sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A aposta no papel histórico de Dilma

dilmaditadura
                           (Quando Dilma se reencontrará com a jovem Dilma?)

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

Bom texto esse da Morena, o melhor ponto, talvez seja o dos fundamentalistas religiosos. Quando falamos sobre isso com companheiros de luta, com professores/professoras e estudantes pode ficar a impressão que estamos fazendo a tal de "teoria da conspiração" mas, não é não, o que temos alertado ao longos desses últimos anos é a crescente onda conservadora que vem aos poucos tomando conta de parte da sociedade e da política brasileira.

Estive dando uma pesquisada nas propostas de projetos de lei nessa área na Câmara Distrital e no Congresso Nacional, é impressionante a quantidade e o conteúdo conservador, fundamentalista e, de certa forma violento, de grande parte dessas propostas.

A sociedade organizada, professores em todos os níveis, advogados, negros, a população LGBT, os índios, as mulheres, os jovens, precisam tomar pé, criar comitês de acompanhamento e fazer essa discussão chegar às escolas e às ruas.

Tenho postado aqui, matérias sobre a seriedade que representa para a sociedade brasileira como um todo, essa onda conservadora. Não vou, novamente me reportar ao passado longínquo ou não tão distante assim para mostrar as dezenas de milhares de movimentos violentos criados em nome de supostos deuses e que amedrontou, cerceou, assassinou e/ou tirou a liberdade e a vida de pessoas e grupos no mundo todo.

O próximo governo de Dilma Roussef precisa voltar à Dilma da juventude, concordo com a blogueira Morena, e, esse retorno, para melhor e mais democrático, poderá, talvez, transformar as demandas das ruas em ações políticas de fato na construção da liberdade.

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

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A aposta no papel histórico de Dilma

Fonte: Blog Socialista Morena - 03/10/2014

Este ano, mais uma vez, brasileiros de esquerda, militantes ou não de partidos políticos, eleitores históricos do PT, farão a aposta em Dilma Rousseff nas eleições. Decepcionados com os últimos quatro anos, votarão de novo em Dilma não pelo que fez, mas com a esperança de que, reeleita, cumpra o seu papel histórico como mulher, ativista de direitos humanos e participante ativa da luta contra a ditadura militar.
Estamos assistindo atônitos ao avanço dos fundamentalistas religiosos e do conservadorismo em geral em nosso País. Em seus primeiros anos no poder, a ex-guerrilheira não se mostrou valente ao ponto de enfrentá-los, sob a desculpa de garantir a “governabilidade”. Se for reeleita, Dilma precisa retomar a agenda progressista o quanto antes. Abandoná-la foi um erro que, isto sim, quase lhe custou a governabilidade. Ou alguém duvida que as manifestações de junho de 2013 começaram graças à insatisfação da própria esquerda com o PT?
Ceder aos fundamentalistas e ao conservadorismo não rendeu a Dilma estabilidade na presidência muito pelo contrário. É importante o apoio no Congresso; mas mais importante ainda é o apoio das ruas. E não há como apoiar um governo que se amedronta e deixa de cumprir promessas feitas a setores que historicamente sempre estiveram a seu lado. O PT possui uma dívida com as mulheres, com a população LGBT, com os índios, com os sem-terra, com os desaparecidos e mortos pela ditadura. Quem votar em Dilma agora estará apostando que ela seja capaz de saldá-la. Ou irá abandonar a presidente à própria sorte na primeira oportunidade, como aconteceu em junho.
Estou convencida de que nenhum dos candidatos à exceção de Luciana Genro, do PSOL, sem chances reais de vitória– possui as condições de fazer este movimento a não ser Dilma. Não enxergo em Marina autoridade ou vontade política para avançar nas questões LGBTs, por exemplo. E nem mesmo, apesar de seu passado ambientalista, na questão indígena, dadas as escolhas econômicas que está fazendo. O PSDB tampouco demonstrou, ao longo de sua trajetória, que estes temas lhe são caros. O PT, sim.
Com Marina no páreo, Dilma tem a vantagem de estar sem fundamentalistas a seu lado. Todos eles manifestaram apoio à candidata do PSB. É a hora, portanto, de assumir as posições que os desagradam. Senhores marqueteiros, ouçam-me: a conjuntura mundial, moralmente falando, mudou. Vejam o exemplo de Barack Obama nos Estados Unidos. Assumir posições progressistas não tira votos; acrescenta. E, mais que isso, propicia ao governante um suporte fundamental junto à população. São formadores de opinião, gente que fará diferença na hora em que outro “junho de 2013″ se anunciar no horizonte.
Caso seja eleita domingo, Dilma Rousseff terá pela frente dois caminhos a seguir. Ou faz um segundo mandato medíocre como Fernando Henrique Cardoso, em que todo mundo contava os dias para que acabasse, ou segue o exemplo de Lula, se aproxima dos movimentos sociais, e se supera em relação ao primeiro mandato. É preciso que Dilma faça sua escolha: se quer, mesmo sendo a primeira mulher a ocupar o cargo, tornar-se apenas mais um retrato na galeria dos presidentes da República ou se quer garantir o seu lugar na História.


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Dia decisivo para a “sobrevida” da candidatura Marina Silva

