Presidente
escute o verso ligeiro e tome ciência: cancele esse projeto, bote a mão na
consciência. Enquanto falar de corte, seremos resistência', dizem alunos do
Instituto Federal Santa Cruz (RN).
As
manifestações de estudantes nesses últimos dias em várias partes do país,
parece mostrar que acordamos.
Ainda
é muito pouco, ainda tímidas, mas me parece um início.
A
juventude e a classe operária, quando se enxergam como protagonistas que são de
todo um processo de produção da vida, enxergam também a sua força.
Foi
assim em maio de 1968 em paris e em várias partes do mundo.
Na
capital francesa, o maio de 1968 que completou 51 anos agora, mostrou ao mundo
burguês da época que os jovens e os operários conseguem sim ver ao redor.
No
Brasil, para derrubarmos e apearmos os ditadores do governo, foram os jovens e
operários que foram para as ruas exigir o fim do sofrimento causado pela
opressão militar.
A
derrota da Ditadura Militar brasileira passou antes pela força e inteligência
da juventude e da classe operária brasileira.
Como
disse um dos maiores cientistas brasileiros da atualidade Miguel Nicolelis: “Quando
as universidades de um país viram inimigo de um governo é porque este governo
já virou o inimigo do povo há tempos.”
A
promessa de cortes na educação pública acendeu a chama da esperança de luta no
seio da classe estudantil e trabalhadora.
Isso
é bom...
Acordar,
mesmo após um tempo de hibernação, e arregaçar as mangas para a luta faz bem ao
povo e ao país como um todo.
Agora
é promover mais e mais eventos...
Mais
e mais protestos...
Parar
o país dia 15 de maio na greve nacional da educação...
Parar
o país dia 14 de junho na greve geral...
Agora
é focar no objetivo... sangue nos olhos, você agora sabe quem é o inimigo.
Maio de 1968 na França, a explosiva revolta estudantil e operária que mudou para sempre o Ocidente completa 51 anos. A revolta de maio de 2019 no Brasil está apenas começando. Juventude do Brasil, Uni-vos!
Witzel
precisa ser detido. De helicóptero, coordena ataques à população de Angra dos
Reis neste sábado dia 4.
Brasil de Fato
No Rede Brasil Atual e no GGN
Em
entrevista a O Globo, admitiu que os snipers estão agindo.
E há
inúmeros relatos de pessoas sendo mortas por atiradores à distância.
As
vítimas não são apenas suspeitos, mas cidadãos comuns.
Witzel
é um genocida, que mais cedo ou mais tarde, será submetido a um tribunal
internacional por crimes contra a humanidade. Mas, antes disso, precisa ser
detido.
Desde
a campanha estimulava a ação de snipers, atiradores especializados, para matar
à distância pessoas suspeitas de carregarem armamentos.
O
ápice dessa loucura foi o assassinato do vendedor por uma tropa do Exército. Mais
de 80 tiros em um carro, que não foram interrompidos nem após se perceber que
havia uma criança.
Executaram
até o bravo cidadão, catador de lixo e cidadão, sim, que mostrou a
solidariedade de tentar salvar os ocupantes do carro.
Agora,
Witzel aparece em Angra dos Reis em um jogo de cena mortal, ocupando um
helicóptero que dispara do alto contra casas humildes.
Depois,
vai comemorar seu banquete de sangue hospedando-se em um hotel de luxo com a
família, sem revelar quem está pagando as diárias.
É um
bufão que, se tivesse coragem mesmo, estaria na linha de frente enfrentando o
PCC.
Witzel
é da mesma farinha de Marcelo Bretas, Sérgio Moro, do procurador militar Carlos
Frederico de Oliveira Pereira, que não apenas ordenou a soltura dos dez
militares envolvidos no assassinatodo
músico Evaldo Rosa dos Santos, e ocatador de material reciclável Luciano Macedo, como deu um parecer
endossando os assassinatos.
Hoje
em dia, não há ameaça maior à democracia e aos direitos básicos do que os
estímulos de Witzel à violência policial.
Como
os eleitores do Rio conseguiram escolher dois pulhas um para prefeitura da
capital e outro para governo do Estado.
Em
meio a essa esquizofrenia que tomou conta da vida brasileira ano passado, um
grupo de estudantes do Instituto Federal do Rio Grande do Norte postou uma foto
tirada na sala de aula de apoio ao Bolsonaro.
