Você é a favor da
privatização das empresas públicas?
Como você fará para
consumir, se seu salário não alcança as alterações de preços?
Por isso a pergunta...
Quem mais forte que o
Estado pode concretamente empregar pessoas e mantê-las comendo pelo menos três
vezes ao dia?
Qual ou quais
organizações empresarias em meio a crises cíclicas do sistema capitalista abre
mão de seus vultosos lucros para empregar mais e melhor os trabalhadores?
Que fique claro – o Estado
não tem a obrigação do lucro – tem a obrigação de proporcionar bem-estar à
população.
A empresa privada tem
um dono e o dono exige lucro, para ter lucro explora e só investe naquilo que
dar lucro.
Por isso o Estado mais
do que nunca, tem o papel fundamental de investir no social, no ser humano, no
bem-estar.
Outro ponto
importante...
Os defensores do
Estado mínimo, neoliberal vivem sem o Estado?
Nunca... sempre
viveram às custas e da presença do Estado...
Pega, por exemplo, a
dívida pública brasileira... (que contabiliza os passivos dos governos federal,
estaduais e municipais)
Dívida bruta subiu em
março para R$ 5,431 trilhões, 78,4% do PIB...
Quem ganha e quem
perde com a Dívida Pública?
O governo federal
vende papéis da dívida ao mercado capitalista que ganha bilhões em juros...
A Dívida Pública é um
dos melhores negócios capitalista...
O trabalhador ganha o
quê?
Nada...
Por isso...
“O Estado tem que ter
o tamanho das necessidades do povo”
No artigo -
A revolução do Emprego
Garantido - Robert Skidelsky defende uma proposição inovadora desafia a lógica
neoliberal e sustenta: Estados podem oferecer trabalho digno a todos que o
requeiram; e direcioná-lo para necessidades sociais e ambientais.
A Argentina de
Macri...
Macri elogiado por
Bolsonaro e Dória...
Pediu falência...
Pediu moratória de
parte de sua dívida ...
A política neoliberal
de Macri faliu a Argentina...
Por José Gilbert
Arruda Martins
O historiador Vinícius
Carvalho no 247 escreveu...
Tem uma galera me pedindo "ajuda" pra entender a crise
argentina.
Eu estudo neoliberalismo,
o neoliberalismo é por si só uma doutrina monetarista e a crise argentina tem,
em grande medida, um flanco monetarista.
A ditadura militar
argentina, assim como a chilena e a uruguaia - e diferente da brasileira - teve
uma característica neoliberal de influência da Escola de Chicago e as teorias
de Milton Friedman. Portanto esse conjunto de fatores quando somados podem sim
explicar o contexto geral da crise argentina atual.
A fome já atinge a outrora
pomposa classe-média argentina, racionamento de leite de alimentos nos mercados
do país, inflação galopante, moeda derretida... e agora, congelamento de
preços.
É evidente que a derrocada
Argentina tem vários culpados e vários motivos, mas é bom destacar que os
hermanos chegaram a possuir, no início do século passado, um PIB Per Capita
comparável ao da Alemanha e Holanda, e superior ao da Espanha, Suécia, Suíça e
Itália.
O projeto de estado da Argentina no século
XIX vislumbrava ser a potência que ia fazer frente com os Estados Unidos. Eles
realmente acreditaram e tentaram, de certa forma, realizar este plano.
Com uma população quase que integralmente
alfabetizada, um PIB cerca do dobro do Brasil, e responsável por mais de 50%
das exportações de toda a América do Sul, no início do século XX.
A Argentina foi, no mundo contemporâneo,
talvez a única nação literalmente desenvolvida que se transformou
subdesenvolvida num período relativamente curto. Com todos os problemas que
esses termos carregam, claro.
Agora, de todos os processos que levaram a
Argentina a esta catástrofe, eu destaco a ditadura militar daquele país e,
claro a supressão do mercado nacional e da indústria pelo monetarismo.
O neoliberalismo, principalmente após a
década de 90, após o Plano Brady e o Consenso de Washington, se aprofundou de
forma com que permitisse que os países pudessem "lastrear" a sua
moeda não apenas com riquezas do setor produtivo, ou dólares, mas com
"papel". Todas as moedas passaram ali a serem especulativas. Em uns
países mais e em outros menos. E a Argentina foi a que levou tal processo mais
à fundo.
Porém, cerca de 2 décadas antes, durante a
ditadura, por lá ocorreu o que eu chamo de "quimioterapia econômica e
social". Explico:
Com o intuito de destruir a esquerda do
país e o legado peronista (e aqui não vou me apegar as controvérsias do
peronismo, mas o que ele possa ter tido de bom, como a ideia de um estado
nacional forte e industrializado), e com isso impôr o modelo neoliberal, os
militares forçaram um processo de desindustrialização, enfraquecimento
econômico dos centros urbanos e voltou a sua economia para o campo.
Com isso, automaticamente, na contramão do
século XX, um modelo de trabalho sindical, de alta qualificação, uma sociedade
civil pujante e inteligente, uma classe-média cosmopolita e progressista se viu
de uma hora para outra desempregada e dilapidada. Some a isso a grande crise do
petróleo dos anos 70.
Sim, meus amigos. Os militares argentinos
perceberam que para enfraquecer a esquerda e o peronismo tinham que sacrificar
a indústria do país, empobrecer a população e com isso priorizar o campo.
Isso para não falar da repressão, que matou
cerca de 30 mil pessoas...
A bomba relógio da atual crise argentina
foi armada assim: Uma população letrada, rica, empobrecida forçadamente, um
país que viu seu PIB despencar, passou a deixar de vender produtos
industrializados com alto valor agregado para vender produtos do campo, de
baixo valor. É como se você abrisse mão da sua revendedora da BMW para
administrar um sacolão, tudo isso por ódio ideológico.
Somou aí o processo de tornar o peso uma
moeda especulativa. Uma população com o padrão de consumo despencando, passa a
tomar empréstimos, se endividar, se torna inadimplente e não tem como cobrir o
buraco. A previdência não dá mais conta. E aí, meus amigos, não adianta
aumentar taxa de juros, decretar feriados bancários, congelar preço e nem nada.
A crise é cíclica e sem data para terminar. Porque se uma moeda não tem um
colchão de "riqueza" para que o seu câmbio seja sustentado, chega
determinado momento que nem mais a especulação e a espoliação dos mais pobres
vai dar conta de alimentar o rentismo.
Uma das economias mais dinâmicas das
Américas, atrás apenas de Canadá e EUA, se viu transformada então numa grande
roça pelo neoliberalismo.
E sabem quem está com um plano igualzinho
para o Brasil? A turma da lava-jato e do Jair Bolsonaro. Com o intuito de
destruir a esquerda, o PT e as universidades, eles estão matando toda a
indústria. Vai ser terra arrasada.
E, com esse volume de perda de exportações,
não me surpreende se o Real já não começar a derreter este ano.
Historiador
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