sábado, 3 de maio de 2014

Dicas de Livros com resumos





A obra conta a história de quando o rei de Portugal D, João VI ameaçado pelas invasões napoleônicas por ter furado o bloqueio continental com a Inglaterra, foge para a sua maior colônia na época o Brasil. Incluindo fatos e dados como a Revolução Francesa que “redesenhou o mapa da Europa”, a formação do Império Napoleônico, a vitoriosa resistência Inglesa, as tentativas de dominação francesa e a Colonização do Brasil, cuja riqueza sustentou a realeza lusitana, para onde a Família Real transferiu a sede do governo Português, fato sem precedentes na história conforme afirma autor.








 Uma pessoa assim pode andar pelas ruas e praças do centro das capitais brasileiras, como o Rio de Janeiro ou Curitiba, e observar os monumentos sem saber muito acerca do contexto histórico de vários republicanos homenageados, tais como Marechal Deodoro, Marechal Floriano, Benjamin Constant, Silva Jardim ou Rui Barbosa. Exemplos não faltariam uma vez que foi feito um esforço consistente e proposital por parte dos instauradores do novo regime no sentido de fixar símbolos e personagens, em detrimento, inclusive, da memória do regime monarquista. Para entender melhor como ocorreu este processo e destrinchar esse período complexo de transformações a leitura do livro "A Formação das Almas – O imaginário da República no Brasil" de José Murilo de Carvalho, publicado em 1990, em comemoração ao centenário da República brasileira, pode nos fornecer importantes subsídios.
 Quem conta um conto, aumenta um ponto.
Esse ditado popular brasileiro de certa forma se aplica também quando o que se conta é a própria história do nosso país (e também do mundo).
 Isso quer dizer que os historiadores inventam? Aumentam? Distorcem? Não! Não fazem isso... Ao menos não os historiadores rigorosos e dignos dessa denominação.
Mas os historiadores fazem opções, escolhem caminhos, selecionam (ou descartam) fontes de informações, tem mais ou menos acesso a documentos históricos.
Enfim, a vida, como já bem o disse Caetano Veloso, “é sempre vista de viés”. E a história também. Tudo depende da interpretação, embora nem tudo seja possível de ser interpretado de duas formas muito diversas.  E é isso que podemos aprender um pouco assistindo à série História do Brasil por Boris Fausto. A visão do historiador, no caso Boris Fausto, está sempre presente: seja na seleção de quais momentos merecem maior destaque, seja nas conclusões a que chega.
E quando se trata de resenhar toda a história do Brasil, como faz Boris Fausto, isso não é apenas necessário: é fundamental. Caso contrário o historiador se perderia em minúcias. O que talvez comprometesse (ou até mesmo inviabilizasse) o seu trabalho de busca por reconstruir os processos históricos a que se propôs analisar e estudar.


 A Revolução Francesa foi, antes de mais, um acontecimento cujo alcance abalou de forma irreversível as estruturas sociais e políticas da Europa. Neste sentido, importa conhecer o seu percurso e analisar a forma como se desenrolou - a expansão revolucionária, a guerra, o Terror, a Contra-Revolução. Mas a Revolução foi também um corte radical com o antigo regime, possibilitando a génese de um novo conjunto de valores, fosse no domínio político, social ou económico; valores que se consubstanciam na célebre Declaração dos Direitos do Homem. Para se perceber a Era Moderna, que, aliás, inaugurou, é crucial perceber o que esteve na origem deste acontecimento que tão profundas modificações iria causar, não só em França, mas também no resto da Europa. 

A Revolução Francesa, 1789-1799 - Michel Vovelle

Neste revelador livro, onde curiosos documentos ilustram a descrição do aumento progressivo da técnica e a preponderância da máquina, observa-se a forma inevitavelmente incidente que estes conhecimentos tiveram no campo industrial.






 Mais que pensar em uma monarquia, com a figura do rei como centro e controle de poder, durante a realização da leitura dos textos designados dentro da obra de Shwarcz, nos deparamos de início com o mito “jê” para ser umas das representações de como Dom Pedro II era retratado nos diversos segmentos culturais existentes no Brasil, exaltado em algumas situações como a “Festa do Divino”, colocado como figurante em outra ou até mesmo deixado como expectador, mas valendo-se dessa informação detectamos talvez uma circularidade cultural no processo monárquico do segundo reinado brasileiro.
 No livro As origens do pensamento grego, o autor Jean Pierre Vernant fala da história da Grécia Antiga que foi marcadamente caracterizada por inúmeras invasões, contato direto com o Oriente, fases de desenvolvimento e retrocesso. Esses fatores desencadearam no surgimento do pensamento filosófico.
A queda do sistema palaciano Micênico, herdado dos cretenses, mas que ganhou uma forma própria, é decisivo para a quebra do equilíbrio soberano do anáx, o rei. O palácio era responsável e dominava todos os âmbitos a vida do povo aqueu: do setor econômico ao religioso, do político ao militar, ou seja, todos os setores da vida social de seu povo. Gerando, entretanto, constante dependência. O rei tinha o apoio direto dos seus subordinados: os escribas, funcionários reais, etc. que garantiam todos os desejos do Rei por todo o seu território. 
Com as invasões dóricas o rei não tem mais poder de controle. A queda desse sistema divide a sociedade e cria-se um conflito entre e a aristocracia, rica e dona das terras, com os aldeães, pobres e trabalhadores da terra. É a partir desses conflitos que vai haver uma desorganização e uma reflexão moral, inicia-se primeiros sinais de discussão, debate, enfim de política. 
 Livro histórico do jornalista Bueno, de 1998 lançado em função aniversário oficial do país, 500 anos em 2000. Os feitos de figuras como Vasco da Gama, Duarte, Cabral, João II ou Nicolau Coelho, pontuam a narrativa de Bueno, preocupada em recuperar detalhes sobre a empreitada de Pedr´Alvares que, por muito tempo, ficou conhecida como uma viagem de descoberta ocasional do Brasil.
Preocupado mais com o pitoresco da viagem lusa, o leitor fica sabendo desde o tamanho das naus, a tripulação, quanto em dinheiro receberam, até planos dos reis, o desgosto de gente como Diogo Cão e referências aos aspectos científicos da viagem, assim como a verdadeira história de Dom Henrique, enfim… um painel da aventura do descobrimento (achamento) do Brasil. Por outro lado, senti falta da ligação de Portugal com o contexto europeu, uma vez que o fim do feudalismo estava anunciado e uma nova ordem política, na Europa se expunha. Em que pé estariam, por exemplo, os espanhóis, nesse processo expansionista? E holandeses?
Desde a viagem de Vasco da Gama (1498) havia necessidade clara de circundar a região do cabo Bojador, trazendo as naus mais para oeste, a fim de escapar de calmarias, encontrando ventos melhores, rumo às Índias. Vasco da Gama teria sugerido o movimento mais amplo para a expedição encabeçada por Cabral, rumo a oeste, não só pela necessidade dos tais ventos, mas também para que se pudesse ter a certeza de que, por aquela rota alternativa, achariam terras. E deu certo.
É fato que duas outras figuras, ironicamente espanholas, costearam o litoral nordeste e norte, do Brasil, em 1500, entre janeiro e março: Pinzon e Lepe. Contudo, historiadores como Capistrano de Abreu querem dar importância maior ao feito de Cabral em função do contato com pessoas, dando caráter sociológico destacável mais ao feito do português que do espanhol. Puro ciúme. Pinzón e Lepe descobriram o país e é difícil para o brasileiro, em geral, aceitar a coisa. Talvez muitos nem saibam disso, o que me lembra a história birrenta que o brasileiro criou entre irmãos Wright e Dumont, desde o final do século 19 e começo do 20, sobre quem teria voado primeiro.
Não é possível, segundo o que se lê, separar Gama de Cabral, mesmo que Camões, em 1572, tenha se esquecido de mencionar Pedro em seu poema épico. Gama possui, no Mosteiro dos Jerônimos, um túmulo especial, elevado, próximo ao de Camões, em Belém. Merecido. A Cabral restou o quase esquecimento, assim como a própria terra dos papagaios ficou, por trinta anos, abandonada pela corte. Poderia ter ficado mais tempo, de repente mais índios nasceriam e seria difícil dizimar a todos em tão pouco tempo. Contudo, em 1534 vieram os jesuítas…a força da Companhia de Jesus era mesmo potente.




