quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

MORO, o "Juizeco" Agora, Ministro da Justiça, Perdeu a Coragem?






MORO: O “Juizeco” Que Agora é Ministro da Justiça Perdeu a Coragem?

Por que chamar de juizeco um magistrado brasileiro nessa altura do campeonato?

Pode acreditar que não é por ter sido ele juiz de primeira instância.

O Brasil tem, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cerca de “79,7 milhões de processos pendentes na justiça do País”. Sabe quem faz ou deveria fazer esse trabalho, os juízes de 1ª. Instância.

Ainda segundo o CNJ “(...) ao todo, o Poder Judiciário terminou 2016 com 18.011 juízes de direito, desembargadores e ministros.”

Portanto, são dezenas de profissionais que eu particularmente, não conheço. Sei, no entanto, que são valorosos trabalhadores e trabalhadoras da base do judiciário brasileiro. Merecem toda nossa consideração e respeito.

Ao contrário de Moro que atuou de forma político-partidária, esse conheço, todos conhecem.

Moro, ao criar a Lava Jato em 2009, com o objetivo de investigar crimes de lavagem de recursos relacionados ao ex-deputado federal José Janene, em Londrina, no Paraná. Além do ex-deputado, estavam envolvidos nos crimes os doleiros Alberto Youssef e Carlos Habib Chater, criou a expectativa de que enfim a corrupção seria seriamente combatida.

Mas não foi bem assim que as coisas se desenvolveram.

A operação acabou se transformando numa máquina para destruir parte da economia de base do país, perseguir o Partido dos Trabalhadores e sua maior liderança, Lula da Silva, o que fez Moro despontar no cenário judicial, midiático e político brasileiro e internacional como o “fodão”, o herói acalentado pelas elites e seus capachos da classe média.

Perseguiu e prendeu seletivamente.

Vilipendiou e humilhou publicamente as pessoas que, presas em verdadeiros shows midiáticos, eram execrados por seus cegos seguidores e conduzidas à masmorra da chamada “República de Curitiba”.

Dizem que, além dos vazamentos ilegais de áudios envolvendo a presidenta do país na época, Dilma Roussef, negociou delações, exigindo que depoentes que antes falavam a favor de Lula, voltassem a fazer novo depoimento, nova delação premiada acusando o ex-presidente com o claro e inequívoco objetivo de sentencia-lo.

Nesse sentido passou a ser figura carimbada no noticiário da grande mídia conservadora daqui e de fora.

Virou herói de filme.

Ovacionado por onde passou.

Por essa e outras, é bastante conhecido.

Nesse aspecto foi escolhido ministro da justiça como prêmio por sua atuação político-partidária em favor das elites.

Agora, no governo do Jair Bolsonaro (PSL) , em meio a vários colegas envolvidos em corrupção como, por exemplo, o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni (DEM), o que fará Moro?

Segundo o Jornal Zero Hora “Por quase 10 anos, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), usou 80 notas fiscais de uma empresa de consultoria tributária para receber da Câmara R$ 317 mil em verbas de gabinete. Dos 80 cupons, 29 foram emitidos em sequência pela Office RS Consultoria Sociedade Simples, indicando que o então deputado foi o único cliente da empresa por meses a fio.”

E aí paladino anti corrupção!

Vai continuar fechando os olhos?

Vai perdoar novamente como se emanasse de você a lei?

Por tudo isso e mais um pouco chamo Sérgio Moro de juizeco.

por José Gilbert Arruda Martins




terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Cadê os Eleitores do Bolsonaro?





Quem é que votou no Bolsonaro?

Eleitor não quer vender estatais e exige educação sexual nas escolas...

Por que o eleitor escolheu Jair Bolsonaro permanecerá um mistério por algum tempo.

Foi a facada?

O anti-petismo?

O papel devastador do Moro, que desmoralizou a política?

A insegurança generalizada?

O medo de perder poder e renda?

Para saquear o Tesouro e o Banco Central, a boca de fumo dos banqueiros?

