terça-feira, 8 de abril de 2014

Lista de Desaparecidos Políticos Pela Ditadura Militar Brasileira

Pessoas
Total de registros: 379

Abelardo Rausch Alcântara
Abílio Clemente Filho
Aderval Alves Coqueiro
Adriano Fonseca Filho
Afonso Henrique Martins Saldanha
Albertino José de Oliveira
Alberto Aleixo
Alceri Maria Gomes da Silva
Aldo de Sá Brito Souza Neto
Alex de Paula Xavier Pereira
Alexander José Ibsen Voeroes
Alexandre Vannucchi Leme
Alfeu de Alcântara Monteiro
Almir Custódio de Lima
Aluísio Palhano Pedreira Ferreira
Amaro Luíz de Carvalho
Ana Maria Nacinovic Corrêa
Ana Rosa Kucinski Silva
Anatália de Souza Melo Alves
André Grabois
Ângelo Arroyo
Ângelo Cardoso da Silva
Ângelo Pezzuti da Silva
Antogildo Pacoal Vianna
Antônio Alfredo de Lima
Antônio Benetazzo
Antônio Carlos Bicalho Lana
Antônio Carlos Monteiro Teixeira
Antônio Carlos Nogueira Cabral
Antônio Carlos Silveira Alves
Antônio de Pádua Costa
Antônio dos Três Reis Oliveira
Antônio Ferreira Pinto (Alfaiate)
Antônio Guilherme Ribeiro Ribas
Antônio Henrique Pereira Neto (Padre Henrique)
Antônio Joaquim Machado
Antonio Marcos Pinto de Oliveira
Antônio Raymundo Lucena
Antônio Sérgio de Mattos
Antônio Teodoro de Castro
Ari da Rocha Miranda
Ari de Oliveira Mendes Cunha
Arildo Valadão
Armando Teixeira Frutuoso
Arnaldo Cardoso Rocha
Arno Preis
Ary Abreu Lima da Rosa
Augusto Soares da Cunha
Áurea Eliza Pereira Valadão
Aurora Maria Nascimento Furtado
Avelmar Moreira de Barros
Aylton Adalberto Mortati
Benedito Gonçalves
Benedito Pereira Serra
Bergson Gurjão Farias
Bernardino Saraiva
Boanerges de Souza Massa
Caiuby Alves de Castro
Carlos Alberto Soares de Freitas
Carlos Eduardo Pires Fleury
Carlos Lamarca
Carlos Marighella
Carlos Nicolau Danielli
Carlos Roberto Zanirato
Carlos Schirmer
Carmem Jacomini
Cassimiro Luiz de Freitas
Catarina Abi-Eçab
Célio Augusto Guedes
Celso Gilberto de Oliveira
Chael Charles Schreier
Cilon da Cunha Brun
Ciro Flávio Salasar Oliveira
Cloves Dias Amorim
Custódio Saraiva Neto
Daniel José de Carvalho
Daniel Ribeiro Callado
David Capistrano da Costa
David de Souza Meira
Dênis Casemiro
Dermeval da Silva Pereira
Devanir José de Carvalho
Dilermano Melo Nascimento
Dimas Antônio Casemiro
Dinaelza Soares Santana Coqueiro
Dinalva Oliveira Teixeira
Divino Ferreira de Souza
Divo Fernandes de Oliveira
Djalma Carvalho Maranhão
Dorival Ferreira
Durvalino de Souza
Edgard Aquino Duarte
Edmur Péricles Camargo
Edson Luis de Lima Souto
Edson Neves Quaresma
Edu Barreto Leite
Eduardo Antônio da Fonseca
Eduardo Collen Leite (Bacuri)
Eduardo Collier Filho
Eiraldo Palha Freire
Elmo Corrêa
Elson Costa
Elvaristo Alves da Silva
Emanuel Bezerra dos Santos
Enrique Ernesto Ruggia
Epaminondas Gomes de Oliveira
Eremias Delizoicov
Eudaldo Gomes da Silva
Evaldo Luiz Ferreira de Souza
Ezequias Bezerra da Rocha
Félix Escobar Sobrinho
Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira
Fernando Augusto Valente da Fonseca
Fernando Borges de Paula Ferreira
Fernando da Silva Lembo
Flávio Carvalho Molina
Francisco das Chagas Pereira
Francisco Emanoel Penteado
Francisco José de Oliveira
Francisco Manoel Chaves
Francisco Seiko Okama
Francisco Tenório Júnior
Frederico Eduardo Mayr
Gastone Lúcia Carvalho Beltrão
Gelson Reicher
Geraldo Magela Torres Fernandes da Costa
Gerosina Silva Pereira
Gerson Theodoro de Oliveira
Getúlio de Oliveira Cabral
Gilberto Olímpio Maria
Gildo Macedo Lacerda
Grenaldo de Jesus da Silva
Guido Leão
Guilherme Gomes Lund
Hamilton Fernando da Cunha
Helber José Gomes Goulart
Hélcio Pereira Fortes
Helenira Rezende de Souza Nazareth
Heleny Telles Ferreira Guariba
Hélio Luiz Navarro de Magalhães
Henrique Cintra Ferreira de Ornellas
Higino João Pio
Hiran de Lima Pereira
Hiroaki Torigoe
Honestino Monteiro Guimarães
Iara Iavelberg
Idalísio Soares Aranha Filho
Ieda Santos Delgado
Íris Amaral
Ishiro Nagami
Ísis Dias de Oliveira
Ismael Silva de Jesus
Israel Tavares Roque
Issami Nakamura Okano
Itair José Veloso
Iuri Xavier Pereira
Ivan Mota Dias
Ivan Rocha Aguiar
Jaime Petit da Silva
James Allen da Luz
Jana Moroni Barroso
Jane Vanini
Jarbas Pereira Marques
Jayme Amorim Miranda
Jeová Assis Gomes
João Alfredo Dias
João Antônio Abi-Eçab
João Barcellos Martins
João Batista Franco Drummond
João Batista Rita
João Bosco Penido Burnier (Padre)
João Carlos Cavalcanti Reis
João Carlos Haas Sobrinho
João Domingues da Silva
João Gualberto Calatroni
João Leonardo da Silva Rocha
João Lucas Alves
João Massena Melo
João Mendes Araújo
João Roberto Borges de Souza
Joaquim Alencar de Seixas
Joaquim Câmara Ferreira
Joaquim Pires Cerveira
Joaquinzão
Joel José de Carvalho
Joel Vasconcelos Santos
Joelson Crispim
