A corrupção foi discurso usado historicamente pela direita brasileira e pela grande imprensa no sentido de apear do poder os governos de centro - esquerda, trabalhistas que, com Políticas Públicas inclusivas tentaram atender os anseios do povo trabalhador e a sociedade em geral. Além, os governos trabalhistas ou de Centro - Esquerda sempre priorizaram a autonomia, independência e a soberania do país.
Em 2014, num espetáculo circense deprimente, parte da Câmara Federal, entre eles Bolsonaro e o Filho Eduardo, derrubaram do poder uma presidenta honesta e elita soberanamente pelo povo com o discurso contra a corrupção.
Agora, os Bolsonaros são pegos em corrupção. E aí?
A advogada e pastora evangélica Damares Alves, assessora parlamentar do senador Magno Malta, foi anunciada hoje (6) como ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo do presidente eleito de Jair Bolsonaro (PSL). O anúncio foi feito pelo futuro ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Damares vai comandar também a Fundação Nacional do Índio (Funai), que deixará o guarda-chuvas do Ministério da Justiça a partir do próximo governo para integrar o seu ministério.
Submundo do Whatsapp: fraudes com CPF de idosos viabilizaram envios em massa
Reportagem da Folha traz relato de ex-funcionário de empresa de marketing digital que trabalhou para políticos no período eleitoral e foi subcontratada por produtora da campanha de Bolsonaro
Na Mesopotâmia, formaram-se
as primeiras civilizações da humanidade.
Os sumérios foram os povos
mais antigos da região, que também abrigou amoritas, assírios e caldeus.
Mesopotâmia foi o nome da
região localizada entre os rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio,
principalmente onde hoje se concentra o Iraque.
Essa região é considerada um
dos berços da civilização, uma vez que as primeiras cidades do mundo surgiram
lá.
A palavra “Mesopotâmia” teve
origem no idioma grego e significa “terra entre rios”, fazendo menção
exatamente aos dois rios que banhavam seu território.
Povos da Mesopotâmia
A Mesopotâmia abrigou
diversos povos da antiguidade, atraídos pela fertilidade do solo que era
garantida pelos ciclos de cheias dos rios Tigre e Eufrates.
Entre os inúmeros povos que
habitaram a região, destacam-se os sumérios, os amoritas, os assírios e os
caldeus.
Outros povos que tiveram
relevância na história mesopotâmica foram os acádios e os elamitas.
REFERÊNCIAS:
Povos da Mesopotâmia. Disponível:
https://www.todamateria.com.br/povos-da-mesopotamia/Acessado
dia 29.11.2018.
Povos da Mesopotâmia. Disponível:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/povos-mesopotamia.htm Acessado dia
29.11.2018.
por Secretaria Educação Juventude e Esporte do Tocantins Representantes do Banco Mundial se reuniram com a equipe da Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc), nesta quarta-feira, 7, para avaliar o andamento das ações desenvolvidas na Educação com recursos do Banco Mundial. A missão setorial da instituição financeira cumpre agenda de visita esta semana no Tocantins com a finalidade de supervisionar as atividades do Projeto de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável (PDRIS).
Equipe técnica da Seduc apresenta projetos contemplados pelo PEC e PDRIS - Manoel Lima / Governo do Tocantins
Entre as ações desenvolvidas pela Educação apresentadas durante reunião estão o Estudo Longitudinal de alunos do ensino médio de seis municípios contemplados com ações do Programa Estrada do Conhecimento (PEC),a fim de diagnosticar o perfil dos estudantes, estudo piloto de diagnóstico da qualidade do ensino da educação infantil, assessoramento técnico e apoio logístico para realizar a pesquisa piloto de observação de sala de aula, treinamento de observadores da sala de aula e formação dos professores e estudo de gênero e violência contra crianças e adolescentes.