Agora,
Bolsonaro como agradecimento, cortou 38,82% da verba de custeio daquele
Instituto.
Claro,
todos os Institutos sofreram cortes de recursos, todos, uns mais outros menos.
Vamos disponibilizar aqui na descrição desse vídeo a lista com os números.
Os
Institutos Federais no formato e na quantidade que possuem hoje, tem apenas 11
anos.
Essa
garotada sabia e sabe de onde surgiram os IFs?
Eles
tinham consciência da importância da educação pública e como ela é financiada?
Conheciam
a quantidade de Institutos no país antes de 2003?
"Os
institutos federais consolidaram um novo patamar para a educação brasileira com
diretrizes claras de interiorização, levando educação pública de qualidade e
excelência para todos com uma nova perspectiva pedagógica”, deputada Maria do
Rosário (PT-RS)
Toda
trabalhadora e trabalhador e seus filhos e filhas precisa buscar entender de
onde vem, como veio, que governo criou a Política Pública de interesse do povo.
Precisa
buscar entender o processo de construção daquela Política Pública que te
beneficia.
Nesse
contexto o pensador...
Karl
Marx em sua obra Manuscritos econômico-filosóficos usou o termo alienação para
descrever a falta de contato e o estranhamento que o trabalhador tinha com o
produto que produzia.
Karl
Marx foi um dos maiores pensadores sociais e políticos do século XIX.
Outra
informação que trabalhador que se preze precisa buscar.
Pois
bem, no projeto de desmonte da Educação Pública brasileira, Bolsonaro não só
diminui drasticamente verbas das Universidades Públicas mas, também dos
Institutos Federais.
Instituições
que, na sua maioria, recebem filhos e filhas do povo.
Não
entraremos aqui na questão dos grandes objetivos desse projeto que talvez seja
facilitar a privatização de todo o sistema.
Nosso
foco hoje é mostrar aos filhos e filhas de trabalhadores que é importante
entender o processo de construção social e político das coisas.
Por
exemplo, quando você come uma rapadura de sobremesa no restaurante
universitário ou no instituto, a rapadura até chegar em tua mesa passou por
diversas etapas de produção.
Conhecer
isso é, além de valorizar os trabalhadores que fizeram, conhecer o processo e a
importância do sistema de produção...quem produziu, como produziu, onde
produziu, em que circunstâncias e condições etc.
Voltando
a falar dos Institutos Federais...
Em
29 de dezembro de 2008, 31 centros federais de educação tecnológica (Cefets),
75 unidades descentralizadas de ensino (Uneds), 39 escolas agrotécnicas, sete
escolas técnicas federais e oito escolas vinculadas a universidades deixaram de
existir para formarem os Institutos Federais. Essa transformação das
instituições até então existentes em IFs foi introduzida como uma das ações do
Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), durante a gestão do então
presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Os 38 IFs contam com 643
campi localizados em 568 municípios, ofertam 11.264 cursos, de nível técnico à
pós-graduação, e registram a matrícula de 1,031 milhão de estudantes. São 43
mil professores e 34 mil técnicos-administrativos.
Até
2016, quando Dilma Roussef foi derrubada com o apoio de muitos professores e
estudantes de escolas públicas filhos e filhas de trabalhadores, essa era a situação....
Conhecer
essa realidade é parte da vida política e social de cada um e cada uma.
Não
conhecer é ser alienada, alheio à realidade que o cerca.
Bolsonaro
não fez nada de bom em 120 dias de governo.
Fez
agora, os cortes da verba nas escolas federais, chamou a atenção da garotada
que, na iminência de ficar sem onde estudar, podem ter seus véus da ignorância
e da alienação retirados.
O
maior e mais importante educador popular do mundo Paulo Freire já dizia: “Não
haveria oprimidos, se não houvesse uma relação de violência que os conforma
como violentados, numa situação objetiva de opressão”.
A
educação, a escola para além de formar mão de obra, precisa ajudar a formar
consciências, consciências de que, muitas vezes, carregamos conosco, como
mochilas pesadas, o opressor em nossa “cacunda” ou, pior, carregamos o
opressor, dentro de nós mesmos.
