segunda-feira, 17 de março de 2014

Periecos e Hilotas na Grécia Antiga

GRÉCIA ANTIGA


Introdução 
A civilização grega surgiu entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo, por volta de 2000 AC. Formou-se após a migração de tribos nômades de origem indo-europeia, como, por exemplo,aqueusjônioseólios e dórios. As pólis (cidades-estado), forma que caracteriza a vida política dos gregos, surgiram por volta do século VIII a.C. As duas pólis mais importantes da Grécia foram: Esparta e Atenas.
mapa da grécia antiga
Mapa da Grécia (clique nele para ampliar)
Expansão do povo grego (diáspora) 
Por volta dos séculos VII a.C e V a.C. acontecem várias migrações de povos gregos a vários pontos do Mar Mediterrâneo, como consequência  do grande crescimento populacional, dos conflitos internos e da necessidade de novos territórios para a prática da agricultura. Na região da Trácia, os gregos fundam colônias, na parte sul da Península Itálica e na região da Ásia Menor (Turquia atual). Os conflitos e desentendimentos entre as colônias da Ásia Menor e o Império Persa ocasiona as famosas Guerras Médicas (492 a.C. a 448 a.C.), onde os gregos saem vitoriosos.
Esparta e Atenas envolvem-se na Guerra do Peloponeso (431 a.C. a 404 a.C.), vencida por Esparta. No ano de 359 a.C., as pólis gregas são dominadas e controladas pelos Macedônios. 
Economia da Grécia Antiga 
A economia dos gregos baseava-se no cultivo de oliveiras, trigo e vinhedos. O artesanato grego, com destaque para a cerâmica, teve grande a aceitação no Mar Mediterrâneo. As ânforas gregas transportavam vinhos, azeites e perfumes para os quatro cantos da península. Com o comércio marítimo os gregos alcançaram grande desenvolvimento, chegando até mesmo a cunhar moedas de metal. Os escravos, devedores ou prisioneiros de guerras foram utilizados como mão-de-obra na Grécia. Cada cidade-estado tinha sua própria forma político-administrativa, organização social e deuses protetores.
Cultura e religião 
Foi na Grécia Antiga, na cidade de Olímpia, que surgiram os Jogos Olímpicos em homenagem aos deuses. Os gregos também desenvolveram uma rica mitologia. Até os dias de hoje a mitologia grega é referência para estudos e livros. A filosofia também atingiu um desenvolvimento surpreendente, principalmente em Atenas, no século V ( Período Clássico da Grécia). Platão e Sócratessão os filósofos mais conhecidos deste período.
A dramaturgia grega também pode ser destacada. Quase todas as cidades gregas possuíam anfiteatros, onde os atores apresentavam peças dramáticas ou comédias, usando máscaras. Poesia, a história , artes plásticas e a arquitetura foram muito importantes na cultura grega.
A religião politeísta grega era marcada por uma forte marca humanista. Os deuses possuíam características humanas e de deuses. Os heróis gregos (semideuses) eram os filhos de deuses com mortais. Zeus, deus dos deuses, comandava todos os demais do topo do monte Olimpo. Podemos destacar outros deuses gregos : Atena (deusa das artes), Apolo (deus do Sol), Ártemis (deusa da caça e protetora das cidades), Afrodite (deusa do amor, do sexo e da beleza corporal), Deméter (deusa das colheitas), Hermes (mensageiro dos deuses) entre outros. A mitologia grega também era muito importante na vida desta civilização, pois através dos mitos e lendas os gregos transmitiam mensagens e ensinamentos importantes.
Os gregos costumavam também consultar os deuses no oráculo de Delfos. Acreditavam que neste local sagrado, os deuses ficavam orientando sobre questões importantes da vida cotidiana e desvendando os fatos que poderiam acontecer no futuro.
Na arquitetura, os gregos ergueram palácios, templos e acrópoles de mármore no topo de montanhas. As decisões políticas, principalmente em Atenas, cidade onde surgiu a democracia grega, eram tomadas na Ágora (espaço público de debate político). 

