sábado, 6 de agosto de 2016

O menino José e o Rio Grajaú

por José Gilbert Arruda Martins

“Quando eu era cristão e queria lutar contra a miséria,
meu dia começava com um Pai-Nosso.
Tinha fome de divindade.
Hoje, ainda luto contra a miséria, mas meu dia começa com um Pão Nosso.
Tenho fome de humanidade.”

Betinho




José era um menino grajauense. Nasceu na cidade de Grajaú, estado do Maranhão na Rua São Paulo do Norte.

O pai, seu Amadeu era comerciante. A mãe, dona Neusa era professora.

Grajaú é uma cidade do Centro-Sul do Estado do Maranhão, fundada em terras indígenas em abril de 1811 à margem leste do Rio Grajaú. “O local também era conhecido como Porto da Chapada. A margem oeste, à época, era habitada pelos índios Timbiras e Piocobjés.”

Segundo o IBGE a cidade foi “uma das maiores conquistas dos colonizadores sobre os indígenas nos sertões do Maranhão.”

José não sabia, iria conhecer mais tarde, autores de livros sobre a história do município, em uma campanha cega e tendenciosamente assassina, têm frequentemente divulgado o suposto massacre de “brancos conquistadores”, esquecendo as milhares de vidas brutalmente retiradas dos indígenas em nossa região.

José e seus amigos, não tinham ideia, é claro, que um clã maranhense tomaria de assalto o poder político e fincaria suas sujas garras no povo e nas riquezas do Estado.

Só, durante a graduação do, agora rapaz José, é que começaria a entender a política sórdida do clã Sarney.

O hoje adulto José triste e pensativo, ainda tem que ver os antigos amigos do tempo de criança apoiarem o que há de mais atrasado na política brasileira que é o retorno do clã Sarney ao governo.

“(...) mas o rebanho de ingênuos navegantes
Acorrentados ao canto da sereia
Marcha em direção ao nada”

O Maranhão é um Estado que pode muito bem ser chamado de “Sarneykistão”, pois durante cerca de meio século teve o Clã Sarney à frente do governo.

Agora com Flávio Dino, alguns incautos desejam mesmo é “50 anos em 1”, e isso, principalmente nos dias atuais, não é possível.

Muito bem, essa história é para falar do José e seus amigos e não da política maranhense.

José e seus amigos, lá nos idos anos 60/70, tinham frequentado a escola na parte da manhã e agora, de barriga cheia, corriam desembestados pelas ruas estreitas da cidade, partindo da Praça Raimundo Simas (antes da destruição), passando pelas ruas São Paulo do Norte e rua “da Madeira”... rumo às águas maravilhosas do rio que dá nome à cidade de Grajaú.

Na época, o Rio Grajaú ainda tinha águas limpas e cristalinas, a população da cidade era pequena, portanto a quantidade de lixo, entulho e esgotos jogados no rio já comprometia, mas o Grajaú conseguia ainda reagir.

Esse dado, apesar de sugerir que em pouco tempo o Grajaú estaria sujo, feio e poluído, para os garotos esse era um fato que não passava por suas mentes, apenas conseguiam enxergar, por causa da pouca idade, a beleza de suas águas, de seus peixes, de suas margens, do jacaré que morava ali próximo e atravessava de um lado para o outro, todos os dias...

A alegria dos meninos estava estampada na cara, chegava o momento diário do encontro com o Grajaú. Nem dormiam direito à noite se não banhassem no rio. Era uma espécie de ritual, as brincadeiras e o banho de rio faziam parte da vida quase que diária dos garotos.

O grupo de meninos... José,  Givalber do Amadeu, Clesiomar do Cartucho, Sérgio do Dezim, Césinha do Eurico, Niltinho do Milton Gomes, Limeirinha e Sérgio da Coralha, Joel Falcão do Zé Baiano, Benedito Jefferson, Valney Sarmento da Rita Sarmento, Argemiro, Batista do Carlos Neto, Jessé Allan, Allan Ulisses, Cacau...