A
cidade que barrou o ódio. Barrou a misoginia, a homofobia, barrou o pária entre
os párias.
Nova
Iorque é a cidade mais populosa dos Estados Unidos. É também a terceira cidade
mais populosa da América, atrás de São Paulo e Cidade do México.
São 8,6
milhões de habitantes. (2017).
A
cidade de Nova York foi fundada em 1626 com um posto de comércio de colonos
holandeses, que a batizaram de Nova Amsterdã. A cidade e seus arredores foram
tomadas pelo Reino da Inglaterra em 1664, passando a fazer parte do Império
Britânico, sendo seu nome alterado para Nova York.
Foi
capital dos Estados Unidos por 5 anos, entre os anos de 1785 e 1790. Em 1791, a
capital passou a ser a Filadélfia, sendo posteriormente alterada para
Washington DC, em 1800.
É
poliglota.
Democrática,
pois convivem ali religiões, opiniões, preferências de todo tipo, negros,
brancos, migrantes, asiáticos, latinos...
É um
caldo cultural que muita gente admira.
Mas não
é só glamour...
A
cidade tem seu lado socialmente perverso, afinal é a capital mundial do sistema
capitalista.
O
metrô de Nova York, gigantesca e envelhecida rede de trens é o único lugar da
cidade onde as fronteiras sociais se diluem.
O
subsolo tem algo de igualitário. Oito milhões de pessoas com pouca coisa em
comum se misturam ali a cada dia e dividem o espaço com as mesmas ratazanas que
acampam pelas estações.
Ao
sair para a superfície, cada um vai para o seu compartimento social.
Nova
York sempre foi uma cidade de extremos, darwinista e um tanto tirana, mas agora
está rachada em duas: o número de indigentes aumentou 86% nos últimos 10 anos.
Cerca
de 60 mil pessoas dormem nos abrigos públicos – quase metade delas crianças. Só
mesmo na Grande Depressão se viu níveis parecidos.
Se o
faturamento dos negócios no Estado de Nova York subiu 61% entre 2001 e 2013, a
renda dos trabalhadores cresceu metade disso e é insuficiente para cobrir a
inflação.
Entre
2009 e 2012, a renda do 1% da população mais rica do Estado aumentou 32%,
enquanto os 99% restantes mal viram seus salários subirem 1%.
Cleotildo
Polanco de 62 anos, todos os dias, pega o metrô em seu bairro, Queens, para
fazer faxina no aeroporto JFK das 22h às 6h. Ganha 10,10 dólares por hora (1.616
dólares por mês), que mal chegam para sobreviver.
A
capital das finanças, da moda, da cultura e do turismo não é capaz de resolver
esse bolsão de pobreza.
Foi
essa bela e perversa cidade que barrou o presidente do Brasil.
Ninguém
na cidade quer o cara lá.
Nova
Iorque é esse fenômeno: capitalista perversa, culturalmente admirável...
É de
conhecimento público que Bolsonaro nos últimos 28 anos como deputado federal,
nunca teve importância nenhuma.
Muita
gente que votou nele nunca tinha ouvido falar ou achava que o cara era um
novato na política.
Atitudes
de “analfabetos políticos”, pessoas que não se interessam pela política e,
quando vão votar, escolhem muito mal...
Não
pensem que esse desconhecimento está apenas nas classes pobres, boa parte da
classe média, que cursou faculdade, desconhecia o parlamentar.
Muitos
não sabiam, por exemplo, a história dos 11 inquéritos, ações penais, mandados
de injunção e petições sobre o deputado que estão ou já passaram pelo Supremo
Tribunal Federal (STF).
Desconheciam
o julgamento do dia 16 de junho de 1988 no Superior Tribunal Militar (STM).
Onde
era acusado de planejar ações terroristas.
Bolsonaro
já disse em entrevista que é a favor da tortura.
Fez
discurso em favor do maior torturador da Ditadura Militar Carlos Brilhante
Ulstra.
Em
entrevista disse que era a favor de uma guerra civil que matasse pelo menos 30
mil pessoas.
Defendeu
o estupro.
Atacou
os Gays, quilombolas, indígenas, mulheres...
Eleito
defendeu a perseguição aos adversários políticos.
Dias
atrás afirmou: “O Brasil não pode ser o país do turismo gay. Quem quiser vir
aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade.”
