terça-feira, 8 de abril de 2014
REFORMAS DE BASE DO GOVERNO JOÃO GOULART
REFORMAS DE BASE DO GOVERNO JOÃO GOULART
As Reformas
de Base apareceram com mais intensidade durante o governo do presidente João Goulart na
história do Brasil. A proposta era a reestruturação de uma série de setores
econômicos e sociais, mas a influência do pensamento de esquerda fez com que militares e políticos conservadores se
unissem para viabilizar o Golpe Militar de 1964 e afastar o então
presidente.
As propostas para
promoção de alterações nas estruturas políticas, econômicas e sociais começaram
a ser discutidas no Brasil ainda no decorrer do governo de Juscelino Kubitscheck, em 1958. Naquela
ocasião, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) apresentou uma alternativa para
garantir o desenvolvimento do país e a diminuição das desigualdades baseada na
execução de reformas. Os debates não avançaram muito e só voltaram à discussão
quando João Goulart assumiu a presidência deixada por Jânio Quadros, que renunciou, em setembro de
1961. As reformas de base se transformaram na bandeira do novo governo e seriam
responsáveis pelas ocorrências do mandato do novo presidente.
Sob a denominação de
“reformas de base” estavam reunidas iniciativas que visavam alterações
bancárias, fiscais, urbanas, administrativas, agrárias e universitárias. Para
completar, almejava-se oferecer o direito de voto paraanalfabetos e às patentes subalternas das
forças armadas. As medidas causariam uma participação maior do Estado em
questões econômicas, regulando o investimento estrangeiro no país.
Entre as mudanças
pretendidas pelo projeto de reforma apresentado, estava em primeiro lugar,
liderando os debates sobre o processo, a reforma agrária. O objetivo era reduzir os
combates por terras e possibilitar que milhares de trabalhadores tivessem acesso às terras.
As aspirações das
reformas pretendidas coincidiam com os anseios da classe média brasileira, dos
trabalhadores e dos empresários nacionalistas. Por esse motivo, grande parte do
povo brasileiro aderiu ao movimento, o que desagradou os setores mais
conservadores do Brasil. Enquanto isso, o povo pressionava o governo pela
efetiva implantação das propostas.
Em 1962 o presidente
João Goulart criou o Conselho Nacional de Reforma Agrária na
tentativa de agilizar a principal das reformas pretendidas, mas tal conselho
não ofereceu nenhum resultado prático. Naquele momento o Brasil vivia também um
regime parlamentarista, no qual o Presidente perde em
poderes para o Primeiro Ministro. O regimepresidencialista só foi restabelecido em
1963 por via de um plebiscito no qual a população escolheu a volta desse
sistema. João Goulart teve seus poderes restabelecidos e aproveitou para
promover medidas que antes eram barradas.
Em março de 1963 o Estatuto
do Trabalhador Rural de autoria do deputado Fernando Ferrari foi
aprovado no Congresso, através desse os trabalhadores do campo passavam a ter
os mesmos direitos dos trabalhadores urbanos, tendo até mesmo a sindicalização
fortalecida. Obviamente, os latifundiários e empresários do setor sentiram-se
imediatamente lesados e descontentes com tal medida.
No dia 3 de setembro
ainda de 1963 outra lei foi aprovada, esta alterava a estrutura de
contabilidade das grandes empresas estrangeiras e reduzia o altíssimo índice de
lucros que conquistavam no Brasil.
O somatório das duas
últimas leis deu início a um debate sobre conservadores e progressistas no
Brasil. Para que o presidente João Goulart tivesse todas suas medidas aprovadas
era preciso mudar a Constituição, o plano então foi chamar o povo para participar do projeto através de grandes comícios
que causassem a inflamação da população para pressionar o Congresso a promover
as medidas. Essa fase da investida do governo pela aplicação das reformas de
base começou no dia 13 de março de 1964 através de um grande comício na Central
do Brasil, Rio de Janeiro, no qualJoão Goulart e Leonel Brizola anunciavam
grandes mudanças no Brasil. Cerca de 150 mil pessoas estiveram presentes
naquele dia, o que desagradou mais ainda os setores conservadores. Como as
propostas eram influenciadas por pensamento de esquerda, os defensores do capitalismo e
membros da direita brasileira receavam quanto ao crescimento de um possível
governo em linhas comunistas no país. O comício na Central do Brasil foi
o momento derradeiro para determinar a organização da oposição, especialmente
dos militares, e dar início ao golpe de Estado que
tiraria ainda no mesmo mês, 31 de março, o presidente João Goulart do poder,
encerrando as tão almejadas reformas de base e estabelecendo uma ditadura
militar no país.