No caminho para o rio, os garotos passavam pela rua São Paulo do Norte onde José morava, davam boa tarde ao senhor Urbano, dono da mercearia, e corriam fazendo muita zoada rumo ao Grajaú.

No Colégio Estadual Urbano Santo, uma escola ao lado da casa do José, tinha um campinho de futebol onde todos os dias, essa mesma garotada jogava bola, para, logo depois irem ao Rio tomar banho.

A bola teimava em cair na casa do José onde seu Amadeu, pai do José, gritava “isso é uma lástima, por que vocês não vão brincar em outro lugar?”, era uma bagunça, seu Amadeu, muitas vezes devolvia a bola, outras, para a tristeza da garotada, furava e jogava a bola de volta, como dissesse, “Saiam daqui seus pestinhas”.

Além do campinho de futebol, a escola tinha professoras, isso mesmo, professoras.  A de História contava aos meninos que a região de Grajaú, antes da invasão branca, era povoada por índios guajajaras e a de Geografia nos ensina que:

“O rio Grajaú foi responsável pela integração de dois espaços distintos: o Centro Sul e o Norte maranhense. Foi cenário de histórias de duas sociedades diferenciadas: a sertaneja, distanciada do controle político dos líderes da Capital, marcada pela criação do gado vacum e muar, pela presença de vaqueiros e por homens de “espírito patriótico e livre”, e a litorânea, identificada pelo predomínio da agricultura, agro exportação, escravidão e influência dos costumes europeus.”

José e os amigos adoravam essa parte da aula, todos ficavam quietos e atentos, bebendo as palavras da professora. Era uma forma que encontravam de conhecer melhor a história da cidade e o Rio que amavam. Assim poderiam cuidar para tê-lo por muito e muito tempo.

Os garotos sabiam que o Rio Grajaú era um presente dos deuses para toda a população da cidade.

Os amigos sabiam também que Rio Grajaú era democrático, todas e todos, independentemente de cor, raça, poder econômico etc. poderiam se deliciar banhando, pescando e bebendo da sua água.

Os meninos, amigos de José, aprenderam com a professora que o rio Grajaú nasce na Serra da Cinta, viaja por mais de 600 km e é um dos principais afluentes do rio Mearim.

Sabiam que precisavam, além de banhar e se divertir, lutar pela defesa e preservação do Rio.

Depois do banho diário se despediam do rio com a certeza que no dia seguinte estariam de volta para usufruir das belezas de suas águas.

Grajaú, todo orgulhoso, ouvia o até logo da garotada e balançava em movimentos das águas bem devagar, como se tivesse dançando de satisfação por ter alegrado a vida do José e seus amigos.

O Grajaú gostava muito daquela alegria. Queria que não acabasse nunca. De dia, lavadeiras e crianças e à noite, pescadores pegando buscando em suas águas o alimento da família.

Grajaú devia, de vez em quando, lembrar-se dos velhos e bons tempos quando, em suas águas barcos cargueiros e vareiros com suas canoas, flutuavam passeando em suas águas. O Rio era o “ganha-pão” de milhares de pessoas e famílias.

Certa madrugada choveu muito, choveu tanto que o Grajaú encheu e derramou suas águas, agora barrentas, pelas partes mais baixas da cidade. Muitos moradores saíam para observar.

José e seus amigos acompanharam a multidão.

Chegando em frente às margens do Grajaú, perceberam que ele estava diferente, intranquilo, correndo rapidamente, como se tivesse querendo dizer alguma coisa aos meninos.

Talvez, o Grajaú tivesse aflito em dizer que sua sina era morrer.

Talvez, o Grajaú quisesse conversar com José e amigos para pedir socorro.

O Grajaú parecia adivinhar seu futuro sombrio.