A profunda crise econômica, com um número record de desempregados e desalentados?

Foi a CIA?

A perplexidade se aprofunda com recentes levantamentos do Datafalha.

No sábado 5 de janeiro, a Fel-lha publicou os resultados de uma pesquisa nacional realizada em 18 e 19 de dezembro: "Brasileiro rejeita privatização".

60% são contra a venda de estatais.

57% são contra reduzir leis trabalhistas.

Nessa terça-feira 8 de janeiro, a mesma Datafalha, recolhida nos mesmos dias de dezembro, revela que "a maioria defende educação sexual e discussão sobre política nas escolas".

71% querem que as escolas discutam assuntos políticos.

E 54% querem que as escolas tratem de assuntos sexuais.

Quem votou no Bolsonaro?

Não foi o Fernando Henrique, que não votou em ninguém.

Nem Ronaldo, o Fenômeno, que votou no Aécio.

Mistério profundo.

A Datafalha é uma fraude?

Ou o eleitor do Lula - contra a privatização, a favor da CLT e da educação sexual nas escolas - foi quem votou em Bolsonaro!

Provavelmente, só o José Dirceu poderá responder a essa pergunta...

PHA

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

BOLSONARO, Os EUA Não São Modelo Para Nada





 por José Gilbert Arruda Martins

Vamos falar um pouco mais sobre as declarações do atual governo sobre a instalação de bases militares dos EUA no Brasil.

Os EUA não são modelo para nada.

Historicamente fizeram da violência seu modo de ser.

Foi assim com a matança quase total dos indígenas quando da expansão para o Oeste.

Enriqueceu com a Segunda Guerra Mundial.

Saiu como a maior potencia mundial após o conflito.

A partir disso montou uma estrutura de bases militares por todo o planeta.

Impôs ao mundo sua “democracia” a ferro e fogo durante a Guerra Fria.

O mundo e a América Latina sofreram guerras localizadas, genocídios, assassinatos, derrubadas de governos progressistas ou que não interessavam ás elites ricas do Tio Sam na base de muito sangue.

A América Latina foi ocupada como Quintal, uma verdadeira neocolonização.

A partir dos anos 1990 e, fundamentalmente a partir dos anos 2000 as coisas mudaram e, principalmente a América do Sul conseguiu sair do “guarda chuva” de “proteção” dos EUA.

Toda a região e seu povo ganharam com esse afastamento estratégico.

Agora o Brasil vem com essa absurda e inoportuna aproximação com um país em decadência.

Se não fosse seu poder bélico, os EUA seriam hoje um país que antes denominávamos de terceiro mundo. Tem praticamente todas as características.

“A possibilidade de o governo do Brasil ceder espaço territorial para instalação no país de uma base militar dos Estados Unidos é desnecessária e inoportuna na opinião de três generais e três oficiais superiores, segundo a revista Veja.”

“Admitida em entrevista ao SBT pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo chanceler Ernesto Araújo como uma questão a ser estudada no futuro, a ideia não se afina com a política nacional de Defesa.”

“Na prática, a iniciativa pode ser um fator complicador nas delicadas discussões bilaterais para uso do Centro de Lançamento de Alcântara, da Força Aérea, no Maranhão.”

“Hoje não há bases militares dos Estados Unidos ativas na América do Sul. A última foi desativada em 2009 no porto equatoriano de Manta, depois da negativa do então presidente Rafael Correa de renovar o seu uso.”

“No Brasil, a base em Natal que serviu aos americanos na Segunda Guerra Mundial deixou de ser usada pelos americanos em 1945. Durante os anos finais da Segunda Guerra Mundial, a aviação dos Aliados, liderada pelos Estados Unidos em larga proporção, negociou a construção em Parnamirim, no Rio Grande do Norte, de uma gigantesca base aérea. Duas pistas, 700 prédios, 4.600 combatentes e tráfego diário de 400 a 600 aeronaves para lançar ataques contra objetivos no norte da África e sul da Europa.”