 Em 1933, após exaustiva pesquisa em arquivos nacionais e estrangeiros, Gilberto Freyre publica Casa-Grande & Senzala, um livro que revoluciona os estudos no Brasil, tanto pela novidade dos conceitos quanto pela qualidade literária.
Gilberto Freyre foi buscar nos diários dos senhores de engenho e na vida pessoal de seus próprios antepassados a história do homem brasileiro. As plantações de cana em Pernambuco eram o cenário das relações íntimas e do cruzamento das três raças: índios, africanos e portugueses.
Em Casa-Grande & Senzala, o escritor exprime claramente o seu pensamento. Ele diz: "o que houve no Brasil foi a degradação das raças atrasadas pelo domínio da adiantada" . Os índios foram submetidos ao cativeiro e à prostituição. A relação entre brancos e mulheres de cor foi a de vencedores e vencidos.
"Casa-Grande & Senzala foi a resposta à seguinte indagação que eu fazia a mim próprio: o que é ser brasileiro? E a minha principal fonte de informação fui eu próprio, o que eu era como brasileiro, como eu respondia a certos estímulos." 
Havia tempos Gilberto Freyre procurava escrever sobre o ser brasileiro. Pressões políticas e familiares o levaram, entre 1930 e 1932, a viver o que chamou de "a aventura do exílio". Partiu para a Bahia e pesquisou as coleções do Museu Afro-Brasileiro Nina Rodrigues e a arte das negras quituteiras na decoração de bolos e tabuleiros. Observou que a culinária baiana era neta da velha cozinha das casas-grandes.
Depois da Bahia partiu para a África e Portugal. Iniciou em Lisboa as pesquisas e estudos que sedimentariam o livro Casa-Grande & Senzala. De Portugal foi, como professor visitante, para a Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, onde viajou pelo Sul e pôde constatar a existência, durante a colonização americana, do mesmo tipo de regime patriarcal encontrado no nordeste brasileiro.
"Eu venho procurando redescobrir o Brasil. Eu sou rival de Pedro Álvares Cabral. Pedro Álvares Cabral, a caminho das Índias, desviou-se dessa rota, parece já baseado em estudos portugueses, e identificou uma terra que ficou sendo conhecida como Brasil. Mas essa terra não foi imediatamente auto-conhecida. Vinham sendo acumulados estudos sobre ela... mas faltava um estudo convergente, que além de ser histórico, geográfico, geológico, fosse... um estudo social, psicológico, uma interpretação. Creio que a primeira grande tentativa nesse sentido representou um serviço de minha parte ao Brasil."  
Durante o período de estudos na universidade americana, o escritor elaborou uma linha de pensamento que diferenciava raça e cultura, separava herança cultural de herança étnica; trabalhou o conceito antropológico de cultura como o conjunto dos costumes, hábitos e crenças do povo brasileiro.
"Gilberto Freyre diz que Franz Boas foi a figura de mestre que nele ficou maior impressão, porque foi com Franz Boas que ele aprendeu a distinguir raça de cultura, e nessa distinção ele se baseou para escrever Casa-Grande & Senzala. Agora, o conceito de antropologia de Freyre era muito mais amplo, ele partiu para uma interpretação global do povo brasileiro. É uma história ao mesmo tempo econômica, religiosa, folclórica, sociológica." Édson Nery da Fonseca, historiador (Olinda, PE)
"Quando, em 1532, se organizou econômica e civilmente a sociedade brasileira, já foi depois de um século inteiro de contato dos portugueses com os trópicos; de demonstrada na Índia e na África sua aptidão para a vida tropical. Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio, e mais tarde de negro, na composição." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
Portugal, um país largamente marítimo, recebia sempre povos de todos os lugares do mundo. Seus portos eram rota de comércio e de migrações. O contato com estrangeiros estimulava, no povo português, tendências cosmopolitas, imperialistas e comerciais. Na Península Ibérica as raças se misturavam havia milênios. 
O encontro das culturas árabes e romana impregnava a moral, a arte, a economia e a vida do português. Os árabes - excelentes técnicos navais - e os judeus - financistas e com altos cargos de administração, no conselho real -, emprestavam conhecimento e dinheiro para o empreendimento das navegações e dos descobrimentos. A burguesia comercial ganhava mais poder que a aristocracia territorial portuguesa e buscava no além-mar terras e riquezas nunca exploradas.
Além da mobilidade, o português tinha a capacidade de se misturar facilmente com outras raças. Os homens vinham sem família, sozinhos. Chegavam carentes de contato humano e começavam a se reproduzir primeiro com as índias e depois com as negras escravas. Era preciso povoar o território. No momento em que embarcou na aventura ultramarina, Portugal tinha três milhões de habitantes. O Brasil era imenso; então, como povoar esse território? 
"Durante quase todo o século XVI a colônia esteve escancarada a estrangeiros, só importando às autoridades que fossem de fé católica. Temia-se no adventício acatólico o inimigo político capaz de quebrar aquela solidariedade que em Portugal se desenvolvera junto com a religião católica. Essa solidariedade manteve-se entre nós esplendidamente através de toda a nossa formação colonial." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
Foi aqui que chegou...dia 02 de março de 1535...um português chamado Duarte Coelho Pereira, viu essa bela vista e deu uma exclamação:Oh! linda situação para se construir uma vila. Por isso que a cidade se chama Olinda. Antigamente chamava Marino Caetês, habitada pelos índios. Em Pernambuco e no Recôncavo baiano, a colonização se desenvolvia à sombra das grandes plantações de cana-de-açúcar e das casas-grandes de taipa ou de pedra e cal, longe das cabanas de aventureiros e do extrativismo predatório.
"A casa-grande do engenho que o colonizador começou, ainda no século XVI, a levantar no Brasil - grossas paredes de taipa ou de pedra e cal, telhados caídos num máximo de proteção contra o sol forte e as chuvas tropicais - não foi nenhuma reprodução das casas portuguesas, mas expressão nova do imperialismo português. A casa-grande é brasileirinha da silva." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
Num processo de equilíbrio de antagonismos, o branco e o negro se misturavam no interior da casa-grande e alteravam as relações sociais e culturais, criando um novo modo de vida no século XVI. As relações de poder, a vida doméstica e sexual, os negócios e a religiosidade forjavam, no dia-a-dia, a base da sociedade brasileira.
A casa-grande abrigava uma rotina comandada pelo senhor de engenho, cuja estabilidade patriarcal estava apoiada no açúcar e no escravo. O suor do negro ajudava a dar aos alicerces da casa-grande sua consistência quase de fortaleza. Ela servia de cofre e de cemitério. Sob seu teto viviam os filhos, o capelão e as mulheres, que fundamentariam a colonização portuguesa no Brasil. Embora diretamente associada ao engenho de cana e ao patriarcalismo nortista, a casa-grande não era exclusiva dos senhores de engenho. Podia ser encontrada na paisagem do sul do país, nas plantações de café, como uma característica da cultura escravocrata e latifundiária do Brasil.
O clima tropical e as formas agressivas de vida vegetal e animal impossibilitavam a implantação de uma cultura agrícola, nos moldes do costume europeu. O português teve então de mudar seus hábitos alimentares. A mandioca substituía o trigo; no lugar das verduras, o milho; e as frutas davam um colorido novo à mesa do colonizador. Mas sua dieta ficava empobrecida, devido à ausência de leite, ovos e carne, que só apareciam em datas especiais, festas e comemorações. 
A terra foi usada para o cultivo da cana em detrimento da pecuária e da cultura de alimentos, o que provocou a apatia, a falta de robustez e a incapacidade para o trabalho. Males geralmente atribuídos à mestiçagem. Os portugueses não traziam para o Brasil nem separatismos político, nem divergências religiosas, e não se preocupavam com a pureza da raça. Assim o país se formava. E a unidade dessa grande extensão territorial com profundas diferenças regionais, garantida muitas vezes com o uso da força, aconteceu devido à uniformidade da língua e da religião.
A Igreja desenvolvia planos ambiciosos de evangelização da América Latina, toda ocupada por países de tradição católica. Nessa quase cruzada no Novo Mundo, os padres jesuítas desempenhavam um papel importante na tentativa de implantar uma sociedade estruturada com base na fé católica. Para catequizar os índios, os jesuítas decidiram vesti-los e tirá-los de seu hábitat. Já o senhor de engenho tentava escravizá-los. Nos dois casos, o resultado era o extermínio e a fuga dos primitivos habitantes da terra para o interior.
"Os portugueses, além de menos ardentes na ortodoxia que os espanhóis e menos estritos que os ingleses nos preconceitos de cor e de moral cristã, vieram defrontar-se na América com uma das populações mais rasteiras do continente... Uma cultura verde e incipiente, sem o desenvolvimento nem a resistência das grandes semi-civilizações americanas, como os Incas e os Astecas." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