Apologia
ao turismo sexual.
Em um
país que já sofre verdadeira epidemia de exploração sexual de crianças e
adolescentes.
Estamos
alertando sobre essa tragédia desde o momento em que esse cara resolveu se
candidatar.
Só
que agora, o mundo também entrou no debate.
A Câmara
de Comercio Brasil-Estados Unidos em Nova Iorque, não consegue local para fazer
homenagem ao presidente, ninguém quer o cara por lá.
Após
a desistência do museu Americano de História Natural, a rede de hotéis Marriott,
também está tendo dificuldades com atividades anti Bolsonaro.
A campanha
contra Bolsonaro tem até um senador o sr. Hoylman que afirmou: "Bolsonaro
é um homofóbico notório"
O senador
norte-americano Brad Hoylman, filiado ao Partido Democrata, foi além, criou um
abaixo-assinado para pressionar o hotel Marriott Marquis a cancelar jantar em
homenagem ao presidente, organizado pela Câmara de Comercio Brasil-Estados
Unidos.
O alemão Johann Friedrich Herbart (1776-1841) trouxe grandes contribuições a pedagogia como ciência, emprestando rigor e certa cientificidade ao seu método. Também foi o precursor de uma psicologia experimental aplicada à pedagogia. Foi o primeiro a elaborar uma pedagogia que pretendia ser uma ciência da educação. Em Herbart, o processo educativo se baseia, em seus objetivos e meios, na Ética e na Psicologia, respectivamente.
Segundo ele, a ação pedagógica se orienta por três procedimentos: o governo, a instrução e a disciplina.
a) O governo: é a forma de controle da agitação da criança, inicialmente exercido pelos pais e depois pelos mestres, com a finalidade de submeter a criança às regras do mundo adulto e viabilizar o início da instrução.
b) A instrução, é o principal procedimento da educação e pressupõe o desenvolvimento dos interesses. O interesse determina quais as idéias e experiências que receberão atenção por parte do indivíduo. Herbart não separa a instrução intelectual da instrução moral, pois para ele, uma é condição da outra. Para que a educação seja bem sucedida é conveniente que sejam estimulados o surgimento de múltiplos interesses. c) A disciplina é a responsável por manter firme a vontade educada, no caminho e propósito da virtude, supondo autodeterminação, que é uma característica do amadurecimento moral levando para a formação do caráter que está sendo proposta, ao contrário do governo, que é heterônomo e exterior, mais adequado ao trato com as crianças pequenas.
O Método de Instrução herbartiano. Herbart propõe 5 passos formais que favorecem o desenvolvimento da aprendizagem do aluno: • preparação: o mestre recorda o que a criança já sabe para que o aluno traga ao nível da consciência a massa de idéias necessárias para criar interesse pelos novos conteúdos; • apresentação: a partir do concreto, o conhecimento novo é apresentado; • assimilação: o aluno é capaz de comparar o novo com o velho, distinguindo semelhanças e diferenças; • generalização: além das experiências concretas, o aluno é capaz de abstrair, chegando a conceitos gerais, sendo que esse passo deve predominar na adolescência; • aplicação: através de exercícios, o aluno evidencia que sabe usar e aplicar aquilo que aprendeu em novos exemplos e exercícios. É deste modo, e somente deste modo, que a massa de idéias passa a ter um sentido vital, perdendo o aspecto de acumulação de informações inúteis para o indivíduo.
Os fatores determinantes de sua influência no pensamento pedagógico foram: a) o caráter de objetividade de análise, b) a tentativa de psicometria, c) o rigor dos passos a serem seguidos para a instrução e a sistematização que imprimiu ao seu método.
Para ele, o conhecimento é dado pelo mestre ao aluno, de modo que só mais tarde este o aplica a experiências vividas. Sua educação é pela instrução, e neste caso, possui um caráter mais intelectualista.
Uma das contribuições mais duradouras de Herbart para a educação é o princípio de que a doutrina pedagógica, para ser realmente científica, precisa comprovar-se experimentalmente – uma idéia do filósofo Immanuel Kant que Herbart desenvolveu.