FONTE: portal Vermelho


Movimento de Articulação dos Povos Indígenas do Brasil



Assista e Compartilhe!

Os Povos Originários Dessa Terra Merecem Respeito.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Bolsonaro "Patriota": de Costas Para o Brasil de Joelhos Para os EUA



por José Gilbert Arruda Martins

Mas, Não é apenas quintal, o "novo" governo de extrema direita, promete entregar a Base de Alcântara e ceder aos Imperialistas Norte Americanos uma base militar no Brasil.

Bolsonaro Quer Aprofundar o Entreguismo Vira Lata de FHC




Por José Gilbert Arruda Martins
Ministro da Infraestrutura (Tarcísio Gomes de Freitas) confirma privatização ampla, geral e irrestrita.
Desmonte do Brasil vai começar por aeroportos e pré-sal!
Tudo que puder será privatizado, diz ministro da Infraestrutura.
O Estado deve ser mínimo ou máximo?
O Estado, para muitos especialistas, deveria ser do tamanho das necessidades da maioria do povo.
O que o governo Bolsonaro, através do Paulo Guedes pretende é implantar é aprofundar o que FHC fez na década de 1990, uma política de entregue do patrimônio brasileiro a preço de banana.
É uma política falida, não deu certo em nenhum lugar onde foi implantada, pelo menos para a Classe Trabalhadora...
De acordo com estudo dos professores Frederico Lustosa da Costa, da Universidade Federal Fluminense, e Vítor Yoshihara Miano, do Instituto Federal Fluminense, entre 1995 e 2003, apesar da receita extra de US$ 93,4 bilhões obtidos com as privatizações, a dívida líquida do setor público cresceu de 27,98% para 52,36% do PIB.
Em valores brutos, a dívida pública passou de US$ 70 bilhões para US$ 400 bilhões. Principalmente devido à elevada taxa real de juros, todo o valor amealhado com a entrega de estatais de setores chaves - como telecomunicações, energia e siderurgia – serviu apenas para cobrir parte dos serviços da dívida pública.
O economista Guilherme Delgado destaca que a proposta privatizante de Bolsonaro revisita um passado de insucesso. “Esse filme é um filme velho e já visto. No Plano Real, os argumentos eram os mesmos. Nas privatizações daquela época, estava escrito lá no papel a mesma coisa. E se fez um programa de privatização muito grande na área de infraestrutura principalmente, mas a dívida pública na verdade explodiu nesse período”, afirma.
Essa história de Estado Mínimo é para enrolar o trabalhador.

Na verdade, a grande burguesia nacional e internacional sempre mamou nas tetas do Estado e faz você acreditar que o setor privado não tem nada a ver com o Estado com o público.

Tráfico de Bebês por João de Deus e Escravidão de Mulheres




Tráfico de Bebês por João de Deus e Escravidão de Mulheres Amig@s e REDE! Precisamos que tod@s vocês compartilhem este vídeo e marquem pessoas de Goiás e norte de MG. Estamos investigando de forma independente, apartidária, imparcial e neutra, os outros crimes de João Teixeira e sua quadrilha. Com o fim de colaborar com a Polícia Federal, FBI e Polícia Internacional da União Europeia, na identificação das rotas de fuga de tráfico de bebês e escravidão sexual das mulheres que sistematicamente foram obrigadas e coagidas a parir e entregar estes bebês. Eles são levados em geral, por guias turísticas espirituais (mas também por funcionários/as e quadrilha) para EUA, Europa e Austrália e vendidos por 20 a 50 mil dólares. Grata pelo apoio. o vídeo é público.