queda

Em quem a direita vai se agarrar agora que a candidata Marina cai como manga madura?
A sociedade brasileira, apesar de toda cretinice das elites e parte da classe média conservadora, enxerga muita coisa. Ver por exemplo que o mercado e os grandes grupos econômicos, apenas desejam mais e mais, é um verdadeiro "saco sem fundo", como diria minha vó.
O grande capital, capitaneado pela "grande" mídia, que PHA denomina, com muita razão, de PIG - Partido da Imprensa Golpista -, parece perdido no momento, claro, não tenha ilusões, continuarão ganhando e enriquecendo, mas estão momentaneamente no "mato sem cachorro", apostaram em Aécio (murchou), depois da tragédia da morte do candidato do PSB jogaram todas suas fichas em Marina que subiu...subiu e, agora, caiu...caiu...
Em quem se agarrar?
por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
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Dia decisivo para a “sobrevida” da candidatura Marina Silva
Vem aí uma maratona de pesquisas.
O Datafolha registrou nada menos que três: para hoje, amanhã e sábado.
O Ibope, outras três: hoje, sexta e sábado.
É uma vergonha, em matéria de indução do eleitorado, mas é assim que as coisas se passam em nosso país, com a mídia que temos, com seus “apêndices” estatísticos.
Vamos assistir uma guerra, que vai ter como cena central a “crise” econômica que está sendo criminosamente construída na Bolsa e no dólar.
Essa é a “frente de ataque a Dilma”, mas a direita, apesar ne ter deixado de lado toda a prudência nisso, não sabe o que fazer diante do caldeirão em que armou seus feitiços.
Marina foi uma aposta imprudente, na qual jogou todas as suas fichas, e ela, visivelmente, gorou.
Pode ter força residual para chegar ao segundo, mas isso se torna cada vez mais duvidoso.
O Globo, hoje, abre suas baterias sobre ela.
Reportagem mostra como foi financiada pela Natura e pelo Itaú.
Merval Pereira já admite que, entre os assessores de Aécio (isso é uma auto-análise?) é forte a percepção de que “é possível ir ao segundo turno passando por cima de Marina”.
E Ricardo Noblat, que havia se tornado um dos mais intransigentes “marinistas” da mídia, parte para o desaforo com a candidata.
E vaticina: “Agarre-se Marina com todos os deuses disponíveis para não morrer na praia antes de domingo próximo. Corre tal risco.’
Quem vai mostrar este “risco” são os números que as pesquisas de hoje terão coragem de assumir.
Marina abaixo dos 25% será sinal de desembarque da candidatura da ex-verde, ainda mais se acompanhado de Aécio com 20%.
A tendência é essa e é no um a mais, um a menos – que vai se estreitando quanto mais perto estamos da votação – que se formam as “ondas” de expectativas.
Para recordar: no primeiro turno de 2010, Dilma teve 46,9% dos votos válidos, depois de uma semana final com tendência de queda, o contrário do que ocorre agora, quando tem 45- 46% dos válidos
Serra teve 32,6%, e entrou estável na última semana, com uma percentagem entre os válidos que se aproximava dos 32, segundo o Datafolha. Como Marina virou o Serra de 2014, veja-se que ela tem, no último Datafolha, 30,3% dos válidos, em franca trajetória de queda.
E Aécio, o azarão que era Marina em 2010, quando esta teve 19,3% dos válidos, entra, em estabilidade ou leve alta, na semana final nas mesmas condições que ela terminou, pois tem, segundo o último Datafolha, 20,2% dos válidos.
Marina tornou-se um mulambo eleitoral. Imprestável.
Tornou-se evidente que a direita ou a mata ou corre o risco de morrer com ela.

Lula e Dilma intensificam campanha em São Paulo

ITAPEVI
                Lula mergulhou de cabeça na campanha em São Paulo.
Campanha eleitoral para pessoas, projetos para pessoas, sorrisos também. Esqueça o ódio, o preconceito, se você é Povo, é trabalhador/trabalhadora, engaje na campanha nesse momento.
A foto acima, retirada do blog TIJOLAÇO, é emblemática, é verdadeira, o Povo, na sua grande maioria, percebeu que nos últimos 12 anos o país avançou, talvez como nunca, em várias áreas.
É hora de você se envolver, dizer firmemente de que lado está, não é possível ficar em cima do muro, quem faz isso é no mínimo um omisso, para não dizer mais.
Desde 1989 entramos na luta das campanhas eleitorais, naquela época em Grajaú e Imperatriz, afastados dos empregos, fazíamos pequenos comícios relâmpagos em vários pontos da cidade em cima de um jeep de um amigo ou no fusca azul do "seu" Amadeu.
Foram três campanhas até a vitória, foram tempos de muita luta, mas valeu muito a pena, somos hoje um país bem melhor, construímos Políticas Públicas de alcance social jamais pensada.
Entre, lute pata manter acesa a chama popular de um governo que fez, faz e fará ainda mais pelo Povo, pela maioria.
por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
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Lula e Dilma intensificam campanha em São Paulo
Está fazendo – e isso é um sacrifício para ele… – discursos relâmpago para poder dar conta de uma agenda diária de três ou quatro atividades de corpo a corpo.
Hoje foram Itapevi e ainda tem Barueri, Carapicuíba e Osasco.
O peso de Lula na periferia você vê aí nas fotos.
E ele provoca: “eu ouvi dizer que o mercado está nervoso porque a Dilma vai ganhar. Ganhei em 2002 e 2006 e não pedi voto para o mercado. Dilma ganhou em 2010 e não pediu voto pro mercado. A gente pede voto é pras pessoas”.
Segundo o R7, ele afirmou  que a elite nunca aceitou o fato de o PT governar o Brasil e disse que o partido sofreu “o maior preconceito da história do País” e que ele  era criticado qualquer motivo, inclusive por ter barba.
— Mas eles esqueciam que Jesus Cristo também tinha barba, Tiradentes também tinha barba.
O PT intensificou a ofensiva para virar os votos paulistas, único estado importante onde Marina Silva ainda tem vantagem. Dilma participou de carreata  em Santos.
E está agora no Rio, falando a atletas  e a profissionais do esporte.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

I Fórum dos Eixos Transversais - SEEDF

Prof. Dr. Nelson Inocêncio (Unb) e Prof. Gilbert (CemSL)

Estivemos no dia de ontem na Escola Parque da 313/314 Sul no I Fórum dos Eixos Transversais. Você, companheiro professor e companheira professora, precisa, se ainda não o fez, conhecer e trabalhar no seu dia a dia de sala aula os temas dos Eixos Transversais.

Ontem, tivemos a oportunidade de debater com uma mesa de professores altamente preparados e, todos eles negros, para mim é um bom sinal de respeito à diversidade, apesar de fora, lá na sociedade, esse respeito não seja o mesmo, ao contrário, a intolerância parece reinar e, isso é preocupante.