"O ambiente em que começou a vida brasileira foi de grande intoxicação sexual. O europeu saltava em terra escorregando em índia nua. Os próprios padres da Companhia precisavam descer com cuidado, se não atolavam o pé em carne." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
A sociedade brasileira, entre todas da América, era a que se formava com maior troca de valores culturais. Havia um aproveitamento de experiências dos indígenas pelos colonizadores. Mesmo quando inimigo, o índio não provocava no branco uma reação que levasse a uma política deliberada de extermínio, como a que ocorria no México e Peru. A reação dos índios ao domínio do colonizador era quase contemplativa. 
O português usava o homem para o trabalho e a guerra, principalmente na conquista de novos territórios, e a mulher para a geração e formação da família. Esse contato provocava o desequilíbrio das relações do índio com o seu meio ambiente.
"Eu sou índio da tribo pataxó. Eu aprendi com meus pais a fazer artesanato. A gente faz cocares..., a gente vive só disso, de artesanato, a não ser no inverno, quando a gente tem que pescar mucussu. Mucussu é peixe. A gente planta mandioca para fazer cuiúna, feijão e arroz. A gente fala em pataxó: jocana baixu significa mulher bonita e jocana baixa é mulher feia." Paturi, índio pataxó (Coroa Vermelha, BA)
"A grande presença índia no Brasil não foi a do macho, foi a da fêmea. Esta foi uma presença decisiva, a mulher índia tomou-se de amores pelo português, talvez até por motivos fisiológicos, porque, segundo pude apurar quando escrevi Casa Grande & Senzala, as sociedades ameríndias ou índias, inclusive a brasileira, eram sociedades que precisavam de festivais como que orgiásticos para provocar nos homens, nos machos, desejos sexuais. O que há de acentuar é o grande papel da índia fêmea na formação brasileira, essa índia fêmea não só através do relacionamento mencionado sexual, mas através do papel social que ela começou a desempenhar magnificamente, tornou-se uma figura capital na formação brasileira." 
"Da cunhã é que nos veio o melhor da cultura indígena. O asseio pessoal. A higiene do corpo. O milho. O caju. O mingau. O brasileiro de hoje, amante do banho e sempre de pente no bolso, o cabelo brilhante de loção ou de óleo de coco, reflete a influência de tão remotas avós. Ela nos deu, ainda, a rede em que se embalaria o sono ou a volúpia do brasileiro." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
A união do português com a índia havia gerado os mamelucos que atuavam como bandeirantes e, junto com os índios, formavam a muralha movediça da fronteira colonial. O mameluco e o índio, que excediam o português em mobilidade, atrevimento e ardor guerreiro; que defendiam o patrimônio do senhor de engenho contra o ataque de piratas estrangeiros, nunca firmaram as mãos na enxada. Os pés de nômades não se fixavam na plantação da cana-de-açúcar.
"Essa arte é descendência dos índios, né! Aí nós somos seguidores já dos índios. A gente ficou fazendo as panelas de barro, que eu aprendi com meu pai. Meu pai já trabalhava, aí eu fiquei trabalhando. Agora meus filhos também trabalham na mesma arte." Zé Galego, artesão (Caruaru, PE).
Dos costumes dos primitivos habitantes da terra eram as relações sexuais e de família, a magia e a mítica que marcavam a vida do colonizador. A poligamia e a sexualidade da índia iam ao encontro da voracidade do português, ainda que a vida sexual dos indígenas não se processasse tão à solta quanto o relatado pelos viajantes que aqui estiveram. 
Para as tribos mais primitivas, a união do macho com a fêmea tinha época; o costume de oferecer mulheres aos hóspedes era prática de hospitalidade, quase um ritual. A mulher nativa resgatava o sonho da ninfa, que se banhava no rio e penteava os longos cabelos negros. Uma imagem deixada pela invasão moura na Península Ibérica e adormecida no inconsciente do português.
"Figura vaga, falta-lhe o contorno ou a cor que a individualize entre os imperialistas modernos. Assemelha-se nuns à do inglês; noutros, à do espanhol. Um espanhol sem a flama guerreira nem a ortodoxia dramática do conquistador do México e do Peru; um inglês sem as duras linhas puritanas. O tipo do contemporizador. Nem idéias absolutas, nem preconceitos inflexíveis. ...Um rio que vai correndo muito calmo e de repente se precipita em quedas de água..." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
  Os portugueses davam uma contribuição criativa ao novo mundo através da produção de açúcar. E implantavam um sistema econômico que aprenderam com os mouros durante a ocupação da Península Ibérica. Os mouros, de grande tradição agrícola, introduziram a laranjeira, o limoeiro e a tangerina e implantaram a tecnologia do fabrico do açúcar em Portugal. O engenho mouro é avô do engenho pernambucano.
Essa contribuição criativa é que diferenciava o português do holandês e do francês, que para cá traziam apenas aperfeiçoamentos tecnocráticos. O choque das duas culturas, a européia e a ameríndia, no Brasil colônia, se dava mais lentamente, não por meio da guerra, mas nas relações entre homem e mulher, mestre e discípulo. A Igreja ganhava no Brasil capelas simples dentro do complexo arquitetônico da casa-grande. Lá morava o capelão, que dela tirava seu sustento. E essa mesma Igreja, através dos jesuítas, partia maciça e indiscriminadamente para a catequização dos índios.
O animalismo e a magia impregnavam a vida dos índios: desde o berço, quando a mãe entoava cantigas de ninar e, já meninos, nas brincadeiras de imitar animais. Entre os jogos infantis dos curumins, o jogo de cabeçada com a bola de borracha ficava como contribuição da cultura indígena. Apesar de crescerem livres de castigos corporais e de disciplina paterna, os meninos estavam sempre em contato com rituais da vida primitiva. Na puberdade eram levados para o baíto, a casa secreta dos homens, onde passavam por provas de iniciação à fase adulta. 
Para os padres da Companhia de Jesus, os índios acreditavam em tudo e aprendiam e desaprendiam os ensinamentos rapidamente. Havia uma enorme quantidade de aldeias espalhadas pela floresta, que falavam diferentes línguas. Era preciso unificar as tribos para poder pregar a doutrina católica. O menino indígena servia de intérprete aos jesuítas, que aprendiam com ele as primeiras palavras em tupi. Os padres puderam então escrever uma gramática, unificando a língua dos Brasis. Estava criando o tupi-guarani.
Tanto a Igreja quanto o senhor de engenho fracassavam nos esforços de enquadrar o índio no sistema de colonização que iria criar a economia brasileira. Fora de seu hábitat natural, o índio não se adaptava como escravo: morria de infecções, fome e tristeza. Para suprir a deficiência da mão-de-obra escrava, os senhores de engenho de Pernambuco e do Recôncavo baiano começavam a importar negros caçados na África. 
Agora, as escravas negras substituíam as cunhãs tanto na cozinha como na cama do senhor. Na agricultura, a presença do negro elevava a produção de açúcar e o preço do produto no mercado internacional. O Brasil, esquecido por quase duzentos anos, despertava finalmente o interesse do Reino de Portugal.
Entre os africanos que vinham para o Brasil, eram os negros muçulmanos, de cultura superior não só à dos índios como também à da maioria de colonos brancos, que aqui chegavam e viviam quase sem nenhuma instrução, que para escrever uma carta necessitava da ajuda do padre-mestre. O movimento malê da Bahia, em 1835, foi considerado um desabafo da cultura adiantada, que era oprimida por outra menos nobre. Contava-se que os revoltosos sabiam ler e escrever em alfabeto desconhecido. Eram negros que liam e escreviam em árabe.
"Pode-se juntar à superioridade técnica e de cultura dos negros sua predisposição como que biológica e psíquica para a vida nos trópicos. Sua maior fertilidade nas regiões quentes. Seu gosto pelo sol. Sua energia sempre fresca e nova quando em contato com a floresta tropical." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
O Brasil importava da África não somente o animal de tração que fecundou os canaviais, mas também técnicos para as minas, donas de casa para os colonos, criadores de gado e comerciantes de panos e sabão.Os negros vindos das áreas de cultura africana mais adiantada eram um elemento ativo, criador e pode-se dizer nobre na colonização do Brasil, degradados apenas pela condição de escravos. O negro escravo e a cana-de-açúcar fundamentavam a colonização aristocrática e a estrutura básica do mundo dos coronéis se repetiria nos ciclos do ouro e do café, em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, com o mesmo fundamento: a ocupação da terra.