Jonas José Albuquerque Barros
Jorge Alberto Basso
Jorge Aprígio de Paula
Jorge Leal Gonçalves Pereira
Jorge Oscar Adur (Padre)
José Bartolomeu Rodrigues de Souza
José Campos Barreto
José Carlos Novaes da Mata Machado
José de Oliveira
José de Souza
José Ferreira de Almeida
José Gomes Teixeira
José Guimarães
José Huberto Bronca
José Idésio Brianezi
José Inocêncio Pereira
José Júlio de Araújo
José Lavechia
José Lima Piauhy Dourado
José Manoel da Silva
José Maria Ferreira Araújo
José Maurílio Patrício
José Maximino de Andrade Netto
José Mendes de Sá Roriz
José Milton Barbosa
José Montenegro de Lima
José Porfírio de Souza
José Raimundo da Costa
José Roberto Arantes de Almeida
José Roberto Spiegner
José Roman
José Sabino
José Silton Pinheiro
José Soares dos Santos
José Toledo de Oliveira
José Wilson Lessa Sabag
Juarez Guimarães de Brito
Juarez Rodrigues Coelho
Kleber Lemos da Silva
Labib Elias Abduch
Lauriberto José Reyes
Líbero Giancarlo Castiglia
Lígia Maria Salgado Nóbrega
Lincoln Bicalho Roque
Lincoln Cordeiro Oest
Lourdes Maria Wanderley Pontes
Lourenço Camelo de Mesquita
Lourival de Moura Paulino
Lúcia Maria de Souza
Lucimar Brandão
Lúcio Petit da Silva
Luís Alberto Andrade de Sá e Benevides
Luís Almeida Araújo
Luís Antônio Santa Bárbara
Luís Inácio Maranhão Filho
Luis Paulo da Cruz Nunes
Luiz Affonso Miranda da Costa Rodrigues
Luiz Carlos Almeida
Luiz Eduardo da Rocha Merlino
Luiz Eurico Tejera Lisbôa
Luiz Fogaça Balboni
Luiz Gonzaga dos Santos
Luíz Guilhardini
Luiz Hirata
Luiz José da Cunha
Luiz Renato do Lago Faria
Luiz Renato Pires de Almeida
Luiz Renê Silveira e Silva
Luiz Vieira
Luíza Augusta Garlippe
Lyda Monteiro da Silva
Manoel Aleixo da Silva
Manoel Fiel Filho
Manoel José Mendes Nunes de Abreu
Manoel Lisboa de Moura
Manoel Raimundo Soares
Manoel Rodrigues Ferreira
Manuel Alves de Oliveira
Manuel José Nurchis
Márcio Beck Machado
Marco Antônio Brás de Carvalho
Marco Antônio da Silva Lima
Marco Antônio Dias Batista
Marcos José de Lima
Marcos Nonato Fonseca
Margarida Maria Alves
Maria Ângela Ribeiro
Maria Augusta Thomaz
Maria Auxiliadora Lara Barcelos
Maria Célia Corrêa
Maria Lúcia Petit da Silva
Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo
Maria Regina Marcondes Pinto
Mariano Joaquim da Silva
Marilena Villas Boas
Mário Alves de Souza Vieira
Mário de Souza Prata
Maurício Grabois
Maurício Guilherme da Silveira
Merival Araújo
Miguel Pereira dos Santos
Milton Soares de Castro
Míriam Lopes Verbena
Neide Alves dos Santos
Nelson de Souza Kohl
Nelson José de Almeida
Nelson Lima Piauhy Dourado
Nestor Veras
Newton Eduardo de Oliveira
Nilda Carvalho Cunha
Nilton Rosa da Silva (Bonito)
Norberto Armando Habeger
Norberto Nehring
Odijas Carvalho de Souza
Olavo Hansen
Onofre Pinto
Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior
Orlando Momente
Ornalino Cândido da Silva
Orocílio Martins Gonçalves
Osvaldo Orlando da Costa
Otávio Soares da Cunha
Otoniel Campo Barreto
Pauline Reichstul
Paulo César Botelho Massa
Paulo Costa Ribeiro Bastos
Paulo de Tarso Celestino da Silva
Paulo Mendes Rodrigues
Paulo Roberto Pereira Marques
Paulo Stuart Wright
Pedro Alexandrino de Oliveira Filho
Pedro Carretel
Pedro Domiense de Oliveira
Pedro Inácio de Araújo
Pedro Jerônimo de Souza
Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar
Péricles Gusmão Régis
Raimundo Eduardo da Silva
Raimundo Ferreira Lima
Raimundo Gonçalves Figueiredo
Raimundo Nonato Paz
Ramires Maranhão do Vale
Ranúsia Alves Rodrigues
Raul Amaro Nin Ferreira
Reinaldo Silveira Pimenta
Roberto Cieto
Roberto Macarini
Roberto Rascardo Rodrigues
Rodolfo de Carvalho Troiano
Ronaldo Mouth Queiroz
Rosalindo Souza
Rubens Beirodt Paiva
Rui Osvaldo Aguiar Pftzenreuter
Ruy Carlos Vieira Berbert
Ruy Frazão Soares
Santo Dias da Silva
Sebastião Gomes da Silva
Sérgio Correia
Sérgio Landulfo Furtado
Severino Elias de Melo
Severino Viana Colon
Sidney Fix Marques dos Santos
Silvano Soares dos Santos
Soledad Barret Viedma
Sônia Maria Lopes de Moraes Angel Jones
Stuart Edgar Angel Jones
Suely Yumiko Kanayama
Telma Regina Cordeiro Corrêa
Therezinha Viana de Assis
Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto
Tito de Alencar Lima (Frei Tito)
Tobias Pereira Júnior
Túlio Roberto Cardoso Quintiliano
Uirassu de Assis Batista
Umberto Albuquerque Câmara Neto
Valdir Sales Saboya
Vandick Reidner Pereira Coqueiro
Victor Carlos Ramos
Virgílio Gomes da Silva
Vítor Luíz Papandreu
Vitorino Alves Moitinho
Vladimir Herzog
Walkíria Afonso Costa
Walter de Souza Ribeiro
Walter Kenneth Nelson Fleury
Walter Ribeiro Novaes
Wânio José de Mattos
Wilson Silva
Wilson Souza Pinheiro
Wilton Ferreira
Yoshitane Fujimori
Zuleika Angel Jones