Fontes:
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/As_reformas_de_base
http://www.fundaj.gov.br/docs/inpso/cpoli/JRego/TextosCPolitica/Mestrado/Cap_1/cap_01nota_07.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reformas_de_base
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/As_reformas_de_base
http://www.fundaj.gov.br/docs/inpso/cpoli/JRego/TextosCPolitica/Mestrado/Cap_1/cap_01nota_07.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reformas_de_base
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Estudantes invadem sala de aula na USP após professor defender golpe de 1964
Estudantes invadem sala de aula na USP após professor defender golpe de 1964
Alunos de Direito fizeram ‘escracho’ em sala de aula no Largo de São Francisco após professor defender golpe de 1964
por Renan Truffi — publicado 01/04/2014 12:37
Retirado do site da revista Carta Capital dia 07/04/2014
Um grupo de estudantes da Universidade de São Paulo (USP) invadiu uma sala de aula da Faculdade de Direito na segunda-feira 31 depois que o professor de direito administrativo Eduardo Lobo Botelho Gualazzi tentou defender o golpe de 1964, que colocou o Brasil, há 50 anos, em uma ditadura civil-militar de 21 anos.
O protesto dos alunos ocorreu no meio da aula e foi registrado em vídeo por um dos estudantes. Nas imagens, Gualazzi aparece lendo um texto que distribuiu para alunos do 3º ano. “A história informa que as tiranias vermelhas terminaram afogadas em um holocausto de sangue humano e corrupção total, material e espiritual. Em 1964, o socialismo comunismo esquerdista-totalitário almejava apoderar-se totalmente do Brasil”, diz Gualazzi no vídeo ao justificar o golpe de Estado contra o governo de João Goulart.
Em função da postura do docente, os estudantes simularam uma cena de tortura fora da sala de aula para, em seguida, entrar na classe encapuzados. “Esse professor distribuiu antes da aula um texto para alunos explicando por que ele defendia a ‘revolução’ de 1964 (nas palavras do docente) e como isso foi bom para o Brasil. Então nos reunimos para fazer um escracho contra ele. Antes de entrar, fizemos um pequeno teatro de uma cena de tortura e entramos dentro da sala. O professor foi muito agressivo, empurrou alunos. Ele perdeu as estribeiras, quis expulsar os estudantes de dentro da sala, mas começamos a batucar e ele saiu muito nervoso”, explica o estudante do primeiro ano Marco Antonio Riechelmann, de 19 anos.
Ainda de acordo com Riechelmann, Gualazzi continuou agressivo do lado de fora da classe e foi seguido por seus monitores. “Ele ficou discutindo com a gente no pátio, os monitores dele também peitaram, tivemos que separar por que queriam brigar”, afirma. O escracho foi organizado por um coletivo e apoiado pelo Centro Acadêmico 11 de agosto.
O professor não conseguiu ler todo o texto, intitulado “Continência a 1964”. No documento, Gualazzi afirma, entre outras coisas, que a “revolução de 31 de março de 1964 consistiu na preservação da consolidação histórica do perfil brasileiro, assentado em nosso País desde 1500 (descobrimento do Brasil)”. Ele conclui ainda que, “graças ao bom Deus”, “os líderes civis e militares da Revolução de 1964 sabiamente consolidaram, ao longo de vinte e um anos (1964-1985), infraestrutura e superestrutura que tornaram o Brasil atualmente imune a qualquer tentativa de subversão”.
O protesto dos alunos ocorreu no meio da aula e foi registrado em vídeo por um dos estudantes. Nas imagens, Gualazzi aparece lendo um texto que distribuiu para alunos do 3º ano. “A história informa que as tiranias vermelhas terminaram afogadas em um holocausto de sangue humano e corrupção total, material e espiritual. Em 1964, o socialismo comunismo esquerdista-totalitário almejava apoderar-se totalmente do Brasil”, diz Gualazzi no vídeo ao justificar o golpe de Estado contra o governo de João Goulart.
Em função da postura do docente, os estudantes simularam uma cena de tortura fora da sala de aula para, em seguida, entrar na classe encapuzados. “Esse professor distribuiu antes da aula um texto para alunos explicando por que ele defendia a ‘revolução’ de 1964 (nas palavras do docente) e como isso foi bom para o Brasil. Então nos reunimos para fazer um escracho contra ele. Antes de entrar, fizemos um pequeno teatro de uma cena de tortura e entramos dentro da sala. O professor foi muito agressivo, empurrou alunos. Ele perdeu as estribeiras, quis expulsar os estudantes de dentro da sala, mas começamos a batucar e ele saiu muito nervoso”, explica o estudante do primeiro ano Marco Antonio Riechelmann, de 19 anos.