Tráfico de Bebês por João de Deus e Escravidão de Mulheres




Tráfico de Bebês por João de Deus e Escravidão de Mulheres Amig@s e REDE! Precisamos que tod@s vocês compartilhem este vídeo e marquem pessoas de Goiás e norte de MG. Estamos investigando de forma independente, apartidária, imparcial e neutra, os outros crimes de João Teixeira e sua quadrilha. Com o fim de colaborar com a Polícia Federal, FBI e Polícia Internacional da União Europeia, na identificação das rotas de fuga de tráfico de bebês e escravidão sexual das mulheres que sistematicamente foram obrigadas e coagidas a parir e entregar estes bebês. Eles são levados em geral, por guias turísticas espirituais (mas também por funcionários/as e quadrilha) para EUA, Europa e Austrália e vendidos por 20 a 50 mil dólares. Grata pelo apoio. o vídeo é público.

sábado, 5 de janeiro de 2019

A Entrega do Brasil. Privatizar Tudo...Bom Pra Quem?




por José Gilbert Arruda Martins


Ministro da Infraestrutura confirma privatização ampla, geral e irrestrita
Desmonte do Brasil vai começar por aeroportos e pré-sal!
Tudo que puder será privatizado, diz ministro da Infraestrutura
Pergunto-te então:
O Brasil investiu décadas em pesquisa, alta tecnologia para descobrir o pré-sal por exemplo. Os recursos desse tesouro não deveriam ser investidos em saúde e educação pública?
Com a entrega do pré-sal para onde irão os recursos?
Chegarão à mesa do pobre?
Melhorará a vida real do povo brasileiro?
Você é a favor das privatizações?
Outra: Se tudo for privatizado você tem salário suficiente para continuar consumindo?
Vamos pegar um singelo exemplo da cidade que moro, aqui o setor de energia foi privatizado, é uma das tarifas mais altas do Brasil, o número de cortes em residências de trabalhadores é um dos maiores do país.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Viva o Brasil! Bolsonaro Acaba Com o Socialismo no 1° Dia pronto





Enquanto a mudança de sistema econômico não acontece, a forma mais decente e justa de distribuir a riqueza produzida é por meio do salário mínimo e outras Políticas Públicas de inclusão social.
Por José Gilbert Arruda Martins e também no Conversa Afiada e Tijolaço.
O salário mínimo passou a vigorar no Brasil a partir de 1º de maio de 1940 durante o governo de Getúlio Vargas.
O valor atual do salário mínimo nacional (a partir de 1 de janeiro de 2019) é de R$ 1.006,00 (Um mil e seis reais).
Quando Lula assume o mandato em 2003 o Salário Mínimo valia os R$ 200,00 deixados por FHC. No ano de sua saída (2010), o mesmo salário valia R$ 510,00, caracterizando portanto um aumento de 155% em relação ao valor do início de seu mandato, e 53,6% de aumento real, descontando-se a inflação.
Isso é uma forma importante de distribuir riqueza.
E, não é Socialismo...Socialismo é muito mais.
O que Lula e Dilma fizeram foi esticar a corda do sistema capitalista e tentar distribuir renda a quem produz.
Bolsonaro se livra do Socialismo no primeiro dia.
Decretando salário mínimo abaixo do esperado.
Valor serve de referência para 48 milhões de brasileiros
Bolsonaro assina decreto que fixa salário mínimo em R$ 998 em 2019
Dois quilos a menos de feijão, uns três ou quase quatro de arroz, comprando na promoção, uns 800 gramas de músculo para a sopa das crianças, se o preço dos legumes deixar que se faça sopa.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