José e seus amigos só davam ouvidos quando o Grajaú chamava para brincar em suas águas. Os meninos acreditavam na imortalidade do Rio. Não imaginavam que num futuro bem próximo, aquele velho e bom amigo, Rio Grajaú estaria fadado a ser um esgoto a céu aberto, sem beleza, sem peixes, sem vida.

REFERÊNCIAS:

VAREIROS DO RIO GRAJAÚ - Alan Kardec G. Pachêco Filho -  alankardecpacheco@uol.com.b

Fragmento do poema “O eterno mar dos incautos” de Carlos Araújo, poeta brasiliense no livro “Voz, poesia falada” 2016.







terça-feira, 2 de agosto de 2016

7 dicas para se sair bem na prova de inglês para o mestrado

no Curso Marta Garcia

7 dicas para se sair bem na prova de inglês para o mestrado

Uma das fases da seleção é a prova de inglês para o Mestrado ou Doutorado. Nela, serão testados os seus conhecimentos de leitura. Como os processos seletivos para esse nível de estudo estão cada vez mais concorridos, se sair bem na prova de língua estrangeira é fundamental para conseguir um bom resultado. Por isso, separamos 7 dicas que vão ajudar a alcançar o seu objetivo. Confira:

Se dê bem na prova de inglês para o Mestrado, Doutorado, Concurso ou ENEM com essas dicas!

1. Domine a leitura

Tenha em mente que para ser aprovado na prova de inglês para o mestrado não é preciso falar ou ouvir em inglês. Você só precisa dominar a habilidade da leitura. Por isso, não se desespere e prepare um plano de estudo focado nessa necessidade: entender e compreender o que está escrito. Pessoas com nível de inglês básico, que se preparam de forma adequada para esse teste, costumam ter um resultado positivo.

2. Estude com o apoio do melhor dicionário

O melhor dicionário no mercado hoje para o aprendizado da habilidade de leitura da língua inglesa é disparadamente o LONGMAN. Ele tem uma capa azul com amarela e custa algo em torno de R$50,00 a R$60,00. Ele é facilmente encontrado nas grandes livrarias ou na internet.

3. Faça um curso de Inglês Instrumental específico

Como seu tempo é curto, você precisa ir direto ao ponto. A melhor metodologia de preparação para a prova de inglês para o Mestrados e Doutorados é um Curso de Inglês Instrumental específico para este fim.Assista aqui uma vídeo-aula de um Curso de Inglês Instrumental.

A Revisa Exame publicou uma excelente matéria falando sobre a importância da metodologia de Inglês Instrumental como um diferencial competitivo em processos seletivos de Mestrados, Doutorados, Concursos e ENEM.
Para ler a materia completa acesse no link abaixo:

4. Leia usando dois métodos diferentes

Para ler um texto em um teste de proficiência de inglês e obter um melhor desempenho existem duas ótimas técnicas de leitura: skimming e scanning. Quando começar a ler a prova de inglês para o mestrado, passe o olho no título, na fonte, nas imagens (quando tiver) e no primeiro parágrafo, fazendo um skimming. Assim você já terá uma noção mais sólida do que se trata o texto com mais rapidez. Somente depois, faça uma leitura mais atenta, identificando o sentido de cada parágrafo. Feito isso, passe para as perguntas e tente identificar palavras-chave. Com elas, você vai scannear o texto procurando-as.

5. Faça dos prefixos e sufixos seus aliados

Muitas vezes será difícil aumentar o seu vocabulário, por isso, quando não conhecer uma palavra, divida-a em partes. Analise prefixos e sufixos para entender melhor o seu significado. Assim, será mais fácil de entender o sentido no contexto no texto mesmo não conhecendo seu sentido literal. Atenção para não cometer o principal erro na preparação para prova de proficiência.

6. Preste atenção nas conexões entre cada trecho do texto

Cada parágrafo de um texto corresponde a uma ideia. Identifique-as e analise a relação que há entre cada parágrafo, se há concordância, adição de ideias ou discordância. Fique atento aos termos de ligação, como and, but, however, moreover. Eles vão deixar claro qual a relação entre as ideias expressas em cada parágrafo.