À equipe da missão setorial também foi apresentado o cronograma das obras de reformas nas escolas atendidas pelo PEC no Estado,localizadas às margens da BR-153, que apresenta índice acentuado de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Para a titular da Seduc, Adriana Aguiar, foi um momento muito rico de avaliar as ações desenvolvidas no Estado. “Essa colaboração com o Banco Mundial traz para a Secretaria um conjunto de ações, de levantamento de indicadores, de formação, de melhoria da infraestrutura das unidades escolares, que possibilitam um avanço na qualidade de vida da população tocantinense”, ressaltou.
O representante do Banco Mundial Satoshi Ogita disse que os resultados apresentados foram satisfatórios. “O objetivo da nossa visita é avaliar os avanços das ações. Percebemos que as atividades estão andando bem, de estudos com alunos, treinamento, formação. Algumas ações, como aquelas que dependem de licitação, é preciso acelerar os processos a fim de finalizar as atividades que beneficiam a sociedade tocantinense”, destacou.
PEC
O Programa Estrada do Conhecimento é parte do acordo de compromisso firmado entre Banco Mundial/Brasil e Governo do Tocantins e tem como objetivo subsidiar o PDRIS, com recursos do Banco Mundial.
O Programa, de caráter intersetorial, tem participação de diversos órgãos do Estado, e visa promover educação efetiva e integrada, de modo a viabilizar o acesso à qualidade de vida e a inclusão social às crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social às margens da Rodovia Belém Brasília, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino mediante a utilização de situações didáticas significativas de forma a garantir a permanência do aluno na escola; estimulando a criação de oportunidades de trabalho e geração de renda para alunose famílias em situação de vulnerabilidade social.
Para secretária Adriana foi um momento de avaliar as ações desenvolvidas no Estado - Manoel Lima / Governo do Tocantins
O representante do Banco Mundial Satoshi Ogita disse que os resultados apresentados foram satisfatórios - Manoel Lima / Governo do Tocantins
Apesar da anistia concedida por JK aos militares envolvidos na Revolta de Jacareacanga em fevereiro de 1956, o clima de insatisfação e de conspiração contra o governo continuou, sobretudo na Aeronáutica.
A Revolta de Aragarças, que eclodiu em 2 de dezembro de 1959, começou a ser articulada em 1957. A nova conspiração teve a participação do ex-líder de Jacareacanga, tenente-coronel aviador Haroldo Veloso, e de dezenas de outros militares e civis, entre os quais o tenente-coronel João Paulo Moreira Burnier, que foi o seu principal líder. O objetivo era iniciar um "movimento revolucionário" para afastar do poder o grupo que o controlava, cujos elementos seriam, segundo os líderes da conspiração, corruptos e comprometidos com o comunismo internacional.
Partindo do Rio de Janeiro, com três aviões Douglas C-47 e um avião comercial da Panair sequestrado, e de Belo Horizonte, com um Beechcraft particular, os rebeldes rumaram para Aragarças, em Goiás. Pretendiam bombardear os palácios Laranjeiras e do Catete, no Rio, e ocupar também as bases de Santarém e Jacareacanga, no Pará, entre outras. Na realidade, nem o bombardeio aos palácios, nem a ocupação das bases chegaram a ocorrer, e a rebelião ficou restrita a Aragarças. A revolta durou apenas 36 horas. Seus líderes fugiram nos aviões para o Paraguai, Bolívia e Argentina, e só retornaram ao Brasil no governo Jânio Quadros.
Rui Barbosa Moreira Lima (Biografia)
(Nasceu em Colinas, Maranhão, 12 de junho de 1919 — Faleceu no Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2013) foi um piloto militar de caça e Tenente-brigadeiro-do-ar brasileiro. Até o início de 2013, era um dos três únicos caçadores veteranos da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial ainda vivos.
Moreira Lima atuou ao lado dos militares legalistas que se opuseram ao Golpe de 1964, tendo sido perseguido e torturado pela ditadura militar que se seguiu.