REFORMAS DE BASE DO GOVERNO JOÃO GOULART

REFORMAS DE BASE DO GOVERNO JOÃO GOULART



As Reformas de Base apareceram com mais intensidade durante o governo do presidente João Goulart  na história do Brasil. A proposta era a reestruturação de uma série de setores econômicos e sociais, mas a influência do pensamento de esquerda fez com que militares e políticos conservadores se unissem para viabilizar o Golpe Militar de 1964 e afastar o então presidente.
As propostas para promoção de alterações nas estruturas políticas, econômicas e sociais começaram a ser discutidas no Brasil ainda no decorrer do governo de Juscelino Kubitscheck, em 1958. Naquela ocasião, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) apresentou uma alternativa para garantir o desenvolvimento do país e a diminuição das desigualdades baseada na execução de reformas. Os debates não avançaram muito e só voltaram à discussão quando João Goulart assumiu a presidência deixada por Jânio Quadros, que renunciou, em setembro de 1961. As reformas de base se transformaram na bandeira do novo governo e seriam responsáveis pelas ocorrências do mandato do novo presidente.
Sob a denominação de “reformas de base” estavam reunidas iniciativas que visavam alterações bancárias, fiscais, urbanas, administrativas, agrárias e universitárias. Para completar, almejava-se oferecer o direito de voto paraanalfabetos e às patentes subalternas das forças armadas. As medidas causariam uma participação maior do Estado em questões econômicas, regulando o investimento estrangeiro no país.
Entre as mudanças pretendidas pelo projeto de reforma apresentado, estava em primeiro lugar, liderando os debates sobre o processo, a reforma agrária. O objetivo era reduzir os combates por terras e possibilitar que milhares de trabalhadores tivessem acesso às terras.
As aspirações das reformas pretendidas coincidiam com os anseios da classe média brasileira, dos trabalhadores e dos empresários nacionalistas. Por esse motivo, grande parte do povo brasileiro aderiu ao movimento, o que desagradou os setores mais conservadores do Brasil. Enquanto isso, o povo pressionava o governo pela efetiva implantação das propostas.
Em 1962 o presidente João Goulart criou o Conselho Nacional de Reforma Agrária na tentativa de agilizar a principal das reformas pretendidas, mas tal conselho não ofereceu nenhum resultado prático. Naquele momento o Brasil vivia também um regime parlamentarista, no qual o Presidente perde em poderes para o Primeiro Ministro. O regimepresidencialista só foi restabelecido em 1963 por via de um plebiscito no qual a população escolheu a volta desse sistema. João Goulart teve seus poderes restabelecidos e aproveitou para promover medidas que antes eram barradas.
Em março de 1963 o Estatuto do Trabalhador Rural de autoria do deputado Fernando Ferrari  foi aprovado no Congresso, através desse os trabalhadores do campo passavam a ter os mesmos direitos dos trabalhadores urbanos, tendo até mesmo a sindicalização fortalecida. Obviamente, os latifundiários e empresários do setor sentiram-se imediatamente lesados e descontentes com tal medida.
No dia 3 de setembro ainda de 1963 outra lei foi aprovada, esta alterava a estrutura de contabilidade das grandes empresas estrangeiras e reduzia o altíssimo índice de lucros que conquistavam no Brasil.
http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/03/comicio-da-central.jpg
O somatório das duas últimas leis deu início a um debate sobre conservadores e progressistas no Brasil. Para que o presidente João Goulart tivesse todas suas medidas aprovadas era preciso mudar a Constituição, o plano então foi chamar o povo para participar do projeto através de grandes comícios que causassem a inflamação da população para pressionar o Congresso a promover as medidas. Essa fase da investida do governo pela aplicação das reformas de base começou no dia 13 de março de 1964 através de um grande comício na Central do Brasil, Rio de Janeiro, no qualJoão Goulart e Leonel Brizola anunciavam grandes mudanças no Brasil. Cerca de 150 mil pessoas estiveram presentes naquele dia, o que desagradou mais ainda os setores conservadores. Como as propostas eram influenciadas por pensamento de esquerda, os defensores do capitalismo e membros da direita brasileira receavam quanto ao crescimento de um possível governo em linhas comunistas no país. O comício na Central do Brasil foi o momento derradeiro para determinar a organização da oposição, especialmente dos militares, e dar início ao golpe de Estado que tiraria ainda no mesmo mês, 31 de março, o presidente João Goulart do poder, encerrando as tão almejadas reformas de base e estabelecendo uma ditadura militar no país.
Fontes:
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/As_reformas_de_base
http://www.fundaj.gov.br/docs/inpso/cpoli/JRego/TextosCPolitica/Mestrado/Cap_1/cap_01nota_07.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reformas_de_base