A "Solução Final" de Bolsonaro



por José Gilbert Arruda Martins


Agência Brasil.
Armas de fogo são causa de morte em 71% dos homicídios no Brasil
Pesquisador diz que, sem Estatuto do Desarmamento, taxa cresceria 12%
Segundo o pesquisador David Marques, um estudo do Ipea aponta que, sem o estatuto, o Brasil poderia ter ainda mais homicídios do que os 62.517 ocorridos em 2016, o que equivale a uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, a mais alta de história do país e alcançada pela primeira vez no ano analisado pelo estudo.
O Estatuto do Desarmamento, apesar de nunca ter sido implementado na sua completude, ainda assim conseguiu ser responsável por uma espécie de freio, de contenção do crescimento dos homicídios.
De acordo com Marques, o resultado mostra a importância de se aperfeiçoar as ações de desarmamento.
Segundo a pesquisa, entre 1980 e 2016, 910 mil pessoas foram mortas por perfuração de armas de fogo no país;
“Isso sinaliza de forma muito clara a importância de se ter uma política consistente de retirada de armas de fogo, especialmente as ilegais, mas também de controle das armas de fogo legais, para que a gente possa ter menos crimes. Porque diversas pesquisas têm demonstrado que menos armas é menos crimes, diz Marques.
Quais as reais causas da violência, principalmente a violência urbana?
Você já pensou nisso?
Por que a violência urbana é maior, estatisticamente, nos países com maior desigualdade social?
Segundo especialistas a maior causa da violência é a pobreza e a miséria devido à absurda concentração da renda, da riqueza nas mãos de uma minoria.
Para o professor Reginaldo Moraes da Unicamp, o andar “de cobertura”, o andar da diretoria, da chefia. A nata. A faixa dos que estão acima dos 160 SM por mês. São 71.440 pessoas, que absorveram R$ 298 bilhões em 2013, o que correspondia a 14% da renda total das declarações. A renda anual média individual desse grupo foi de mais de R$ 4 milhões. Eles representam apenas 0,05% da população economicamente ativa e 0,3% dos declarantes do imposto de renda. Esse estrato possui um patrimônio de R$ 1,2 trilhão, 22,7% de toda a riqueza declarada por todos os contribuintes em bens e ativos financeiros.

sábado, 29 de dezembro de 2018

Bolsonaro Enganou as Massas?





Há algo que o Brasil já perdeu. E que vai custar muito para recuperar. Com Bolsonaro ou sem Bolsonaro, descobrimos que vivemos num país em que a maioria dos brasileiros acha possível votar num homem como Bolsonaro. Sem nenhum drama de consciência, compactuam com todo o ódio que ele produz, são cúmplices do desejo de exterminar aqueles que são diferentes, apreciam as ameaças e os arrotos de poder, exaltam a ignorância e a brutalidade.
El País