fonte: http://www.suapesquisa.com/grecia/

domingo, 16 de março de 2014

Corram, os comunistas estão chegando

Corram, os comunistas estão chegando
As cinco explicações para o fato de, na segunda década do século XXI, muitos ainda temerem o comunismo
por José Antonio Lima — publicado 06/02/2014 11:18, última modificação 06/02/2014 14:09
Extraído da Revista http://www.carosamigos.com.br/
Quando eu tinha sete anos, um tio costumava visitar a minha casa com um alerta para o meu pai. "Zé, se este homem ganhar, duas, três famílias vão dividir este apartamento com vocês". O ano era 1989, o homem era Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, o muro de Berlim caiu, a Alemanha se reunificou, a Tchecoslováquia se separou, a União Soviética se dissolveu em 15 Estados diferentes e os últimos países nomeadamente comunistas nem mais conseguem sustentar sua ideologia, apesar de ostentarem o lado mais horrendo de sua prática, o autoritarismo. Não sei que fim levou aquele tio, mas o temor saliente dos comunistas ainda persiste no Brasil. O que explica isso? A resposta para tal pergunta, no contexto brasileiro, está na interação de pelo menos cinco fatores.
1 - O primeiro deles é o submundo da internet. Como todas as outras pessoas, os teóricos da conspiração encontraram na rede um ambiente perfeito para dialogar com seus pares. Em fóruns e sites específicos, podem expor seus pensamentos e "desenvolve-los" em contato com ideólogos de quinta categoria e dublês de cientistas políticos. Nas redes sociais e caixas de comentários, duelam com seus opositores, os quais enfrentam com suas "verdades", geralmente não corroboradas por provas. A internet, assim, funciona como incubadora e providencia as ferramentas para aglutinar os teóricos da conspiração de diversas vertentes.
2 - O conteúdo da teoria do “golpe comunista” vem do mundo não virtual. Até hoje, o Brasil não fez um amplo reexame do que foi a ditadura, sua origem, realidade e consequências. A culpa por esta situação reside no Planalto – Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva carregarão em suas biografias o apoio tácito à política do esquecimento, que nunca enfrentaram. Sob a administração Dilma Rousseff foram criadas as Comissões da Verdade, mas elas enfrentam grandes obstáculos. Nada é mais representativo da ânsia em manter intocados os pecados da ditadura do que a Lei da Anistia. Em 2010, o STF referendou a lei sob o argumento de que a anistia foi fruto de um “acordo político” entre governo e oposição. Na realidade, o acordo previa anistia apenas para os perseguidos políticos, não para agentes do Estado que cometeram crimes de lesa humanidade.
Essa política do esquecimento manteve intocadas diversas outras farsas daquele período, entre elas a de que João Goulart planejava um golpe comunista. Esta lenda, decisiva na aglutinação da oposição a Jango, era considerada verdadeira pelos líderes do golpe, mas, como escreveu o historiador Rodrigo Patto Sá Motta, eles tinham uma “avaliação imprecisa da extensão” dela e, mesmo assim, “se esforçaram para convencer o público de que os bárbaros estavam à porta”. Sem o amplo reexame da ditadura, o que o Brasil experimentou foi a extensão desta mentira deslavada até os dias de hoje. A farsa sobre o complô comunista, assim, não é vista como o fato que é, mas como uma “opinião”.
3 - A terceira questão na base do medo comunista é a resiliência da retórica anti-petista. Como outros partidos em diversos países no pós-guerra Guerra Fria, o PT representa (ou representou?) a chegada de forças populares ao poder. Símbolo da esquerda latino-americana, o Partido dos Trabalhadores ainda instiga em alguns o medo de 1989, apesar de haver um enorme fosso entre as realizações boas e ruins das administrações petistas e o comunismo. Os lucros de montadoras, bancos e empreiteiras nos últimos anos, além da nova classe consumidora inserida ao sistema capitalista são apenas alguns dos exemplos disso.
Por trás desta falsa conexão entre o PT e o comunismo está uma visão de mundo reducionista, fruto de um raciocínio primitivo, que atrela qualquer grupo ou ato da esquerda política ao bolchevismo. O messias dessa ideia é Olavo de Carvalho. Em coluna publicada no Valor Econômico em 31 de janeiro, Joel Pinheiro explicou de forma didática a teoria olavista:
De acordo com Olavo de Carvalho, o esquerdismo vai muito além da política. Toda a cultura está tomada pelo marxismo cultural e a inversão de valores por ele efetuada. O pensamento e os slogans da esquerda são hegemônicos e constituem, assim como o PT, parte de um processo para implantar o comunismo na América Latina via o Foro de São Paulo, organização que reúne os principais partidos e movimentos de esquerda no continente.
Neste contexto, a proximidade do PT com outros governos sul-americanos de origem popular, como era o de Hugo Chávez na Venezuela e é o de Evo Morales na Bolívia, é vista como “prova” da conspiração comunista.
4 - O quarto fator a estimular o medo do comunismo é a incapacidade de determinados setores da esquerda brasileira de se distanciarem desse tipo de regime. Há uma estranha simpatia a regimes comunistas, notadamente o de Cuba, talvez derivada da impressão de que o princípio do comunismo, “no fundo, no fundo”, é moralmente superior ao de outros sistemas. Ainda que fosse este o caso, poucos comportamentos são mais moralmente condenáveis do que defender regimes que destruíram as vidas de milhões de pessoas, como foi o caso da União Soviética de Joseph Stálin. Conversar com alguém que viveu sob esse tipo de regime ou simplesmente visitar um país de passado comunista mostra o tamanho da falta de respeito, para dizer o mínimo, em que se consiste a prática de defender o comunismo, mas lá no país dos outros.
5- O quinto fator é a grande imprensa brasileira, na qual vigora uma versão “disfarçada” do olavismo (com as exceções de Paulo Eduardo Martins e Rachel Sheherazade, apresentadores do SBT, que não economizam na verborragia). Apenas em 2014, muitos exemplos se acumularam. Demétrio Magnoli afirmou que a reeleição de Dilma configuraria a formação de um “regime” no Brasil; Arnaldo Jabor alertou sobre um “perigo vermelho”. Não faltaram referências, ainda, ao “bolivarianismo” e a uma suposta influência no Brasil do governo de Cristina Kirchner, sobre a qual não se tem qualquer indício real. O item revelador do “alto olavismo” da imprensa é, entretanto, o regime cubano. Seja a presença de Yoani Sanchez por aqui ou a inauguração do Porto de Mariel, Cuba é capaz de transformar o Brasil numa réplica do condado de Miami Dade, pedacinho da Flórida em que o anticastrismo é a identidade coletiva e a Lei Helms-Burton (a que mantém o boicote a Cuba), a constituição. Negociar com a Arábia Saudita, a China e ditaduras africanas é bom. E com Cuba? Aí não pode. É um caso bizarro de moralismo seletivo.
Quando este tipo de comentário escapa dos editoriais e páginas de opinião e atinge o noticiário a situação piora. Não é difícil identificar um golpe de Estado, mas a grande imprensa brasileira tem pesos e medidas diferentes para fazer isso. Em julho, todos os grandes veículos usaram o termo golpe para identificar a derrubada do presidente do Egito. Em 2009, em Honduras, e 2012, no Paraguai, quando caíram, respectivamente, Manuel Zelaya e Fernando Lugo, o termo golpe foi suprimido deliberadamente. Em comum entre Zelaya e Lugo, o fato de serem ligados à esquerda política. Para grande parte dos grandes veículos brasileiros, entretanto, aqueles movimentos não se tratavam de golpes, exatamente como o que apoiaram em 1º de abril de 1964 e que derrubou João Goulart.

