Na segunda metade do
século XIX, a revolução Industrial deixou de ficar restrita à Inglaterra,
expandindo-se para a Bélgica, França, Alemanha, Itália, Rússia e Estados Unidos
- foi um período de profundas transformações, como:
Mudanças na organização
econômica com o surgimento de sociedades bancárias mais poderosas, que passaram
a controlar o crédito, interferindo no desenvolvimento do setor industrial.
Aparecimento das novas
estruturas de empresas: sociedade por ações (que eram negociadas nas bolsas de valores)
- fortalecimento do capital financeiro,
que tende a unir-se ao capital industrial.
Inovações nas fontes de
energia: petrolíferas e elétricas (permitindo entre 1868 e 1880 o motor a
explosão interna e o desenvolvimento do automóvel e mais tarde da aviação).
Inovações
técnicas e novos inventos:
Desenvolvimento das
indústrias química e metalúrgica: corantes, graxas, combustíveis, explosivos,
fotografia, melhoria na produção do aço, alumínio, etc.
Tecnologia traz
conforto aos lares: máquina de costura, fogão a gás, etc.
Melhoria e novos
inventos nas comunicações, como telégrafo elétrico, cabo submarino, telefone,
rádio, ferrovias, navio a vapor, trens metropolitanos (o primeiro em Londres em
1860)
Outras invenções:
cilindro rotativo de imprensa, ascensor hidráulico, concreto armado, dinamite,
dínamo, carabina de repetição, fonógrafo, lâmpada elétrica, cinematógrafo,
turbina a vapor, submarino, etc.
Por volta de 1860, a
Revolução Industrial assumiu feições novas, tão diferentes de suas feições
anteriores, que podemos falar numa Segunda Revolução Industrial.
A própria Segunda
Revolução Industrial pode ser dividida em dois períodos: o período inicial, que
se caracteriza pela invenção do processo Bessemer (transformação do ferro
fundido em aço), em 1856; desenvolvimento do dínamo (1873) e invenção do motor
a combustão interna (1876). Essa fase caracteriza-se pela introdução crescente
do maquinismo e pela criação de grandes complexos industriais. Data dessa fase,
também, a expansão da Revolução Industrial à Europa Central e Ocidental e à
América. A segunda fase caracteriza-se pela introdução do novo processo de
fabricação, criado por Ford e conhecido como "linha de montagem".
Durante a segunda fase,
temos um desenvolvimento extraordinário das comunicações sob todas as suas
formas: transportes (estradas de ferro, navios a vapor e automóveis),
comunicações (telefone, rádio e televisão).
A primeira fase está
situada entre 1860 e 1908, sendo que a segunda fase se inicia em torno de 1908
e termina com a introdução da indústria, do automobilismo cibernético, por
volta de 1945.
A Segunda Revolução
Industrial foi a era da concentração industrial (formando inúmeros agrupamentos
industriais), que podiam ser:
Concentração horizontal
- quando fabricantes de um mesmo produto se agrupavam sob uma mesma direção.
Concentração vertical - quando empresas complementares se uniam para
a produção de uma determinada linha de artigos.
Tipos mais usuais de
concentração industrial ou econômica:
Truste: com a fusão de
empresas do mesmo ramo.
Holding: associação que
detinha o controle acionário de diversas empresas, que funcionavam
coordenadamente.
Cartel: associação de
empresas do mesmo ramo, que estabeleciam normas rígidas sobre as condições de
venda, prazo de pagamento, qualidade dos produtos e divisão do mercado entre as
empresas participantes (visava evitar o aparecimento de novos concorrentes).
A Segunda Revolução
Industrial trouxe nova divisão internacional do trabalho e nova racionalização
do mesmo:
As áreas coloniais e
dos novos países independentes da América Latina (normalmente de clima
tropical) ocupam um lugar complementar e periférico, ficando com economia
dependente.
Na racionalização, o
Fordismo e Taylorismo com divisão e especialização do trabalho mais eficiente e
o surgimento da produção em massa.
Teve como consequência
e Neocolonialismo.
A Linha de Montagem
(Ford)
Por volta de 1908, a
incipiente indústria automobilística enfrentava dois grandes problemas: o da
mão de obra especializada e o do alto custo da produção, que era quase artesanal.