Como escreve Fernando Horta

do Blog Como Eu Escrevo

Fernando Horta é doutorado em Relações Internacionais na Universidade de Brasília.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Tenho rotina sim, mas quanto ao que devo fazer e não a horário. Normalmente começo me informando sobre o mundo e as coisas através de uma ou duas horas de leitura vindas de diversas fontes, desde jornais nacionais e estrangeiros, até manifestações de pessoas que eu sigo ou que eu acho interessantes. Só depois me apresento ao mundo, vamos dizer assim.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu sou noturno. Preciso de silêncio, preciso saber que as coisas e rotinas normais estão resolvidas e que eu posso centrar minhas energias em algo construtivo e não apenas em ficar repetindo atividades comuns como ir ao supermercado, atender gente na porta, no telefone e etc. Eu não tenho nenhum ritual específico, apesar de que quando eu preciso me FORÇAR a escrever eu começo por ler algo a respeito do que quero escrever e ir digitando o que aparecer na cabeça. Normalmente, entretanto, este esforço gera textos médios e que, se bem trabalhados, podem ter alguma serventia.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu escrevo um pouco todos os dias. Mas não me coloco meta. Quando a coisa engrena, posso passar seis horas sentado escrevendo. Uma técnica que uso é variar o assunto. Muitas vezes há que se escrever algo (tese, dissertação, capítulo e etc.) por questão profissional, mas no momento não sai. Então eu escrevo algo sobre futebol, uma crônica pessoal, memória, relato ou qualquer outra coisa para “destravar” o processo imaginativo. Normalmente funciona.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu tenho uma característica muito louca de nunca conseguir “desligar”. Então quando estou fazendo atividades rotineiras, como tomar banho, academia ou algo que me exija uma série de esforços coordenados e repetitivos, meu cérebro começa a resgatar argumentos, ideias e sentidos e combiná-los à esmo. Neste momento eu vou filtrando o que me parece importante, o que me parece que tenha “futuro” (que possa ser desenvolvido adiante) e etc. Estranhamente como se fossem duas pessoas trabalhando em conjunto. E confesso que muitas vezes eu preciso tomar nota porque a “pessoa” que cria, faz isto muito rápido. Com relação à pesquisa, eu sempre mantenho um indicativo claro do que estou fazendo. Algo como um memo para mim mesmo dizendo “agora é preciso explicar o conceito de estrutura em Marx”. Faço isto porque é muito fácil começar escrevendo sobre frutas, falar sobre o limão e terminar contando como foi interessante no réveillon do ano xxxx encher a cara com caipirinha. Assim, através de controles de sentido e de relevância é possível dar um foco ao processo criativo. Funciona em 60% dos casos. O que, para mim, é muito.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Travas de escrita eu comentei acima. Me forço a escrever sobre outros temas ou vou realizar atividades repetitivas e que não me exigem esforço mental. Sobre a procrastinação eu sempre deixo para tratar dela depois. Brincadeiras à parte, a procrastinação tem que se tornar o “ócio criativo”… eu combato ela dando vazão – à qualquer hora – aos impulsos criativos. Isto significa dizer acordar quatro da manhã com uma ideia e sentar no computador escrevendo até as dez da manhã… o processo de escrever raramente consegue ser escravizado pelos comportamentos de sociedade que temos. É parte desta rebeldia de sentido que encontramos a criatividade no meu entendimento.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Depende do tipo de texto. Eu confesso que fico nos extremos aqui. Quando são textos de pouca expressão (postagens, e-mails, histórias, etc.) eu escrevo e publico muitas vezes sem ler duas vezes. Depois o pessoal vai me avisando dos erros gramaticais que existem. É interessante porque traz uma questão essencial que aproxima o leitor que é a ruptura com a perfeição da linguagem. Há uma ideia de que escrever requer o domínio formal da língua. E isto não é verdade. Assim, quando eu escrevo e surgem inúmeros erros, isto ajuda a trabalhar a questão da autoria, da autenticidade e romper com estereótipos meio machadianos de que quem escreve o faz a partir de um domínio completo formal da linguagem. Além disto, auxilia muito na questão da relação com o leitor. Muitos acham erros e avisam, criticam, questionam e isto inverte a condição de receptor que o leitor normalmente se coloca. É impossível alguém ver escrito que “algo tinha haver” e não “a ver” e passar batido sem avisar ao escritor. Tenho também amigos bem cri-cris que criticam vírgulas, crases e expressões. Eu, quando escrevo neste modo mais descompromissado, não me preocupo com estas coisas. A ideia é que o todo seja inteligível, e faça sentido. Apenas isto.