Talvez outros fatores influenciem o medo do "perigo vermelho", como as experiências pessoais de quem sofre desta fobia. O mais lamentável de tudo isso é o tempo e a energia gastos numa discussão inócua. É impossível que de uma discussão sobre um sistema político-ideológico fracassado e superado surja algo minimamente útil para resolver os inúmeros problemas do Brasil.

A história secreta da renúncia do papa Bento XVI

A história secreta da renúncia do papa Bento XVI

Por Eduardo Febbro
Da Carta Maior
Os especialistas em assuntos do Vaticano afirmam que o Papa Bento XVI decidiu renunciar em março passado, depois de regressar de sua viagem ao México e a Cuba. Naquele momento, o papa, que encarna o que o diretor da École Pratique des Hautes Études de Paris (Sorbonne), Philippe Portier, chama “uma continuidade pesada” de seu predecessor, João Paulo II, descobriu em um informe elaborado por um grupo de cardeais os abismos nada espirituais nos quais a igreja havia caído: corrupção, finanças obscuras, guerras fratricidas pelo poder, roubo massivo de documentos secretos, luta entre facções, lavagem de dinheiro.
"O Vaticano era um ninho de hienas enlouquecidas, um pugilato sem limites nem moral alguma onde a cúria faminta de poder fomentava delações, traições, artimanhas e operações de inteligência para manter suas prerrogativas e privilégios a frente das instituições religiosas"
O Vaticano era um ninho de hienas enlouquecidas, um pugilato sem limites nem moral alguma onde a cúria faminta de poder fomentava delações, traições, artimanhas e operações de inteligência para manter suas prerrogativas e privilégios a frente das instituições religiosas. 
Longe do Céu, Perto dos Pecados
Muito longe do céu e muito perto dos pecados terrestres, sob o mandato de Bento XVI o Vaticano foi um dos Estados mais obscuros do planeta. Joseph Ratzinger teve o mérito de expor o imenso buraco negro dos padres pedófilos, mas não o de modernizar a igreja ou as práticas vaticanas.
Bento XVI foi, como assinala Philippe Portier, um continuador da obra de João Paulo II: “desde 1981 seguiu o reino de seu predecessor acompanhando vários textos importantes que redigiu: a condenação das teologias da libertação dos anos 1984-1986; o Evangelium vitae de 1995 a propósito da doutrina da igreja sobre os temas da vida; o Splendor veritas, um texto fundamental redigido a quatro mãos com Wojtyla”. Esses dois textos citados pelo especialista francês são um compêndio prático da visão reacionária da igreja sobre as questões políticas, sociais e científicas do mundo moderno.
VatiLeaks
O Monsenhor Georg Gänsweins, fiel secretário pessoal do papa desde 2003, tem em sua página web um lema muito paradoxal: junto ao escudo de um dragão que simboliza a lealdade o lema diz “dar testemunho da verdade”. Mas a verdade, no Vaticano, não é uma moeda corrente. Depois do escândalo provocado pelo vazamento da correspondência secreta do papa e das obscuras finanças do Vaticano, a cúria romana agiu como faria qualquer Estado. Buscou mudar sua imagem com métodos modernos. Para isso contratou o jornalista estadunidense Greg Burke, membro da Opus Dei e ex-integrante da agência Reuters, da revista Time e da cadeia Fox. Burke tinha por missão melhorar a deteriorada imagem da igreja. “Minha ideia é trazer luz”, disse Burke ao assumir o posto.
Mais:
Muito tarde. Não há nada de claro na cúpula da Igreja Católica. 