Na sociedade escravocrata e latifundiária que se formava, os valores culturais e sociais se misturavam à revelia de brancos e negros. Sua convivência diária favorecia o intercâmbio de culturas e gerava sadismos e vícios, que influenciavam a formação do caráter do brasileiro. A escravatura degradava senhores e escravos.
"Na verdade, senhores, se a moralidade e a justiça de qualquer povo se fundam, parte nas sua instituições religiosas e políticas, e parte na filosofia, por assim dizer doméstica de cada família, que quadro pode apresentar o Brasil quando o consideramos debaixo desses dois pontos de vista?" Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
O senhor de engenho, um homem extremamente rico e poderoso, passava a maior parte do tempo deitado na rede, cochilando e copulando. Quando saía, a passeio ou em viagem, o negro era seus pés e mãos. O sinhô não precisava levantar-se da rede para dar ordens aos negros, bastava gritar.
Os negros veteranos, os ladinos, iniciavam os recém-chegados na moral e nos costumes dos brancos. Ensinavam a língua e orientavam nos cultos religiosos sincretizados. Eram ainda os ladinos que ensinavam aos boçais a técnica e a rotina na plantação da cana e no fabrico do açúcar.
A escravidão desenraizava o negro de seu meio social e desfazia seus laços familiares. Além dos trabalhos forçados, ele era usado como reprodutor de escravos: era preciso aumentar o rebanho humano do senhor de engenho. As crias nascidas eram logo batizadas e ainda assim consideradas gente sem alma. A Igreja, esteio dos poderosos, agia da mesma forma no tratamento dado ao negro. A mulher escrava fazia a ponte entre a senzala e o interior da casa-grande e representava o ventre gerador. As negras mais bonitas eram escolhidas pelo sinhô para serem concubinas e domésticas. 
Objeto dos desejos sádicos dos homens, do senhor de engenho ao menino adolescente, a negra sofria por parte da mulher branca os castigos mais variados. Se a beleza dos seus dentes incomodava a desdentada sinhá, esta mandava arrancá-los. A escrava adoçava a boca do senhor e recebia chicotadas à mando da senhora, mas cumpria as tarefas que normalmente estariam destinadas à mãe de família. As damas da sociedade se casavam entre os doze e os quinze anos com homens muito mais velhos. 
O conhecimento que tinham da vida de casada, os acontecimentos de fora do engenho e outras histórias - nem sempre românticas - elas ouviam da boca das mucamas. As sinhazinhas sentadas à mourisca, tecendo renda ou deitadas na rede e as escravas a lhes catar piolho ou fazendo cafuné. 
Cedo se casavam e cedo morriam por causa de sucessivos partos ou se tornavam matronas aos dezoito anos. O ócio e a vida reclusa faziam das sinhás mulheres amarguradas. E ignorantes: era raro encontrar uma que soubesse ler e escrever. A presença da negra na vida do menino vinha desde o berço, quando ela o amamentava e acalentava o seu sono. A ama de leite ensinava as primeiras palavras num português errado, o primeiro "pai nosso", o primeiro "oxente", e amaciava com a própria boca a comida do menino de engenho. 
Os sofrimentos da primeira infância - castigos por mijar na cama e purgante uma vez por mês os meninos descontariam tornando-se pequenos diabos. O moleque, o pequeno escravo, companheiro do sinhozinho em brincadeiras e aventuras, servia também de saco de pancadas. Tornava-se objeto do prazer mórbido de tratar mal os inferiores e os animais, prazer de todo menino brasileiro filho do sistema escravocrata. Criança mimada e educada para ser o herdeiro todo-poderoso, o menino desde o início da adolescência era entregue aos cuidados eróticos da fulô.
"Costuma dizer-se que a civilização e a sifilização andam juntas. O Brasil, entretanto, parece ter-se sifilizado antes de se haver civilizado. A contaminação da sífilis em massa ocorreria nas senzalas, mas não que o negro já viesse contaminado. Foram os senhores das casas-grandes que contaminaram as negras das senzalas. Por muito tempo dominou no Brasil a crença de que para um sifilítico não há melhor depurativo que uma negrinha virgem." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
Os senhores de engenho casavam-se sucessivas vezes, sempre preferindo as jovens sobrinhas; exagerava-se, então, o sentimento da propriedade privada. As heranças eram disputadas por filhos legítimos e parentes próximos. Aos filhos bastardos, gerados nas casa-grande e paridos na senzala, restava a tolerância do senhor, que ao morrer os libertava. 
Nomes e sobrenomes se confundiam: os escravos mais próximos, que ganhavam a simpatia do senhor, conseguiam adotar o sobrenome dos brancos. Na tentativa de ascensão social, os negros imitavam dos senhores as formas exteriores de superioridade. Mas muitos nomes ilustres de senhores brancos vinham dos apelidos indígenas e africanos das propriedades rurais - a terra recriava os nomes dos proprietários à sua imagem e semelhança.
A música, o canto e a dança dos escravos tornavam a casa-grande mais alegre. A risada do negro quebrava a melancolia e o silêncio infinito do senhor de engenho. As mães negras e as mucamas, aliadas aos meninos, às moças das casas-grandes e aos moleques, corrompiam o português arcaico ensinado pelos jesuítas aos filhos do senhor. A nova fala brasileira não se conservava fechada nas salas de aula das casas-grandes, nem se entregava de todo à maior espontaneidade de expressão da senzala. Mas o modo carinhoso do brasileiro colocar os pronomes: me diga, me espere... vem do africano. Também do seu modo de falar ficaram as formas diminutivas:benzinho, nézinho, inhozinho.
Era um novo jeito de falar, um novo jeito de andar, um novo jeito de comer... A culinária da senzala aproveitava as sobras de carnes da casa-grande, usava o aipim indígena e as verduras, misturava aos temperos africanos, principalmente o dendê e a pimenta malagueta. Surgiam a feijoada, a farofa, o quibebe, o vatapá. 
Alimentos que combinavam com a dureza do trabalho no cativeiro. As crenças e magias trazidas pelos portugueses eram transformadas em feitiçaria nas mãos dos africanos. Aos negros feiticeiros recorriam os senhores brancos idosos a procura de afrodisíacos; as jovens sinhás, que não conseguiam engravidar; e as belas mucamas, que aprendiam a receita do café mandingueiro, um filtro amoroso feito com café bem forte, muito açúcar e sangue de mulata.
Na religião conviviam a cultura do senhor e a do negro. O catolicismo praticado aqui era uma religião doce, doméstica, de intimidade com os santos. Os padres se vangloriavam de conceder aos negros certas vantagens, como o direito de manifestar suas tradições nas festas do terreiro. Nasciam então as religiões afro-brasileiras: São Jorge é o orixá Ogum e Nossa Senhora é Iemanjá.
"Esse terreiro tem 110 anos. A minha avó era descendente de escravos. Tinha uma aldeia que se chamava Catongo. Nessa aldeia ela também cultivava os orixás, quando chegavam assim os escravos chicoteados de outros lugares, fazendas, engenhos, essas coisas. Aí ela curava com aquelas difusões de ervas, né, aqueles remédios das folhas, e curava esses escravos, que ficavam gratos e acabavam ficando com ela. Quer dizer, ela era assim uma espécie de protetora desses escravos. E a minha mãe falava que era uma senzala, onde ela abrigava esses escravos."  Ilza R.P. Santos, mãe-de-santo (Ilhéus, BA) (??)  
"Não foi só de alegria a vida dos negros escravos dos ioiôs e das iaiás brancas. Houve os que se suicidaram comendo terra, enforcando-se, envenenando-se com ervas e potagens dos mandingueiros. O banzo deu cabo de muitos. O banzo - a saudade da África. Houve os que de tão banzeiros ficaram lesos, idiotas. Não morreram, mas ficaram penando." Trecho de Casa-Grande & Senzala.  
Os negros, muitos agora, libertos pela alforria, pela revolta ou pelas fugas, unidos nos quilombos, lutavam pelo fim da escravidão. Aliavam-se aos ideais libertários os filhos de poderosos senhores de engenho que se tornavam abolicionistas por motivos econômicos, humanitários ou, simplesmente, pelo apego que tinham às suas mães de leite.
  " Os brancos diziam que em nenhum país do mundo essa nefanda instituição foi tão doce como no Brasil. Agora não me passa pela cabeça - não deve passar pela cabeça de ninguém - que essa nefanda instituição, como os próprios brancos chamavam a escravidão, que ela pudesse ser doce em algum lugar. Ela só pode ser doce da perspectiva de quem estivesse na casa-grande e não na perspectiva de quem estivesse na senzala." Florestan Fernandes, cientista social.
Em 1984, numa de suas últimas entrevistas, o escritor Gilberto Freyre resumia o seu pensamento sobre a situação presente do negro, lembrando o abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco: 
"O problema é que a abolição da escravatura, embora tenha sido fato notável na história da formação brasileira, foi muito incompleta." 
Com a abolição, os problemas do negro estariam apenas começando. Mas quem se interessou por isso? Ninguém se interessou. 
O negro livre deixou as fazendas e os engenhos e foi inchar as periferias das cidades. Abandonado, constituiu-se num sub-brasileiro.