Surgiram daí as escolas de aplicação, que conhecemos até hoje. Elas respondem à necessidade de alimentar a teoria com a prática e vice-versa, num processo de atualização e aperfeiçoamento constantes. Muitas das contribuições de Herbart para a psicologia e a pedagogia continuam valiosas, mas seu pensamento e a prática que dele se originou no século 19 se tornaram ultrapassados, sobretudo com o aparecimento do movimento da escola ativa. O norte-americano John Dewey, por exemplo, fez duras críticas à doutrina herbartiana.
Ao longo de toda vida as pessoas passam por muitos aprendizados. Aprende-se dos mais diferentes jeitos e em vários momentos. O que se aprende e com quem se aprende também é muito diverso em cada lugar.
As crianças indígenas, por exemplo, aprendem muita coisa com seus pais e parentes mais próximos, como os irmãos e os avós. Os conhecimentos podem ser transmitidos durante as atividades do dia a dia ou em momentos especiais, durante os rituais e as festas.
É principalmente na relação com seus parentes que as crianças aprendem. Caminham junto com eles, observam atentamente aquilo que os mais velhos estão fazendo ou dizendo; acompanham seus pais até a roça; vão pescar com os adultos e brincam muito! Cada brincadeira é um jeito de aprender uma habilidade que será importante no futuro, como saber caçar, pescar, fazer pinturas no corpo, fabricar arcos e flechas, potes, cestos... É por meio destes processos de aprendizagem que as crianças aprimoram as técnicas necessárias para realizar tais atividades.
Na convivência com os mais velhos, aprende-se o jeito certo de se comportar e de se relacionar com todos da família e do grupo. Dessa forma as crianças aprendem, por exemplo, quem são as pessoas que devem ser tratadas como irmãos e irmãs, como tios e tias, com quem poderão se casar no futuro... Dessa maneira vão entendendo qual a sua importância na comunidade.
Pouco a pouco, as crianças aprendem os modos de agir, os princípios e tudo aquilo que é importante para que se tornem pessoas produtivas e participativas. Para isso é muito importante estarem sempre atentas aos trabalhos diários e ao aprendizado e transmissão de conhecimentos.
Sim, muitas aldeias têm escola! Como se sabe, a maioria das aldeias fica dentro de Terras Indígenas, assim cada Terra pode ter uma ou mais escolas. Isso vai depender de seu tamanho e da situação de cada comunidade.
As escolas indígenas, assim como aquelas dos não índios, também são um espaço de aprendizado das crianças. Muitas vezes o conteúdo que é ensinado ali pelos professores é bem diferente daquele que é transmitido pelos parentes na aldeia. É claro que estes conteúdos podem se misturar em alguns momentos, mas a escola tem como foco ensinar a escrever, ler, fazer conta, entre outros conhecimentos importantes para o diálogo com o mundo dos não índios, já os parentes ensinam as formas de se organizar da comunidade, como produzir artefatos e tudo aquilo que é importante para se viver bem naquele grupo.
Além disso, o conteúdo que se aprende nas escolas indígenas é diferente daquele das escolas dos não índios. Isso porque os povos indígenas têm direito a ter uma escola diferenciada, isto é, uma escola que ensine conteúdos que se relacionem com a cultura e a língua de cada povo. Mas nem sempre esses direitos são respeitados. Muitas vezes, os professores e os livros usados nas escolas indígenas falam de assuntos que não estão ligados ao cotidiano das comunidades indígenas e ensinam o ponto de vista dos não índios como o único ponto de vista correto.
A história da educação nas escolas indígenas no Brasil mostra que, de um modo geral, a escola buscou integrar as populações indígenas à sociedade à sua volta, ou seja, fazer com que eles fizessem parte dela. Mas a “integração” era, na verdade, uma tentativa de faz com que os índios vivessem como os não índios, ensinando-os a falar, ler e escrever em Português, a língua oficial do país. Somente há pouco tempo línguas indígenas passaram a ser usadas na escola.
Nos anos 90 surgiram novos modelos de escola indígena preocupados em respeitar as diferentes culturas, especialmente as línguas. Assim, a escola passou a ser um espaço que estimula e fortalece o uso das línguas indígenas.
Foi a partir desse momento que os próprios índios se tornaram professores nas escolas das aldeias e a língua indígena passou a ser utilizada em sala de aula. Os conteúdos tratados nos cursos foram adaptados pelos próprios índios para dialogar melhor com a realidade vivida por cada comunidade.