Já no outro oposto, quando é um texto que exija responsabilidade (parte de um livro, tese ou parecer) aí eu escrevo e fico olhando para ele. Horas a fio. E me convencendo o quão ruim está. Depois eu troco tudo, inverto, faço de novo e continuo achando ruim. A grande sacada que aprendi comigo mesmo é não jogar fora o que eu acho ruim. Porque quando o prazo vai apertando a minha autocrítica começa a ceder espaço para uma visão mediana utilitária. “Está ruim, mas dá para melhorar neste e neste sentido”… até chegar a algo como “Está uma bosta, mas é a sua bosta!” Aí o sentido de protagonismo criativo acaba silenciando a autocrítica perversa. E você tem que entregar o texto.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu nem sei mais escrever à mão. É sério. Outro dia participei de uma seleção em que precisei escrever oito laudas à mão. Foi um martírio. Um desespero. Eu ia me lembrando de como escrever… e olhava o texto e dizia “mas eu nunca escrevi o ‘h’ desta forma”… e os garranchos iam se acumulando, junto com a dor no dedo e da posição que eu estava. Foi terrível. Até isto me leva a pensar em me forçar a escrever mais à mão. Para não passar por aquela sensação ruim de novo. Escrevo direto no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Minhas ideias vêm de um trabalho incessante feito como “processo secundário” do meu cérebro juntando tudo o que vejo, sinto e leio (inputs) com tudo o que sei, acredito, gosto ou não gosto. Numa doideira completamente inexplicável. Estou andando na rua e vejo um acidente de carro ao lado do vendedor de bananas e meu cérebro começa a fazer associações entre as coisas. Jocosas, engraçadas, horríveis, sem nexo ou de qualquer tipo. Isto sem parar, e eu vou selecionando o que é socialmente aceito, o que pode ser cientificamente desenvolvido, o que pode ser literariamente usado, vou refinando, criticando, fazendo o mesmo processo de novo… enfim. É um constante método ensaio e erro que eu levei muito tempo para conseguir fazer funcionar porque ele depende intrinsicamente da capacidade de julgamento racional. Então quando eu era mais novo e com menos conhecimento sobre o mundo, as coisas, pessoas e sobre mim mesmo, saía cada bobagem de apavorar. Faltava o parâmetro pelo qual você classifica uma ideia como factível, socialmente possível, moralmente apta, inútil, criminosa e etc. Quando eu consegui desenvolver este parâmetro a coisa começou a fluir. Se bem que ainda hoje saem absurdos e bobagens de todo o tipo.
O bom é trabalhar com “alter egos”. Fernando Pessoa mostrou isto. Há determinadas ideias e textos bons, muito bons que você pensou e você criou, mas que não podem ser socialmente liberados. Há espaços sociais de aceitação de ideias, de sentidos, de julgamentos e, a partir de determinada posição, a sociedade espera de você determinadas coisas e não outras. Isto impõem uma restrição externa que cerceia, no fundo, a imaginação. O historiador Eric Hobsbawm passou por isto. Marxista, inglês, professor universitário e tudo mais, escreveu um livro chamado “A história social do jazz”. Escreveu com pseudônimo, afinal isto não é tema para marxista. Não é tema para “gente séria”. Só anos depois ele foi aceitar a paternidade do livro. Assim, sempre que uma ideia boa aparece há que se pensar na boca de quem esta ideia seria melhor representada e, de repente, criar um alter ego para ideias recorrentes.
Sobre se manter criativo eu acho que depende muito do que você come. Obviamente não comer no sentido físico, mas as coisas que você se oferece diariamente. Seguir pessoas inteligentes, pessoas críticas, pessoas que te surpreendam, que pensem diferente de você, que sejam de outro grupo social, étnico, local e etc. E ler. Eu sou branco, de classe média, heterossexual, acadêmico, nascido nos estados do sul e tudo mais neste padrãozinho “guri de apartamento” que tu possa imaginar. Então eu tenho certos ganchos com outras realidades, me forço a ir, sentir, ver, ler, compreender aquilo que eu não sou, ou que não me atrai. É preciso manter a mente aberta. Outro dia, numa discussão em redes sociais, uma pessoa com o perfil completamente oposto a mim, que eu sigo, entrou numa discussão e eu a mencionei. Quando o fiz, ela imediatamente veio me perguntar se eu a havia citado porque ela era negra, mulher, e desfilou ali todo o rosário de diferenças entre eu e ela. Mas ela me acusava de ver estas características como algo negativo, e por isto – supostamente – eu a havia citado na discussão. Segundo ela, eu o tinha feito porque ela não teria como responder meus “argumentos acadêmicos”. Ela estava vendo a citação como uma covardia. Eu respondi que a havia citado porque queria ouvir a