Ainda de acordo com Riechelmann, Gualazzi continuou agressivo do lado de fora da classe e foi seguido por seus monitores. “Ele ficou discutindo com a gente no pátio, os monitores dele também peitaram, tivemos que separar por que queriam brigar”, afirma. O escracho foi organizado por um coletivo e apoiado pelo Centro Acadêmico 11 de agosto.
O professor não conseguiu ler todo o texto, intitulado “Continência a 1964”. No documento, Gualazzi afirma, entre outras coisas, que a “revolução de 31 de março de 1964 consistiu na preservação da consolidação histórica do perfil brasileiro, assentado em nosso País desde 1500 (descobrimento do Brasil)”. Ele conclui ainda que, “graças ao bom Deus”, “os líderes civis e militares da Revolução de 1964 sabiamente consolidaram, ao longo de vinte e um anos (1964-1985), infraestrutura e superestrutura que tornaram o Brasil atualmente imune a qualquer tentativa de subversão”.
No texto, o docente ainda traça um "perfil" da sua personalidade. "Durante minha infância/adolescência, consolidei em silêncio minha opção íntima pelo seguinte perfil de personalidade, em ordem alfabética: a) aristocratismo; b) burguesismo; c) capitalismo; d) direitismo; e) euro-brasilidade; f) família; g) individualismo; h) liberalismo; i) música erudita; j) panamericanismo; k) propriedade privada; l) tradição judaico-cristã. Nos tempos atuais, mantenho em meu íntimo, de modo pétreo, as doze opções da minha infância/adolescência". A assessoria de imprensa da Faculdade de Direito da USP não quis se pronunciar sobre o assunto nem explicou se tomou algum tipo de providência em relação ao caso.
Comissão da Verdade identifica 17 centros de repressão clandestinos
Ditadura
Comissão da Verdade identifica 17 centros de
repressão clandestinos
Na chamada
Casa Azul, em Marabá (PA), 24 militantes morreram, a maioria filiada ao PCdoB
por Marsílea Gombata — publicado 07/04/2014
19:40, última modificação 07/04/2014 20:34
Extraído do site
da revista Carta Capital dia 07/04/2014
A
Comissão Nacional da Verdade (CNV) identificou 17 centros clandestinos da
repressão durante o período da ditadura. Com exceção de um, conhecido como a
Casa do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, todos eram palco de torturas e
mortes de militantes contrários ao regime civil-militar.
Em audiência pública nesta
segunda-feira 7, a pesquisadora Heloísa Starling, da UFMG (Universidade Federal
de Minas Gerais), apresentou sete locais que vêm sendo investigados pela CNV e
outros dez que foram mapeados como antigos centros de repressão entre 1970 e
1975 no estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco,
Sergipe, Ceará, Pará e Distrito Federal. Os centros estavam diretamente
vinculados aos comandos dos órgãos de inteligência e repressão do Exército
(Centros de Informações do Exército – CIE) e da Marinha (Centro de Informações
da Marinha – CENIMAR), assim como organismos de natureza policial militar, como
os CODI (Centros de Operação e Defesa Interna) e DOI (Destacamentos de Operação
interna).
“Tanto a criação como o funcionamento
regular são resultado de uma política das Forças Armadas”, afirmou Starling.
“Não são estruturas autônomas, não são subterrâneas nem de milícias ou grupos
paramilitares. Eram parte de uma estrutura de inteligência e repressão que
obedecia ao alto comando das Forças Armadas.”
Apesar de a Casa da Morte, em
Petrópolis, ser conhecida por práticas macabras de tortura e desaparecimento
forçado de 14 militantes, o centro clandestino onde mais morreram opositores do
regime foi a chamada Casa Azul, em Marabá, no Pará. Nela, 24 militantes
morreram, sendo 22 filiados ao PCdoB e outros dois camponeses que se juntaram à
luta armada, entre 1972 e 1973. “Ninguém sobreviveu à Casa Azul”, reforçou
Starling.