Fonte: 
Vestibular1







A obra Evolução Política do Brasil e outros Estudos do autor Caio Prado Junior, é como o próprio autor diz, um ensaio sobre a História do Brasil. Logo de inicio ele deixa claro que se refere à interpretação materialista da História e que não tem a intenção de fazer uma analise profunda sobre o tema. Prado cita Oliveira Viana e, diz que este foi o primeiro a tentar uma analise sistemática e seria da constituição econômica e social do país.
Já na Segunda parte do texto Prado dará ênfase ao período de Menoridade e diz que os historiadores não deram e não dão tanta importância para este período. Mas não é apenas pelo seu fundo crítico que esta obra se destaca é também por ser consagrada como inovadora.
A maneira que Caio Prado encara os fatos modifica de forma absurda a dimensão dos mesmos, e o exemplo mais evidente disso é o fato do autor afirmar ainda em seu prefácio, que o movimento de Independência do Brasil se constituiu numa revolução, que tem como período preparatório de 1808 (com a chegada de D. João VI no Brasil) a 1822 (Proclamação da Independência), e que se consolida em 7 de abril de 1831.
Ao analisarmos o primeiro capitulo da obra “A Colônia”, percebemos que para justificar a ideia de evolução que está contida não apenas no título em toda sua obra Prado começa fazendo uma analise do período, dividindo–o em duas partes: a primeira parte vai até a metade do século XVII e a segunda se inicia nessa metade e vai até 1808 com a chegada de D. João VI para o Brasil.












Comunidades gritam “nunca mais” contra UPPs e polícia que mata

O Estado que mata seu próprio Povo não pode ser respeitado, não pode existir, esse tipo de Estado já está ultrapassado. As populações pobres do Brasil, principalmente das grandes e médias cidades, foram esquecidas; apesar dos avanços do governo Lula da Silva para cá, com as políticas públicas, como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida entre outras, parece que apenas deram um alento, um certo fôlego, falta muita coisa. 
E, o que mais preocupa nesse momento é a possibilidade da Direita voltar ao poder e desmantelar as Políticas Públicas criadas de 2002 a 2014. Precisamos de um Estado do tamanho das necessidades do Povo. E, a Direita brasileira não tem condições morais e políticas de dar continuidade aos Programas Sociais, não tem.
No Estado do Rio de Janeiro o que se observa é a matança indiscriminada de centenas de pessoas, principalmente jovens negros, das periferias pobres. O que essas populações esquecidas, abandonadas, podem fazer? Como agir?

Por: José Gilbert Arruda Martins



Comunidades gritam “nunca mais” contra UPPs e polícia que mata


Mãe de dançarino encontrado morto no morro Pavão-Pavãozinho pede uma ouvidoria “transparente e digna”
02/05/2014 
Daniele Silveira,
Da Radioagência BdF
Os casos de assassinatos em ações de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas do Rio de Janeiro estão ainda mais em evidência. A sequência de violações torna o programa de ocupação militar cada vez mais impopular. As UPPs viraram alvo de diversas manifestações organizadas pela população atingida, com apoio de organizações de defesa dos direitos humanos.
No último dia 27, mais uma vítima foi baleada em um tiroteio entre policiais e supostos traficantes, no Conjunto de Favelas do Alemão, zona norte da capital carioca.
Arlinda Beserra, de 72 anos, conhecida como Dona Dalva, morreu após ser atingida por um disparo de arma de fogo. De acordo com a família da idosa, ela teria entrado na frente do neto, de 10 anos, para protegê-lo do tiroteio.
Após a notícia da morte de Dona Dalva, moradores interditaram a Estrada de Itararé, que passa às margens da comunidade, para protestar contra a violência policial.
Com palavras de ordem como “polícia que mata, nunca mais”, um ato em Copacabana homenageou Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, e lembrou o assassinato de outros jovens.
O dançarino, de 26 anos, foi morto no dia 22 de abril com um tiro nas costas, no morro Pavão-Pavãozinho. A mãe de DG denuncia que ele foi torturado por policiais antes de ser assassinado, o que contraria a primeira versão oficial, de que a morte do rapaz seria por decorrência de uma queda.
Na semana passada, a mãe de DG, Maria de Fátima Silva, recusou um encontro com o governador Luiz Fernando Pezão. A auxiliar de enfermagem, afirmou que nenhum político iria se projetar em cima da imagem de seu filho. Em declarações à imprensa, ela ainda lembrou de outros crimes cometidos por policiais e que ainda não foram solucionados, como o da auxiliar de serviços gerais Claudia da Silva Ferreira, que foi arrastada por uma viatura da PM.
“O povo da comunidade virou marginal e o cidadão é o PM. Uma polícia não capacitada para estar nesses locais. Uma polícia armada. Isso aqui está virando uma guerra urbana.”
Maria de Fátima também pede uma ouvidoria “transparente e digna” nas comunidades. Ela ainda questiona a ação e a própria existência das UPPs
“Está virando um ‘Mortal Kombat’. Planta uma gaiola de ferro, duas bandeiras, coloca arma em pessoas não capacitas e a população da comunidade está virando inimiga, virando caça e eles caçadores. Ele que reformule essas UPPs, se é que elas têm que ficar. Porque eu não vi nenhuma solução. Eu vi uma máscara, uma maquiagem. E não é isso que o povo quer. O povo da comunidade quer saúde, quer educação. É com educação que se constroi um país, não é com armas.”
No mesmo dia da morte de DG houve uma manifestação dos moradores do Pavão-Pavãozinho, que terminou com outra tragédia. Edilson da Silva dos Santos, de 27 anos, foi morto após ser atingido por um tiro na cabeça durante o protesto.
No último dia 24, a Anistia Internacional divulgou uma nota pedindo esclarecimento das mortes de DG e Edilson, “considerando que há suspeitas de que foram cometidas por policiais militares (PMs)”.
Diante do contexto de violência, a entidade ainda solicitou que seja “reconhecida a necessidade urgente de mudanças estruturais na organização das polícias, que incluam a sua desmilitarização, o aumento da transparência e a implementação de um controle externo efetivo das atividades policiais."
A entidade destacou que o índice de homicídios de jovens em favelas e periferias brasileiras é “alarmante”. Em nota, ressaltou também que “a polícia brasileira está entre aquelas que mais matam no mundo, segundo dados da ONU [Organização das Nações Unidas]. Utilizando como exemplo o estado do Rio de Janeiro, dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, de 2002 a 2011, foram registradas 10.134 mortes derivadas de intervenções policiais".
Outro caso de violência policial que ganhou grande repercussão é o do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza. O pedreiro está desaparecido desde junho do ano passado, após ser levado por policiais militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), para averiguação por suspeita de envolvimento com o tráfico.
A esposa de Amarildo, Elisabete Gomes da Silva, foi presa no dia 26 de abril por desacato a autoridade, após ter sido abordada por PMs na Rocinha.