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Estudantes invadem sala de aula na USP após professor defender golpe de 1964

Estudantes invadem sala de aula na USP após professor defender golpe de 1964



Alunos de Direito fizeram ‘escracho’ em sala de aula no Largo de São Francisco após professor defender golpe de 1964
por Renan Truffi — publicado 01/04/2014 12:37
Retirado do site da revista Carta Capital dia 07/04/2014
Um grupo de estudantes da Universidade de São Paulo (USP) invadiu uma sala de aula da Faculdade de Direito na segunda-feira 31 depois que o professor de direito administrativo Eduardo Lobo Botelho Gualazzi tentou defender o golpe de 1964, que colocou o Brasil, há 50 anos, em uma ditadura civil-militar de 21 anos.

O protesto dos alunos ocorreu no meio da aula e foi registrado em vídeo por um dos estudantes. Nas imagens, Gualazzi aparece lendo um texto que distribuiu para alunos do 3º ano. “A história informa que as tiranias vermelhas terminaram afogadas em um holocausto de sangue humano e corrupção total, material e espiritual. Em 1964, o socialismo comunismo esquerdista-totalitário almejava apoderar-se totalmente do Brasil”, diz Gualazzi no vídeo ao justificar o golpe de Estado contra o governo de João Goulart.

Em função da postura do docente, os estudantes simularam uma cena de tortura fora da sala de aula para, em seguida, entrar na classe encapuzados. “Esse professor distribuiu antes da aula um texto para alunos explicando por que ele defendia a ‘revolução’ de 1964 (nas palavras do docente) e como isso foi bom para o Brasil. Então nos reunimos para fazer um escracho contra ele. Antes de entrar, fizemos um pequeno teatro de uma cena de tortura e entramos dentro da sala. O professor foi muito agressivo, empurrou alunos. Ele perdeu as estribeiras, quis expulsar os estudantes de dentro da sala, mas começamos a batucar e ele saiu muito nervoso”, explica o estudante do primeiro ano Marco Antonio Riechelmann, de 19 anos.

Ainda de acordo com Riechelmann, Gualazzi continuou agressivo do lado de fora da classe e foi seguido por seus monitores. “Ele ficou discutindo com a gente no pátio, os monitores dele também peitaram, tivemos que separar por que queriam brigar”, afirma. O escracho foi organizado por um coletivo e apoiado pelo Centro Acadêmico 11 de agosto.

O professor não conseguiu ler todo o texto, intitulado “Continência a 1964”. No documento, Gualazzi afirma, entre outras coisas, que a “revolução de 31 de março de 1964 consistiu na preservação da consolidação histórica do perfil brasileiro, assentado em nosso País desde 1500 (descobrimento do Brasil)”. Ele conclui ainda que, “graças ao bom Deus”, “os líderes civis e militares da Revolução de 1964 sabiamente consolidaram, ao longo de vinte e um anos (1964-1985), infraestrutura e superestrutura que tornaram o Brasil atualmente imune a qualquer tentativa de subversão”.
No texto, o docente ainda traça um "perfil" da sua personalidade. "Durante minha infância/adolescência, consolidei em silêncio minha opção íntima pelo seguinte perfil de personalidade, em ordem alfabética: a) aristocratismo; b) burguesismo; c) capitalismo; d) direitismo; e) euro-brasilidade; f) família; g) individualismo; h) liberalismo; i) música erudita; j) panamericanismo; k) propriedade privada; l) tradição judaico-cristã. Nos tempos atuais, mantenho em meu íntimo, de modo pétreo, as doze opções da minha infância/adolescência". A assessoria de imprensa da Faculdade de Direito da USP não quis se pronunciar sobre o assunto nem explicou se tomou algum tipo de providência em relação ao caso.