Carreira
É um dos Fundadores da Associação Democrática e Nacionalista dos Militares (Adnam)
Foi o piloto de combate da esquadrilha verde no 1° Grupo de Aviação de Caça (GAvCa) da Força Aérea Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Durante o combate, executou 94 missões. A primeira aconteceu em 6 de novembro de 1944 e a última em 1 de maio de 1945.
Além disso, foi comandante da Base Aérea de Santa Cruz entre 14 de agosto de 1962 e 2 de abril de 1964, quando foi afastado após o golpe militar. Foi cassado e preso pela Ditadura Militar. Foi posteriormente anistiado.
É o autor do livro Senta a Pua! no qual conta as memórias dos combates no teatro de operações na Itália.
Perguntado se a tese apresentada no livro "1964 – O DNA da Revolução" (dos ex-oficiais Jônathas de Barros Nunes e Gastão Rúbio de Sá Weyne), que afirma que todo o golpe foi engendrado por cerca de 300 oficiais, o brigadeiro não teve dúvidas: "não li o livro, mas os autores devem estar com a razão. Foram poucos".
Rui Moreira Lima, o militar que recusou a ditadura, faleceu terça-feira 13/08/2013, no Rio de Janeiro, o brigadeiro Rui Moreira Lima, aos 94 anos. Em decorrência de complicações de um AVC sofrido.
Em outubro de 2012, ele prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade, que iniciou então um grupo de trabalho sobre militares perseguidos pela Ditadura Militar.
Em seu depoimento, Moreira Lima também foi questionado a respeito dos antecedentes do golpe. Para ele, o grupo que tomou o poder à força era uma minoria dentro das Forças Armadas.
A CNV (A Comissão Nacional da Verdade) identificou 6.591 militares presos, torturados ou processados pela Ditadura Militar.
Os documentos mostram que não houve apenas torturas, mas mortes de militares que foram contra a ditadura. Um dos casos aconteceu em Porto Alegre. Na capital gaúcha, o tenente-coronel da Aeronáutica Alfeu Monteiro foi morto em 4 de abril de 1964 com cinco tiros pelas costas. Os disparos foram feitos por militares, após Monteiro resistir à prisão.
A Comissão identificou a prática de torturas em unidades militares no Rio, em Natal, Salvador, Fortaleza, no Recife e Porto Alegre.
A CNV (A Comissão Nacional
da Verdade) identificou 6.591 militares presos, torturados ou processados pela
Ditadura Militar. De acordo com o relatório, a Aeronáutica é a força que mais
teve militares perseguidos pelo regime: 3.340. Seguida pela Marinha com 2.214;
Exército com 800 e as Polícias Estaduais com 237.
Revista Carta Capital –
Especial 50 Anos do Golpe - Ano: 2014.
Título:
Uma mentira que insiste em sobreviver.
por Pedro Luiz Moreira Lima
(Filho)
Em 1961, com a renúncia de
Jânio Quadros, começaram as prisões em massa.
Uma ação criminosa com oficiais do Exército, policiais e no apoio,
oficias golpistas da Aeronáutica, tentou sequestrar, provocar e matar meu pai
em uma madrugada. (...)
Ali passei a compreender a
palavra “golpe” e a temer seu aterrorizante significado. Tinha na época 13
anos. (...)
O telefone toca. “Coronel
Rui, se apresentar na Terceira Zona Aérea”. Era o arbítrio mostrando sua cara
e, naquele momento, nossa única certeza era a incerteza do futuro. “Meu filho,
você agora é o homem da casa, se comporte, estuda muito, não tenha medo e cuida
de sua mãe e das suas irmãs”. (...)
Nossa casa era
constantemente vigiada. O mês de abril teve um dos mais fortes invernos no Rio
de Janeiro e convivemos com os “James Bonds” do regime disfarçando, com
ridículos jornais e revistas as espionagens. (...)