7. Estude por provas anteriores

Para ajudá-lo nos estudos, separamos algumas provas para você baixar e estudar. Confira!

domingo, 31 de julho de 2016

A hipocrisia da Escola Sem Partido

por José Gilbert Arruda Martins

O historiador Leandro Karnal em entrevista a um programa de TV: “O Escola Sem Partido é uma asneira sem tamanho, é uma bobagem conservadora, é coisa de gente que não é formada na área”, disse ao ser questionado pelo apresentador.

Para Karnal, o objetivo dos articuladores do projeto é “substituir o que eles imaginam ser uma ideologia dentro da sala de aula, mas por outra ideologia” — no caso, a defendida pelo próprio grupo conservador.
Leandro Karnal é professor de História da América da Unicamp é também conferencista renomado e aplaudido em todo o Brasil.
Como estão todas e todos acompanhando, o país, principalmente com a eleição de 2014, que elegeu um Congresso ultra conservador, passou a conviver de forma mais clara com uma onda de caça aos direitos de trabalhadores (as), a direitos de indígenas, mulheres, grupos LGBTs, negros e negras, juventude etc.
Dentro desse cenário de atraso medieval em que vivemos um dos discursos mais prejudiciais que conseguiu se destacar, foi o da "escola sem partido".
Um projeto que nem a Ditadura Militar, que esmagou, prendeu e assassinou, pensou em instalar no Brasil.
Uma ideia que envergonharia até o medievo europeu, pois carrega no seu âmago uma carrada de imbecilidades que, se passar pelo Congresso e transformar-se em lei, atrasará a educação pública em mais de 100 anos.
Vou fechar essa pequena matéria com um texto de uma mensagem de Watzap, postada em um dos grupos que tenho a honra de participar. A mensagem é de Bia Pastorello, não a conheço, mas como postou nas redes sociais, acredito que posso compartilhar aqui com vocês.
Olha o que escreveu a ativista digital:


"Você, você mesmo que acha que há uma doutrinação comunista nas escolas:

- Aprendeu sobre Marighella?

- Aprendeu sobre Revolução Cubana?
- Sabe a História da URSS na ponta da língua?
- Sabe explicar direitinho sobre Stálin, Trotsky, Lênin, Marx?
- Sabe a diferença entre Socialismo e Comunismo?
- Sabe o que é Mais Valia?
- Leu o Manifesto Comunista em sala?


Pois é, eu também não.



Mas eu aprendi que:



- Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.

- A Princesa Isabel aboliu a escravidão porque era boazinha.
- O Capitalismo é um Sistema justo.
- Nunca li autoras mulheres em sala, só homens e 90% eram europeus.
- Nunca aprendi sobre o continente africano e sua História.
- 95% do conteúdo programático de Humanas era focado na Europa (isso inclui Literatura).
- A evangelização dos povos indígenas foi algo bom já que eles eram "selvagens" e "sem costumes".
- Mas ainda bem que o MEC me doutrinou, né? Se não fosse a internet, eu ainda acreditaria na bondade da princesa e que a Europa é o centro do mundo (e que o mundo é feito por homens).


A escola já tem uma posição ideológica bem forte: É excludente e eurocentrada."



O grupo Escola Sem Partido ficou conhecido nacionalmente após uma ação violenta de membros da organização dentro da Universidade de Brasília (UnB), no mês de junho. Dezenas de pessoas atacaram universitários grevistas dentro do campus, com bombas e spray de pimenta. Segundo informações do mídia NINJA, o objetivo do grupo era depredar o Centro Acadêmico de Sociologia, formado em maioria por estudantes ligados a grupos de esquerda.

A ação coordenada, ocorreu com apoio de outro grupo, o “Aliança pela Liberdade”, formado por membros do EPL (Estudantes pela Liberdade), que por sua vez é fundador do Movimento Brasil Livre, o MBL, um dos principais grupos pró-impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).
Na teoria, o Escola Sem Partido quer “acabar com a doutrinação ideológica dentro do ensino público brasileiro”.