Comissão da Verdade identifica 17 centros de repressão clandestinos

Ditadura
Comissão da Verdade identifica 17 centros de repressão clandestinos

Na chamada Casa Azul, em Marabá (PA), 24 militantes morreram, a maioria filiada ao PCdoB
por Marsílea Gombata — publicado 07/04/2014 19:40, última modificação 07/04/2014 20:34
Extraído do site da revista Carta Capital dia 07/04/2014

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) identificou 17 centros clandestinos da repressão durante o período da ditadura. Com exceção de um, conhecido como a Casa do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, todos eram palco de torturas e mortes de militantes contrários ao regime civil-militar.
Em audiência pública nesta segunda-feira 7, a pesquisadora Heloísa Starling, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), apresentou sete locais que vêm sendo investigados pela CNV e outros dez que foram mapeados como antigos centros de repressão entre 1970 e 1975 no estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Pará e Distrito Federal. Os centros estavam diretamente vinculados aos comandos dos órgãos de inteligência e repressão do Exército (Centros de Informações do Exército – CIE) e da Marinha (Centro de Informações da Marinha – CENIMAR), assim como organismos de natureza policial militar, como os CODI (Centros de Operação e Defesa Interna) e DOI (Destacamentos de Operação interna).
“Tanto a criação como o funcionamento regular são resultado de uma política das Forças Armadas”, afirmou Starling. “Não são estruturas autônomas, não são subterrâneas nem de milícias ou grupos paramilitares. Eram parte de uma estrutura de inteligência e repressão que obedecia ao alto comando das Forças Armadas.”
Apesar de a Casa da Morte, em Petrópolis, ser conhecida por práticas macabras de tortura e desaparecimento forçado de 14 militantes, o centro clandestino onde mais morreram opositores do regime foi a chamada Casa Azul, em Marabá, no Pará. Nela, 24 militantes morreram, sendo 22 filiados ao PCdoB e outros dois camponeses que se juntaram à luta armada, entre 1972 e 1973. “Ninguém sobreviveu à Casa Azul”, reforçou Starling.
Além da Casa Azul e da Casa da Morte, da qual apenas Inês Etienne Romeu saiu com vida, a CNV investiga a Casa de São Conrado, no Rio de Janeiro; a Fazenda 31 de Março, ao sul da represa de Guarapiranga, na Grande São Paulo; a Casa de Itapevi, também em São Paulo; a Casa no Bairro Ipiranga, que servia como centro de recrutamento de infiltrados para o Exército; Casa do Renascença, em Belo Horizonte. Foram mapeados ainda os centros clandestinos Casa em Olinda; Casa da Vila Militar em Goiânia; Sítio de São João de Meriti; Casa em Recife; Casa em Fortaleza; Sítio entre Belo Horizonte e Ribeirão das Neves; Fazendinha, no município baiano de Alagoinhas; Sítio do Triângulo Mineiro; Sítio em Sergipe; e Apartamento em Brasília, no bloco J da superquadra 104 Sul.
“A ditadura não podia usar o procedimento dessa exceção de legalidade que assumiu com o regime”, disse Starling. “Assim, ela criou uma série de práticas que ferem a legalidade de exceção que criou, com desaparecimento, extermínio e tortura nos interrogatórios.”
Segundo a pesquisadora, uma das colaboradoras da CNV, centros clandestinos eram propriedades privadas cedidas por proprietários que funcionava como órgãos de tortura e não podem ser confundidos com quartéis e delegacias. Ela explicou que esses locais tinham como atribuições a eliminação de pistas que levassem à identificação dos militantes presos, como digitais, arcadas dentárias ou mesmo dos próprios corpos, e as circunstâncias em torno da prisão, tortura e morte desses. “Os centros clandestinos não eram utilizados à margem do Estado, mas fizeram parte de uma política pública de tortura do regime”, observou o coordenador da CNV, Pedro Dallari. “Trata-se de um política de Estado e não apenas excessos ou acidentes.”
Convocado para depor, o ex-agente acusado de tortura Dirceu Gravina falou em privado com os integrantes da CNV. Aos 65 anos de idade, atualmente Gravina trabalha como delegado no Departamento de Polícia Judiciária de Interior 8, em Presidente Prudente, interior do estado de São Paulo. Ele tinha 22 anos quando começou a praticar os crimes, nos anos 1970, segundo a comissão.
Conhecido como JC, em alusão a Jesus Cristo, pois tinha cabelos compridos e usava cavanhaque e crucifixo, ele serviu no DOI-Codi do II Exército, em São Paulo, sob o comando de Carlos Alberto Brilhante Ustra, provavelmente entre 1970 e 1972. Foi denunciado em uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, ajuizada em agosto de 2010, por casos de tortura, sequestro, morte e desaparecimento.
“O depoimento apresentou várias contradições”, contou o advogado José Carlos Dias, da CNV. “Ele usou muito a palavra “deus”, crença no “espírito santo”. Negou ter torturado e procurou se esquivar o tempo todo. Resolvemos encerrar o depoimento porque ele estava absolutamente perdido.”
Presente à audiência, a ex-militante da ALN Darci Miyaki lembrou ter sido torturada mais de uma vez por Gravina. “O codinome dele era JC. Ele chegava na sala de tortura e dizia: ‘Eu sou Deus. Tenho poder de vida ou morte sobre você.’”
Segundo a advogada e membro da CNV Rosa Cardoso, Gravina “acha inconfessável o que fez no passado”. “O que ficou claro para nós é que ele vive o conflito de sentir que filhos e netos ficam envergonhados com o que fez.”
Forças Armadas. Peça fundamental no esclarecimento das violações de direitos humanos na época da ditadura, as Forças Armadas anunciaram na semana passada terem instaurado comissões de sindicância para investigar o uso de instalações militares para repressão e tortura. As sindicâncias, que haviam sido requeridas pela CNV em fevereiro, foram confirmadas no dia 1º de abril pelo ministro Celso Amorim ao telefonema a Dallari.
“Pela primeira vez há assunção do dever de investigar das Forças Armadas”, disse Dallari sobre a disposição dos militares. “Eu quero crer que em algum momento as próprias Forças Armadas tomem a iniciativa de patrocinar investigações dessa natureza.”
registrado em: golpe de 64 ditadura militar