O terror veio em 1970,
quando fui levado pelo DOI-CODI como refém para prenderem meu pai. Fui solto ao
som dos gritos do meu pai. “Soltem o garoto”. Ele ficou incomunicável por três
dias. Neste período, foi torturado física e mentalmente no Regimento de Cavalaria
Mecanizado em Deodoro. (...)
Hoje, quem rasgou a
Constituição, compactuou com as prisões, perseguições, torturas, estupros,
assassinatos e desaparecimentos, treme e se apavora. Isso fica claro na
destruição de provas, nas recusas de se apresentar nas Comissões da Verdade e
nos recursos à Justiça, coisa que negaram a suas vítimas.
Depois de longos anos abro
as cortinas de minha alma, como estivesse ainda rua Raul Pompéia. Falo, escrevo
e, livre, conto para as futuras gerações que as ditaduras só podem sobreviver e
durar à custa do medo e do terror.
*Pedro Luiz Moreira Lima é
filho do major-brigadeiro do ar Rui Moreira Lima. Veterano da Segunda Guerra
Mundial, o brigadeiro Rui, como era conhecido, foi um dos vários militares
perseguidos por ser contrário ao golpe de 1964. Ele morreu aos 94 anos, em 13
de agosto de 2013.
O
nazismo foi um dos fenômenos históricos mais complexos e obscuros surgido na
Alemanha do século XX, sob o poder de um personagem racista e altamente
exterminador chamado Adolf Hitler. O nazismo foi baseado em políticas de
segregação racial dirigida especialmente contra os judeus.
O nazismo surgiu
como consequência da complexa situação que vivia a Alemanha após a Primeira
Guerra Mundial. O fracasso econômico e político da República Weimar, assim como
os altos custos impostos à nação por gerar o primeiro conflito bélico, tornaram
a região extremamente caótica.
1.Nazismo é de Direita ou de
esquerda?
"Tanto
o nazismo alemão quanto o fascismo italiano surgem após a Primeira Guerra
Mundial, contra o socialismo marxista - que tinha sido vitorioso na Rússia na
revolução de outubro de 1917 -, mas também contra o capitalismo liberal que
existia na época. É por isso que existe essa confusão", afirma Denise
Rollemberg, professora de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense
(UFF).
A
ideia de uma "revolução social para a Alemanha" deu origem ao Partido
Nacional-Socialista alemão, em 1919. O "socialista" no nome é um dos
principais argumentos usados nos debates de internet que falam no nazismo como
um movimento de esquerda, mas historiadores discordam.
"Me
parece que isso é uma grande ignorância da História e de como as coisas
aconteceram", disse à BBC Brasil Izidoro Blikstein, professor de
Linguística e Semiótica da USP e especialista em análise do discurso nazista e
totalitário.
"O
que é fundamental aí é o termo 'nacional', não o termo 'socialista'. Essa é a
linha de força fundamental do nazismo - a defesa daquilo que é nacional e
'próprio dos alemães'. Aí entra a chamada teoria do arianismo"
De
acordo com Blikstein, os teóricos do nazismo procuraram uma fundamentação
teórica e filosófica para defender a ideia de que eles eram descendentes
diretos dos "árias", que seriam uma espécie de tribo europeia
original.
"Estudiosos
na Europa tinham o 'sonho da raça pura' nessa época. Quanto mais próximos da
tribo ariana, mais pura seria a raça. E esses teóricos acreditavam que o grupo
germânico era o mais próximo. Daí surgiu a tese de que, para serem felizes,
tinham que defender a raça ariana, para ficar longe de subversões e decadência.
(Alegavam que) a raça pura poderia salvar a humanidade."
Mesmo
propagando a ideia de que o nazismo planejava uma revolução social na Alemanha
- o que incluía, por exemplo, maior intervenção do Estado na economia -, o
partido fazia questão de deixar clara sua oposição ao marxismo.