A divulgação dos documentos secretos do Vaticano orquestrada pelo mordomo do papa, Paolo Gabriele, e muitas outras mãos invisíveis, foi uma operação sabiamente montada cujos detalhes seguem sendo misteriosos: operação contra o poderoso secretário de Estado, Tarcisio Bertone, conspiração para empurrar Bento XVI à renúncia e colocar em seu lugar um italiano na tentativa de frear a luta interna em curso e a avalanche de segredos, os vatileaks fizeram afundar a tarefa de limpeza confiada a Greg Burke. Um inferno de paredes pintadas com anjos não é fácil de redesenhar.
"Uma das primeiras missões que Ratzinger empreendeu consistiu em suprimir as sanções canônicas adotadas contra os partidários fascistóides e ultrarreacionários do Mosenhor Levebvre e legitimar no seio da igreja essa corrente retrógada que, de Pinochet a Videla, apoiou quase todas as ditaduras de ultradireita do mundo"
Bento XVI acabou enrolado pelas contradições que ele mesmo suscitou. Estas são tais que, uma vez tornada pública suarenúncia, os tradicionalistas da Fraternidade de São Pio X, fundada pelo Monsenhor Lefebvre, saudaram a figura do Papa. Não é para menos: uma das primeiras missões que Ratzinger empreendeu consistiu em suprimir as sanções canônicas adotadas contra os partidários fascistóides e ultrarreacionários do Mosenhor Levebvre e, por conseguinte, legitimar no seio da igreja essa corrente retrógada que, de Pinochet a Videla, apoiou quase todas as ditaduras de ultradireita do mundo.
Obscuridade


Bento XVI não foi o sumo pontífice da luz que seus retratistas se empenham em pintar, mas sim o contrário. Philippe Portier assinala a respeito que o papa se deixou engolir pela opacidade que se instalou sob seu reinado”. E a primeira delas não é doutrinária, mas sim financeira. O Vaticano é um tenebroso gestor de dinheiro e muitas das querelas que surgiram no último ano têm a ver com as finanças, as contas maquiadas e o dinheiro dissimulado. Esta é a herança financeira deixada por João Paulo II, que, para muitos especialistas, explica a crise atual.


Em setembro de 2009, Ratzinger nomeou o banqueiro Ettore Gotti Tedeschi para o posto de presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o banco do Vaticano. Próximo à Opus Deis, representante do Banco Santander na Itália desde 1992, Gotti Tedeschi participou da preparação da encíclica social e econômica Caritas in veritate, publicada pelo papa Bento XVI em julho passado. A encíclica exige mais justiça social e propõe regras mais transparentes para o sistema financeiro mundial. Tedeschi teve como objetivo ordenar as turvas águas das finanças do Vaticano.
Labirinto de Corrupção
As contas da Santa Sé são um labirinto de corrupção e lavagem de dinheiro cujas origens mais conhecidas remontam ao final dos anos 80, quando a justiça italiana emitiu uma ordem de prisão contra o arcebispo norteamericano Paul Marcinkus, o chamado “banqueiro de Deus”, presidente do IOR e máximo responsável pelos investimentos do Vaticano na época. 

João Paulo II usou o argumento da soberania territorial do Vaticano para evitar a prisão e salvá-lo da cadeia. Não é de se estranhar, pois devia muito a ele.
Nos anos 70, Marcinkus havia passado dinheiro “não contabilizado” do IOR para as contas do sindicato polonês Solidariedade, algo que Karol Wojtyla não esqueceu jamais. Marcinkus terminou seus dias jogando golfe em Phoenix, em meio a um gigantesco buraco negro de perdas e investimentos mafiosos, além de vários cadáveres. No dia 18 de junho de 1982 apareceu um cadáver enforcado na ponte de Blackfriars, em Londres.
O corpo era de Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano. Seu aparente suicídio expôs uma imensa trama de corrupção que incluía, além do Banco Ambrosiano, a loja maçônica Propaganda 2 (mais conhecida como P-2), dirigida por Licio Gelli e o próprio IOR de Marcinkus.
Missão Quase Impossível