Além da Casa Azul e da Casa da Morte,
da qual apenas Inês Etienne Romeu saiu com vida, a CNV investiga a Casa de São
Conrado, no Rio de Janeiro; a Fazenda 31 de Março, ao sul da represa de
Guarapiranga, na Grande São Paulo; a Casa de Itapevi, também em São Paulo; a
Casa no Bairro Ipiranga, que servia como centro de recrutamento de infiltrados
para o Exército; Casa do Renascença, em Belo Horizonte. Foram mapeados ainda os
centros clandestinos Casa em Olinda; Casa da Vila Militar em Goiânia; Sítio de
São João de Meriti; Casa em Recife; Casa em Fortaleza; Sítio entre Belo
Horizonte e Ribeirão das Neves; Fazendinha, no município baiano de Alagoinhas;
Sítio do Triângulo Mineiro; Sítio em Sergipe; e Apartamento em Brasília, no
bloco J da superquadra 104 Sul.
“A ditadura não podia usar o procedimento
dessa exceção de legalidade que assumiu com o regime”, disse Starling. “Assim,
ela criou uma série de práticas que ferem a legalidade de exceção que criou,
com desaparecimento, extermínio e tortura nos interrogatórios.”
Segundo a pesquisadora, uma das
colaboradoras da CNV, centros clandestinos eram propriedades privadas cedidas
por proprietários que funcionava como órgãos de tortura e não podem ser
confundidos com quartéis e delegacias. Ela explicou que esses locais tinham
como atribuições a eliminação de pistas que levassem à identificação dos
militantes presos, como digitais, arcadas dentárias ou mesmo dos próprios
corpos, e as circunstâncias em torno da prisão, tortura e morte desses. “Os
centros clandestinos não eram utilizados à margem do Estado, mas fizeram parte
de uma política pública de tortura do regime”, observou o coordenador da CNV,
Pedro Dallari. “Trata-se de um política de Estado e não apenas excessos ou
acidentes.”
Convocado para depor, o ex-agente
acusado de tortura Dirceu Gravina falou em privado com os integrantes da CNV.
Aos 65 anos de idade, atualmente Gravina trabalha como delegado no Departamento
de Polícia Judiciária de Interior 8, em Presidente Prudente, interior do estado
de São Paulo. Ele tinha 22 anos quando começou a praticar os crimes, nos anos
1970, segundo a comissão.
Conhecido como JC, em alusão a Jesus
Cristo, pois tinha cabelos compridos e usava cavanhaque e crucifixo, ele serviu
no DOI-Codi do II Exército, em São Paulo, sob o comando de Carlos Alberto
Brilhante Ustra, provavelmente entre 1970 e 1972. Foi denunciado em uma ação
civil pública movida pelo Ministério Público Federal, ajuizada em agosto de
2010, por casos de tortura, sequestro, morte e desaparecimento.
“O depoimento apresentou várias
contradições”, contou o advogado José Carlos Dias, da CNV. “Ele usou muito a
palavra “deus”, crença no “espírito santo”. Negou ter torturado e procurou se
esquivar o tempo todo. Resolvemos encerrar o depoimento porque ele estava
absolutamente perdido.”
Presente à audiência, a ex-militante da
ALN Darci Miyaki lembrou ter sido torturada mais de uma vez por Gravina.
“O codinome dele era JC. Ele chegava na sala de tortura e dizia: ‘Eu sou Deus.
Tenho poder de vida ou morte sobre você.’”
Segundo a advogada e membro da CNV Rosa
Cardoso, Gravina “acha inconfessável o que fez no passado”. “O que ficou claro
para nós é que ele vive o conflito de sentir que filhos e netos ficam
envergonhados com o que fez.”
Forças
Armadas. Peça fundamental no esclarecimento das
violações de direitos humanos na época da ditadura, as Forças Armadas
anunciaram na semana passada terem instaurado comissões de sindicância para
investigar o uso de instalações militares para repressão e tortura. As
sindicâncias, que haviam sido requeridas pela CNV em fevereiro, foram
confirmadas no dia 1º de abril pelo ministro Celso Amorim ao telefonema a
Dallari.
“Pela primeira vez há assunção do dever de investigar das Forças
Armadas”, disse Dallari sobre a disposição dos militares. “Eu quero crer que em
algum momento as próprias Forças Armadas tomem a iniciativa de patrocinar
investigações dessa natureza.”
registrado
em: golpe
de 64 ditadura
militar
O cérebro desliga na frente de um líder religioso
Extraído do site: http://hypescience.com/o-cerebro-desliga-na-frente-de-um-lider-religioso/ - dia 07/04/2014
Quando estamos na frente de uma figura que consideramos carismática, as áreas do cérebro responsáveis pela vigilância e pelo ceticismo são desligadas. Essa é a conclusão de um estudo que analisou o cérebro de pessoas quando estão na presença de alguém que afirma ter poderes divinos.