A escola indígena além de abordar muitos conteúdos que os não índios aprendem, ensinar a fazer conta, a ler e a escrever na língua indígena, também passou a incluir os conhecimentos locais na sala de aula. Os alunos aprendem, por exemplo, como usar os recursos naturais e cuidar do ambiente e do território onde vivem, aprendem sobre a história de seus antepassados, seus mitos etc. Além disso, seu calendário escolar é diferente, pois respeita as festas e rituais locais.
Esse novo modelo de educação ajuda a valorizar a língua indígena, e também todo o modo de ser do grupo que a criança pertence, isso porque ela aprende conteúdos que se referem à sua vida e a vida de sua comunidade.
Mesmo tendo aulas na língua indígena é muito importante aprender o português na escola. Saber falar a língua portuguesa é uma das maneiras que os povos indígenas têm para se comunicar com diferentes pessoas, interpretar e compreender as leis que orientam a vida no país, principalmente aquelas que dizem respeito aos direitos dos índios. Afinal todos os documentos necessários para se viver na sociedade brasileira são escritos em Português.
O aprendizado da escrita em Português tem, para os povos indígenas, funções muito claras: dá chance de defenderem seus diretos e acesso ao conhecimento de outras sociedades.
Os Xavante, que vivem no estado do Mato Grosso, no cerrado brasileiro, se autodenominam A’uwé que na língua Akwén quer dizer “gente”.
O aprendizado entre os Xavante é um processo que acontece ao longo de toda a vida, desde quando se é criança até a velhice. Em cada etapa deste longo caminho, novos conhecimentos são adquiridos nas mais diferentes situações: algumas são entendidas como momentos de aprendizagem (como é o caso dos rituais), outras estão relacionadas com as pequenas atividades realizadas no dia a dia.
As situações mais cotidianas são momentos de aprendizagem valorizados pelos A’uwé. As crianças costumam caminhar livres pela aldeia acompanhando outras pessoas (sejam crianças, velhos ou adultos) em suas atividades e são nestas ocasiões que elas aprendem a identificar as regras que orientam sua sociedade.
As tarefas domésticas são aprendidas no cotidiano. Ao mesmo tempo em que ajudam seus parentes a tomar conta do irmão, lavar roupa, levar e trazer recados, preparar comidas, as crianças brincam e se divertem. Assim o aprendizado vai acontecendo aos poucos.
A brincadeira é um jeito de aprender. Os meninos, por exemplo, aprendem a fazer arcos e flechas desde pequenos e brincam ao redor da casa imitando caçadores e bichos. Vão aperfeiçoando a maneira de fazer os objetos e assim, quando forem adultos, conseguirão fazer arcos e flechas bonitos e bons para caçar, além de desenvolverem as habilidades físicas para se tornarem bons caçadores.
As crianças xavante costumam repetir muitas vezes a mesma brincadeira, buscando novas possibilidades e desafios a cada repetição. Dessa forma melhoram suas habilidades e aprendem suas possibilidades e do mundo à sua volta. Brincar de casinha é um bom exemplo disso. Ao construir com o barro uma casa em miniatura, imitam as divisões internas de sua própria casa e assim a criança xavante reflete sobre a organização doméstica e os espaços da aldeia, e aprofunda o conhecimento que tem sobre sua comunidade.
Os rituais são importantes situações de aprendizagem. Nestes momentos todo mundo aprende: os jovens aprendem mais sobre os valores, princípios e modos de agir do seu grupo e os adultos aprendem com os mais velhos todos os detalhes da realização de um ritual.
Estes momentos buscam enfatizar as divisões e as regras sociais xavantes e fixar os conhecimentos sobre as mesmas. Têm por objetivo marcar períodos de amadurecimento, de passagem de uma fase da vida para outra, da fase de criança para a idade adulta, por exemplo. Nos rituais de passagem aprende-se como agir socialmente: o que a comunidade espera, quais atitudes se deve ter dali para frente. Os rituais têm objetivos concretos como demonstrar que aqueles meninos já conseguem enfrentar desafios físicos, que conhecem importantes cantos, que já fazem parte dos sistemas de troca a’uwé etc.