Henry Ford introduziu, então, um sistema revolucionário, baseado na correia
transportadora e na linha de montagem, no qual cada trabalhador executa apenas
uma operação altamente padronizada. O sistema Ford, baseado na extrema divisão
do trabalho, permitiu resolver os dois problemas que impediam o crescimento da
indústria automobilística. De fato, especialização numa única operação resolveu
o problema da mão de obra e o sistema de linha de montagem, possibilitando a
fabricação de um automóvel Ford modelo T em uma hora e trinta e três minutos;
resolveu também o segundo problema: o do custo.
A indústria
automobilística e a seguir todas as outras adotaram o processo Ford e puderam,
então, produzir quantidades nunca vistas, a preços satisfatórios.
O processo Ford tem,
porém, implicações: sendo somente viável para a grande produção em série, ele
implica a criação de grandes unidades industriais, o que, por sua vez, implica
grandes concentrações financeiras.
Ora, é praticamente
impossível encontrar um particular que possa financiar, por si só, tal tipo de
indústria. Em consequência, desenvolveram-se as Sociedades Anônimas.
Paralelamente à criação de grandes unidades industriais, teve lugar a formação
de grandes bancos de investimento e de poderosas companhias de seguro. Essas
instituições, puramente financeiras, devido às suas disponibilidades de
capitais, passaram a ter um papel cada vez mais marcante na sociedade
industrial, chegando, finalmente, ao controle total daquela. Esse controle se
deu através da aquisição, por parte dos bancos e das companhias de seguro, de
ponderáveis proporções de ações com direito a voto, as quais garantiam às
instituições financeiras o controle efetivo das unidades industriais. Como
desenvolvimento desse processo, temos a formação de "holdings" e de
"trusts" que visam à concentração industrial e ao aniquilamento da
concorrência. Um dos primeiros exemplos de domínio da indústria por
instituições financeiras foi a formação da United States Steel Co. sob controle
de J.P. Morgan & Co. (do famoso Banco J. Pierrepont Morgan: vinte sócios,
capital de vários bilhões de dólares e controle de duas a três centenas de
indústrias).
O sistema de
propriedades, parcelado através da emissão de ações, cria uma situação nova,
que é a do anonimato do proprietário real da separação entre a direção das
empresas.
A
Revolução Industrial fora da Inglaterra
No continente, os
progressos foram mais lentos, em geral por falta de capitais, que só o grande
comércio marítimo podia proporcionar. A Holanda possuía-os, mas a sua indústria
estava decadente, em virtude da falta de matérias-primas que lá não podiam ser
produzidas e que os países vizinhos, no seu afã de se industrializar, não
permitiam fossem exportadas. Em consequência, os holandeses passaram a aplicar capitais
na Inglaterra, França e diferentes principados alemães, contribuindo
sobremaneira para a industrialização dos mesmos.
No continente, a
indústria contou com o apoio do Estado, por razões estratégicas, quais sejam:
de uniformes, armas e pólvora - imperativos para a manutenção do poderio
militar nacional. Por outro lado, a ajuda oficial e o consequente incremento
das exportações eram necessários para sustentar a política externa dos diversos
países. A participação do Estado, através de concessões de monopólio ou de
tarifas alfandegárias protecionistas, nunca foi suficiente para assegurar, por
si só, o sucesso de empreendimentos.
A França dispunha de
grande comércio marítimo e de capitais abundantes. Mas, a sua técnica
financeira era ainda pouco desenvolvida. A indústria francesa não pôde
dispensar a participação do Estado. Ora, este, devido à sua desorganização
financeira, pouco podia fazer, de modo que os progressos da industrialização
foram mais lentos do que na Inglaterra.
A companhia mineira de
Anzin, fundada em 1756, sob concessão real, dispunha de mais de quatro mil
operários, antes de 1789, de poços, cuja profundidade variava entre 50 e 300
metros, sendo que um deles chegou a 1200 metros, todos eles drenados por 12
"Bombas de Fogo" (uma enorme quantia para a época). A sociedade de
Anzin produziu, em 1789, a quantia de 275.000 toneladas de hulha. Poucas
podiam, porém, comparar-se à sociedade de mineração. Somente uma ou outra
companhia fabril como Oberkampf, empresas siderúrgicas, o Cresutot da família
Schneider, podiam cogitar tal honra. No geral, a indústria permanecia
artesanal, ou então, em alguns casos, estava no primeiro ou segundo estágio da
concentração.