O cérebro desliga na frente de um líder religioso


Extraído do site: http://hypescience.com/o-cerebro-desliga-na-frente-de-um-lider-religioso/ - dia 07/04/2014
Quando estamos na frente de uma figura que consideramos carismática, as áreas do cérebro responsáveis pela vigilância e pelo ceticismo são desligadas. Essa é a conclusão de um estudo que analisou o cérebro de pessoas quando estão na presença de alguém que afirma ter poderes divinos.
Pesquisadores da Universidade Aarhus, na Dinamarca, estudaram cristãos petencostais, que acreditam que algumas pessoas possuem poderes proféticos, de cura e de sabedoria.
Usando um aparelho de ressonância magnética os cientistas analisaram os cérebros de 20 petencostais e 20 céticos enquanto eles assistiam cultos. Apenas os devotos tiveram mudanças nas atividades cerebrais em resposta às orações.
Partes do córtex pré-frontal, que têm papel fundamental de vigilância e que conferem importância para a informação que outras pessoas nos dão, eram completamente desativadas. Quando quem estava falando não era o pastor ou outro líder religioso, a atividade cerebral dos voluntários diminuía menos.
Para os especialistas isso explica porque algumas pessoas parecem ter mais influência sobre as outras. Não está claro se isso funciona apenas para líderes religiosos, mas os cientistas acreditam que o mesmo aconteça com pessoas com ótima oratória – políticos, advogados, médicos e, até mesmo, nossos pais. [New Scientist]

domingo, 6 de abril de 2014

José de Abreu: “Não há ideologia que justifique a tortura”

José de Abreu: “Não há ideologia que justifique a tortura”

Fonte: http://terramagazine.terra.com.br/blogterramagazine/blog/2014/04/05/jose-de-abreu-nao-ha-ideologia-que-justifique-a-tortura/

Dos 580 catarinenses presos durante o regime militar, identificados pela Comissão da Verdade Paulo Stuart Wright, 27 eram mulheres. Entre elas, Derlei Catarina de Luca e Rosângela Souza. Em comum, uma história de tortura e lutas em busca da preservação da memória das vítimas da Ditadura brasileira. Ambas atuam de forma ativa na identificação dos presos, torturados e mortos do estado onde nasceram e vivem. O golpe militar de 1964 completa 50 anos nesta segunda-feira (31).

FONTE: http://www.portalaz.com.br/noticia/geral/291116_50_anos_apos_o_golpe_militar_presas_de_sc_relatam_tortura_e_detencao.html

http://www.portalaz.com.br/imagens/geral/20140331131610_604a4.jpgDerlei foi presa três vezes. A primeira foi durante um Congresso da União Nacional de Estudantes, em Ibiúna (SP), em 12 de outubro de 1968, quando todos os participantes foram detidos. Depois, em 5 de dezembro de 1968 foi presa em Florianópolis. Quase um ano depois foi capturada durante a Operação Bandeirante, em São Paulo, em 23 de novembro de 1969, centro clandestino do Exército financiado por empresários para cassar, torturar e matar os opositores do regime, que mais tarde se transformou no Doi/Codi. Natural de Içara, na terceira detenção, ela foi torturada e mantida encarcerada por vários meses. Passou por praticamente todos os tipos de tortura física empregados na época: pau-de-arara, cadeira do dragão, choque elétrico e a palmatória.

A então estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi convidada a deixar os estudos depois de participar do Congresso da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna (SP), quando todos os participantes foram detidas. Tempo depois, ela foi pega novamente com uma maleta cheia de documentos comunistas de outros países. Ela relata que conheceu a sala de tortura às 19h de 23 de novembro de 1969.

"A primeira noite é indescritível. Arrancam minhas roupas. Sou pendurada no pau-de arara, recebo choques elétricos nos dedos, vagina, ouvido. Quebram meus dentes. A dor é lancinante. Tão intensa que nem dá para gritar. O sangue escorre pela cabeça, melando os cabelos e pescoço. Os braços, seios e maxilar recebem pancadas e coronhadas de revólver. São vários homens gritando. Ninguém pergunta objetivamente nada. Eles berram”, relembra a ex-militante da Ação Popular, no livro "No Corpo e na Alma", que começou a escrever durante seu exílio em Cuba.

As agressões sofridas na primeira semana de reclusão a fizeram passar quatro dias desacordada. Levada para um hospital, foi medicada e recebeu tratamento até ser removida novamente e agredida mesmo engessada e machucada das torturas anteriores.