Pesquisadores da Universidade Aarhus, na Dinamarca, estudaram cristãos petencostais, que acreditam que algumas pessoas possuem poderes proféticos, de cura e de sabedoria.
Usando um aparelho de ressonância magnética os cientistas analisaram os cérebros de 20 petencostais e 20 céticos enquanto eles assistiam cultos. Apenas os devotos tiveram mudanças nas atividades cerebrais em resposta às orações.
Partes do córtex pré-frontal, que têm papel fundamental de vigilância e que conferem importância para a informação que outras pessoas nos dão, eram completamente desativadas. Quando quem estava falando não era o pastor ou outro líder religioso, a atividade cerebral dos voluntários diminuía menos.
Para os especialistas isso explica porque algumas pessoas parecem ter mais influência sobre as outras. Não está claro se isso funciona apenas para líderes religiosos, mas os cientistas acreditam que o mesmo aconteça com pessoas com ótima oratória – políticos, advogados, médicos e, até mesmo, nossos pais. [New Scientist]
domingo, 6 de abril de 2014
José de Abreu: “Não há ideologia que justifique a tortura”
José de Abreu: “Não há ideologia que justifique a tortura”
Fonte: http://terramagazine.terra.com.br/blogterramagazine/blog/2014/04/05/jose-de-abreu-nao-ha-ideologia-que-justifique-a-tortura/
Dos 580 catarinenses presos
durante o regime militar, identificados pela Comissão da Verdade Paulo Stuart
Wright, 27 eram mulheres. Entre elas, Derlei Catarina de Luca e Rosângela
Souza. Em comum, uma história de tortura e lutas em busca da preservação da
memória das vítimas da Ditadura brasileira. Ambas atuam de forma ativa na
identificação dos presos, torturados e mortos do estado onde nasceram e vivem.
O golpe militar de 1964 completa 50 anos nesta segunda-feira (31).
FONTE: http://www.portalaz.com.br/noticia/geral/291116_50_anos_apos_o_golpe_militar_presas_de_sc_relatam_tortura_e_detencao.html
Derlei foi presa três vezes. A primeira foi
durante um Congresso da União Nacional de Estudantes, em Ibiúna (SP), em 12 de
outubro de 1968, quando todos os participantes foram detidos. Depois, em 5 de
dezembro de 1968 foi presa em Florianópolis. Quase um ano depois foi capturada
durante a Operação Bandeirante, em São Paulo, em 23 de novembro de 1969, centro
clandestino do Exército financiado por empresários para cassar, torturar e
matar os opositores do regime, que mais tarde se transformou no Doi/Codi.
Natural de Içara, na terceira detenção, ela foi torturada e mantida encarcerada
por vários meses. Passou por praticamente todos os tipos de tortura física
empregados na época: pau-de-arara, cadeira do dragão, choque elétrico e a
palmatória.
A então estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi convidada a deixar os estudos depois de participar do Congresso da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna (SP), quando todos os participantes foram detidas. Tempo depois, ela foi pega novamente com uma maleta cheia de documentos comunistas de outros países. Ela relata que conheceu a sala de tortura às 19h de 23 de novembro de 1969.
"A primeira noite é indescritível. Arrancam minhas roupas. Sou pendurada no pau-de arara, recebo choques elétricos nos dedos, vagina, ouvido. Quebram meus dentes. A dor é lancinante. Tão intensa que nem dá para gritar. O sangue escorre pela cabeça, melando os cabelos e pescoço. Os braços, seios e maxilar recebem pancadas e coronhadas de revólver. São vários homens gritando. Ninguém pergunta objetivamente nada. Eles berram”, relembra a ex-militante da Ação Popular, no livro "No Corpo e na Alma", que começou a escrever durante seu exílio em Cuba.
As agressões sofridas na primeira semana de reclusão a fizeram passar quatro dias desacordada. Levada para um hospital, foi medicada e recebeu tratamento até ser removida novamente e agredida mesmo engessada e machucada das torturas anteriores.
As sequelas daquela época ficaram marcadas no corpo e na alma, como ela mesma descreve em livro. Por causa das agressões, passou 20 anos em tratamento por problemas renais.
Foi exilada, no Chile, Panamá e depois em Cuba. Voltou para o Brasil com a Anistia em 1979 e continuou lutando em busca dos desaparecidos políticos. Hoje, ela é apontada por historiadores e militantes como uma das pessoas mais engajadas no estado de Santa Catarina.
Faltou com respeito com o presidente
Rosangela Souza foi presa aos 23 anos em 1979, por ter "faltado com o respeito com o então presidente, general Figueiredo. Na época estudante de Direito da UFSC, ela ajudou a organizar uma manifestação pública contra o governo vigente. Por causa disso, ficou presa dez dias e foi julgada pelo Tribunal Militar em Curitiba.
