequer tem
bibliotecas), assim como da necessidade de um plano nacional que foque em um
currículo mínimo nacional de aplicação obrigatória.
No
entanto, o que temos atualmente são
universidades problemáticas, como a USP, que agora está em greve por descalabro
administrativo, sem que tal situação seja sequer objeto de discussão pública.
Quem de fato se preocupa com educação deveria se perguntar sobre o que se passa
com o dinheiro de nossa universidade mais importante. Por outro lado, há dois
anos, nossos professores de universidades federais haviam entrado em greve por
melhores condições de trabalho e infraestrutura. O governo tratou a questão com
indiferença monárquica, como se nada lhe dissesse respeito.
Mas respostas a tais problemas concretos não serão ouvidas nos próximos
meses. Muito menos veremos interesse efetivo em discutir com professores o real
estado da educação nacional e suas possibilidades ou debater sinceramente a
razão do fracasso de políticas aplicadas nos últimos 20 anos. O que teremos é
essa indignação farsesca, de quem repete um chavão sem nunca querer realmente
pensar no que deve ser feito.
registrado
em: Educação Copa
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