domingo, 20 de outubro de 2019

Roger tem razão - Os brancos estão livres, os negros na prisão




Este final de semana a fala de um técnico de futebol, num vídeo sobre racismo estrutural viralizou nas redes sociais.
Nessas horas, parece que o véu que encobre o racismo no Brasil rasga-se, abrindo buracos e expondo as feridas não cicatrizadas de um país escravocrata que, para manter tudo como está, tenta, de todas as formas, esconder sua história marcada profundamente pela violência da escravidão.
No artigo: “Desigualdade racial e fracasso escolar de estudantes negras e negros” Ladislau Ribeiro do Nascimento professor da UFT  afirma:
“A desigualdade racial no Brasil é uma dura realidade experimentada cotidianamente por milhares de pessoas em distintos espaços. Embora o país seja habitado majoritariamente por pessoas autodeclaradas não brancas (pretos, pardos, amarelos e indígenas), que representam 52,2% da população, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), o abismo social entre negras e/ou negros e brancos é inegável.”
Pois é pessoal...
O técnico de futebol, um dos dois técnicos negros da elite do futebol brasileiro, provocou o debate.
Levantou a bola, vamos jogar o jogo do debate sobre a questão do racismo no Brasil.
Temos que falar sobre isso.
Roger é um cara negro que ganhou a vida com o futebol, é notório que não sofre na pele o que os negros e negras pobres desse país sofrem há séculos.
Não anda de ônibus ou de trem lotados.
Não limpa os banheiros dos palácios e casas grandes do país.
Não tem que se submeter ás humilhações diárias de um salário que não paga dez dias de conta do mês.
Mas Roger fez bonito, aproveitou sua projeção, o palanque que muitos brasileiros e brasileiras semanalmente dão atenção para provocar o debate.
Para finalizar...
Olhem para os lados, vejam quantos negros e negras estão por exemplo, no STF, no STJ, no Congresso..
Quantos presidentes negros o Brasil, país de maioria negra, teve em 130 anos de República.
Os brancos estão nos palácios, os negros nas favelas.
Os brancos estão no centro, os negros na periferia.
Os brancos estão livres, os negros nas prisões.
A prisão de estar trancafiado, mas também da fome, do desemprego, da tristeza, do racismo...

Por José Gilbert Arruda Martins



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