sexta-feira, 2 de maio de 2014

Xingar de macaco: uma pequena história de uma ideia racista


 Fonte: http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/04/29/xingar-de-macaco-uma-pequena-historia-de-uma-ideia-racista/
“Para entender o poder e o escopo do xingamento de macaco, precisamos de uma dose de história”. É o que pensaJames Bradley, professor de história da Medicina/Ciência da Vida na Universidade de Melbourne, autor do texto abaixo, traduzido pelo professor da Uneafro-Brasil e doutorando em literatura da USP, Tomaz Amorim Izabel.
Nas últimas 24 horas muito foi dito e escrito sobre Daniel, Neymar, bananas, macacos e racismo. Não sou um acadêmico e tampouco jornalista. Não passo de um mero professor de rede pública estadual de São Paulo e mais um militante do movimento negro. O que formulei sobre o assunto nada mais é que fruto do acúmulo das lutas concretas. Do ensinamento que recebi d@s lutador@s mais velh@s e o que aprendi com meus iguais. E as afirmações são simples:
O racismo é algo sério, não podemos brincar com ele;
Daniel promoveu uma reação interessante, deu visibilidade ao debate sobre racismo, mas a forma e o conteúdo de seu “protesto” não nos serve. Tampouco a reação de Neymar, que agora sabemos, não partiu dele;
A maioria dos atletas, principalmente no futebol, são alienados e não tem opinião qualificada sobre temas relevantes para a sociedade. E isso não é preconceito ou generalização, mas sim uma constatação mais uma vez comprovada. Só falam bobagens e no máximo se prestam a assistencialismos em seus territórios de origem, vide Pelé, Zico, Ronaldo, Cafú entre outros;
Comparar negros a macacos é racismo e não podemos admitir; Fortalecer a ideia de que devemos absorver ofensas racistas é um desrespeito à população negra, além de um golpe ideológico: “Sofram calados, não façam escândalo, levem na esportiva”; 
Não somos todos macacos! Somos negr@s e merecemos respeito;
A campanha de Luciano Huck e Neymar é racista. Suas camisetas e seu vídeo são racistas. E ganhar dinheiro com uma campanha racista é canalhice, simples assim.
Ou, daqui pra frente, será tranquilo para você levar bananadas por aí e fingir que não se sentiu ofendido?
A ordem é rir da situação para desmobilizar o agressor, tal qual nos orienta papai e mamãe: “Filh@, quando te chamarem de macaca, leva na brincadeira que é melhor! Se você se irritar, aí é que o o apelido pega!”. Pois o que precisamos é desobedecer essa orientação e denunciar a agressão.
Para qualificar o debate, segue abaixo o texto do professor Bradley.
Seguimos!
Por James Bradley – do  The Conversation
Professor de História da Medicina/Ciência da Vida na Universidade de Melbourne

A maioria de nós sabe que chamar alguém de macaco é racismo, mas poucos de nós sabem por que macacos são associados na imaginação europeia com indígenas e, principalmente, afrodescendentes.
Para entender o poder e o escopo do xingamento de macaco, precisamos de uma dose de história. Quando eu era aluno de graduação na universidade, eu aprendi sobre racismo e colonialismo, particularmente sobre a influência de Charles Darwin (1809-1882), dos quais as ideias pareciam fazer o racismo ainda pior.
Na verdade, isto é fácil de inferir. A teoria da seleção natural de Darwin (1859) mostrou que os ancestrais mais próximos dos seres humanos foram os grandes macacos. E a ideia de que os homo sapiens descendiam de macacos se tornou rapidamente parte do teatro da evolução. O próprio Darwin foi muitas vezes representado como meio-homem, meio-macaco.
Além disso, enquanto a maior parte dos evolucionistas acreditava que todas as raças humanas descendiam do mesmo grupo, eles também notaram que a migração e a seleção natural e sexual tinham criado variedades humanas que – aos seus olhos – pareciam superiores a africanos ou aborígenes.
Ambos estes grupos tardios foram frequentemente representados como sendo os mais próximos evolutivamente dos humanos originais e, portanto, dos macacos.
O papel do pensamento evolucionista
No começo do século XX, o aumento da popularidade da genética mendeliana (nomeada em referência a Gregor Johann Mendel, 1822-1884) não fez nada para destituir esta maneira de pensar. Se é que ainda não piorou as coisas.
Ela sugeria que as raças haviam se tornado raças separadas e que os africanos, em particular, estavam muito mais próximos em termos evolutivos dos grandes macacos do que estavam, digamos, os europeus.
E ainda assim, durante este mesmo período, sempre houve uma corrente da ciência evolutiva que rejeitou este modelo. Ela enfatizava as profundas semelhanças entre diferentes raças e que as diferenças de comportamento eram produto da cultura e não da biologia.
Os horrores do Nazismo deveram muito ao namoro da ciência com o racismo biológico. O genocídio de Adolf Hitler, apoiado de bom grado por cientistas e médicos alemães, mostrou onde o mau uso da ciência pode levar.
Isto deixou o racismo científico nas mãos de grupos de extrema direita que só estavam interessados em ignorar as descobertas da biologia evolutiva do pós-guerra em benefício de suas variantes pré-guerra.
Claramente o pensamento evolucionista teve algo a ver com a longevidade do xingamento de macaco. Mas a associação europeia entre macacos e africanos tem um pedigree cultural e científico muito mais extenso.

Pego no meio
No século 18, uma nova maneira de pensar sobre as espécies emergiu. Anteriormente, a vasta maioria dos europeus acreditava que Deus havia criado as espécies (incluindo o homem), e que estas espécies eram imutáveis.
Muitos acreditavam na unidade das espécies humanas, mas alguns acreditavam que Deus havia criado espécies humanas separadas. Neste esquema, os europeus brancos eram descritos como próximos aos anjos, enquanto africanos negros e aborígenes estavam mais próximos aos macacos.
Muitos cientistas do século XVIII tentaram atacar o modelo criacionista. Mas, ao fazê-lo, acabaram dando mais poder para o xingamento de macaco.
No meio do século XVIII, o grande naturalista francês, matemático e cosmólogo Comte de Buffon (Georges-Luis Leclerc, 1707-1788) deu continuidade à ideia de que todas as espécies de animais descendiam de um pequeno número de tipos gerados espontaneamente.
Espécies felinas, por exemplo, supostamente descendiam de um único ancestral gato. Ao migrarem do seu ponto de geração espontânea, os gatos degeneraram em diferentes espécies sob influência do clima.
Em 1770, o cientista holandês Petrus Camper (1722-1789) pegou o modelo de Buffon e aplicou-o ao homem. Para Camper, o homem original era o grego antigo. À medida que este homem original se moveu do seu ponto de criação ao redor do mundo, ele também degenerou sob influência do clima.
Na visão de Camper, macacos, símios e orangotangos, eram todos versões degeneradas do homem original. Então, em 1809, o ancestral intelectual de Darwin, Lamarck (Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck, 1744-1829) propôs um modelo de evolução que via todos os organismos como descendentes de um único ponto de criação espontânea.
Larvas evoluíram em peixes, peixes em mamíferos e mamíferos em homens. Isto aconteceu não através da seleção darwinista, mas através de uma força vital interna que levava organismos simples a se tornarem mais complexos, trabalhando em combinação com a influência do meio ambiente.
Deste ponto de vista, humanos não compartilhavam um ancestral comum com macacos; eles eram descendentes diretos deles. E africanos então se tornaram a ligação entre macacos e europeus. A imagem popular comumente associada com a evolução darwinista da transformação de estágios do macaco ao homem deveria ser propriamente chamada de lamarckiana.