Ettore Gotti Tedeschi recebeu uma missão quase impossível e só permaneceu três anos a frente do IOR. Ele foi demitido de forma fulminante em 2012 por supostas “irregularidades” em sua gestão. Tedeschi saiu do banco poucas horas depois da detenção do mordomo do Papa, justamente no momento em que o Vaticano estava sendo investigado por suposta violação das normas contra a lavagem de dinheiro.
"Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões sedentos de poder"
Na verdade, a expulsão de Tedeschi constitui outro episódio da guerra entre facções no Vaticano. Quando assumiu seu posto, Tedeschi começou a elaborar um informe secreto onde registrou o que foi descobrindo: contas secretas onde se escondia dinheiro sujo de “políticos, intermediários, construtores e altos funcionários do Estado”. Até Matteo Messina Dernaro, o novo chefe da Cosa Nostra, tinha seu dinheiro depositado no IOR por meio de laranjas.
Ninho de Corvos
Aí começou o infortúnio de Tedeschi. Quem conhece bem o Vaticano diz que o banqueiro amigo do papa foi vítima de um complô armado por conselheiros do banco com o respaldo do secretário de Estado, Monsenhor Bertone, um inimigo pessoal de Tedeschi e responsável pela comissão de cardeais que fiscaliza o funcionamento do banco. Sua destituição veio acompanhada pela difusão de um “documento” que o vinculava ao vazamento de documentos roubados do papa.


Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de tudo para defender sua facção. A hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de decomposição moral. Nada muito diferente do mundo no qual vivemos: corrupção, capitalismo suicida, proteção de privilegiados, circuitos de poder que se autoalimentam, o Vaticano não é mais do que um reflexo pontual e decadente da própria decadência do sistema.

Tradução: Katarina Peixoto

sexta-feira, 14 de março de 2014



Ameaças de Morte Contra o cartunista Carlos Latuff

Era de se esperar que houvesse reação violenta diante da minha provocação de que o garoto que matou o pai, um policial da ROTA, merecia atendimento psicológico e uma medalha. No estado policial em que vivemos no Brasil, as organizações da repressão são alçadas a condição sacrossanta. Quem ousar denunciar seus abusos corre sério risco de vida. Isso não é novidade pra mim, desde 1999, quando fiz meu primeiro protesto contra a violência policial, realizando uma exposição virtual de charges intitulada "A Polícia Mata". Ao longo dos meus 23 anos de profissão como cartunista já fui detido três vezes por desenhar contra a truculência da polícia brasileira, e já recebi inúmeras ameaças, seja de judeus sionistas por conta de minhas charges em favor dos palestinos, seja de extremistas muçulmanos pelas minhas charges sobre a questão egípcia e síria. Portanto, ameaças fazem parte do meu trabalho.

Dessa vez, com as redes sociais, estas ameaças são potencializadas, graças a comunidades relacionadas a organizações policiais, que reúnem não só membros ativos das forças de repressão, como também simpatizantes com perfil fascista, anti-comunista, anti-petista, machista e homofóbico. É sabido que dois desses perfis, Fardados e Armados e Rondas ostensivas tobias de aguiar "Rota" estão incitando seus membros a tomarem ações violentas contra mim. E é bem possível que isso aconteça, afinal de contas, a polícia mata! Não seria eu o primeiro, e muito menos o último. Essa é a característica de nossas polícias, de nosso estado. E se acontecer, que sejam responsabilizados os administradores destas comunidades e o estado brasileiro.

Fico feliz que essa polêmica esteja acontecendo. Diante de casos como o desaparecimento do pedreiro Amarildo na Rocinha, e de tantos outros pelo Brasil, herança maldita da ditadura militar que torturou, matou e sumiu com diversos militantes de esquerda, é sempre bom discutir sobre a violência policial, que é um tabu que poucos tem coragem de tocar.

Me sinto orgulhoso de receber ameaças assim. Me sinto no mesmo patamar dos corajosos militantes do Mães de Maio e da Rede de Comunidades que cotidianamente se arriscam para defender as vítimas do terrorismo de estado no Brasil. Se eu tiver que cair pelo que acredito, cairei. Meu pai, um cearence chucro de Nova Russas, não me criou pra ser frouxo.

Espero que todo esse esforço não tenha sido em vão, ou termine com minha morte. Que os partidos de esquerda, PSOL, PSTU Nacional Partido Comunista Brasileiro - PCB (Oficial) PCdoB - Partido Comunista do Brasil Partido Comunista Revolucionario Partido da Causa Operária e os movimentos como a Liga dos Camponeses Pobre MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e o Mtst Trabalhadores Sem Teto e mesmo a esquerda do Partido dos Trabalhadores defenda sempre a bandeira dos direitos humanos e contra a violência policial.