"Os
comícios hitleristas eram profundamente antimarxistas", disse à BBC Brasil
a antropóloga Adriana Dias, da Unicamp, que é estudiosa de movimentos
neonazistas.
"O
nazismo e o fascismo diziam que não existia a luta de classes - como defendia o
socialismo - e, sim, uma luta a favor dos limites linguísticos e raciais. As
escolas nacional-socialistas que se espalharam pela Alemanha ensinavam aos
jovens que os judeus eram os criadores do marxismo e que, além de
antimarxistas, deveriam ser antissemitas."
A eugenia é a seleção dos seres humanos com base
em suas características hereditárias com objetivo de melhorar as gerações
futuras.
O
termo foi criado pelo cientista inglês Francis Galton (1822 - 1911), em 1883. A
palavra eugenia deriva do grego e significa "bom em sua origem ou bem
nascido".
Contexto
histórico do século XIX.
Em
1860 durante uma forte crise nervosa, Francis Galton (1822-1911), encontrou consolo ao ler a obra “A origem das
espécies”.
No ano de 1865, Galton publicou um livro, o “Talento
Hereditário e Gênio” onde dizia:
“[..]
as forças cegas da seleção natural, como agente propulsor do progresso, devem
ser substituídas por uma seleção consciente e os homens devem usar todos os
conhecimentos adquiridos pelo estudo e o processo da evolução nos tempos
passados, a fim de promover o progresso físico e moral no futuro”.
Com
outras palavras ele estava dizendo que deveria ser aplicado o melhoramento
genético na população humana.
Há
uma grande preocupação de que as técnicas usadas no melhoramento genético de
plantas e animais sejam usadas nos homens.
Muitos
pesquisadores declaram que existe um severo problema ético na eugenia, como por
exemplo, o abuso da discriminação, pois ela resulta em uma categorização de
quem é apto e quem não é apto para a reprodução.
Em
diversos países foram propostas políticas de “higiene e profilaxia social”, com
o objetivo de impedir a reprodução de pessoas que possuíam doenças consideradas
hereditárias e, também, exterminar portadores de problemas físicos e mentais.
Um
exemplo extremo de eugenia foi na Alemanha Nazista, comandada por Adolf Hitler,
onde os nazistas almejavam extinguir as “raças humanas” ditas inferiores,
deixando apenas as “raças nórdicas” (arianos) que eram consideradas “raças
superiores”, resultando no Holocausto.
No
Brasil, a Sociedade Paulista de Eugenia foi a primeira a ser fundada no ano de
1918. No 1° Congresso de Eugenismo, realizado na cidade do Rio de Janeiro, no
ano de 1929, foi abordado o tema “O Problema Eugênico da Migração”. No Boletim
de Eugenismo, foi proposto a exclusão das imigrações de pessoas não brancas. No
ano de 1931 foi criada a Comissão Central de Eugenismo com os seguintes
objetivos:
Manter
o interesse dos estudos relacionados à questões eugênicas;
Disseminar
o ideal de regeneração física, psíquica e moral do homem;
Prestigiar
e ajudar as iniciativas científicas ou humanitárias relacionadas à eugenia.
*Francis
Galton (Birmingham, 16 de fevereiro de 1822 — Haslemere, Surrey, 17 de janeiro
de 1911) foi um antropólogo, meteorologista, matemático e estatístico inglês.
Por Allison Almeida, André Gobi e Guilherme Rodrigues
Apesar de toda a riqueza, a cultura caiçara pode ter o mesmo destino das tribos indígenas que habitavam o litoral. Se antes a questão era a colonização extrativista europeia, nas últimas décadas a especulação – na verdade, pirataria – imobiliária, o turismo de massa e as restrições à pesca e ao artesanato são as grandes ameaças.