Durante oito dias, ela permaneceu incomunicável no Hospital Militar, em Florianópolis, quando foi interrogada e ameaçada. “Fui retirada da cama às 6h por policiais federais. Os carcereiros eram meus amigos de sala”, contou à Comissão da Verdade.
Atualmente, ela é advogada e atua na busca de informações dos presos, desaparecidos e mortos políticos da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina. É responsável por fazer o levantamento dos profissionais que sofreram repressão durante o regime militar.
Segundo ela, apesar dos dados obtidos ainda falta ter acesso a muitas informações cruciais para desvendar todos os abusos cometidos duranta a ditadura. Ela cita os arquivos da Marinha que continuam intocados. Conforme a advogada, foi um dos locais com os piores casos de tortura e desaparecimentos. “Nós temos que conseguir os arquivos do Cenimar”, ressaltou.
O posicionamento dela é enfático sobre os crimes cometidos naquela época. Em depoimento para a comissão da verdade e ao G1 defendeu: “precisamos da verdade. Depois, de justiça. Muitos jovens que não cometeram crime algum foram assassinados pelo estado. Os assassinos têm de ir para a cadeia. Esta é a minha posição particular”.

A então estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi convidada a deixar os estudos depois de participar do Congresso da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna (SP), quando todos os participantes foram detidas. Tempo depois, ela foi pega novamente com uma maleta cheia de documentos comunistas de outros países. Ela relata que conheceu a sala de tortura às 19h de 23 de novembro de 1969.
"A primeira noite é indescritível. Arrancam minhas roupas. Sou pendurada no pau-de arara, recebo choques elétricos nos dedos, vagina, ouvido. Quebram meus dentes. A dor é lancinante. Tão intensa que nem dá para gritar. O sangue escorre pela cabeça, melando os cabelos e pescoço. Os braços, seios e maxilar recebem pancadas e coronhadas de revólver. São vários homens gritando. Ninguém pergunta objetivamente nada. Eles berram”, relembra a ex-militante da Ação Popular, no livro "No Corpo e na Alma", que começou a escrever durante seu exílio em Cuba.
As agressões sofridas na primeira semana de reclusão a fizeram passar quatro dias desacordada. Levada para um hospital, foi medicada e recebeu tratamento até ser removida novamente e agredida mesmo engessada e machucada das torturas anteriores.
As sequelas daquela época ficaram marcadas no corpo e na alma, como ela mesma descreve em livro. Por causa das agressões, passou 20 anos em tratamento por problemas renais.
Foi exilada, no Chile, Panamá e depois em Cuba. Voltou para o Brasil com a Anistia em 1979 e continuou lutando em busca dos desaparecidos políticos. Hoje, ela é apontada por historiadores e militantes como uma das pessoas mais engajadas no estado de Santa Catarina.
Faltou com respeito com o presidente
Rosangela Souza foi presa aos 23 anos em 1979, por ter "faltado com o respeito com o então presidente, general Figueiredo. Na época estudante de Direito da UFSC, ela ajudou a organizar uma manifestação pública contra o governo vigente. Por causa disso, ficou presa dez dias e foi julgada pelo Tribunal Militar em Curitiba.
Durante oito dias, ela permaneceu incomunicável no Hospital Militar, em Florianópolis, quando foi interrogada e ameaçada. “Fui retirada da cama às 6h por policiais federais. Os carcereiros eram meus amigos de sala”, contou à Comissão da Verdade.
Atualmente, ela é advogada e atua na busca de informações dos presos, desaparecidos e mortos políticos da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina. É responsável por fazer o levantamento dos profissionais que sofreram repressão durante o regime militar.
Segundo ela, apesar dos dados obtidos ainda falta ter acesso a muitas informações cruciais para desvendar todos os abusos cometidos duranta a ditadura. Ela cita os arquivos da Marinha que continuam intocados. Conforme a advogada, foi um dos locais com os piores casos de tortura e desaparecimentos. “Nós temos que conseguir os arquivos do Cenimar”, ressaltou.
O posicionamento dela é enfático sobre os crimes cometidos naquela época. Em depoimento para a comissão da verdade e ao G1 defendeu: “precisamos da verdade. Depois, de justiça. Muitos jovens que não cometeram crime algum foram assassinados pelo estado. Os assassinos têm de ir para a cadeia. Esta é a minha posição particular”.