As sequelas daquela época ficaram marcadas no corpo e na alma, como ela mesma descreve em livro. Por causa das agressões, passou 20 anos em tratamento por problemas renais.

Foi exilada, no Chile, Panamá e depois em Cuba. Voltou para o Brasil com a Anistia em 1979 e continuou lutando em busca dos desaparecidos políticos. Hoje, ela é apontada por historiadores e militantes como uma das pessoas mais engajadas no estado de Santa Catarina.

Faltou com respeito com o presidente
Rosangela Souza foi presa aos 23 anos em 1979, por ter "faltado com o respeito com o então presidente, general Figueiredo. Na época estudante de Direito da UFSC, ela ajudou a organizar uma manifestação pública contra o governo vigente. Por causa disso, ficou presa dez dias e foi julgada pelo Tribunal Militar em Curitiba.

Durante oito dias, ela permaneceu incomunicável no Hospital Militar, em Florianópolis, quando foi interrogada e ameaçada. “Fui retirada da cama às 6h por policiais federais. Os carcereiros eram meus amigos de sala”, contou à Comissão da Verdade.

Atualmente, ela é advogada e atua na busca de informações dos presos, desaparecidos e mortos políticos da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina. É responsável por fazer o levantamento dos profissionais que sofreram repressão durante o regime militar.

Segundo ela, apesar dos dados obtidos ainda falta ter acesso a muitas informações cruciais para desvendar todos os abusos cometidos duranta a ditadura. Ela cita os arquivos da Marinha que continuam intocados. Conforme a advogada, foi um dos locais com os piores casos de tortura e desaparecimentos. “Nós temos que conseguir os arquivos do Cenimar”, ressaltou.

O posicionamento dela é enfático sobre os crimes cometidos naquela época. Em depoimento para a comissão da verdade e ao G1 defendeu: “precisamos da verdade. Depois, de justiça. Muitos jovens que não cometeram crime algum foram assassinados pelo estado. Os assassinos têm de ir para a cadeia. Esta é a minha posição particular”.

Nos EUA, a confirmação da mão de Roberto Marinho nos bastidores da ditadura.

DOCUMENTO
Nos EUA, a confirmação da mão de Roberto Marinho nos bastidores da ditadura.
Roberto Marinho e o Ditador Costa e Silva
Em telegrama ao Departamento de Estado norte-americano, embaixador Lincoln Gordon relata interlocução do dono da Globo com cérebros do golpe em decisões sobre sucessão e endurecimento do regime
por Helena Sthephanowitz publicado 05/04/2014 15:25, última modificação 05/04/2014 15:27
No dia 14 de agosto do 1965, ano seguinte ao golpe, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, enviou a seus superiores um telegrama então classificado como altamente confidencial – agora já aberto a consulta pública. A correspondência narra encontro mantido na embaixada entre Gordon e Roberto Marinho, o então dono das Organizações Globo. A conversa era sobre a sucessão golpista.
Segundo relato do embaixador, Marinho estava “trabalhando silenciosamente” junto a um grupo composto, entre outras lideranças, pelo general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar; o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Serviço Nacional de Informação (SNI); Luis Vianna, chefe da Casa Civil, pela prorrogação ou renovação do mandato do ditador Castelo Branco.
No início de julho de 1965, a pedido do grupo, Roberto Marinho teve um encontro com Castelo para persuadi-lo a prorrogar ou renovar o mandato. O general mostrou-se resistente à ideia, de acordo com Gordon.
No encontro, o dono da Globo também sondou a disposição de trazer o então embaixador em Washington, Juracy Magalhães, para ser ministro da Justiça. Castelo, aceitou a  indicação, que acabou acontecendo depois das eleições para governador em outubro. O objetivo era ter Magalhães por perto como alternativa a suceder o ditador, e para endurecer o regime, já que o ministro Milton Campos era considerado dócil demais para a pasta, como descreve o telegrama. De fato, Magalhães foi para a Justiça, apertou a censura aos meios de comunicação e pediu a cabeça de jornalistas de esquerda aos donos de jornais.
No dia 31 de julho do mesmo ano houve um novo encontro. Roberto Marinho explica que, se Castelo Branco restaurasse eleições diretas para sua sucessão, os políticos com mais chances seriam os da oposição. E novamente age para persuadir o general-presidente a prorrogar seu mandato ou reeleger-se sem o risco do voto direto. Marinho disse ter saído satisfeito do encontro, pois o ditador foi mais receptivo. Na conversa, o dono da Globo também disse que o grupo que frequentava defendia um emenda constitucional para permitir a reeleição de Castelo com voto indireto, já que a composição do Congresso não oferecia riscos. Debateu também as pretensões do general Costa e Silva à sucessão.
Lincoln Gordon escreveu ainda ao Departamento de Estado de seu país que o sigilo da fonte era essencial, ou seja, era para manter segredo sobre o interlocutor tanto do embaixador quanto do general: Roberto Marinho.

