por José Gilbert Arruda Martins
O
nazismo foi um dos fenômenos históricos mais complexos e obscuros surgido na
Alemanha do século XX, sob o poder de um personagem racista e altamente
exterminador chamado Adolf Hitler. O nazismo foi baseado em políticas de
segregação racial dirigida especialmente contra os judeus.
O nazismo surgiu
como consequência da complexa situação que vivia a Alemanha após a Primeira
Guerra Mundial. O fracasso econômico e político da República Weimar, assim como
os altos custos impostos à nação por gerar o primeiro conflito bélico, tornaram
a região extremamente caótica.
1. Nazismo é de Direita ou de
esquerda?
"Tanto
o nazismo alemão quanto o fascismo italiano surgem após a Primeira Guerra
Mundial, contra o socialismo marxista - que tinha sido vitorioso na Rússia na
revolução de outubro de 1917 -, mas também contra o capitalismo liberal que
existia na época. É por isso que existe essa confusão", afirma Denise
Rollemberg, professora de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense
(UFF).
A
ideia de uma "revolução social para a Alemanha" deu origem ao Partido
Nacional-Socialista alemão, em 1919. O "socialista" no nome é um dos
principais argumentos usados nos debates de internet que falam no nazismo como
um movimento de esquerda, mas historiadores discordam.
"Me
parece que isso é uma grande ignorância da História e de como as coisas
aconteceram", disse à BBC Brasil Izidoro Blikstein, professor de
Linguística e Semiótica da USP e especialista em análise do discurso nazista e
totalitário.
"O
que é fundamental aí é o termo 'nacional', não o termo 'socialista'. Essa é a
linha de força fundamental do nazismo - a defesa daquilo que é nacional e
'próprio dos alemães'. Aí entra a chamada teoria do arianismo"
De
acordo com Blikstein, os teóricos do nazismo procuraram uma fundamentação
teórica e filosófica para defender a ideia de que eles eram descendentes
diretos dos "árias", que seriam uma espécie de tribo europeia
original.
"Estudiosos
na Europa tinham o 'sonho da raça pura' nessa época. Quanto mais próximos da
tribo ariana, mais pura seria a raça. E esses teóricos acreditavam que o grupo
germânico era o mais próximo. Daí surgiu a tese de que, para serem felizes,
tinham que defender a raça ariana, para ficar longe de subversões e decadência.
(Alegavam que) a raça pura poderia salvar a humanidade."
Mesmo
propagando a ideia de que o nazismo planejava uma revolução social na Alemanha
- o que incluía, por exemplo, maior intervenção do Estado na economia -, o
partido fazia questão de deixar clara sua oposição ao marxismo.
"Os
comícios hitleristas eram profundamente antimarxistas", disse à BBC Brasil
a antropóloga Adriana Dias, da Unicamp, que é estudiosa de movimentos
neonazistas.
"O
nazismo e o fascismo diziam que não existia a luta de classes - como defendia o
socialismo - e, sim, uma luta a favor dos limites linguísticos e raciais. As
escolas nacional-socialistas que se espalharam pela Alemanha ensinavam aos
jovens que os judeus eram os criadores do marxismo e que, além de
antimarxistas, deveriam ser antissemitas."
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