Uma das minhas indagações no momento do debate, foi - "Quando falamos sobre, por exemplo, religiões afro-brasileiras em nossas coordenações com as diversas áreas, sentimos um clima tenso entre nós professores e professoras, a impressão que passa, é que nós educadores e educadoras, em pleno século XXI, nos encobrimos com o manto da intolerância e do preconceito, o que fazer para tirarmos essa roupagem?" Como posso trabalhar educação para o respeito à diversidade, se eu sou preconceituoso, intolerante? Esse, penso eu, talvez seja um dos maiores desafios na educação brasileira, principalmente na escola pública.

Um dos pontos talvez mais importantes da explanação dos debatedores foi a questão do proselitismo. Nós educadores insistimos em dizer que não podemos falar de religião nas escolas, que o Estado brasileiro é laico mas, de forma inconsciente ou não, nos empenhamos em converter nossos alunos e alunas à nossa fé religiosa. Como posso fazer isso? É aceitável? claro que não. O proselitismo é uma realidade em nossas escolas, principalmente nas públicas, por isso talvez seja importante, encararmos a questão da Educação Religiosa, entendermos a base legal - Constituição88, LDB/96 e demais fundamentos legais - e promovermos o debate honesto nas escolas e, a partir daí, tomarmos uma decisão que seja a melhor e mais democrática e honesta, o que não é aceitável, é a prioridade que é dada no ambiente escolas às religiões cristãs em detrimento das religiões afro-brasileiras ou outra fé qualquer, ou fé nenhuma.

Minha sugestão aos colegas professores e professoras: Conheçam os fundamentos legais do Estado brasileiro sobre o Ensino Religioso nas escolas, conheçam a questão da laicidade do Estado, conheçam as religiões afro-brasileiras e indígenas ameríndias, conheçam o islamismo, conheçam as demais religiões mas, para que isso possa acontecer de fato, você precisa se despir do preconceito, da intolerância.

Bons estudos, boas aulas.

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)



terça-feira, 30 de setembro de 2014

Dilma a 4 pontos do 1°. turno! Quem com pesquisa feria, o Tijolaço agora fere

De Graça, no face do C Af

No Conversa Afiada - 30/09/2014
O Fernando Brito está impossível: assim a Bolsa fecha, Fernando !

PESQUISA CNT/MDA: DILMA A 4 PONTOS DE FECHAR NO 1° TURNO. MARINA DESPENCA, AÉCIO SOBE

Na pesquisa CNT/MDA  divulgada agora há pouco, Dilma Rousseff subiu para 40,4% das intenções de voto, 4,4 pontos a mais que no levantamento  divulgado na semana passada. Marina Silva teria  com 25,2%, com redução de 2,2 pontos em relação à pesquisa anterior. Aécio Neves (PSDB) aproximou-se de Marina, com 19,8% e aumento de 2,2 pontos.


No segundo turno, onde Masrina e Dilma apareciam empatadas tecnicamente na pesquisa anterior (42% para Dilma, 41% para Marina) a diferença agora é de nove pontos: Dilma tem  47,7% das intenções de voto, enquanto Marina aparece com 38,7%.


Numa escolha  entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, ela tem a preferência de 49,1% dos eleitores e o tucano aparece com 36,8%. E quando se  simula a disputa de segundo turno entre Marina e Aécio, ela tem 41,1% das intenções de voto, contra 36% do candidato do PSDB.


Em uma semana, a avaliação positiva do governo cresceu para 41%, fração dos  dos entrevistados o consideram ótimo ou bom. Antes, o índice estava em 37,4%. A avaliação negativa (ruim/péssimo) passou de 25,1%, do levantamento anterior, para 23,5% no divulgado nesta segunda-feira. A aprovação do desempenho pessoal de Dilma Rousseff também cresceu e chegou a 55,6%. Os eleitores que a desaprovam caíram  de 43,8% para 40,1%.


A rejeição de Marina Silva ultrapassou a de Dilma Rousseff. Agora, a candidata do PSB, em quem 38,7 % não votariam de jeito nenhum tem a rejeição de 42,5%. Já Dilma, que era rejeitada por 43,9% agora tem um índice de 41,1%.


Reparem: o intervalo entre as duas pesquisas foi de uma semana. O mesmo intervalo que temos até a eleição.

Vox no 1°: Dilma 40 vs 24 Bláblá Aécio tem 18

Segundo (se houver) da Vox: Dilma 46 x 39 da Fadinha da Floresta.

Dilma tem 6 dias  para fechar o 1°. turno.

Com a rapidez da queda da Bláblá, vai ser mole.

Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Bens comuns: da privatização à democracia real

140902-Democracia
Estudo revela: multiplicam-se iniciativas que mobilizam inteligência social para gerir serviços públicos, livrando-os da burocracia estatista e dos riscos de mercantilização
Por Ladislau Dowbor
The other side of pushing for democracy-driven transformationis the building of democracy in the internal running of the public sector.1
O setor público, a máquina do Estado, com os seus ministérios, secretarias, divisões de poder, direito público administrativo e outras heranças institucionais estão sendo pressionados pela chamada modernidade. É significativo que quase todos os países disponham hoje de ministérios ou departamentos de reforma administrativa, pois com a expansão das políticas sociais, a urbanização generalizada e o poder das novas tecnologias de informação e comunicação, os pontos de referência estão se deslocando radicalmente. Sentimos os arranjos institucionais existentes como congelados no tempo.
Bastante mais precário ainda, no entanto, é o referencial jurídico e administrativo das organizações da sociedade civil, e de forma geral emerge como desafio a dimensão participativa das nossas democracias. Quando vemos manifestações como as de junho de 2013 no Brasil, mas também mobilizações semelhantes nos mais variados países, com milhões de pessoas saindo à rua para fazer política – centrada nos protestos contra os bancos privados e Wall Street ou contra os governos, reclamando regulação financeira ou saúde e mobilidade urbana, ou ainda democracia na gestão dos recursos em geral – aparece claramente a fragilidade das correias de transmissão, digamos assim, entre as necessidades e interesses das populações e os aparelhos administrativos estatais.
As corporações privadas, a bem da verdade, também enfrentam estes desafios. Em termos de burocracia e de falta de resposta (responsiveness) aos usuários não deixam muito a desejar ao setor público. O resgate da governança, da capacidade de articulação do conjunto das políticas de uma sociedade moderna, está se tornando no desafio principal que enfrentamos.
Poder votar a cada dois ou a cada quatro anos já não basta para assegurar as dimensões democráticas de uma sociedade complexa. Há inúmeras iniciativas interessantes como os sistemas de consulta direta entre a administração central ou regional e as administrações locais na China, o sistema direto de consulta do NEDLAC (National Economic Development and Labor Council) na África do Sul, os acertos entre as administrações locais, empresas e OSCs (Organizações da Sociedade Civil) na linha da negotiated economy na Dinamarca e outras experiências. E temos evidentemente os conselhos como o CDES em Brasília, com representação de empresas, sindicatos, academia e movimentos sociais, hoje surgindo no nível dos Estados da federação e dos municípios. São Paulo hoje tem, além do Conselho da Cidade, conselhos eleitos nas 32 subprefeituras. O denominador comum é sem dúvida a necessidade de uma maior densidade de presença do cidadão nos processos decisórios da sociedade. Democracia representativa já não basta, isto está se tornando claro, e apesar das resistências, aos trancos e barrancos e passando por estruturas experimentais, estamos avançando.

