Presidente
da Comissão da Verdade do Rio cobra acompanhamento federal sobre o assassinato
de Paulo Malhães, ex-agente do Centro de Informações do Exército
As
controvérsias em torno da morte do coronel reformado Paulo Malhães, ocorrida na
quinta-feira 24, alimentam suspeitas em torno do laudo médico no qual a causa
mortis é descrita como “edema pulmonar, isquemia do miocárdio,
miocardiopatia hipertrófica, evolução de estado mórbido [doença]”.
“Tudo isso é muito estranho. A
investigação e a conclusão sobre a morte de Malhães não podem ser baseadas
apenas nessa perícia”, alertou o advogado Wadih Damous, presidente da Comissão
da Verdade do Rio. “É preciso ouvir novamente a mulher de Malhães, sua filha, o
caseiro e outras pessoas.”
Segundo Damous, a morte de Malhães não
pode ser vista como um caso comum. “Do meu ponto de vista, pelo passado dele e
pelo o que ele representou, esse caso tinha de ter tido um acompanhamento
federal. Não pode ser tratado como mera tentativa de assalto”, afirmou. “Por
isso queríamos que a Polícia Federal acompanhasse. Por exemplo, a tentativa de
asfixia pode ter gerado um infarto? Não sei. São questões técnicas que não sei
responder, mas que sempre permanecerão como dúvida.”
Na sexta-feira, logo depois de Malhães
ter sido encontrado morto em sua casa na zona rural de Nova Iguaçu (RJ), o
coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, solicitou ao
Ministério da Justiça que a Polícia Federal acompanhe as investigações,
atualmente a cargo da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
À CBN o delegado William Pena Júnior,
da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), disse não descartar a
possibilidade de a morte de Malhães ter sido motivada por vingança, depois de
um dos mais polêmicos depoimentos à CNV, no qual confessou ter torturado,
matado e descrito técnicas para ocultação de cadáveres de militantes que
passaram pela Casa da Morte, centro clandestino de tortura em Petrópolis.
Segundo CartaCapital apurou,
em depoimentos anteriores às declarações feitas à CNV, o ex-agente do Centro de
Informações do Exército (CIE) deixara claro que temia por sua vida. Segundo um integrante da Comissão da
Verdade do Rio, em uma conversa privada, ao ser questionado sobre nomes de
militantes infiltrados aliados ao regime ou mesmo de outros agentes da
repressão, Malhães disse ter medo e que não podia deixar escapar nomes porque
estaria correndo risco de vida.
O corpo do ex-agente do CIE foi enterrado
na tarde de sábado 26, no Cemitério Municipal de Nova Iguaçu. Ele morreu na
quinta-feira, quando três homens invadiram sua residência e detiveram também
sua esposa e um caseiro. Do local, foram levadas diversas armas que Malhães
colecionava e também computadores.
Nesta segunda-feira 28, quatro parentes de Malhães serão ouvidos pela
DHBF. Além disso, os agentes buscam imagens de câmeras de segurança que possam
auxiliar na identificação da autoria do crime. Ao 76 anos de idade, Malhães
vivia com a mulher, Cristina Batista Malhães, e se locomovia com a ajuda de
cadeira de rodas.
registrado
em: ditadura paulo
malhães
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