Nos EUA, a confirmação da mão de Roberto Marinho nos bastidores da ditadura.
DOCUMENTO
Nos
EUA, a confirmação da mão de Roberto Marinho nos bastidores da ditadura.
Roberto Marinho e o Ditador Costa e Silva
Em telegrama ao Departamento de
Estado norte-americano, embaixador Lincoln Gordon relata interlocução do dono
da Globo com cérebros do golpe em decisões sobre sucessão e endurecimento do
regime
por Helena Sthephanowitz publicado 05/04/2014
15:25, última modificação 05/04/2014 15:27
No
dia 14 de agosto do 1965, ano seguinte ao golpe, o então embaixador dos Estados
Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, enviou a seus superiores um telegrama então
classificado como altamente confidencial – agora já aberto a consulta pública.
A correspondência narra encontro mantido na embaixada entre Gordon e Roberto
Marinho, o então dono das Organizações Globo. A conversa era sobre a sucessão
golpista.
Segundo
relato do embaixador, Marinho estava “trabalhando silenciosamente” junto a um
grupo composto, entre outras lideranças, pelo general Ernesto Geisel, chefe da
Casa Militar; o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Serviço Nacional de
Informação (SNI); Luis Vianna, chefe da Casa Civil, pela prorrogação ou
renovação do mandato do ditador Castelo Branco.
No
início de julho de 1965, a pedido do grupo, Roberto Marinho teve um encontro
com Castelo para persuadi-lo a prorrogar ou renovar o mandato. O general
mostrou-se resistente à ideia, de acordo com Gordon.
No
encontro, o dono da Globo também sondou a disposição de trazer o então
embaixador em Washington, Juracy Magalhães, para ser ministro da Justiça.
Castelo, aceitou a indicação, que acabou acontecendo depois das
eleições para governador em outubro. O objetivo era ter Magalhães por perto
como alternativa a suceder o ditador, e para endurecer o regime, já que o
ministro Milton Campos era considerado dócil demais para a pasta, como descreve
o telegrama. De fato, Magalhães foi para a Justiça, apertou a censura aos meios
de comunicação e pediu a cabeça de jornalistas de esquerda aos donos de
jornais.
No
dia 31 de julho do mesmo ano houve um novo encontro. Roberto Marinho explica
que, se Castelo Branco restaurasse eleições diretas para sua sucessão, os
políticos com mais chances seriam os da oposição. E novamente age para
persuadir o general-presidente a prorrogar seu mandato ou reeleger-se sem o
risco do voto direto. Marinho disse ter saído satisfeito do encontro, pois o
ditador foi mais receptivo. Na conversa, o dono da Globo também disse que o
grupo que frequentava defendia um emenda constitucional para permitir a
reeleição de Castelo com voto indireto, já que a composição do Congresso não
oferecia riscos. Debateu também as pretensões do general Costa e Silva à sucessão.
Lincoln
Gordon escreveu ainda ao Departamento de Estado de seu país que o sigilo da
fonte era essencial, ou seja, era para manter segredo sobre o interlocutor
tanto do embaixador quanto do general: Roberto Marinho.
RBA
E seu relato, Gordon
menciona Marinho entre os cérebros da continuidade do golpe. E cita Milton
Campos como muito respeitável, mas um "gentleman"
RBA
Eleições diretas
poderiam das margens para "esquerdistas" como o marechal
Lott; regime criaria eleição indireta
RBA
Marinho discutiu com
Caslelo Branco a possibilidade de Costa e Silva vir a sucedê-lo
O histórico de apoio das Organizações Globo à ditadura não dá margens
para surpresas. A diferença, agora, é confirmação documental.
sábado, 5 de abril de 2014
O ARAGUAIA NÃO CHEGA A PERDIZES
O ARAGUAIA NÃO
CHEGA A PERDIZES
Dom Pedro Casaldáliga
Por
Fábio Py Murta de Almeida
(Extraído
da revista Caros Amigos dia 04 de abril de 2014 no endereço: http://www.carosamigos.com.br/index.php/artigos-e-debates/4011-o-araguaia-nao-chega-a-perdizes
Chega a informação de que o bispo emérito da Prelazia do Araguaia, Dom
Pedro Casaldáliga (1928), poderá ser condecorado mais uma vez com o título de
doutor honoris causa dessa vez pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP) – antes recebera a honraria da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), em 2000, e da PUC-GO em 2012. Sem dúvida, é algo a ser comemorado. A
indicação do título para o CÔNSUL da universidade foi da Faculdade de Teologia
da PUC-SP, o qual é o grande prêmio dado pelas universidades a pessoas, podendo
condecorar até os que não têm título acadêmico. Com ele, o laudeado passa a
assinar ‘doutor’ ou ‘doutora’, sendo concedido a pessoas de destaque em área
acadêmica ou em decorrência de serviços prestados à comunidade.