Com informações do:

https://medium.com/democratize-m%C3%ADdia/leandro-karnal-sobre-escola-sem-partido-%C3%A9-uma-bobagem-conservadora-5d8acba5ff86#.eobygc9hx

sábado, 30 de julho de 2016

Conflitos entre os princípios da Arbitragem e os princípios da Administração Pública

por José Gilbert Arruda Martins

A lei n°. 13.129/2015, ampliou o âmbito da aplicação da arbitragem, dispondo expressamente que a Administração Pública direta e indireta poderá valer-se da arbitragem, conforme parágrafo 1° acrescentado ao artigo 1° da lei n°. 9.307/1996:




“Art. 1° As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.”

“§ 1° A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direito patrimoniais disponíveis.”

O certo é que existe um arcabouço legal bastante significativo amparando o uso da arbitragem na administração pública, por outro lado, existe também um debate que vai além do texto legal e adentra o mundo dos princípios, e, sem eles, a letra da lei perde sua sustentação. 

Pelo que vimos na lista de leis exposta acima, a arbitragem ganha força no Brasil com o advento e implantação do Estado Neoliberal na década de 1990, mais precisamente, nos governos Collor, Itamar e, fundamentalmente, nos dois governos de FHC (1995 a 2002).

Pensar o instituto da arbitragem dentro desse cenário parece ser um ponto importante para quem deseja trabalhar ou já milita nessa área.

Entender concretamente quais interesses as leis criadas nessa época defendem a partir de uma visão onde há uma mudança radical no modelo de Estado, me parece importante.

Mesmo porque o maior e mais importante objetivo da estrutura judiciária estatal e, acredito também da Mediação e Arbitragem, é o bem-estar coletivo não apenas individual e, para que isso ocorra tanto o aparato da justiça comum, mas também da justiça alternativa, precisa enxergar nos litígios que envolvam interesses públicos, requisitos que vão muito além do individual que são os requisitos dos interesses nacionais de um País e de um Povo.

Vejamos o que diz o autor do livro Mediação e Arbitragem Roberto Portugal Bacellar:

“Independentemente do estímulo que se dê aos meios alternativos de resolução de conflitos, a preservação da legitimação, da autonomia e independência do Poder Judiciário é essencial para o regular funcionamento das instituições e para a garantia dos direitos do cidadão” (Bacellar, 2012, p. 37)

Os direitos de cidadania vão além dos direitos postos na Carta Maior de 1988 no seu artigo 5°. Quando uma empresa estatal, e ai se encaixam a empresa de economia mista, como por exemplo, a Petrobrás, por ventura leva uma disputa que envolve, por exemplo, campos de petróleo do pré-sal ao julgamento arbitral, ela está colocando no jogo da disputa interesses de grande impacto social e mesmo de soberania nacional, pois envolve um produto que é hoje a principal fonte de energia do planeta.

Portanto, vejo que há por parte dos especialistas em direito a preocupação também com a importância específica de cada demanda do estado, se é de pequeno ou grande vulto, se tem grande ou pequeno impacto na sociedade como um todo.

O Neoliberalismo, sistema que criou as condições ideias para o forte desenvolvimento da arbitragem no Brasil, entre outras coisas, prega o mínimo de interferência do Estado na economia. A troco do quê? A quem interessa essa ausência estatal?


Os institutos da Mediação e da Arbitragem são importantes e bem vindos, mas precisam enxergar os detalhes por baixo do véu que encobre a macroeconomia, macro política e, talvez, parte do sistema de justiça do país, senão corremos o risco de transformar a Mediação e a Arbitragem em mais dois instrumentos que irão de uma forma ou de outra, em vez de ajudar, atrapalhar a vida da sociedade mais pobre, mais frágil e necessitada de proteção e de uma justiça “justa”, de fácil acesso e democrática.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

"Esqueça" um livro no banco da praça e compartilhe conhecimento

por José Gilbert Arruda Martins

Os livros nos dão conselhos que os amigos não se atreveriam a dar-nos. Hoje foi o dia da Campanha Nacional "Esqueça" um livro e compartilhe conhecimento. Você participou? Não? Participe!