No resto da Europa, o
processo foi ainda mais lento. Apesar dos esforços dos príncipes, esses Estados
encontravam-se em condições desfavoráveis, não participavam do comércio
internacional e, portanto, não possuíam capitais suficientes para a
industrialização. Por outro lado, não possuíam mercados consumidores que
justificassem investimentos vultosos em aumento de produção.
O Estado teve que
intervir em todos estes países, mas sempre de forma indireta, seja criando as
empresas e vendendo-as, seja, o que era comum, obrigando nobres, comerciantes e
judeus a fundarem tais tipos de empresas; todas essas empresas estavam
evidentemente isentas de qualquer taxa além de lhes ser entregue muitas vezes o
monopólio da produção do gênero. A mão de obra era às vezes constituída de
trabalhadores forçados como, por exemplo, mendigos, ou soldados, ou mesmo
mulheres de má vida.
Na França e, em menor
grau, na Inglaterra, a produção desses Estados (geralmente principados alemães)
dependia essencialmente do artesanato caseiro. É o caso das facas de Solingen
que eram fabricadas em casa por 14.000 operários de inúmeros outros ramos.
Conclusão
A revolução Industrial
criou um mundo mais impessoal, porém muito mais eficiente: novos líderes
apareceram no cenário internacional.
Além disso, a indústria
recebeu a força motriz e modernizou-se, a agricultura se mecanizou, aumentando
bastante a produção, que cada vez mais era exigida em grande escala para os
centros industriais e as cidades que delas se originaram.
Os transportes e as
comunicações se desenvolveram rapidamente, possibilitando a união entre os
centros produtores e consumidores, encurtando, assim, as distâncias. O
Capitalismo estendeu seu domínio a quase todos os ramos de atividades
econômicas.
Entretanto, a luta pelo
mercado consumidor, a mesma que gera novas pesquisas e novos progressos, também
vai atirar as indústrias numa disputa voraz por novos lucros, provocando
conflitos e levando, finalmente, à crise de 1929.
Após este período de
crise, o Capitalismo se torna cada vez mais humano e menos egoísta,
possibilitando um mundo com menos desníveis entre as classes.
PRINCIPAIS
INVENÇÕES
Máquina a Vapor =
Thomas Newcomen - 1712
Máquina a Vapor
melhorada = James Watt - 1769
Máquina de Fiar = James
Hargreaves - 1767
Máquina de Fiar
melhorada = Samuel Crompton - 1779
Tear Mecânico =
Cartwright - 1785
Locomotiva = George
Stephenson - 1830
Barco a Vapor = Robert
Fulton -
1800
Telégrafo = Samuel
Morse -
1844
Aço = Sir Henry
Bessemer - 1856
Dínamo = Michael
Faraday - 1831
Motor Diesel = Rudolf
Diesel -
1897
Motor de Combustão =
Karl Benz - 1880
Telefone = Alexander
Graham Bell - 1876
Telégrafo sem fio =
Marconi - 1899
Lâmpada = Thomas
Edison -
1879
Colonialismo
antes do século XIX.
Aplicado principalmente
ao Continente Americano.
Surgiu paralelamente à
Revolução Comercial.
Caráter mercantilista e
procurava sobretudo metais preciosos (ouro, prata) e produtos tropicais, cuja
venda era bastante lucrativa na Europa (especiarias).
Visava especialmente ao
fortalecimento do Estado, mediante a exploração das riquezas das colônias e
através dos regimes de monopólio.
Colonialismo
após o Século XIX.
A partir da segunda
metade do século XIX, verificou-se a conquista econômica e política das áreas
inexploradas do mundo e daquelas subdesenvolvidas. É a fase do imperialismo:
As novas áreas
periféricas deveriam absorver os excedentes de capitais, de mão de obra e de
produção dos países industrializados.
Surgiu como decorrência
da Segunda Revolução Industrial: necessidade de conquista de novos mercados
produtores de matérias-primas.
Usam como justificativa
para a colonização os argumentos do dever das "raças superiores" de
dominar e civilizar as "raças inferiores" salvando suas almas, mentes
(da ignorância) e modernizando-as (livrando-as das privações causadas pelo
primitivismo).
Aplicado à África e
Ásia (não mais à América, defendida pela doutrina Monroe).
Surgiu paralelamente à
Revolução Industrial.
Colonialismo de cunho
imperialista.
Visava estabelecer
protetorados em pontos estratégicos (militares).
Cobiçava novas fontes
de matéria-prima, não mais ouro e especiarias, sobretudo materiais
indispensáveis à indústria.
Ambicionava novos
mercados.