Além dessas situações de aprendizado, os Xavante também valorizam a educação escolar, pois percebem que é um importante instrumento para a compreensão do mundo fora da aldeia, além de permitir o domínio de conhecimentos e tecnologias específicas dos não indígenas.
Os Yudja, até pouco tempo conhecidos como Juruna, falam uma língua do tronco Tupi. Yudja em seu idioma quer dizer "donos do rio".
Habitam na beira do rio Xingu, no Mato Grosso, e também perto da foz do rio próximo à cidade de Altamira, no Pará. Eles chamam a atenção por terem uma pintura corporal muito bonita, muitas músicas e festas, por gostarem de tomar caxiri (bebida feita de mandioca) e fazerem canoas e panelas de cerâmica.
Os Yudja, aproximadamente 348 pessoas, vivem hoje divididos em 6 aldeias: Paksamba, Pequizal, Tuba Tuba, Mupadá, Paruredá e Pakaya.
O texto abaixo foi produzido pelos alunos e professores da escola Yudja.
Nosso jeito de ensinar
A educação yudja é desenvolvida pra formar para o trabalho e para o bom comportamento. A pessoa aprende através da prática, acompanhando alguma atividade, olhando e ouvindo com atenção, imitando o jeito de fazer ou mesmo brincando de fazer como os adultos. A pessoa tem que ser curiosa também e perguntar com interesse de aprender.
Os pais aconselham seus filhos à noite, durante conversas antes de dormir, contanto histórias antigas que educam.
Durante o desenvolvimento da pessoa, quando a criança começa a andar e falar, nós a chamamos ali. Nessa fase os pais pedem as coisas à criança para pegar alguma coisa, passar um recado ou chamar uma pessoa na outra casa, só para os pais verificarem se aquela criança já entende o que foi pedido.
Também nessa fase, ela deve aprender alguma coisa com sua família, vendo o trabalho dela, imitando e praticando. A criança com 5 a 8 anos já pode começar a ajudar em alguns tipos de trabalho como fiar algodão, fazer tecelagem, fazer arquinho e flecha, acompanhar os pais na pesca e em festas.
Mas para alguns trabalhos existem regras e só é permitido fazer a partir de mais ou menos 10 anos de idade. Quando essa pessoa se torna iparaha (jovem), ela passa por uma preparação durante o período de reclusão, onde ela fortalece e aprofunda seu conhecimento sobre as histórias, comportamento, remédios especiais que ela toma para crescer saudável e as atividades para o trabalho como: fazer cerâmica, tecelagem, pinturas, receitas de comida, plantio de alimentos, roçadas, fazer casa, caçar, pescar e outras atividades.
Assim ela se prepara para quando se casar, passar esse conhecimento para seus filhos.
A educação na escola deve caminhar junto com a educação tradicional do povo Yudja. A escola deve ensinar a escrita e a fala do não índio para se comunicar com falantes de outras línguas, também deve ensinar a escrita de nossa língua e fortalecer nossa cultura.
Todos devem participar da escola: alunos, pais de alunos, professores, idosos, crianças, adultos, jovens, toda a comunidade.
Os Kisêdjê, também chamados de Suyá, vivem no Parque Indígena do Xingu. A palavra Kisêdjê significa ouvir, compreender e saber e estas são as qualidades mais valorizadas por este grupo.
No texto abaixo, retirado do livro Ecologia, Economia e Cultura(2005), eles contam o que aprendem com os mais velhos.
Valores da sociedade Kisêdjê
Os valores são ensinados pelos velhos, pelos avós e pelos pais desde criança. Ensinar a respeitar as pessoas, ter bom comportamento, caçar, pescar, saber dar valor à natureza e à vida humana. Saber tratar os convidados e as famílias mais próximas e distantes. Ensinar a fazer artesanato, respeitar cada animal e outros seres que existem na natureza. Ser generoso, honesto com os seres humanos. Seguir as regras dos mais velhos, das coisas que eles nos ensinam. Respeitar lugares e objetos que têm suas histórias contadas pelos mais velhos.
Existem lugares e objetos sagrados, principalmente o lugar e os objetos de reza do pajé, como o apito feito com o osso de ave, o cigarro e as ervas. Muitas pessoas respeitam e consideram os próprios pajés como pessoas sagradas. As montanhas e as lagoas que têm sua história contada pelos mais velhos, também são sagradas.