Livros da temática afro-brasileira "esquecidos" em Brasília


Hoje foi dia de livros. Muitos livros. Por que a literatura liberta.

A campanha nacional "Esqueça um livro e compartilhe conhecimento" tomou conta do país.

Foram milhares de livros "esquecidos" em praças, paradas de ônibus, estação de metrô, cesta de bikes...

O livro, aos poucos, entra na vida das pessoas.

Hoje, no Setor Comercial Sul, "esquecemos" 16 livros.

Uma ação que ajuda a divulgar a importância da leitura e da literatura na construção cidadã.

Hoje - 25 de julho - uma biblioteca é inaugurada em Luis Correia - PI

por José Gilbert Arruda Martins

"O livro é uma extensão da memória e da imaginação". Meu amigo Carlos Máximo, morador da bela Teresina-PI sabe disso e me enviou estas fotos hoje à tarde para mostrar a inauguração de uma biblioteca na cidade de Luis Correia-PI. 



Luis Correia é um município do Nordeste brasileiro, situado ao norte do Piauí. É um dos quatro municípios litorâneos do estado, e também um dos mais visitados por turistas e banhistas ao longo de todo o ano.

A cidade terá, a partir de agora, mais uma biblioteca.

Mais biblioteca, mais literatura no dia a dia dos moradores da cidade de Luis Correia.

Os livros ajudam na construção de uma vida mais cheia de sonhos.

Sonhar também faz parte.

Faz parte da luta em busca de uma vida melhor.

O livro, a literatura são instrumentos importantes na vida de um povo.

Carlos Máximo e amigos sabem disso.









sábado, 23 de julho de 2016

"Esqueça" Um Livro e Espalhe Conhecimento

por José Gilbert Arruda Martins

"Ler é Viver" é respirar a perspectiva de construção de um novo tempo, de uma nova vida, de uma nova Mulher e de um novo Homem. É enxergar a vida de forma crítica. É abençoar uma criança com o presente de livro, de livros.

Conheça o projeto “Esqueça um Livro”

O Projeto "Esqueça" um livro e espalhe conhecimento teve sua primeira edição em janeiro em todo o País, foi um sucesso estrondoso comentado em todas as partes do planeta.

O projeto terá nesta segunda-feira dia 25 de julho de 2016 sua 2a. edição, participe, "esqueça" um livro no metrô, no banco do ônibus, na cesta da bike, ponto de ônibus, banco de praça, num restaurante, numa igreja...

Vale deixar com o livro um bilhetinho, segue sugestão: "Ei você que achou este livro! Agora ele é seu! A iniciativa faz parte de um projeto de incentivo à leitura e compartilhamento de conhecimento. Escolhi este livro porque (escreva sobre o porquê)

"O Livro não transforma o mundo, o livro transforma pessoas, pessoas transformam o mundo"

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Culinária de raízes africanas como instrumento de luta e preservação da cultura negra

“A culinária expressa dimensões do humano, entre essas dimensões, valores e identidades próprias da cultura de um povo”.

Projeto de professora no Estado do Rio de Janeiro pode revolucionar o lanche e a alimentação de crianças e jovens nas escolas públicas do país.


Como as cantigas, as danças e os instrumentos musicais, a culinária insere-se na vida de um povo e fortalece suas raízes, é ponto de “relevância para a identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (...)”.

Além de se tornar mais um avanço pedagógico, de crescimento do estudante, mas também comunitário, o projeto vem em boa hora, pois o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que é de 1955 precisa dessa injeção de ânimo novo e de um contra ponto à alimentação rápida (fast food) e industrializada que predomina em boa parte das unidades escolares do Brasil.