RBA
E seu relato, Gordon menciona Marinho entre os cérebros da continuidade do golpe. E cita Milton Campos como muito respeitável, mas um "gentleman"

RBA

Eleições diretas poderiam das margens para "esquerdistas" como o marechal Lott; regime criaria eleição indireta

RBA
Marinho discutiu com Caslelo Branco a possibilidade de Costa e Silva vir a sucedê-lo
O histórico de apoio das Organizações Globo à ditadura não dá margens para surpresas. A diferença, agora, é confirmação documental.


sábado, 5 de abril de 2014

O ARAGUAIA NÃO CHEGA A PERDIZES


O ARAGUAIA NÃO CHEGA A PERDIZES


Dom Pedro Casaldáliga


Por Fábio Py Murta de Almeida
(Extraído da revista Caros Amigos dia 04 de abril de 2014 no endereço: http://www.carosamigos.com.br/index.php/artigos-e-debates/4011-o-araguaia-nao-chega-a-perdizes
Chega a informação de que o bispo emérito da Prelazia do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga (1928), poderá ser condecorado mais uma vez com o título de doutor honoris causa dessa vez pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) – antes recebera a honraria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2000, e da PUC-GO em 2012. Sem dúvida, é algo a ser comemorado. A indicação do título para o CÔNSUL da universidade foi da Faculdade de Teologia da PUC-SP, o qual é o grande prêmio dado pelas universidades a pessoas, podendo condecorar até os que não têm título acadêmico. Com ele, o laudeado passa a assinar ‘doutor’ ou ‘doutora’, sendo concedido a pessoas de destaque em área acadêmica ou em decorrência de serviços prestados à comunidade.
Vetores
Gostaria de destacar que caso haja o laudeamento do ‘Pedro do Araguaia’ há pelo menos dois vetores tendidos nas entrelinhas do ato titulatório. O primeiro vem de sua trajetória marcada pela luta dos direitos humanos, contra a ditadura, contra as forças capitalistas no campo, contra os posseiros. Intra-catolicismo suas lutas se orientam no sentido da crítica à estrutura, ao celibato sacerdotal e pela luta da maior participação das mulheres no clero. Nada disso impediu de ser admirado por figuras centrais da cúria como o Papa Paulo VI. Pontífice, no qual, nos tempos da Ditadura Militar no Brasil desafiou que se tocassem no Pedro do Araguaia estaria encostando no Papa. Lideranças da igreja quando podem, prestam homenagens ao Pedro do Araguaia, dono das honrarias pela vida pastoral aguçada pelas dores dos que pouco têm.
Entretanto também, deve-se considerar o vetor da universidade, isto é, da PUC-SP. Uma universidade que há anos constrói um histórico na sociedade brasileira no qual não se pode ser demonstrado nesse pequeno espaço. A PUC-SP onera em sua tradição: reflexão, o social, e em seus quadros teológicos agrega excelência ao fino do tecido ecumênico brasileiro. Apesar disso, a universidade vem se recuperando de embates, lutas contra a estrutura antiga, medieval - não condizente com sua excelência. Isso por que, na questão da eleição dos cargos mais altos como a reitoria depende ainda da palavra final do bispado paulista. Não importa às primeiras colocações. Quem define suas lideranças são os grupos do bispado. Por isso, tempos atrás ocorreram protestos de estudantes contrariados com a indicação do bispo levando a ocupar por dias o campus. Os protestos ocorreram pela indicação do Arcebispo Metropolitano de São Paulo e grão-chanceler da PUC-SP, Dom Odilo Scherer (1949), de postular na reitoria uma pessoa não foi a tão bem cotada quanto os demais. Uma postura controversa no sufrágio universal do Brasil.
Sinal de Francisco?
Sob o governo de Dom Odilo Scherer (de ala mais fechada da igreja, com histórico de intolerância com teólogos da libertação, responsável por retiradas de padres e párocos mais progressistas) soa tão distinta a indicação da solenidade de honoris causa para um bispo como Dom Pedro Casaldáliga reconhecidamente anti-estrutural, ligado à Teologia da Libertação, aos movimentos sociais e camponeses. Seria uma vitória da teologia latino-americana? Um sinal da primavera vivida pela Igreja com o governo de Francisco? A primeira impressão é que sim. Contudo, a quem perceba que está ocorrendo um deslocamento de uma teologia social mais para o centro da igreja ao invés de a celebração da vida, das lutas e pautas do Pedro do Araguaia com críticas aos ornamentos estruturais. Parece que se está ocorrendo um processo de alocação de temas da religião progressista no mandato de Francisco, com vias de ocultação ou silenciamento dos antigos embates desta teologia. É o que se vê nas argumentações do atual cardeal presidente da cadeira da Congregação para Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício), Gerhard Muller, quando desloca a teologia da libertação como subserviente a doutrina social da igreja simplificando-a como mera solidariedade, caridade cristã.
Segmento de Cristo
O inverso dos que elaboraram as teologias sociais, quando em 1950-1960 seus produtores alertavam os truques das estruturas religiosas do uso dos termos e postulados das filosofias da libertação a fim de domesticar em prol do seu leso cristianismo. O inverso do programa preferido quando a partir dos leigos se construiria uma igreja genuinamente do segmento de Cristo, isto é, entre os pobres e desguarnecidos. Horizonte que hoje se torna cada vez mais utópico como quem luta em acreditar que o Araguaia do Pedro possa inundar as ricas túnicas do Odilo corriola escondido entre os cimentos dos prédios da classe média alta de Perdizes, São Paulo.

 Fábio Py Murta de Almeida é teólogo, historiador e doutorando em Teologia pela PUC-RJ. Articulador do blog fabiopymurtadealmeida.blogspot.com

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