opinião dela. Que era para mim extremamente importante na discussão. Depois ela veio me pedir desculpas, mas não imaginava que eu a seguia por realmente querer saber o que ela pensava. Isto é parte da imagem que fazemos de nós mesmos e do sentido que damos à nossa existência. Somos ensinados a pensar que pertencemos a determinados círculos, nichos e setores, e que somos estranhos a outros. Quando alguém deliberadamente quebra isto, parece algo de outro mundo. Mas é essencialmente a diversidade e a constância que fazem parte do processo de criação. E quando você se propõe a um papel social de crítico dos tempos, dos discursos e das sociedades, é importante que você esteja aberto a todas as informações que puder receber destes tempos, discursos e sociedades. Ninguém que é preso em si mesmo consegue oferecer algo construtivo para muitas pessoas.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Como eu disse, eu aprendi a me criticar. Aprendi a pegar mais leve comigo mesmo, mas aprendi a compreender os padrões dos diversos grupos sociais com os quais você interage. Uma piada escatológica pode ser maravilhosa numa mesa de bar e terrível num encontro acadêmico. Só que aos 22, 25, 28 anos eu não tinha isto claro. (Sim, me perdoem, eu como muitos fui só amadurecer depois dos trinta e muitos). Algumas pessoas chamam de autocensura, mas prefiro o termo “encaminhamento imaginativo”… determinadas coisas, ideias, discursos, requerem determinados ambientes, pessoas, níveis de relacionamento. Tenho um amigo inteligentíssimo que é publicitário. Redator. Há alguns anos (décadas) eu comecei a fazer uma série de comentários e contar histórias sobre ele numa reunião onde supostamente nem todas as pessoas tinham os mesmos laços de compromisso, vivência, respeito e etc. E eu fiquei profundamente chateado quando ele me chamou num canto e me perguntou se eu não tinha “finesse e elegância”. Não tinha mesmo e ainda não tenho. Mas aqueles textos, narrativas e etc. eram verdadeiras e tinham sentido e eu já as havia contado na companhia deste amigo para outras pessoas. O que afinal o tinha incomodado tanto? Foi daí que percebi que precisava refinar meus parâmetros de crítica social e viabilidade de narrativas. Muito poucas ideias (narrativas) são certas ou erradas per se. Elas dependem, sempre, dos contextos sociais, psicológicos, históricos em que são inseridas. Mas um adolescente de quinze anos não tem conhecimento disto ainda. Com vinte, vinte e dois começamos a compreender vagamente os extremos destes processos. Então, por exemplo, cumprimentar alegremente uma pessoa e perguntar “e aí, tudo bem?”… parece sempre bom. Mas não quando se está num elevador de um hospital saindo de uma UTI. No final dos trinta, este sentido de oportunidade parece ir se afigurando melhor.
Se eu pudesse me dar um conselho lá no início, eu diria “ouve mais e fala menos”. É complicado, porque o processo imaginativo requer uma postura propositiva, ativa e de exposição. Mas é preciso desenvolver os parâmetros de referência. Podem me criticar por este “utilitarismo imaginativo”… mas penso que é o que nos permite compreender um caminho e realizar coisas. Criação sem sentido costuma levar a uma grande quantidade de esforço sem recompensa e gera frustração, violência e muitas vezes até o abandono da escrita.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu penso em política. Eu estou terminando um doutorado na área de história e ciência política e acumulei um certo conhecimento sobre isto. Me permite ler, compreender, escrever. Mas tenho muito pouca ação real sobre as coisas. Muitas vezes é como se você estivesse preso no seu conhecimento, gritando sem que ninguém realmente ouça. É frustrante. Penso, e talvez esteja muito errado, mas hoje penso que na política há a possibilidade de realmente fazer as coisas se transformarem.
Com relação a um livro que ainda não existe, olha… Eu gostaria muito de ler algo como “Como lidar com a saudade, a culpa e a frustração comendo alface, brócolis e peito de frango grelhado”. Acho que a nossa sociedade como um todo vem caminhando muito no sentido de avanços tecnológicos e estamos parados em termos psicológicos e sociais. Se você comparar com o século XIX, por exemplo, ninguém imaginaria um celular. Uma casa sendo “impressa” em oito horas. Falar com alguém simultaneamente que está no Japão. Mas ao mesmo tempo, nossos pensamentos, nossa moral, nossos parâmetros sociais e de comportamento pouco se alteraram (em comparação com o mundo das coisas). Precisamos de mais música e menos física. Precisamos de mais escrita e interpretação e menos gramática. Precisamos de mais poesia… Nos falta utopia. Nos falta algo em que acreditar. Penso que estamos nos tornando cada vez menos humanos. E isto me assusta.