Inovações estão surgindo justamente onde temos os maiores problemas. Trata-se dos bens públicos (commons), por exemplo a água, e bens de consumo coletivo como por exemplo saúde, educação, cultura, segurança. Vemos aqui idas e vindas com privatizações (em geral desastrosas), Organizações Sociais (em definição), retomadas pela administração pública direta (frequentemente com pesadas burocracias), terceirizações (que tendem a reproduzir a burocracia mas sem o controle correspondente) e diversas formas de parcerias. No conjunto, uma grande fragilidade e insegurança organizacional, busca insegura de novos arranjos institucionais.
No pano de fundo, está o fato de que no caso dos bens públicos, a apropriação privada leva à liquidação das florestas e dos recursos pesqueiros oceânicos, à contaminação dos rios e dos lençóis freáticos e assim por diante. Quem protege o que parece não ter dono? Aqui a competição de grupos privados associada à falta de regulação leva a uma corrida por quem arranca o pedaço maior, e com as novas tecnologias e o crescimento do consumo no mundo estamos correndo ao desastre.
Dilema análogo encontramos nas áreas de consumo coletivo, onde a saúde privatizada vira indústria da doença, a educação indústria do diploma, a cultura indústria do enlatado e da publicidade e semelhantes. Um sistema privado de saúde está interessado em ter clientes, e se possível de renda elevada, e não tem nenhum interesse em sistemas preventivos que reduzem as doenças, e por tanto a clientela. Há contradições que são estruturais. Produzir saúde, criar um ambiente comunitário culturalmente rico, gerar paz social não são “produtos” da mesma natureza que produzir automóveis.
Um estudo particularmente interessante, de Hilary Wainwright, e publicado pelo Public Services International em colaboração com o Transnational Intitute, organiza de maneira muito feliz os argumentos no sentido de se reorientar as parcerias público privadas do seu sentido Estado-Empresa para uma visão de articulação mais rica entre o Estado e as diversas formas de organização de usuários e de sindicatos. Para um país como o nosso, que acaba de aprovar o marco regulatório das organizações da sociedade civil e uma Política Nacional de Participação, estas ideias têm muita relevância. Intitulado The Tragedy of the Private:the Potential of the Public (A tragédia do privado: o potencial do público), o estudo vai no contrapé do famoso Tragedy of the Commons dos anos 1960, frequentemente utilizado para justificar privatizações.
Wainwright trabalha numa linha inovadora, que é de ver como funcionam, em diversas partes do mundo, as administrações municipais onde a solução dominante passou a ser uma aliança entre o interesse dos funcionários e da administração em geral em serem mais produtivos e valorizados, e o interesse dos usuários por serviços mais eficientes. As sua intenção é de “pesquisar os mecanismos de mudança quando esta é guiada pelos objetivos de serviços públicos democráticos mais do que pelo lucro”.(29)
O exemplo inicial é o da administração da água. “Das lutas transnacionais muito efetivas contra a privatização da água emergiu uma ideia inovadora de parceria público-público, ou público-civil, em que as organizações públicas e organizações da sociedade civil que administram serviços públicos colaboram por cima das fronteiras nacionais para dividir experiências, colaborar na busca de financiamentos, e de maneira geral para fortalecer o poder das instituições públicas e civis na gestão de serviços e utilidades públicas. Este modelo público-público/público-civil está se tornando uma ferramenta institucional cada vez mais central na luta contra a privatização e na busca de uma gestão pública de alta qualidade”.(7)
O ponto de apoio desta visão é que com a generalização da educação e dos meios de informação, já não temos um hiato tão profundo entre elites com elevado nível de formação (mas também de interesses privados) e a massa de funcionários e de usuários desinformados. Continuamos sem dúvida com um grande elitismo em termos de dinheiro e de poder, mas a compreensão das prioridades reais da sociedade está se generalizando. “O ponto de partida dos esforços que relatamos, de uma transformação centrada na democratização e na melhoria dos serviços públicos, é o know-how e a criatividade tanto dos funcionários de serviços públicos quanto dos que usam os serviços”. (7)
Trata-se aqui de gerar ferramentas institucionais para que esta compreensão se transforme em políticas mais adequadas. E não mais “eficientes” como no caso da privatização, em que a eficiência dos processos se consegue às custas da deformação dos objetivos. A tragédia dos planos privados de saúde, a elitização da educação privada, o travamento dos sistemas de mobilidade urbana (transporte individual privado em detrimento do sistema público) e outros demonstram claramente este dilema. “A lógica do lucro simplesmente não responde aos imperativos das necessidades sociais e dos direitos humanos”.(33)
Há hoje uma certa reversão de tendências. Wainwright cita “o estudo de David Hall para o European Public Service Union (sindicato europeu de serviço público) que mostra claros sinais de que as municipalidades estão continuando a se orientar para a “remunicipalização” e não a privatização em numerosos países da Europa, incluindo a Alemanha, a França e o Reino Unido.”(32)
Paris, por exemplo, como outras cidades, retomou o controle da gestão da água, bem público essencial e de consumo coletivo, desastrosamente administrado após a privatização. “A água em Paris é agora administrada por um conselho que inclui representantes dos trabalhadores e dos usuários, supervisionado de forma independente por cientistas e representantes públicos. Enquanto os preços subiram de forma continuada durante a gestão privada, caíram de 8% depois do primeiro ano de volta à propriedade pública. Os preços agora estão 40% mais baixos do que nas periferias da cidade onde a água ainda é administrada por uma empresa privada.” (26)
O resgate da gestão pública não é aqui um simples retorno ao passado: central neste processo, é a simultânea democratização: “A expansão da ideia de se fortalecer o controle local democrático sobre o dinheiro público está focada no reforço da participação cidadã. A experiência de Newcastle (Reino Unido) eleva a nossa compreensão da democratização ao expor e democratizar os processos normalmente escondidos e rotineiros de gestão dos recursos públicos. Enquanto as formas de organização interna do setor público continuarem a ser de cima para baixo, fragmentadas e desconhecedoras do potencial real dos funcionários, qualquer democracia participativa do mundo poderá ser absorvida e esterilizada ou bloqueada pelas estruturas hierárquicas e procedimentos burocráticos. O processo interno de democratização é portanto fundamental.”(31)
A tendência que Wainwright apresenta nesta revisão de tendências em vários países, é a mobilização dos tão frequentemente criticados funcionários públicos e das suas organizações para a racionalização e a democratização dos próprios serviços, ao gerar arranjos institucionais que permitam a sua efetiva interação com as organizações dos usuários. “A ideia da natureza dual do trabalho implica que o que estamos vendo é uma extensão das prioridades das organizações de trabalhadores públicos para além do valor de troca (por exemplo, o nível de remuneração ou a jornada de trabalho) para incorporar uma preocupação efetiva com o valor de uso (por exemplo, a qualidade do serviço público prestado).(35)
O que este argumento implica, “é que a ideia de ‘participação’ precisa ser ampliada para incluir um envolvimento maior dos trabalhadores no processo decisório público sobre como o seu trabalho é utilizado. Desta maneira, os trabalhadores do serviço público poderão se assegurar de que a sua criatividade será utilizada para o benefício e em colaboração com os seus concidadãos”. (36)
Esta outra visão de arranjos institucionais, envolvendo parceiras já não apenas do Estado com as empresas, e sim envolvendo um resgate da força e da dignidade do servidor público, articulado com os movimentos sociais e as organizações da sociedade civil em geral, abre perspectivas de uma sociedade ao mesmo tempo mais democrática nos processos decisórios e mais eficiente nos resultados. Este breve estudo, de 48 páginas, com descrição das formas inovadoras de organização e com numerosos exemplos, constitui uma ferramenta importante tanto para pesquisadores como para gestores sociais.
The Tragedy of the Private: the potential of the public – Public Services International, Transnational Institute, 2014, 48p. Documento completo online, em inglês, emhttp://dowbor.org/2014/07/hilary-wainwright-the-tragedy-of-the-private-the-potential-of-the-public-julho-2014-48p.html/ ou http://www.world-psi.org/sites/default/files/documents/research/alternatives_to_privatization_en_booklet_web_april.pdf
1 O outro lado da luta por uma transformação centrada na democracia é a construção da democracia no funcionamento interno do setor público. (7)