Quando se pensa nos 7.363 quilômetros da costa brasileira é comum fazer uma associação direta com o turismo. O país tem um dos litorais mais paradisíacos e extensos do mundo. Além das belezas naturais, as praias, enseadas e ilhas abrigam inúmeras populações tradicionais. Antes dos europeus chegarem, o litoral brasileiro era repartido por diferentes tribos: Tupis, Tamoios, Tabajaras e Caetés são alguns dos grupos indígenas que viviam na costa e foram expulsos – alguns extintos.
Atualmente, mesmo com a maior parte da faixa litorânea utilizada para o turismo e outras atividades econômicas, principalmente a portuária e a pesqueira, o Brasil ainda abriga resquícios de comunidade tradicional no litoral. “Os caiçaras são uma mistura de povos indígenas já extintos, europeus de diversos países e negros, principalmente quilombolas que após processos de ocupação do interior devido aos diversos ciclos econômicos do Brasil colonial, ficaram relativamente isolados nessa estreita faixa de terra entre o mar e a serra, que se estende do sul do Paraná até o centro do Rio de Janeiro”, explica Antonio Carlos Diegues, fundador do Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras da Universidade Estadual de São Paulo (Nupaub/USP).
Há, segundo Diegues, os “manesinhos da ilha”, em Florianópolis, e outras comunidades descendentes principalmente de açorianos em todo o litoral sul. Caiçaras são encontrados na maior parte do litoral sudeste e, mais ao norte, podemos encontrar comunidades mais ligadas às raízes africanas, como os jangadeiros e os balseiros, por exemplo, na Bahia e no Maranhão, respectivamente.
O isolamento, no caso, era resultante das dificuldades de locomoção para os centros urbanos. A musicista e cientista social Kilza Setti foi uma das pioneiras a estudar a cultura caiçara, nos anos 1950. Ela relata um de seus primeiros encontros com nativos: “Os caiçaras praticavam em sua oralidade o português arcaico, misturado com muitas palavras de origem indígena”, conta.
Congada de Bastões, tradicional dança caiçara (crédito das fotos desta reportagem: Guilherme Rodrigues)
Com seus “causos”, histórias, costumes, culinária e música, os caiçaras contribuíram profundamente para a ampliação da diversidade cultural brasileira. A música popular caiçara é muito rica e fonte de estudos por todo o país. Dentro do repertório musical, os nativos constroem seus próprios instrumentos de forma muito rudimentar: rabecas, machetes, violas de machete e diversos tipos de tambores e instrumentos de percussão são encontrados nas comunidades, e utilizados em seus fandangos. “O povo caiçara no litoral sudeste guarda preciosas tradições religiosas e profanas. A dança da fita, congada, festa do divino, chiba, dança de São Gonçalo, entre diversas outras, são expressões culturais ainda comumente praticadas. Essas danças e músicas compõem o repertório de músicas caiçaras, o fandango”, explica Setti.
O fandango embala as noites de festejos. Ao som de uma espécie de orquestra que canta as músicas tradicionais, as mulheres agitam suas longas saias. Os homens realizam coreografias que lembram bastante a catira, espécie de sapateado comum no interior do país. Aos poucos, as crianças também entram na brincadeira e o fandango torna-se uma grande confraternização de toda a comunidade. “O fandango está profundamente ligado aos rituais agrários caiçaras, aos mutirões realizados durante a colheita principalmente do arroz, mais ao litoral sul de São Paulo e todo Paraná, e à confecção da farinha de mandioca no resto de seu território. Assim como na construção de suas casas, principalmente de pau a pique, que eram realizadas em conjunto. Primeiro se realizavam as tarefas diárias e, ao final, aconteciam os bailes e comemorações”, diz Antonio Diegues.
Seu Agostinho, artesão construtor de rabecas caiçaras, Cananeia (SP) [crédito das fotos desta reportagem: Guilherme Rodrigues]Apesar de toda a riqueza, a cultura caiçara está seriamente ameaçada de ter o mesmo fim das tribos indígenas que habitavam o litoral brasileiro. Se antes a questão era a colonização europeia, agora a especulação imobiliária, o turismo de massa, de alto impacto social e ambiental, as restrições ambientais para os nativos praticarem a pesca e o artesanato são os grandes problemas.