Pelo fiim de grupos de extermínio oficiais como a ROTA e o BOPE, que só fazem matar pretos e pobres. Pelo fim da "guerra contra as drogas". Pelo fim da filosofia militarista nas polícias.

Valeu gente! Não passarão!

Carlos Latuff
Cartunista
07 de agosto de 2013

quinta-feira, 13 de março de 2014

Projeto “Click Humano: um olhar sobre a população de rua do Plano Piloto”



Projeto “Click Humano: um olhar sobre a população de rua do Plano Piloto”

Resumo

A ideia do projeto surgiu da necessidade de levarmos para a prática o discurso de sala de aula, além de darmos às turmas do Ensino Médio uma motivação nova no dia a dia das aulas.
O projeto Click humano foi concebido em consonância com o programa Ensino Médio Inovador do Ministério da Educação, um dos objetivos é incrementar as ações educativas na escola e permitir que os alunos e alunas fiquem mais tempo envolvidos com o ambiente escolar.
“O Programa Ensino Médio Inovador- ProEMI, instituído pela Portaria nº 971, de 9 de outubro de 2009, integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, como estratégia do Governo Federal para induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio.

O objetivo do ProEMI é apoiar e fortalecer o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras nas escolas de ensino médio, ampliando o tempo dos estudantes na escola e buscando garantir a formação integral com a inserção de atividades que tornem o currículo mais dinâmico, atendendo também as expectativas dos estudantes do Ensino Médio e às demandas da sociedade contemporânea. 

Os projetos de reestruturação curricular possibilitam o desenvolvimento de atividades integradoras que articulam as dimensões do trabalho, da ciência, da cultura e da tecnologia, contemplando as diversas áreas do conhecimento a partir de 8 macrocampos:  Acompanhamento Pedagógico; Iniciação Científica e Pesquisa; Cultura Corporal; Cultura e Artes;  Comunicação e uso de Mídias; Cultura Digital; Participação Estudantil e  Leitura e Letramento.”
Contar a História dos moradores de rua do Plano Piloto através de uma revista usando a história de 6 pessoas, uma por turma, usando principalmente a fotografia. Eles estão nos sinais de trânsito, em calçadas e embaixo de marquises de prédios, mas não são percebidos por mais do que poucos segundos pelos olhos da população. Nem mesmo são considerados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na realização do censo. Para desvendar quem são os moradores de rua do Distrito Federal, os alunos e alunas do CEM Setor Leste da 1ª. série ano 2014 iniciarão em março de 2014 estudo por meio de pesquisas, visitas, abordagens e, principalmente fotografia, do dia a dia de 6 pessoas que fazem parte da população de rua do Distrito Federal.
 Dados preliminares mostram que há 2,5 mil moradores de rua no Distrito Federal. Os resultados parciais do estudo/projeto serão divulgados por meio de uma revista ao final dos próximos cinco meses num evento com seminário, exposição das revistas confeccionadas pelos alunos e alunas e grande exposição de fotografias contando a história de vida de 6 moradores de rua do Plano Piloto.
Cada turma de “A” a “F” escolherá e acompanhará nos próximos três a quatro meses o dia a dia de um morador de rua do Plano Piloto para fazer o trabalho.
Durante a construção do projeto, além das turmas acompanharem a vida dos moradores de rua escolhidos, serão feitas pesquisas na internet e nos órgãos governamentais que tratam do assunto e debatido em sala de aula.

Ao final do projeto, será apresentado um seminário apresentado pelos seis moradores de rua no auditório da escola, eles irão contar ao vivo de onde vieram, quem são, quais seus sonhos e expectativas e seus testemunhos de vida e receberão das mãos dos alunos e alunas uma cópia da revista contando sua história.

O ovo da serpente


Os sete pecados do Supremo

Os fatos sustentam, em abundância, o forte conteúdo político do julgamento do “mensalão”

A tramitação, o julgamento e os procedimentos posteriores à sentença da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal receberam o batismo definitivo dado pelo cientista político Wanderley Guilherme dos Santos: “O julgamento é de exceção”. Os fatos sustentam, em abundância, o forte conteúdo político da decisão. 
Joaquim Barbosa, presidente do STF, acredita ter criado uma “nova ordem” ou reconstruído a República. Para tanto usou a simbologia de 15 de Novembro e não se importou em expedir ordem de prisão de condenados selecionados pelo critério dele.