A cultura e os índios

Índios Ashanika no Acre
Ashaninkas no Acre. Juca denuncia: “Soube há uma semana que quatro deles foram massacrados e que alguns dos líderes daquele povo não podem sair da aldeia”


Prezada presidenta Dilma Roussef, sou professor de História, sou filho de Grajaú, no Estado do Maranhão, cidade secular, fincada no meio de aldeias guajajaras.
Sou filho do seu Amadeu e dona Neuza, sou filho da América e do Brasil. Sou parte de uma nação forjada pelo sangue e pelas cores da África. Felizmente ou infelizmente sou também filho da Europa portuguesa, nossos invasores e dominadores do século XVI.
Presidenta, como afirma o texto logo abaixo, a vida dos povos indígenas está ligada ao nosso DNA, somos parte deles e eles parte de todos nós.
Somos os invasores? Antes da chegada dos portugueses essa terra tinha dono, fomos nós, brancos, cristãos e "civilizados" que, com arrogância, empreendemos uma das mais violentas formas de conquista. Nos apossamos das suas mulheres, das suas riquezas e da sua terra.
A terra, que para o sistema hegemônico é mercadoria que vende/compra/penhora/herda, para o indígena é extensão de seu ser, é parte de sua cultura milenar, é instrumento de ligação com os deuses.
Não podemos continuar jogando no lixo da história uma cultura esplendorosa que, se respeitada, poderá ser incorporada por toda a nação brasileira, fortalecendo, agregando valores de solidariedade, de amizade, de paz, numa relação harmoniosa do homem e mulher com a natureza.
Nossa nação brasileira será mais forte, pujante e democrática quando decidirmos por defender os povos que nos deram origem. Os Ashaninkas estão sendo assassinados, madeireiros, fazendeiros, grileiros e aventureiros inescrupulosos, estão dizimando essa maravilhosa nação.
Presidenta, o que vou dizer ao meu filho de seis anos? 
Meu filho vive ao meu lado assistindo o que assisto, lendo o que leio, falando sobre o que falo, ele, com certeza, vai saber dos Ashaninkas, o que direi?
Sei que você está no meio de uma campanha eleitoral, na última semana antes das eleições, mas presidenta, quando fores eleita em primeiro turno dia 5, leia esta carta e tome em suas mãos a decisão de solucionar a questão da demarcação e proteção das terras indígenas do Brasil.
Os Ashaninkas, Guajajaras, Timbiras, Ianomames, Kaiapó, Tapirapé, Bororó...agradecem.

