domingo, 28 de maio de 2017

Diga não à intolerância

Prof. José Gilbert Arruda Martins*

Importe-se porque, quando você menos esperar, a violência da intolerância baterá a sua porta para levar um dos teus.

Resultado de imagem para imagens da intolerância

Quem sai às ruas para defender a ditadura e a violência que a acompanha, ignora a história. O ditador tem pouquíssimos amigos. Todo o restante da sociedade é inimigo em potencial.

Os ditadores e os usurpadores de poder ou de governo são sempre “testas-de-ferro” dos 1% da população, os super-ricos que dominam as forças produtivas e exploram violentamente a classe trabalhadora e os mais pobres.

Às vezes, os ditadores camuflam suas caras e ações em pele de cordeiro, se escondem até atrás de discursos progressistas de liberdade e de democracia mas na realidade, são defensores do autoritarismo e da violência, principalmente contra o povo.

Para o escritor inglês Aldous Huxley “a ditadura perfeita terá a aparência da democracia. Uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão”.

Desta forma a ditadura de Huxley, pode nos trazer diversos significados, como por exemplo: a ditadura militar ou civil nua e crua; a ditadura do machismo, da fome, da homofobia, da violência contra os pobres, do ódio pelo pensar diferente; a ditadura que esmaga o indivíduo em sua humanidade causando sofrimento e dor.

O Brasil vive uma espécie de cultura do ódio de classes que não é nova, pergunte aos negros e às negras, às mulheres, às populações pobres das periferias, pergunte aos homossexuais, “minorias” que historicamente sofreram a mão de ferro da intolerância.

O ódio, no entanto recrudesceu após as eleições de 2014. Partidos políticos de direita, e o grande capital internacional não aceitaram a derrota nas urnas e a partir daí, iniciaram uma campanha que derrubou um governo eleito democraticamente instalando um grupo à frente da nação que, além de pregar o ódio, com a ajuda da grande mídia, estão desmontando o Estado do Bem-Estar Social brasileiro.

De que lado você está? Ao lado das maiorias trabalhadoras que, com suor e muito trabalho sustentam a nação ou ao lado da minoria rica dona do capital e meios de produção de riquezas que exploram dia a dia o povo?

Entender como funciona essa máquina de produzir riquezas é importante não apenas para a sociedade como um todo mas, para você que se deixou envenenar com ódio e ideias elitistas.

Importe-se com o outro, com a outra, importe-se com a causa e os sentimentos das maiorias, principalmente dos mais necessitados, mais vulneráveis, isto é comportamento social e humano.

Porque quando você ignora a intolerância, sua ação ou inação, ajuda a potencializar todo tipo de desrespeito e desumanidade, desta forma instalou-se o nazismo na Alemanha que provocou muito sofrimento e, mesmo depois de mais de meio século, os alemães ainda sofrem as consequências.

 Pense nisto!

As consequências não estão na materialidade do desenvolvimento econômico do país, que é espetacular, mas impregnadas na alma daquele povo. Não existe um só alemão que não carregue consigo, de uma forma ou de outra, mesmo que não queira, mesmo que não tenha colaborado, a marca de um povo que hospedou o nazismo. A violência nazista, de uma forma ou de outra, marcou para sempre o povo alemão. É muito difícil ficar livre.

Nesse sentido, o ódio que escorre nas redes sociais todos os dias; o massacre dos Sem Terras em Mato Grosso, onde nove pessoas foram assassinadas (21/04/2017); o caso dos palestinos presos em São Paulo (03/05/2017), a prisão absurda de três ativistas do MTST em São Paulo (28/04/2017); o massacre do Maranhão (02/05/2017), no qual indígenas Gamelas foram atacados por capangas de fazendeiros armados, um dos indígenas, inclusive, teve as mãos decepadas; a agressão da PM a um estudante universitário em Goiânia (28/04/2017); as agressões da guarda municipal paulista contra um “morador” de rua; os outdoors contra Lula em Curitiba; o abuso de autoridade de parte da justiça brasileira, fundamentalmente, da denominada “República de Curitiba”, com prisões provisórias ilegais, a capa da revista veja desta semana trazendo Dona Marisa Letícia, numa campanha de ódio contra Lula, são sinais mais que claros do recrudescimento da brutalidade e da intolerância no Brasil.
Quem conheceu as sangrentas ditaduras militares da América Latina, sabe da importância de lutar contra todo tipo de violência e se importar com o sofrimento alheio. Apenas na ditadura militar argentina entre os anos de 1976 e 1983 cerca de 30 mil civis foram assassinados. Por sua vez, a ditadura militar chilena ceifou 40.280 vidas.

Quem conheceu a história de Adolfo Hitler e seus lacaios assassinos que assumiram o poder na Alemanha no período entre guerras, implantando um sistema industrial de extermínio em massa de judeus, negros, homossexuais e a todo tipo de oposição, sabe da importância de lutar contra a violência e se importar.

A quem interessa o sentimento de ódio que vem sendo destilado na grande mídia e nas redes sociais? Quem ganha e quem perde com essa verdadeira barbárie?

Com certeza o Brasil todo perde, todos nós, de alguma forma, perdemos.

Importe-se com as vítimas da intolerância. Não ignore, não vire as costas.

Para as perseguidos do nazismo hitlerista, uma das coisas que mais doíam era a indiferença da sociedade alemã da época. Essa indiferença matava não apenas os corpos das vítimas do holocausto, mas principalmente, suas almas.

Do final da Segunda Grande Guerra (1945) aos dias de hoje, a sociedade alemã luta todos os dias para retirar o estigma nazista que impregnou gerações após gerações.

A ideologia nazista e seus campos de concentração marcou de tal forma, que atrapalhou e atrapalha o sentimento social de solidariedade e de paz daquela nação, isso por que, como destacado, o nazismo marcou para sempre a alma dos alemães.

Nesse contexto, é bom que se diga, na maioria das escolas alemãs hoje, o holocausto é debatido pelos estudantes desde tenra idade, é uma forma inteligente de mostrar às atuais e futuras gerações o sofrimento causado pelo nazismo, para que nunca mais se repita.

Importe-se com a violência que cresce no Brasil.

Antes de apoiar qualquer tipo de discurso ou de campanha pública, informe-se em outras fontes, reflita que país e que sociedade você deseja ajudar a construir.

Importe-se com o sofrimento dos outros e outras. Somos humanos e como tal devemos sentir a dor moral quando presenciamos qualquer tipo de iniquidade.

A democracia, mesmo a representativa, ainda é uma ferramenta política importante de organização da sociedade. Ela permite o debate e a busca de caminhos e projetos de construção de um país melhor para todos e todas.

Por fim, em uma frase célebre Winston Chuchill referindo-se à democracia representativa afirmou que “A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas.”

Lute por suas ideias e projetos. Mas lute dentro das regras do respeito, da humanidade que há em todos nós e dentro das normas democráticas.


* José Gilbert Arruda Martins, professor graduado em História pela UECE e mestre em Ciência Política pelo Centro Universitário Euro-americano (Unieuro)


Nenhum comentário:

Postar um comentário