Borrou a data com atos de discutível legalidade e indiscutível demagogia.
Para fazer um julgamento fora das regras, ele não titubeou em demolir alguns pilares da Justiça. Incomodou até seus pares. Entre eles há os que apoiam JB, como Gilmar Mendes, outros que silenciam, e um que discorda publicamente. É o caso do ministro Marco Aurélio Mello.
Embora tenha usado mão pesada nas penas aplicadas, Mello criticou os procedimentos de execução da pena: “Eu até hoje não entendo por que eles vieram para cá, para Brasília”.
Pergunte ao Joaquim, ministro.
O nome dele vai entrar para a história pela forma como comandou o julgamento do princípio ao fim. Atitudes e decisões dele invocam a frase “O Supremo sou eu”. Barbosa não diz assim, mas pensa assim.
Eis sete erros fundamentais do Supremo:
• O amedrontamento de alguns juízes diante da pressão da mídia.
• A tese de que o dinheiro público nunca se despubliciza (caso Visanet).
• Julgamento de réus sem direito a foro privilegiado.
• Fatiamento no sistema de julgamento.
• Desconhecimento do direito à dupla jurisdição.
• Uso da teoria do “domínio do fato” para dispensar a indispensável necessidade de provas.
• Execução das penas antes do trânsito em julgado.
Esse foi o grande final. Barbosa criou um problema insanável, ao desprezar as regras determinadas na Carta Magna. O artigo 5º, dos Direitos e Garantias Fundamentais, inciso LVII, diz: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
JB não aguardou a tramitação. Assim, o julgamento ganhou ainda mais a dimensão de um linchamento sem sangue.
Nesse capítulo, a mídia merece um destaque, a começar pela própria TV Justiça. Coube a ela a transmissão na íntegra dos debates no plenário do STF. Afora órgãos do jornalismo impresso e as tevês comerciais, ampliaram a dimensão do julgamento e deformaram o objetivo da transmissão: a publicidade, usada para proteger réus, serviu à curiosidade mórbida do telespectador.
Linchamento semelhante, promovido pela mídia, provocou reações da Justiça. Nos Estados Unidos, não aqui.
A Corte Suprema, nos anos 1950, percebeu os estragos que as campanhas jornalísticas podem causar. O juiz Jackson justificou a decisão de cancelar o resultado:
“O julgamento não passou de uma cerimônia legal para averbar um veredicto já ditado pela imprensa e pela opinião pública que ela gerou”.

A execução das penas ocorrida no caso da Ação Penal 470 é um dado pré-moderno. Um retrocesso na Justiça brasileira.
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Política
STF
O ovo da serpente
Confundir aliança partidária para governar com formação de quadrilha para corromper é obra dos procuradores
por Mauricio Dias — publicado 08/03/2014 07:14
Mais rápido do que se pensava, caiu a toga e ficou nua a maioria conservadora do Supremo Tribunal Federal (STF), articulada em torno do julgamento da Ação Penal 470, o “mensalão”. Os ministros desse grupo formaram uma espécie de quadrilha, de finalidade política, com o objetivo de desmoralizar o Partido dos Trabalhadores e ajudar a tirar dele o poder conquistado pelo voto popular, em 2002 e 2006, com Lula eleito e reeleito e prosseguido, em 2010, por Dilma Rousseff, com chance de fechar, agora em 2014, um novo ciclo de oito anos de controle do governo.
A base de toda essa ação politizadora da Justiça é antiga, criada nas articulações formadas na Procuradoria-Geral da República (PGR). É uma visão peculiar, distorcida, que une, por exemplo, os procuradores-gerais Aristides Junqueira (1989-1995), Antonio Fernando de Souza (2005-2009), Roberto Gurgel (2009-2013) e Rodrigo Janot, empossado em setembro de 2013.
Coincidentemente, são ex-integrantes do Ministério Público os atuais ministros Celso de Mello (SP), Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Um trio que votou unido, sustentando os princípios nas peças de acusação da Procuradoria.
Eles creem que os governos eleitos, sustentados por alianças partidárias, formam quadrilhas para administrar o País. Simples assim. Esse procedimento, no entanto, contaminou com força a mais alta Corte de Justiça do País, como se viu agora.
Isso teve início com Junqueira, ao sustentar que o ex-presidente Fernando Collor tinha cometido crime de “corrupção ativa”. Apoiou-se em evidências e perdeu-se, segundo o STF, na “falta de provas contundentes”.
A tese, no entanto, deu frutos. Dela valeram-se agora a oposição e a mídia.
Naturalmente, em todos os governos há corrupção. Só que a punição deve resultar de julgamentos com provas e não com conjecturas, como fez inicialmente Antônio Fernando de Souza no começo da Ação Penal 470.
Ele deu asas à imaginação. Utilizou-se do conto Ali Babá e os 40 Ladrões, do livro As Mil e Uma Noites, talvez a leitura dele nas horas insones, para criar aquilo que o ministro Luís Roberto Barroso chamaria de “rótulo infamante”. Abriu a caixa de maldades e tratou o ex-ministro José Dirceu, do primeiro governo Lula, como “chefe de quadrilha”. E elencou na denúncia, não por coincidência, 40 nomes.
Essa linha foi adotada também por Roberto Gurgel. Declarou os governos de Lula, com Dilma no ministério, gerador de “tenebrosas transações”. Coerente com essa linha de atuação, que confunde governos democraticamente eleitos com quadrilhas, Rodrigo Janot deu curso à acusação e reafirmou a base da denúncia dos antecessores a partir do crime de “formação de quadrilha”.
Não se trata simplesmente de questão técnica, envolvendo os profissionais do Direito, pois nenhuma das condenações na AP 470 realizaria mais a criminalização da política do que a denúncia por formação de quadrilha.
Todas as demais condenações resultaram, bem ou mal, em penalidades por infrações individuais. Elas atingem os indivíduos. A quadrilha, sub-repticiamente, atingiria governos petistas democraticamente eleitos.