Os Yanomami são um povo que vive na floresta amazônica, no Brasil - nos estados de Amazonas e Roraima, – e também na Venezuela. No Brasil os Yanomami somam mais de 19 mil pessoas.
Apesar de falarmos “povo Yanomami”, eles se dividem em vários grupos que são diferentes entre si. Para se ter uma ideia, existem cinco línguas yanomami diferentes e cerca de 211 aldeias! Eles vivem na maior terra indígena do Brasil.
Nesse texto, você entende como as crianças yanomami aprendem com seus parentes durante as atividades do cotidiano. Se você é curioso, não deixe dar uma olhada no texto escrito em yanomami, logo abaixo!
Como as crianças yanomami aprendem
Nós Yanomami ensinamos nossas crianças nas tarefas cotidianas. Assim, quando a mãe trança um cesto a filha observa e tenta fazer um cesto pequeno, ao mesmo tempo que brinca imitando a mãe ela aprende a trançar o cesto.
Da mesma forma, quando o pai vai caçar perto da casa, leva seu filho junto para que ele conheça a floresta, as plantas, os animais. É comum que o pai faça um arco e flecha pequenos para que o filho aprenda a flechar pequenos animais, assim ele vai treinando para quando crescer virar um bom caçador.
As crianças também aprendem ouvindo os mais velhos falarem durante o hereamu, que são momentos em que assuntos importantes são discutidos na comunidade. Essas falas acontecem quase todos os dias à noite ou quando está amanhecendo. Durante as festas, as crianças aprendem a dançar e cantar. Nas sessões de xamanismo as crianças sempre ouvem, olham e depois brincam imitando os cantos dos xamãs.
Normalmente os irmãos mais velhos ajudam os irmãos mais novos, ensinando coisas e cuidando deles.
As crianças quando são pequenas não ouvem direito, na medida em que vão crescendo, vão entendendo melhor e aprendendo novas coisas.
Esse é o jeito como nós Yanomami ensinamos e aprendemos as coisas da nossa cultura fora da escola.
Texto extraído do Projeto Político Pedagógico da região do Toototopi.
Oxë thëpë pihi moyãm+pruu kua pënaha
Hapë naha thë kua, kami yamakɨ hwɨɨ pënɨ yamakɨ ã hiramaɨ he. Waro a kuo tëhë, xaraka pë hiramaɨ he, xaraka a niaɨwi thëpë hiramɨhe. Hwɨɨ exë, nɨɨ exë, kupë kuu tëhë, ihiru pë epë pree huu, kuë yaro ihiru pë epë pree kiaɨ pairimuu.
Nas aldeias do povo Yanomami, os velhos são grandes conhecedores das histórias dos antigos, das plantas e alimentos da floresta, mas se você quiser saber o nome de algum passarinho, é melhor perguntar para as crianças: os meninos yanomami conhecem muitos dos 500 tipos de passarinhos que existem por ali.
Desde pequenos, antes mesmo de aprenderem a falar, os meninos yanomami ganham de seus parentes um pequeno arco acompanhado de uma flechinha sem ponta, para que comecem a aprender a flechar desde novinhos. Quando os meninos têm aproximadamente 4 anos de idade, já sabem usar o arco e a flecha e passam horas do dia procurando passarinhos, calangos ou frutas para flechar. Os passarinhos são o tipo de caça preferido pela criançada!
Falar sobre passarinho é um papo comum dos meninos yanomami, sempre que um deles captura um passarinho, vai logo mostrá-lo aos outros. Os meninos conversam sobre as características dos bichinhos e sobre seus nomes, assim vão trocando conhecimentos sobre os pássaros uns com os outros e aprendendo cada vez mais sobre eles.
Conforme vão crescendo, os meninos passam a acompanhar os pais em caçadas longas, em regiões mais distantes, e aos poucos perdem o interesse por caçar passarinhos. Eles começam a flechar animais maiores – como mutuns, pacas, cutias, queixadas, veados e até antas. Por isso, alguns Yanomami crescidos contam ter esquecido os nomes dos pequenos pássaros. Mas é só olhar para a criançada na aldeia e você vai perceber que eles estão caçando passarinhos e trocando conhecimento sobre as pequenas aves.
Assim, os maiores conhecedores dos passarinhos são e sempre serão os pequenos yanomami!