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

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A Cultura e os Índios

Por Juca Ferreira | Imagem: Mike Goldwater - Fonte: Outras Palavras - 29/09/2014

O Brasil democrático tem que reconhecer a importância dos povos indígenas. Sem eles, o Brasil não será democrático. Nosso país não pode permitir que eles sejam dizimados, que seus direitos sejam massacrados, que esses povos fiquem vulneráveis frente a garimpeiros, latifundiários e agricultores, sejam eles pequenos, médios ou grandes. Não digo isso só por notícia de jornal. Eu acompanhei esse tema de perto, quando fui ministro. Fui a algumas aldeias, fortalecer uma relação cultural com os povos indígenas, pois eles são parte da singularidade cultural brasileira, são parte do nosso DNA. Não podemos perder a possibilidade de incorporá-los ao projeto democrático, não podemos deixá-los ao relento, à sua própria sorte.
Uma das aldeias que visitei foi a dos Ashaninka, perto da fronteira com o Peru. Soube há uma semana que quatro de seus indígenas foram massacrados e que alguns dos líderes daquele povo não podem sair da aldeia. Isso porque capangas, interessados em suas terras, já disseram que esses líderes estão numa lista para serem mortos. Isso não é um caso excepcional, é parte da realidade que a gente vive no Brasil.
Nós, os não índios, temos que incorporá-los como parte da sociedade brasileira, plenos de direitos; como irmãos. Precismos perceber os indígenas como parte da nossa sociedade. E eles só podem se sentir assim se estiverem plenos de direitos e em condições de serem o que são. Eu me lembro de um cacique, acho que de nação Tucano, que chegou lá no Ministério e disse: “sabe o que eu mais gosto em vocês? O Ministério da Cultura do governo Lula não diz como a gente deve ser índio. Chegam por lá uns antropólogos querendo dizer como a gente deve ser índio. Eles às vezes sabem bastante da nossa cultura, mas esquecem de uma coisa, essa relação com o mundo de vocês modifica tão profundamente a nossa realidade que nós não podemos ser apenas o que éramos antes de ter esse contato. Esse desafio tem que ser uma opção diária, nós queremos ter o direito ao protagonismo na construção de soluções na relação com o mundo de vocês”.
Outro cacique, desta vez um Bororo, também me revelou muito sobre sua identidade cultural quando disse assim: “eu quero ser índio, porque se eu tentar ser um de vocês eu não serei nada, mas eu gosto de televisão, de novela, de computador, de celular”. É um direito deles, ter acesso a equipamentos e ferramentas que os auxiliem na construção de suas vidas.
A Funai precisa ser fortalecida. É preciso recompor a Funai para que possa cumprir as funções que lhe cabe no século 21, garantir a todos os indígenas os direitos básicos. Mas isso não basta. Nós, no Ministério da Cultura do Governo Lula, abrimos as portas do ministério para os povos indígenas. Nos aproximamos com nossos programas e ações de mais de 100 nações. Impressionou-nos a receptividade de grande parte deles, pois tinham tudo para ser desconfiados. Confiaram na gente e também abriram as portas de suas aldeias. Não fomos aos índios para concorrer com a Funai. Fomos para ampliar o trabalho do Estado brasileiro, para reforçar o princípio de que a terra é fundamental para os povos indígenas, mas que também é importante e fundamental para sua sobrevivência a garantia das condições culturais de preservação da identidade e de um contato com a sociedade não indígena que seja positivo. Só cabe a eles definir quão índio querem continuar sendo e o que da nossa sociedade eles querem incorporar.

Uma das alegrias que tive na aldeia Ashaninka foi conhecer um Ponto de Cultura Indígena. Eu não sabia que eles tinham um ponto ali: vários índios usando computadores, um deles conversando com a Alemanha, preparando um evento baseado em um trabalho de coleta de informações e dados dos conhecimentos da floresta para que não fossem roubados, para que aqueles conhecimentos pudessem ser reconhecidos como patrimônio deles. Não estavam querendo impedir o acesso das pessoas àquele patrimônio, mas que esse acesso, uma vez que ocorresse, trouxesse algum dividendo para o povo Ashaninka. Queriam impedir que aquilo que eles são se tornasse propriedade de uma indústria farmacêutica, alimentícia ou de cosméticos e que chegassem lá e levassem para patentear esse conhecimento.
Essa manutenção da visão etnocêntrica em relação aos índios é uma perda para nossa sociedade. Se formos capazes de incorporar os índios na sua singularidade, com suas terras, seus conhecimentos, e isso fizer parte do Brasil do Século 21, nosso país vai ter um cabedal de conhecimento enorme para ser potência e ampliar o seu desenvolvimento.
Não há possibilidade do Ministério da Cultura do Brasil no Século 21 permitir que a contribuição indígena para o Brasil volte à invisibilidade. Essa noção de que nós estamos vivendo um processo complexo cobra de nós uma enorme responsabilidade na construção de uma nação democrática, plural, que respeite a diversidade humana, e ajude a construir a humanidade de todos os brasileiros. E isso só se consegue na democracia.

Cantinho da História 43: metodologia - fichamento

Hoje vamos inaugurar as aulas na Biblioteca da escola. Vamos fazer uma pesquisa sobre a Idade Média/Feudalismo com destaque para a denominada Baixa Idade Média que vai do século XI ao XV. Esse vídeo da profa. Gicelle é muito bom para nos ajudar a criar fichamentos.
Bons Estudos.

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

Cantinho da História 75: o conceito de Idade Média em Le Goff, Huizinga, Duby e Bloch

Estamos fechando o estudo de Idade Média/Feudalismo. O vídeo acima nos ajuda bastante no entendimento da Idade Média. Aqui há uma discussão inicial sobre Idade Média/Idade das Trevas. A professora cita grandes e importantes autores/especialistas sobre o período.
Você estudante de Ensino Médio/Superior, que pretende entender, por exemplo, capitalismo, precisa antes estudar Idade Média e esse vídeo é fundamental.
Sugestões de livros, de autores importantes sobre esse período histórico que, segundo vários autores, criou a Europa.
Bons estudos.