registrado em: STF Joaquim Barbosa

terça-feira, 11 de março de 2014

Pedantocracia* (O “doutorismo” a serviço da dominação de classe)

Pedantocracia*
(O “doutorismo” a serviço da dominação de classe)

No sistema de organização da educação brasileira para chegarmos ao doutorado precisamos trilhar mais ou menos o seguinte caminho: CRECHE + EDUCAÇÃO INFANTIL + ENSINO FUNDAMENTAL + ENSINO MÉDIO + ENSINO SUPERIOR (GRADUAÇÃO) + MESTRADO + DOUTORADO; cerca de 24 a 28 anos de estudo escolar formal e, quando vamos fazer a pós-graduação, a nível de especialização, mestrado ou doutorado, todos somos obrigados a elaborar um trabalho final de pesquisa que no doutorado é denominado de tese, exige uma pesquisa original e razoavelmente trabalhosa. Por que no Brasil chamamos os que terminam a GRADUAÇÃO de doutor?
Professor que não fez doutorado é doutor?
Advogado que não fez doutorado é doutor?
Médico que não fez doutorado é doutor?
Engenheiro que não fez doutorado é doutor?
Odontólogo que não fez doutorado é doutor?
Segundo a organização da educação brasileira exposta acima não.
Esse fenômeno tem alguma ligação com nosso passado autoritário e escravocrata, do período colonial, onde os senhores, uma pequena elite (na sua maioria analfabetos) enviava seus filhos para estudar a “graduação” em direito na cidade portuguesa de Coimbra? Talvez sim, talvez não, o certo é que anos depois, os filhos retornavam ao Brasil e às fazendas e eram chamados por todos de doutor e a violência, na maioria das vezes, continuava, a dominação e a exploração também.
Talvez seja uma forma de mandonismo, no período colonial brasileiro os escravos, cerca de 90% da população era controlada e explorada por um grupo pequeno de ricos, chamar de doutor, além de encher o ego dos coronéis e de seus filhos, era uma forma de destaque e controle social de uns poucos sobre os milhares de escravos e pobres.
Durante o velho colonialismo (séculos XV ao XVIII) e, também durante o neocolonialismo, eu prefiro chamar de imperialismo (século XIX), os europeus usaram da ideologia da supremacia racial para tentar justificar a exploração, o roubo e o genocídio em várias áreas do planeta, a África foi o continente que mais sofreu. Será que essa história, em um nível menor, não seria a mesma coisa? Doutor seria aquele que manda, que pode, que é superior?
O sociólogo Maurício Tragtenberg, em seu artigo, “Delinquência acadêmica” (1978), diz o seguinte: “trata-se de “um complô de belas almas” recheadas de títulos acadêmicos, de um doutorismo substituindo o bacharelismo, de uma nova pedantocracia, da produção de um saber a serviço do poder, seja ele de que espécie for”.
A meu ver a discussão precisa ser levada para a sala de aula, o debate e as reflexões nas escolas de Ensino Médio de Graduação e Pós-Graduação nas Universidades e Faculdades do Brasil, podem ajudar a acabar com mais essa forma de controle e exploração social, as pessoas ou classes sociais que exibem conhecimentos os quais não possui e utilizam isso como instrumento de dominação precisam, se desejam ser doutores, fazer o doutorado, estudar mais.
                                                                                                                            

* Por: José Gilbert Arruda Martins (Professor).

Conceito de cidadania:

Conceito de cidadania:


José Murilo de Carvalho (2001): seguindo a distinção de T. A. Marshall1, desdobra a cidadania em direitos civis (direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei. Os direitos civis garantem a vida em sociedade. São direitos cuja garantia se baseia na existência de uma justiça independente, eficiente, barata e acessível a todos), políticos (se referem à participação do cidadão no governo da sociedade. Seu exercício é limitado a parcela da população e consiste na capacidade de fazer demonstrações políticas, de organizar partidos, de votar, de ser votado) e sociais (direitos que garantem a participação na riqueza coletiva. Incluem os direitos à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria. A ideia central em que baseiam é a da justiça social) e os cidadãos em plenos (titulares dos 3 direitos), incompletos (possuidores de apenas alguns dos direitos) e não-cidadãos (os que não se beneficiassem de nenhum dos direitos).