Por Leandro Augusto Martins Junior
Mestre em História Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Ao
longo dos “oitocentos” o mundo assistiu ao desenrolar de um processo que
iniciado no século XVIII na Inglaterra, difundia-se agora por boa parte da
Europa Ocidental, Estados Unidos e Japão, a Revolução Industrial. Neste
cenário, surgiam então, novas potências internacionais (Alemanha, Itália,
Estados Unidos, Japão) que, em conjunto com forças mais tradicionais
(Inglaterra e França), encontravam na industrialização a base fundamental de
suas economias.
O
crescimento dessas nações vinculava-se obrigatoriamente à sua capacidade de
influenciar e dominar economicamente outras regiões do mundo, já que seus
parques industriais emergentes necessitavam de novas fontes de matérias-primas,
um “exército" de mão de obra abundante e barato, além de um mercado consumidor
cada vez mais amplo. A partir de então, desenhou-se uma intensa disputa entre
tais potências pelo controle de territórios que, colonizados, cumpririam a
tarefa de lhes fornecer necessário ao funcionamento de suas máquinas. Começava,
assim, uma “nova onda colonizadora” no mundo, o Imperialismo.
Neocolonialismo
Em
linhas gerais, as regiões afetadas por essa “corrida imperialista"
encontravam-se localizadas na Ásia, América Latina e, destacadamente, na
África. O controle dessas áreas não se deu necessariamente a partir da
dominação política militar, mas fundamentalmente através da preponderância
econômica e pela supremacia comercial. Na Ásia, por exemplo, Inglaterra e Japão
ampliaram ferozmente suas relações com diversos mercados locais, sem
obrigatoriamente interferir (ao menos diretamente) nas questões administrativas
dessas regiões. Deste modo, se por um lado podemos observar que a colonização
inglesa sobre a Índia fundamentou-se no controle metropolitano sobre as
decisões políticas locais, por outro verificamos que essas ingerências externas
não eram, nem precisavam ser, uma regra.
PARTILHA DA ÁFRICA
A
expansão imperialista sobre a África se deu através de um processo muito
específico, relacionado fundamentalmente às determinações da Conferência de
Berlim. Buscando evitar que as disputas territoriais aumentassem as rivalidades
entre as potências europeias, as principais lideranças dessas nações se
reuniram em Berlim e, a partir de seus próprios interesses, estabeleceram novas
fronteiras no continente africano.
Deste
modo, se até então as divisões territoriais existentes na África respeitavam
minimamente as diferenças étnicas e culturais existentes na região, com a
Conferência de Berlim e a consequente constituição de fronteiras artificiais,
diversas tribos foram agrupadas no mesmo local, criando um cenário propício ao
aumento dos conflitos entre as mesmas. Estes embates representam ainda hoje um
dos mais graves problemas que afligem boa parte da população africana.
Este
panorama de violência não se restringiu à Africa, tão pouco a conflitos de
natureza tribal. As colônias asiáticas e latinoamericanas também foram palco de
inúmeras guerras, muitas delas travadas entre grupos coloniais e representantes
metropolitanos. A “Guerra dos Sipaios” (Índia), o “Levante dos Boxers” (China)
e a “Guerra do Ópio” (China) são alguns desses movimentos coloniais que se
opuseram à expansão imperialista no continente asiático.
IMPERIALISMO DO EUA
Enquanto
a “Corrida Imperialista” se desenrolava na Ásia e África, o continente latino-americano
sofreu a ação colonizadora daquele país que então já se apresentava como a
grande potência do Novo Mundo, os Estados Unidos da América. Se em meados do
século XIX tal presença se fazia notável através da “Doutrina Monroe” e do
“Destino Manifesto”, a bem-sucedida política do “Big Stick” ampliou ainda mais
as conquistas “neocoloniais” estadunidenses na região.
Conjuntamente
ao engrandecimento do dólar nas transações comerciais (“Diplomacia do Dólar”) e
a uma política externa agressiva (“Corolário Roosevelt”), a doutrina do “Big
Stick” fundamentou as ações imperialistas norte-americanas na América Latina. A
construção do canal do Panamá e o estabelecimento da “Emenda Platt” na primeira
constituição cubana são certamente dois dos maiores exemplos da atuação
colonizadora dos EUA.
Justificativas imperialistas
Os
projetos de colonização desenvolvidos pelas potências imperialistas eram
justificados através de argumentos que, de natureza claramente etnocêntrica e
profundamente preconceituosa, buscavam validar a ação do “homem branco” (o
colonizador) sobre os povos dominados. Deste modo, caberia ao primeiro a árdua
missão de civilizar os últimos, grupos identificados como culturalmente
bárbaros e economicamente inferiores.
Em
tempos caracterizados pelos impactos dos recentes trabalhos de Charles Darwin,
o “evolucionismo” foi igualmente utilizado como via de legitimação
imperialista. Através de uma equivocada interpretação desta teoria, o europeu
poderia ser entendido como biologicamente superior às demais “espécies”
humanas, o que lhe conferiria o direito de dominar, por exemplo, africanos e
asiáticos. Esta suposta superioridade evolutiva fundamentaria, assim, o
processo neocolonialista.
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