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

Nova é esta Marina Silva A candidata do PSB pratica a velha política enquanto prega o contrário. Destruiu o ideário de Eduardo Campos e talvez consiga demolir o próprio partido que representa



O que representa, se eleita, um governo da Marina?
Existe um ponto de interrogação enorme pairando sobre a cabeça de muita gente hoje no Brasil.
No final da década de 60, no Estado de São Paulo, existia um cara chamado Jânio que nem a cidade conhecia bem, mas como mágica, usando um discurso fácil de pureza, apolítico - como se fosse possível - eis que surgiu um candidato para salvar o país da roubalheira, Jânio Quadros, como um foguete, subiu e depois caiu; breve foi seu voo, pois não existia sustentação política, ideológica, programática.
Anos depois - cerca de 30 anos - eis que surgiu Collor de Mello, o "caçador de marajás", o povo embarcou de novo no canto da sereia, deu no que deu.
A candidatura de Marina é uma incógnita, nem os mais "especializados especialistas", conseguem explicar de forma clara o fenômeno.
Prometeu novidade, criticou os políticos, e, ao contrário do que defendeu, aparece na campanha com o que há de mais atrasado, em Santa Catarina, por exemplo, eufórica, pediu votos ao filho de um dos políticos mais ligados à ditadura militar brasileira, o Sr. Jorge Bonrhausen, Bornhausen Filho é candidato ao Senado naquele Estado.
Como FHC - um dos pais do complexo de vira-latas no país - parece pedir que todos esqueçam seu passado como defensora do meio ambiente, da preservação da Amazônia etc.
Marina é uma 2a. opção da direita? É uma saída para os grandes grupos conservadores que perderam espaço com os governos Lula da Silva e Dilma Roussef?
O que representa sua candidatura?
O que o país ganha?
Ou vamos retroceder nas políticas públicas que foram criadas nas áreas social, educacional, trabalhista, humana dos últimos 12 anos?

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

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Editorial

Nova é esta Marina Silva

A candidata do PSB pratica a velha política enquanto prega o contrário. Destruiu o ideário de Eduardo Campos e talvez consiga demolir o próprio partido que representa

Não há quem segure a candidata Marina Silva nesta caminhada final rumo à eleição. Em Florianópolis, subiu ao palanque de Paulinho Bornhausen e com empenho apaixonado pediu votos para sua candidatura a senador. Precioso trunfo para o filho de Jorge Bornhausen, governador biônico de Santa Catarina durante a ditadura, liderança do ex-PFL e patriarca de uma das mais ricas famílias do estado. Direita reacionária na sua acepção mais desbragada.
Esta adesão eufórica à velha política assinala a enésima contradição de pregadora da nova. Uma análise da personagem do ponto de vista psicológico exibe, isto sim, uma nova Marina. A contida, austera ambientalista na qualidade de candidata em campanha mudou radicalmente o seu estilo, a ponto de pôr em xeque as crenças professadas até ontem.  A perspectiva do poder leva-a a renovar seu verbo e seus gestos e a buscar a companhia de quantos aparentemente haveriam de ser seus adversários, se não inimigos. Vale tudo para chegar lá, é o que se deduz sem maiores esforços.
Confesso minha surpresa. Marina Silva revela uma determinação obcecada  que não imaginava. Certo é que a candidatura de Eduardo Campos, sua plataforma, suas ideias, seus projetos e propósitos, Marina conseguiu destruir. Receio que logre ir além, para demolir o próprio Partido Socialista. Em lugar da nova política, temos a nova Marina.
Humoristas midiáticos
Há momentos de puro humorismo propiciados pela mídia nativa. No momento a Folha de S.Paulo celebra a instituição do ombudsman há 25 anos, de sorte a estabelecer a autocrítica dentro do próprio jornal. O Folhão se apressa a esclarecer, pomposo, que o exemplo não foi acompanhado pelas demais publicações brasileiras enquanto em vários países do mundo a prática salutar é adotada. O nome ombudsman, admito, me soa desagradável. De todo modo, tivesse funcionado sempre para valer, viveria física e moralmente esgotado.
A leitura e a audiência que parcimoniosamente dedico à mídia nativa me revelam o autêntico responsável por todos os males no momento padecidos pelo Brasil. Ou melhor, a responsável, Dilma Rousseff, a começar, pasmem, pela crise econômica mundial, que ninguém poupa, até a inflação e o desemprego. Mas os porcentuais não são bastante baixos em relação aos números globais? Segundo o Cérbero da família Marinho, o cão de três cabeças à porta do Hades, a presidenta maquia os dados. Ou finge ignorá-los?
Tudo é culpa da Dilma, até, quem sabe, o 7 a 1 imposto pela seleção alemã aos canarinhos, ou o tráfego congestionado, ou falta de luz em casa. Só mesmo a crescente, inexorável escassez de água em São Paulo não pode ser atribuída à presidenta. No caso, entretanto, o culpado, o governador, Alckmin, é prontamente perdoado e se prepara ao passeio eleitoral.

sábado, 27 de setembro de 2014

Conheça propostas de Dilma, Marina e Aécio para 5 questões centrais de política externa Patrícia Dichtchekenian e Vitor Sion



Mercosul, Brics, EUA, China e Conselho de Política Externa: saiba o que os três principais presidenciáveis defendem em cada um desses temas.

Opera Mundi

A oito dias das eleições presidenciais no Brasil, Opera Mundi publica as propostas de política externa dos três candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto para o dia 5 de outubro. O posicionamento expressado abaixo por Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) é fruto de entrevistas dadas pelos candidatos durante a atual campanha, bem como por seus programas de governo.

As propostas de Dilma, Marina e Aécio apresentam pontos em comum, como a busca pela valorização dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), bem como divergências: a atual presidente é a única que apoia a criação de um Conselho Nacional de Política Externa. Leia abaixo o que os três principais presidenciáveis defendem para cinco temas diplomáticos essenciais, escolhidos por Opera Mundi:
1. Mercosul e integração do continente

DILMA ROUSSEFF: A integração regional aparece como prioridade da política externa da atual presidente, que busca, na cooperação Sul-Sul, “uma ordem mundial multipolar e menos assimétrica”. “Durante séculos, os países da América do Sul estavam de costas uns para os outros, com os olhos voltados para a Europa e para os EUA. Essa realidade começou a mudar. Passos importantes foram dados nos planos econômico, comercial, político e de segurança com o fortalecimento do Mercosul e a criação da Unasul”, disse à Revista Política Externa.

Para Dilma, a integração tem que avançar em outros planos. “O Mercosul nunca se propôs a ser apenas uma área de livre comércio (...). Sempre insistimos em que, para que ela seja consolidada, é fundamental que haja uma integração entre os povos, inclusive com a criação de uma cidadania comum, como se deu no caso da União Europeia”, aponta.