Vetores
Gostaria de destacar que caso haja o laudeamento do ‘Pedro do Araguaia’
há pelo menos dois vetores tendidos nas entrelinhas do ato titulatório. O
primeiro vem de sua trajetória marcada pela luta dos direitos humanos, contra a
ditadura, contra as forças capitalistas no campo, contra os posseiros.
Intra-catolicismo suas lutas se orientam no sentido da crítica à estrutura, ao
celibato sacerdotal e pela luta da maior participação das mulheres no clero.
Nada disso impediu de ser admirado por figuras centrais da cúria como o Papa
Paulo VI. Pontífice, no qual, nos tempos da Ditadura Militar no Brasil desafiou
que se tocassem no Pedro do Araguaia estaria encostando no Papa. Lideranças da
igreja quando podem, prestam homenagens ao Pedro do Araguaia, dono das honrarias
pela vida pastoral aguçada pelas dores dos que pouco têm.
Entretanto também, deve-se considerar o vetor da universidade, isto é,
da PUC-SP. Uma universidade que há anos constrói um histórico na sociedade
brasileira no qual não se pode ser demonstrado nesse pequeno espaço. A PUC-SP
onera em sua tradição: reflexão, o social, e em seus quadros teológicos agrega
excelência ao fino do tecido ecumênico brasileiro. Apesar disso, a universidade
vem se recuperando de embates, lutas contra a estrutura antiga, medieval - não
condizente com sua excelência. Isso por que, na questão da eleição dos cargos
mais altos como a reitoria depende ainda da palavra final do bispado paulista.
Não importa às primeiras colocações. Quem define suas lideranças são os grupos
do bispado. Por isso, tempos atrás ocorreram protestos de estudantes
contrariados com a indicação do bispo levando a ocupar por dias o campus. Os
protestos ocorreram pela indicação do Arcebispo Metropolitano de São Paulo e
grão-chanceler da PUC-SP, Dom Odilo Scherer (1949), de postular na reitoria uma
pessoa não foi a tão bem cotada quanto os demais. Uma postura controversa no
sufrágio universal do Brasil.
Sinal de Francisco?
Sob o governo de Dom Odilo Scherer (de ala mais fechada da igreja, com
histórico de intolerância com teólogos da libertação, responsável por retiradas
de padres e párocos mais progressistas) soa tão distinta a indicação da
solenidade de honoris causa para um bispo como Dom Pedro Casaldáliga
reconhecidamente anti-estrutural, ligado à Teologia da Libertação, aos
movimentos sociais e camponeses. Seria uma vitória da teologia
latino-americana? Um sinal da primavera vivida pela Igreja com o governo de
Francisco? A primeira impressão é que sim. Contudo, a quem perceba que está ocorrendo
um deslocamento de uma teologia social mais para o centro da igreja ao invés de
a celebração da vida, das lutas e pautas do Pedro do Araguaia com críticas aos
ornamentos estruturais. Parece que se está ocorrendo um processo de alocação de
temas da religião progressista no mandato de Francisco, com vias de ocultação
ou silenciamento dos antigos embates desta teologia. É o que se vê nas
argumentações do atual cardeal presidente da cadeira da Congregação para
Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício), Gerhard Muller, quando desloca a teologia da
libertação como subserviente a doutrina social da igreja simplificando-a como
mera solidariedade, caridade cristã.
Segmento de Cristo
O inverso dos que elaboraram as teologias sociais, quando em 1950-1960
seus produtores alertavam os truques das estruturas religiosas do uso dos
termos e postulados das filosofias da libertação a fim de domesticar em prol do
seu leso cristianismo. O inverso do programa preferido quando a partir dos
leigos se construiria uma igreja genuinamente do segmento de Cristo, isto é,
entre os pobres e desguarnecidos. Horizonte que hoje se torna cada vez mais
utópico como quem luta em acreditar que o Araguaia do Pedro possa inundar as
ricas túnicas do Odilo corriola escondido entre os cimentos dos prédios da
classe média alta de Perdizes, São Paulo.
♦ Fábio
Py Murta de Almeida é teólogo, historiador e doutorando em Teologia pela
PUC-RJ. Articulador do blog fabiopymurtadealmeida.blogspot.com
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publicados nessa editoria, dedicada ao debate de ideias, não refletem
necessariamente a opinião da revista.
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