Nosso povo não é mal educado, a elite
e a classe média são. Em minhas aulas tenho falado, "povo vota em
povo", os governos progressistas aqui no Brasil e na América do Sul,
realmente precisam mirar as principais ações de seus governos aos mais pobres.
Dilma deverá mirar suas principais ações aos que estavam do lado de fora do
Itaquera. Precisamos criar mais cotas, mais bolsa família, mais ciência sem
fronteira, diminuir os espaços nas Universidades Federais para filhos e filhas
de ricos, isso parece inconstitucional mas não é, inconstitucional é reserva as
vagas, como sempre foi feito no Brasil, antes dos governos Lula da Silva e
Dilma Roussef, para ricos e seus filhos. Precisamos governar como esquerda,
para a maioria. Os ricos já possuem demais é tanto que podem pagar R$ 990 para
assistir a um jogo como o de ontem.
Realmente não se faz omelete sem
quebrar os ovos.
Dilma precisa quebrar muito mais
ovos.
Governar mais ainda para quem foi
esquecido pela direita brasileira durante séculos.
Por José Gilbert Arruda Martins
(Professor)
Análise
Lições do “Ei, Dilma, vai tomar...”
Que lições Dilma vai levar de
humilhação mundial que sofreu na abertura da Copa? Continuará priorizando os
que a agrediram ou quebrará alguns ovos?
por Lino Bocchini
Todo
mundo viu. Literalmente todo O mundo. Centenas de milhões assistiram ao vivo um
estádio com 62 mil pessoas gritar: “Ei, Dilma, vai tomar no cu!”. Desculpem
escrever o palavrão, mas é necessário mostrar a gravidade do que ocorreu. Dilma
também viu e ouviu, várias vezes. Na transmissão da Globo o coro invadiu o
áudio pelo menos três vezes.
Em um evento como o desta quinta 12, vaias a
mandatários são comuns, quase a praxe. O que aconteceu em São Paulo na abertura
da Copa do Mundo, contudo, foi além. Não foi uma vaia, como na abertura da Copa
das Confederações, em Brasília. Foi uma monumental grosseria made in Brazil.
Uma falta de educação abissal e carregada de simbolismo. A plateia que pagou
até R$ 990 para estar ali xingando Dilma, e os mais ricos e famosos não pagaram
nada. Zero. Estavam, como por exemplo Angélica e Luciano Huck, na área VIP.
E
o que Dilma achou disso, o que pensou antes de dormir?
Difícil
saber como Dilma registrou essa agressão, mas espero que tire uma lição do que
presenciou em Itaquera.
Não
faz o menor sentido continuar governando prioritariamente para essas pessoas. E
não é uma questão de “gratidão”, nada disso. Dilma é, claro, a presidenta de todos
os brasileiros. Mas não se justifica o número de concessões e agrados que ela
se obriga a fazer para poderosos em geral, sejam eles do agronegócio,
evangélicos fundamentalistas, banqueiros ou donos de redes de televisão.
Para
chegar ao poder e conseguir governar, Lula fez tais concessões –que já existiam
desde sempre, diga-se. Escolheu um grande empresário para a vice, aliou-se a
partidos conservadores, discursou várias vezes para os donos do dinheiro
prometendo não ameaçar seu poderio –como de fato não o fez. Naquele momento
histórico, entretanto, essa atitude era estratégica, defensável até. Não é
mais.
O
quadro é outro, o país é outro. Ninguém mais, a não ser os delirantes que
enxergam sombras de Chávez e Fidel embaixo da cama, acha que o PT vai colocar
sem-tetos em seu apartamento ou implantar uma ditadura comunista no Brasil.
No
dito popular, "sem quebrar ovos não se faz uma omelete". Alguns
argumentarão: “mas no Brasil isso é impossível, as estruturas estão aí há
séculos, não dá para mudar tudo de uma vez”. Concordo. Tudo é muita coisa, e de
uma vez é muito rápido. Mas entre o chavismo e os Estados Unidos há muitas
possibilidades. Temos que criar nosso próprio modelo. E aí não tem jeito: Dilma
tem que quebrar alguns ovos. E se não dá para quebrar a caixa inteira, pelo
menos alguns têm que ir para a frigideira. Por exemplo:
Reforma
política profunda, minando o próprio sistema que a faz refém de picaretas
históricos por um par de minutos na TV;
Taxação
de grandes fortunas, começando pelas astronômicas e inaceitáveis heranças que
perpetuam a desigualdade no país;
Reforma
agrária real, abandonando o incômodo posto de governo que menos assentou
famílias;
Democratização
real da comunicação, revendo concessões públicas e alocando melhor as verbas
publicitárias governamentais;
Direitos
humanos de verdade, encarando de forma contundente o racismo, a homofobia e o
machismo;
E
por aí vai, o número de “ovos” a ser quebrado no Brasil dava para fazer uma
omelete pro país todo. “Ah, mas não vai dar para fazer tudo isso”, dirão
alguns. É óbvio que não será possível fazer tudo o que realmente tem de ser
feito em nosso país de uma vez e ao mesmo tempo. Mas para valer a pena um
segundo mandato, ou Dilma encara de frente esses desafios ou seguirá governando
para estes que a xingaram de forma grotesca na abertura da Copa.
O
que você escolhe, Dilma?