terça-feira, 1 de julho de 2014

Copa do Mundo no Brasil: uma vergonha Não havia dia em que não se anunciasse a tragédia da Copa, esta vergonha mais do que prevista. Os turistas teriam de dormir ao relento, não teriam o que comer

Torcedor belga no Maracanã

Nunca, em momento algum na história desse país se falou tanto no termo “vira latas”, uma discussão levantada há várias copas...
Vira latas são aqueles que não acreditam no próprio país...
E o político vira latas?
FHC, segundo o livro “O príncipe da privataria”, teria sido pego numa conversa com colaboradores de seu governo defendendo que somos de terceira, e que por isso tínhamos que desmontar o Estado e vender...
Ronaldo, o fenômeno, que só a Globo acredita – dito no Conversa Afiada – também virou vira latas...chegou a dizer que estava com vergonha...
Acabei de assistir ao jogo EUA 1 X 2 Bélgica na ESPN, vou reproduzir aqui algumas palavras do narrador – “Amigão” – “...que copa incrível”, “...espetacular! a melhor copa de todas”...
Por que a globo não diz nada???

Por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

Crônica
Copa do Mundo no Brasil: uma vergonha
Não havia dia em que não se anunciasse a tragédia da Copa, esta vergonha mais do que prevista. Os turistas teriam de dormir ao relento, não teriam o que comer
Fonte: site da revista Carta Capital – retirado dia 01/07/2014
Aqui, neste país de terceiro mundo em que a opinião de qualquer um é ventilada como verdade absoluta, aqui se deve morrer de vergonha. Mas existe verdade absoluta? Meu amigo Adamastor, que, desde os tempos em que abandonou o Cabo das Tormentas, por culpa de uns portugueses que o transformaram em Cabo da Boa Esperança, vem-se dedicando ao estudo da filosofia, fica vermelho de raiva toda vez que alguém fala em verdade absoluta.
Mas a vergonha é nossa. Já faz algum tempo que não posso ligar a televisão sem que me assaltem as ameaças do desastre, do qual devo sentir vergonha. Para quem ainda não percebeu, informo que estou falando dos meses que antecederam a Copa. O entulho, ah, o entulho! Não havia estádio (por falar nisso, alguém pode me dizer qual a diferença entre estádio e arena?) que não estivesse cercado, melhor, enterrado em entulho. O que vão dizer os estrangeiros quando chegarem aqui e tiverem de caminhar tropeçando em entulho? Meu deus do céu, que vergonha. No mínimo vamos ser banidos do “concerto das nações”. Perder o assento na ONU?, ora, isso é o de menor gravidade para nossa vida no futuro.
Mas a vergonha teria outros motivos. Um deles seriam os andaimes. Ingleses e alemães, o que não sairão por aí dizendo de nós, ao verem tantos andaimes? E os eficientes japoneses, que não se conformam com obras inacabadas. O Adamastor me perguntou se lá, na terra do sol nascente, todas as obras já se acabaram. À falta de uma resposta segura (nunca fui ao Japão), respondi que, no caso de todas as obras estarem acabadas, eles, os japoneses, devem pelo menos estar mortos. Todos eles. Sei lá.
Mas outras razões para que morrêssemos de vergonha: a mobilidade urbana. Coitados de europeus, africanos, latino-americanos e todos os outros -anos (que somados chegam a trinta e um – o Brasil já está aqui). Vão desembarcar (os que vierem de barco e mesmo os que vierem de avião) em aeroportos cheios de andaimes, essa coisa vergonhosa, e não terão como chegar aos estádios. Ou arenas. Não haverá condução, tampouco condição.
E as vagas em hotéis, o que se pode dizer? Meu deus, não haverá acomodação para todos. Eles, os turistas torcedores, terão de dormir ao relento, não terão o que comer, onde tomar banho, onde defecar, onde transar, onde.
Não havia dia em que não se anunciasse a tragédia da Copa, esta vergonha mais do que prevista.
Pois bem, eu, com toda minha timidez, detesto passar vergonha. Sou mais ou menos como os franceses, que odeiam o ridículo. O próprio, claro, porque o ridículo dos outros nos diverte. E, como detesto passar vergonha, resolvi me isolar no meio do mato onde nem luz elétrica existe. Estou de volta, e fico imaginando quanto vocês terão sofrido com a vergonheira nacional que foi a 2014 BRAZIL WORLD CUP.


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