As dificuldades dos caiçaras começaram com a construção da BR-101 na década de 1970 pelo governo militar. Todo o acesso ao litoral foi facilitado, dando novas perspectivas turísticas a cidades como Ubatuba (SP) e Parati (RJ). Porém, não foram realizados estudos sobre os impactos da construção da via na cultura local. “A realização da estrada trouxe progressos. Antes levávamos horas para chegar até a cidade. Porém nos trouxe uma série de problemas”, relembra Julio Cesar Mendes, folclorista e militante caiçara.
São Sebastião (SP): exemplo de ocupação do litoral por casas de veraneio [crédito das fotos desta reportagem: Guilherme Rodrigues]As valorizadas terras do litoral foram alvo da ação da especulação imobiliária e dos grileiros. Boa parte da população tradicional local foi ludibriada por promessas financeiras e venderam seus terrenos por valores abaixo do mercado, mudando-se para a periferia das cidades litorâneas, migrando para outros centros urbanos ou até mesmo caindo na marginalidade. “O que houve nos anos 1970 não foi especulação, mas sim pirataria imobiliária, e é claro que eles [caiçaras] sairiam perdendo”, diz Kilza Setti.
“Meu avô trocou um terreno a beira-mar por um par de botas”. Esse impressionante relato é da militante caiçara Fátima Souza Santos, que narra como era a ação dos grileiros na época. “Eles seduziam os pescadores distribuindo presentes e dinheiro para ganhar a confiança do povo. Os grileiros convenceram meu avô a colocar o polegar direito num documento para trocar o terreno da família por um par de botas”, conta. Ainda hoje a especulação imobiliária é uma dor de cabeça para os nativos. Pelos altos valores do metro quadrado no litoral paulista, constantemente surgem propostas das mais diversas para que vendam casas e terrenos. A maioria já sucumbiu ao poder econômico, mas há caiçaras que permanecem e não estão dispostos a deixar suas raízes. “Aqui eu tenho de tudo. Não deixo o litoral por nada. Eu tenho a vida que eu quero. Pesco meu peixe, faço meus roçados quando é preciso. Se sair daqui, vou fazer o quê da vida? A natureza me dá tudo o que eu preciso. É a vida que eu pedi a Deus”, diz Altamiro dos Santos, pescador e morador da Praia Grande de Cajaiba, em Parati, há mais de 60 anos.
Orla da comunidade caiçara da Ilha Diana e Porto de Santos ao fundo [todas as fotos desta reportagem são de Guilherme Rodrigues]Estereótipos, preconceitos e etnocentrismoA cultura caiçara é basicamente de subsistência. Em sua maioria, vivem em pequenas vilas onde praticam a pesca, a agricultura e o artesanato de acordo com suas necessidades individuais. Por conta dessa perspectiva cultural, foi inserida na sociedade uma espécie de senso comum pelo qual os caiçaras são cidadãos preguiçosos. “Quem está de fora da comunidade não percebe que os caiçaras têm um ritmo próprio que nada tem a ver com a agitação da cidade. Seguem o ritmo da natureza, da lua, das marés”, explica o antropólogo Antonio Carlos Diegues.
Além de estereótipos e preconceitos, a cultura caiçara sofre outra grave violência simbólica: a ação do etnocentrismo. A antropologia define etnocentrismo como a visão de quem considera os hábitos culturais de seu grupo superiores aos demais. Frequentemente, os pescadores têm embates com alguns grupos evangélicos, que não respeitam as tradições do folclore caiçara.