MARINA SILVA: A candidata do PSB (Partido Socialista Brasileiro) aposta no combate à suposta estagnação do Mercosul, reforçando a necessidade de investir em negociações com outros países. “O Mercosul não tem cumprido bem o desígnio original de constituir uma modalidade de ’regionalismo aberto’”, escreve em seu programa de governo.

Marina Silva propõe uma política de aproximação do Mercosul com a Aliança do Pacífico e também destaca a necessidade de acelerar as negociações para o tratado de associação entre o bloco e a União Europeia. Para ela, “salvo um par de acordos de livre comércio com mercados inexpressivos, a tônica [do Mercosul] foi o imobilismo (...) As tratativas iniciadas há mais de uma década com vistas à associação com a União Europeia permanecem inconclusas”, completa.

Para a candidata, a construção de infraestrutura para internacionalizar a economia brasileira deve ter “receptividade e apoio à cooperação empresarial”. Para além do caráter econômico, a presidenciável acredita que a integração continental deve também se expandir para questões socioambientais e culturais.

AÉCIO NEVES: Sobre esta temática, o candidato classifica que, nos quatro anos de administração de Dilma, a política exterior foi caracterizada pela “timidez” e por “afinidades político-ideológicas”. Aos olhos de Aécio, o que é fundamental é que o país “participe ativamente da comunidade internacional, negociando com todos continentes”, diz à Revista Política Externa.

Para Aécio, é necessária, em primeiro lugar, uma análise do próprio Mercosul, que, segundo ele, “passa por uma crise de identidade, inibida por crises de países importantes como Argentina e Venezuela”. Essa condição, sustenta o candidato, sugere dificuldades de interação com outros grupos de países, contrariando a “tendência mundial”.

“É preciso um reexame urgente do processo de integração, para recalibrá-lo e readaptá-lo. Não se trata de desfigurar o Mercosul, mas de fortalecê-lo para de novo torná-lo apto a engajar-se em negociações efetivas com outros parceiros e prepará-lo para maior abertura comercial”, argumenta. Na última semana, Aécio também defendeu a revisão das relações bilaterais do Brasil com países sul-americanos produtores de drogas, como Bolívia e Colômbia.

2. Importância do BRICS

DILMA ROUSSEFF: A candidata do PT (Partido dos Trabalhadores) coloca como compromisso dar continuidade ao aperfeiçoamento do BRICS como polo de estabilização da ordem mundial. “Creio que ninguém mais, hoje, questiona a importância do BRICS. (...) A criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas foi reconhecida mundialmente como a mais importante iniciativa da economia global nas últimas décadas”, afirma.

Para Dilma, a função do bloco é abrir fronteiras com relações em continentes até “esquecidos”, como a África, além de reforçar laços na Ásia. Nesse sentido, o BRICS ajudaria na capacidade político-diplomática “seja pela presença de membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, seja pela capacidade de diálogo de Brasil, Índia e África do Sul”.

MARINA SILVA: Para a candidata, a participação do Brasil no BRICS cumpre necessidade de articulação internacional na direção de um mundo mais multipolar. “A identificação de interesses comuns do Brasil com outros países do BRICS contribui para maior equilíbrio na geopolítica atual, fortalecendo países emergentes sub-representados nas instâncias internacionais criadas após a 2ª Guerra Mundial”, elogia.

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No entanto, Marina Silva ressalta a importância de se reconhecer as diferenças nas agendas econômica, política, cultural e ambiental, assim como na pauta de direitos humanos e liberdades civis de cada um dos países do bloco. Para ela, também é preciso um olhar mais cuidadoso com a África. “Não bastasse o reconhecimento ao legado histórico, étnico e cultural que nos foi transmitido em séculos de história, a aproximação com o continente africano permite a identificação de vasto leque de oportunidades para empresas brasileiras”, destaca.

AÉCIO NEVES: O candidato do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) acredita que o bloco tem uma crescente relevância e funciona como plataforma de projeção do Brasil, mas sustenta que ele ainda não se “consolidou como interlocutor de peso no equacionamento de temas relevantes da agenda internacional”. Aécio afirma que continuará a participar do grupo em seu mandato de “maneira construtiva”, mas aponta que um dos principais desafios do BRICS é a definição de um perfil mais claro do bloco.

“O grupo tem três pilares: diálogo, coordenação e cooperação. Pelo diálogo, o grupo deveria aumentar sua confiança mútua e ir desenvolvendo uma visão comum da situação internacional, sem negar as diferenças entre seus membros (...). A influência do grupo dependerá, contudo, da capacidade de coordenar-se melhor em temas políticos em que divergências entre membros são importantes. Ao mesmo tempo interessa ao Brasil aprofundar a cooperação entre os cinco países em áreas como agricultura, energia e ciência e tecnologia”, sugere.



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3. Relação Brasil-EUA e espionagem da NSA

DILMA ROUSSEFF:
 Para a presidente, a relação bilateral com os EUA é essencial e ainda há um enorme potencial de oportunidades que não se limitam só às ações do governo no que tange à cooperação em educação, ciência, tecnologia e inovação. Apesar de classificar a espionagem como “inaceitável”, Dilma acredita que “tal atrito não deverá impedir nossos sinceros esforços para aprofundar essas relações bilaterais tão importantes”.

MARINA SILVA: Para a candidata, as relações com os Estados Unidos carecem de atualização, já que houve uma queda da participação brasileira no mercado norte-americano, um dos principais destinos das nossas manufaturas. Ela acredita na necessidade de “desenvolver um diálogo maduro, equilibrado e propositivo com Washington, que não dramatize diferenças naturais entre parceiros com interesses econômicos e políticos reconhecidamente amplos”.

AÉCIO NEVES: O candidato também acredita no potencial entre os dois países e ressalta que isso não pode ser ignorado “por preconceitos ou desconfiança”. “Um dos desafios das próximas décadas será expandir a oferta mundial de alimentos. Brasil e EUA têm duas das maiores e mais competitivas agriculturas do mundo e têm muito a ganhar com maior cooperação”, diz. Para ele, o incidente da NSA produziu justificável mal-estar e que o governo dos EUA deve tomar medidas para superá-lo, mas não devemos ficar “reféns desse episódio”.