O poder do racismo
Cada uma dessas maneiras de pensar o relacionamento entre humanos e macacos reforçou a conexão feita por europeus entre africanos e macacos. E fazendo parecer que pessoas de origem não-europeia eram mais como macacos do que como humanos, estas diferentes teorias foram usadas para justificar a escravidão nas fazendas das Américas e o colonialismo no resto do mundo.
Todas estas diferentes teorias científicas e religiosas trabalharam na mesma direção: para reforçar o direito europeu de controlar grandes porções do mundo.
O xingamento de macaco, na verdade, tem a ver com a maneira com a qual os europeus, eles mesmos, se diferenciaram, biológica e culturalmente, em um esforço de manter superioridade sobre outros povos.
A coisa importante a se lembrar é que aqueles “outros” povos estão muito mais cientes daquela história do que os europeus brancos. Invocar a imagem de um macaco é utilizar o poder que levou à desapropriação indígena e a outros legados do colonialismo.
Claramente, o sistema educacional não faz o bastante para nos educar sobre ciência ou história da humanidade. Por que se fizesse, nós veríamos o desaparecimento do xingamento de macaco.


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Você já trabalhou hoje?





Você trabalhou no dia de ontem?

Você tem quantos anos que trabalha?

Seus pais, quando faleceram, quantos anos trabalharam?

Que tipo de ofício desempenhavam?

Cortavam frangos? Montavam carros? Construíam aviões, computadores, 

fabricavam sapatos, faziam comida, limpavam as ruas, fabricavam brinquedos?

Imprensavam livros...

Na antiguidade egípcia, há mais de 5 mil anos, os trabalhadores, no sistema
denominado servidão coletiva, trabalhavam de sol a sol nos campos e nas cidades...

Na Grécia antiga, há cerca de 3 mil anos, hilotas, escravos, trabalhadores e trabalhadoras também sangravam...

Foi assim na idade média, na moderna, no século XIX durante a revolução indústria e o imperialismo...

No Brasil, índios e índias, negros e negras escravas, deram seu suor e sangue no trabalho nas lavouras e nas cidades e minas...

E você?

Que trabalhou ontem, trabalhou na semana passada, 8 horas por dia, 44 por semana...já pensou como somos importantes?

Pensa!

Imagine você e todos os trabalhadores e trabalhadoras parassem por um

dia a partir de agora de operar suas máquinas, de dirigir ônibus, de limpar

hospitais, de empurrar a maca, de limpar as ruas, de dar aulas, de fazer a

comida, de cuidar dos idosos, de produzir energia...imagina o que

aconteceria com todo o país, imagina o que aconteceria em 24 horas tudo,

absolutamente tudo parado, nós trabalhadores e trabalhadoras de braços cruzados por 1 hora, 1 hora apenas...

Imagine!

Somos fundamentais!



Gog recusa convite da Globo: "Vocês patrocinam o apartheid brasileiro"


 A Globo Compra a Todos, Professores, Artistas, Cantores, Cantoras, Políticos, Pagodeiros, Sambistas, Jogadores, Jogadoras, Humoristas... compra a todos, Todos ávidos por holofotes e dinheiro, alguns, apesar de comprados, além de exercer bem seus ofícios, de vez em quando, "colocam a boca no trombone" e falam das mazelas do país, grande parte dela corroborada e fomentadas historicamente pelo grupo da família marinho.
MAS UM CARA NÃO ACEITOU, ESSE CARA É O MC ABAIXO.


Músico também pediu que emissora retirasse o nome de Mandela dos noticiários

Da Revista Fórum
O rapper Genival Oliveira Gonçalves, o Gog, anunciou, na última sexta-feira (6), através de seu perfil no Facebook, que recusou um convite da Rede Globo para se apresentar em evento da Fifa durante a Copa do Mundo 2014. “Não aceito o convite, não negocio com vocês, não me procurem mais, esqueçam meu nome”, afirmou o músico.
O evento seria realizado, segundo Gog, na Esplanada dos Ministérios no dia 15 de junho de 2014. Exatamente nesta data, ocorrerá, em Brasília, o jogo entre as seleções de Suíça e Equador.
Em seguida, Gog explica sua decisão. “Vocês patrocinam o apartheid brasileiro. Bando de racistas!”. O rapper ainda pediu que a Globo retire “o nome de Nelson Mandela dos noticiários sujos” da emissora.


Senadores desconfiam da versão da polícia sobre morte de Malhães




APURAÇÃO Comissão de Direitos Humanos (CDH) decide acompanhar de perto as investigações sobre a morte do ex-coronel Paulo Malhães para assegurar que a hipótese de queima de arquivo seja considerada (Foto: Marcelo Oliveira/CNV)


Comissão de Direitos Humanos (CDH) quer acompanhar investigações e apurar hipótese de queima de arquivo

Najla Passos
Carta Maior
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) decidiu, nesta terça (29), acompanhar de perto as investigações sobre a morte do coronel reformado do Exército Paulo Malhães, o único agente da repressão a admitir à Comissão da Verdade que as práticas de tortura e ocultamento de cadáver eram política de Estado da ditadura.
O objetivo é averiguar a veracidade dos resultados preliminares das investigações conduzidas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, que indicam que o militar morreu de causa natural, durante roubo da chácara em que vivia, na zona rural de Nova Iguaçu, na última sexta (25), exatos 30 dias após ele confessar sua atuação em centros clandestinos de tortura e no desaparecimento dos corpos de presos políticos assassinados.
“Nós vamos estar atentos para assegurar que a investigação seja feita da forma mais séria possível. A tese de latrocínio adotada pela Polícia não nos convence, porque é uma linha de investigação possível, mas não é a única. E nós queremos que todas sejam consideradas, inclusive a de queima de arquivo”, afirmou a Presidente da CDH, senadora Ana Rita (PT-ES).
“Tudo indica que foi queima de arquivo, porque o Malhães foi o primeiro e o único agente da ditadura a falar abertamente sobre os crimes que praticou. Ele era peça chave para a condução dos trabalhos da Comissão da Verdade. Então, não dá para aceitar essa tese de latrocínio pura e simplesmente”, disse à Carta Maior o presidente da Subcomissão de Verdade, Memória e Justiça, senador João Capiberibe (PCdoB-AP).
Em reunião nesta terça (29), os senadores membros da CDH aprovaram uma diligência externa ao Rio de Janeiro para ouvir os responsáveis pelas investigações. De acordo com Capiberibe, a data da viagem ainda não está confirmada, mas deve ocorrer ainda no início da semana que vem. Além dele, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) já confirmou participação.
Os senadores também solicitaram uma reunião imediata com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para cobrar a atuação da Polícia Federal no caso. De acordo com a senadora Ana Rita, o encontro foi longo e produtivo. “O ministro telefonou para o governo do Rio em exercício, o Pezão, e acertou com ele que a Polícia Feral vai acompanhar as investigações. O Ministério da Justiça também não está convencido da tese de latrocínio”, relatou ela.
Imune às críticas, o delegado Pedro Medina, sustenta que as investigações se baseiam em provas materiais, e não apenas no perfil da vítima. “Na análise da cena do crime não há nenhum elemento que possa determinar essa queima de arquivo”, afirmou à Carta Maior. Segundo ele, outras hipóteses também foram consideradas nas investigações, mas não encontraram respaldo técnico. “Não estamos em busca de não de uma solução fácil. Nós queremos a verdade”, ressaltou.
Corrobora com sua versão o depoimento do caseiro da chácara, Rogério Pires Teles, que confirmou a participação no crime, ao lado de dois irmãos e uma terceira pessoa ainda não identificada, com o único intuito de se apoderar do dinheiro, das joias e das armas que o coronel mantinha na propriedade. “E eu quero ressaltar que não foi uma confissão que levou a gente ao caseiro, mas uma série de fatos que, com a confissão dele no final, fecharam o quebra cabeças”, acrescentou o delegado.
Há elementos, porém, que justificam apreensão dos senadores com a convicção apressada de Medina. Embora a imprensa tenha divulgado que Malhães morrera de infarto, a Polícia Civil ainda não recebeu o laudo oficial do Instituto Médico Legal (IML) que determinará não só a causa da morte, mas também especificará como ela ocorreu de fato.
Além disso, o delegado não tem como confrontar o depoimento do caseiro com os dos demais envolvidos, que se encontram foragidos. E, ainda, não tem acesso ao conteúdo dos arquivos apreendidos no local do crime pelo Ministério Público e Polícia Federal, incluindo processos relativos ao período da ditadura. “Na delegacia, não apreendemos nada. O nosso trabalho é investigar apenas o homicídio”, rebate ele.