A peregrinação da Bandeira do Divino, principal festejo religioso caiçara, de tradição centenária, ilustra bem o embate. Em seu percurso pelas ruas e bairros de Ubatuba é comum a manifestação religiosa não ser mais aceita nas casas de alguns moradores que até pouco tempo atrás recebiam a peregrinação. “É complicado e magoa bastante”, diz o professor Domingos Santos, que é filho de caiçara. “De repente, chega uma religião afirmando que nossas músicas, nossa dança e nossa fé são pecados e que nós estamos errados? Que nossos amigos e parentes precisam se afastar da gente? Isso é muito sério”, desabafa.
Equilíbrio ambiental x cultura de subsistência: a questão caiçaraRenato Bueno é um dos carpinteiros mais procurados por pescadores do litoral norte de São Paulo. Pelas suas habilidosas e calejadas mãos é construída a canoa de madeira ou “canoa de um pau só” – um dos principais símbolos caiçaras. Apesar da fama local de sua profissão e de gostar do trabalho artesanal, Renato pensa em largar a profissão por conta das dificuldades para extração da madeira. “Está muito difícil. Para a construção de canoas, só trabalho com madeira morta. Mesmo assim a polícia ambiental me impede de trabalhar e exige um monte de licenças para a minha madeira. É muito difícil trabalhar assim.”.
Calafetação de barco de pesca artesanal caiçara (Praia do Pereque-Açu, Ubatuba, SP) [todas as fotos desta reportagem são de Guilherme Rodrigues]A madeira que o artesão precisa para construir canoas vem de unidades de preservação ambiental, locais onde sua extração é proibida. O Parque Estadual da Serra do Mar, criado em 1977, com uma área de 332 mil hectares que se estende por 25 municípios paulistas – desde a divisa do estado com o Rio de Janeiro até o litoral sul de São Paulo – era um território caiçara. “Nos expulsaram, até hoje os pescadores esperam a indenização e agora não podemos nem retirar uma madeira para trabalhar”, relata o canoeiro.
O mesmo incômodo é apontado por pescadores e pequenos agricultores caiçaras. Segundo pescadores que conversaram com a reportagem, a fiscalização da polícia ambiental é ostensiva e sem espaço para qualquer espécie de diálogo. “Pescador está sendo tratado como um marginal”, exclama Wagner Klinke, presidente da colônia de pescadores da Cananéia (SP).
“O peixe é nosso sustento. Diferente da indústria, fazemos de tudo para preservá-lo. Mas a polícia ambiental não nos deixar retirar o suficiente para o sustento adequado de nossas famílias. Quem insiste acaba com os peixes e materiais de pesca apreendidos, inclusive barcos e canoas. Já teve colegas que já foram presos”, complementa Klinke.
Para o antropólogo Antonio Carlos Diegues, a mediação entre governo e a cultura caiçara precisa acontecer com bom senso, diálogo e conscientização e não com repressão e proibições. “Importamos um modelo de preservação norte-americano que não se aplica à realidade dos povos tradicionais brasileiros. De repente, famílias que conviviam harmonicamente com a Mata Atlântica e com o mar há várias gerações tiveram que procurar outras ocupações e muitos acabaram na marginalidade. Precisa existir bom senso, pois a pesca artesanal, por exemplo, é uma atividade de baixo impacto ambiental. Não há nos nativos a cultura de depredação, pois eles precisam sobretudo da natureza. Agora estão substituindo as canoas de madeira por material de fibra de vidro em nome da preservação, o que é um contrassenso. A canoa de fibra de vidro quando afunda fica no mar por até 500 anos”, opina o cientista social.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do estado de São Paulo não quis se manifestar sobre o tema.
Allison Almeida é graduado em jornalismo (Unicap), pós-graduado em gestão e produção em jornalismo (Puccamp) e pós-graduando em jornalismo científico do Labjor/Unicamp.
André Gobi é graduado em História (Unesp) e pós-graduando em jornalismo científico do Labjor/Unicamp.
Guilherme Rodrigues é graduado em medicina veterinária (FAJ) e pós-graduando em jornalismo científico do Labjor/Unicamp.