Dona Meire - Acervo Click Humano
Por José Gilbert Arruda
Martins (professor)
“A
questão da violência perpetrada por ou contra os jovens é uma das mais
delicadas e dolorosas fraturas da vida social no Brasil, e no mundo, e é sobre
ela que precisamos aprender novas formas de problematização para suscitar
debates à altura dos desafios. É preciso lembrar que práticas de violência não
ocorrem no vazio social, mas estão conectadas a um contexto sociológico mais
amplo. As diversas formas da violência estão ligadas a variados conflitos
sociais e ao campo das desigualdades que as tornam mais agudas” (Revista
Carta na Escola, 84, março de 2014)
Sr. Richard - Acervo Click Humano
Em nossa
escola, de fevereiro para cá, nós professores e professoras, estamos notando e
vivendo um crescimento de comportamentos violentos por parte dos nossos alunos
e alunas; cotidianamente ouvimos e passamos por algum momento de desrespeito
que beira a violência física, essa situação é extremamente estressante e antipedagógica,
todos perdem, nós educadores e os jovens também.
Sr. Elismar - Acervo Click Humano
O que
fazer? Acreditamos que o projeto iniciado em fevereiro, no começo com
atividades apenas de sala de aula, e agora, com atividades como a de ontem
quando recebemos cinco pessoas em situação de rua para bater um papo com os
alunos e alunas, pode ajudar concretamente.
Sr. Raimundo - acervo Click Humano
Qual a intensão
do Projeto Click Humano? As atividades fora da sala de aula são eficazes? São
capazes de impedir nossos jovens alunos entrarem no mundo da violência? Conseguiremos
efetivamente desenvolver o processo de ensino-aprendizagem nesse tipo de
evento?
Acreditamos
que sim. Como já foi defendido por vários estudiosos, a sala de aula
tradicional ou o ambiente formal de educação não são os únicos locais de
aprendizagem, o projeto proporciona aos alunos e alunas participantes um
ambiente muito rico de novas experiências, de novas sensações que normalmente
não são vivenciadas em sala de aula.
Se formos
capazes de, ao longo do processo de desenvolvimento das atividades, orientarmos
os participantes no sentido de despertá-los para, por exemplo, a cultura de paz
na família, na comunidade onde residem na escola e na convivência com os
professores e colegas, o projeto já estará fazendo seu papel.
Sr. Jailson - acervo Click Humano
O Projeto
Click Humano, Um Olhar Sobre a População de Rua do Distrito Federal fez ontem
dia 20 de maio mais um evento no auditório da escola, reunimos três turmas “C”,
“E” e “F”, cerca de 60 alunos e alunas da 1ª. série do Ensino Médio.
O evento,
o segundo com pessoas em situação de rua, recebeu os alunos da Escola de
Meninos e Meninas do Parque: Dona Meire, Jailson, Sr. Raimundo, Elismar e
Richard, além de três professoras.
Acervo Click Humano
Sr.
Raimundo esteve com nossos alunos e alunas pela primeira vez e nos contou sua
história, já foi jogador de futebol do Madureira Futebol Clube, apelidado como “Cafezinho”
fez sucesso no clube carioca da Zona Norte na década de 1970.
As
histórias são comoventes, Dona Meire, por exemplo, é de São Paulo, nunca viu o
pai ou a mãe, foi entregue para adoção pela família quando tinha 3 meses de
idade, passou pela antiga Febem e hoje vive em Brasília.
Srs. Elismar e Raimundo - acervo Click Humano
Jailson,
Elismar, Richard...nomes gente, ser humano que, por algum motivo perdeu tudo e
agora sobrevivem do apoio das pessoas e do Estado.
Essa
situação não é exclusividade do Brasil, a maioria das cidades médias e grandes
do mundo estão tendo que conviver com esse fenômeno, é o sistema econômico
excludente produzindo no seu dia a dia milhares de “restos” sociais, gente que
a sociedade não enxerga.
Acervo Click Humano
Um dos
objetivos do projeto Click Humano é dar visibilidade a essas pessoas e provocar
nos alunos e alunas sentimentos de respeito ao outro.
Nos
encontros que fizemos semana passada e no de ontem, a emoção foi a tônica,
muitos alunos e alunas foram às lágrimas quando os convidados começaram a
contar as histórias de suas vidas.
O projeto
serve ainda para debatermos o sistema e modelo de desenvolvimento econômico
brasileiro e mundial, um modelo que exclui, que não respeita as pessoas. Como
disse um aluno da turma I, “Os moradores de rua não são vistos pelo sistema por
que não podem consumir, comprar, ir ao shopping”.