terça-feira, 29 de abril de 2014

LEI DA MÍDIA DEMOCRÁTICA




Para construir um país mais democrático e desenvolvido precisamos avançar na garantia ao direito à comunicação para todos e todas. O que isso significa? Significa ampliar a liberdade de expressão, para termos mais diversidade e pluralidade na televisão e no rádio.
Ainda que a Constituição Federal proíba os oligopólios e os monopólios dos meios de comunicação, menos de dez famílias concentram empresas de jornais, revistas, rádios, TVs e sites de comunicação no país. Isso é um entrave para garantir a diversidade.
Pare e pense! Como o índio, o negro, as mulheres, os homossexuais, o povo do campo, as crianças, aparecem na televisão brasileira? Como os cidadãos das diversas regiões, com suas diferentes culturas, etnias e características são representados? A liberdade de expressão não deveria ser para todos e não apenas para os grupos que representam os interesses econômicos e sociais de uma elite dominante? Existem espaços para a produção e veiculação de conteúdo dos diversos segmentos da sociedade na mídia brasileira?
A concentração impede a circulação de ideias e pontos de vista diferentes. São anos de negação da pluralidade, décadas de imposição de comportamentos, de padrões de negação da diversidade do povo brasileiro. 
Além disso, a lei que orienta o serviço de comunicação completou 50 anos e não atende ao objetivo de ampliar a liberdade de expressão, muito menos está em sintonia com os desafios atuais da convergência tecnológica.
A Constituição de 1988 traz diretrizes importantes nesse sentido, mas não diz como alcançá-las, o que deveria ser feito por leis. Infelizmente, até hoje não houve iniciativa para regulamentar a Constituição, nem do Congresso Nacional, nem do governo.
Diante desse cenário, entidades da sociedade civil e do movimento social se organizaram para encaminhar um Projeto de Lei de Iniciativa Popular das Comunicações para regulamentar o que diz a Constituição em relação às rádios e televisões brasileiras. A marca de 1 milhão e trezentas mil assinaturas colocará o Projeto de Iniciativa Popular por Mídia Democrática em debate no Congresso Nacional! Vamos mudar a história da comunicação brasileira levando às ruas o debate da democratização da comunicação.
Leia com atenção a proposta da sociedade civil que vai mudar o cenário das comunicações no país. Assine e divulgue aos seus familiares, amigos e até desconhecidos!
Nesta página você encontrará todo o material para divulgar a democratização da comunicação e também para coletar assinaturas para o projeto de lei. Panfleto, Formulário para coleta de assinaturas, o Projeto de Lei. Imprima, distribua e colete as assinaturas em seu Estado!
Boa luta para todos nós! 
KIT COLETA
Todo cidadão/cidadã pode buscar voluntariamente as assinaturas para o projeto. Disponibilizamos abaixo um kit com o material necessário para o diálogo nas ruas.   
Observação importante sobre a “exigência” do título de eleitor: A exigência do título de eleitor feita pela Câmara dos Deputados para este tipo de projeto pode vir a dificultar a coleta. No entanto, acreditamos que é possível adotar uma política em que isto não seja um problema. Ou seja, NINGUÉM SEM TÍTULO DE ELEITOR VAI DEIXAR DE ASSINAR. Se a pessoa não tiver o título, pede-se o nome da mãe e a data de nascimento. O formulário já vai ter espaço pra isso. Em último caso, se a pessoa estiver com pressa ou se não quiser preencher o nome da mãe, pode deixar em branco essa parte. 
Folha de Rosto para coleta de assinaturas 
   Texto explicativo do documento para ser entregue juntamente com o Projeto de Lei de Iniciativa Popular 
Lista para coleta de assinatura/Lista de apoiamento  
    Formulário para preenchimento dos dados do cidadão/cidadã que assinará o projeto
Projeto de Lei da Comunicação Social Eletrônica 
   Texto completo do Projeto de Lei de Iniciativa Popular das Comunicações
Kit Coleta em PDF com todos os materiais
    
Folha de rosto, lista de apoiamento e texto do Projeto de Lei 
Lei Comunicação Social Eletrônica (versão simples/comentada)
   
 Entenda o Projeto de Lei com a versão comentada 
Baixe a apresentação utilizada no Lançamento Nacional da Lei da Mídia Democráticas 

PARA ONDE ENCAMINHAR 
Os formulários preenchidos deverão ser enviados por correio para o endereço: Setor Comercial Sul, Quadra 6, Ed Presidente, sala 206, CEP 70327-900, Brasília – DF. Ao enviar os formulários, favor avisar a secretaria do FNDC por e-mail (secretaria@fndc.org.br) ou pelo telefone (61) 3224-8038. 

MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO
Imprima em seu Estado, na sua cidade e espalhe a notícia


Novo! Guia de mobilização da Lei da Mídia Democrática 

Vídeo O Veneno está na Mesa


Você se interessa em saber o que come no dia a dia?
Você sabia que comemos veneno todos os dias?
Você conhece a empresa multinacional Monsanto?
Você sabe o que esta empresa faz?
Você sabe de onde vem o alimento que comemos todos os dias?
Você sabia que cerca de 60% da alimentação que comemos dia a dia vem de pequenas e médias propriedades?



segunda-feira, 28 de abril de 2014

Anistia Internacional recolherá assinaturas para pedir revisão da Lei de Anistia

50 anos do golpe

"A impunidade em relação aos crimes do passado alimenta a impunidade em relação aos crimes do presente", lembra o diretor executivo Atila Roque.




A Anistia Internacional pedirá a punição de agentes do Estado brasileiro que torturaram, mataram e fizeram desaparecer corpos de militantes de esquerda durante a ditadura. A organização lança, nesta terça-feira 1º, uma campanha para marcar os 50 anos do golpe militar, na qual recolherá assinaturas para uma petição pedindo a revisão da Lei de Anistia de 1979.
Com base no argumento de que na legislação internacional a tortura, os assassinatos, os estupros e os desaparecimentos forçados sob um Estado de exceção são crimes de lesa-humanidade e, por isso, não prescrevem ou não podem ser anistiados, a organização internacional quer garantir julgamento para os crimes cometidos pelo Estado ditatorial militar que vigorou no País de 1964 a 1985.
“Esse momento de recuperação de memória e verdade é central no processo de transição, mas só ele não é o suficiente. Paz sem justiça não é paz”, afirmou o historiador Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional Brasil. “Isso precisa vir acompanhado de um processo de responsabilização e julgamento dos agentes que exerceram o terror sobre cidadãos que não faziam nada além de se opor a um regime de exceção.”
Na avaliação de Roque, o Brasil chegou tarde em relação ao trabalho de recuperação da memória e da verdade. “A Comissão Nacional da Verdade só foi instalada em 2012. Muitos anos depois do fim do regime militar”, lembrou em comparação a comissões da Argentina criadas nos anos 80 e do Chile, que data de 1990.
Além da petição, que será entregue à presidenta Dilma Rousseff e aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, a organização planeja uma mobilização nacional para alertar sobre a importância de se romper com o ciclo da impunidade no País. “A impunidade em relação aos crimes do passado alimenta a impunidade em relação aos crimes do presente. A militarização e persistência de violações graves são reminiscência do passado que seguem sendo uma realidade duríssima do cotidiano brasileiro”, observou. “A sociedade brasileira precisa mandar a mensagem de que esses crimes não eram e não são passíveis de perdão, são contra a humanidade e ofendem a dignidade humana. Para que se encerre esse ciclo, esses atos precisam ser enfrentados pela Justiça.”
registrado em: Ditadura anistia iternacional