O  fast  food exerce um papel de forte presença e  expansão na vida das pessoas no Brasil, com abertura de milhares de restaurantes, muitos deles abertos 24 horas ao público em geral, por isso talvez, a importância de analisarmos que, além do alimento em si, o fast  food carrega consigo toda uma cultura que não é do povo, espalhando-se por todos os cantos e recantos do País.

A meu ver faz-se necessário e urgente a inclusão no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) de uma alimentação que além de saudável, respeite a cultura do povo, uma nova política nutricional nas escolas públicas que seja também cultural onde, principalmente estudantes jovens, possam entrar em contato com os conhecimentos ancestrais afro-brasileiros por meio da culinária.

O programa poderia ter uma base comum, mas respeitando as características regionais, isso seria mais um ponto de facilitação e viabilidade na implantação de um programa que envolvesse todo o País.

O programa iniciaria pelo Estado do RJ, depois Bahia, Maranhão...em poucos anos faria parte do PNAE .


A partir do instante que o projeto busca uma escola pública para programar suas ações, com “objetivos claros de promoção de práticas alimentares saudáveis utilizando a culinária afro-brasileira como ferramenta pedagógica, pois a alimentação para além de saciar a fome é uma expressão de valores culturais, sociais...”  fica patente seu compromisso social, cultural e ambiental.

domingo, 17 de julho de 2016

Oficina Feminismo e Literatura

Em tempos de "Lei da Mordaça", tentativas imbecis de impedir que a ideologia de esquerda entre nas escolas (como fosse possível uma escola sem ideologia), essa pode ser uma boa oportunidade para conhecermos o que está sendo produzido na literatura sobre o feminismo no País.



O Distrito Federal é poderoso também na produção de novos nomes da literatura, Marina Mara é desses novos talentos que, com sua escritura subversiva, nos ajuda a pensar que a sociedade tem outros caminhos além dos impostos por um sistema dominado por uma mídia que violenta todos nossos sentidos.

O material postado abaixo foi retirado do blog http://www.antoniomiranda.com.br/

MARINA MARA
Nasceu em Taguatinga, DF, em 1979. É publicitária, jornalista e produtora literária.
O livro "Sarau Sanitário.com"é parte de um projeto de inclusão social e popularização da Poesia por banheiros públicos e pelo mundo virtual.  Tem versões em Braille e em outros idiomas, traduzidos por alunos da cidade de Celiândia, DF.
De
Marina Mara
 
Sarau Sanitário. com
Capa e ilustrações de Clarice Gonçalves. 
 Brasília: FAC, 2009. 93 p. ilus. col.
 
MARINA MARA
ARTE URBANA

As galerias das ruas
No museu cotidiano
Passam de gris a grafite
Num passe, num passo
Traçando trajetos
Com traços de tons
E compasso de sons
Que cantam a realidade
E pintam pela cidade
Um jeito diferente de ver
E de viver o que está aí
E quem vier ver, verá.

BURLE

(Ao músico, pintor, poeta e paisagista Roberto Burle Marx)
Burle o que não for arte
Marques com cores as veredas
As varandas, as telas e teclas
E quando chover no jardim
E o sol trouxer as sete cores
O mestre dará sete notas
Todas mudas, que plantadas
Florescem como poesia
Enraizada em projetos
De cheiro, a vida e simetria
Seja tela, terra ou tom
Sim, tudo são flores
Quando a  magia é dom
É o poder da alquimia
Que tira som de planta
Como maestro que encanta
Os pardais de orquestras naturais
Que leem nas linhas das folhas
Suas partituras musicais.

TARJA

o sol tatuava uma tarja dourada
em meus olhos quando pelo espelho
vi a estrada se afunilando
e de tão estreita foi engolindo
o caminho de volta ao seu colo,
a sua companhia e também a tarde
só não devorou meus olhos por piedade
pois quando a saudade incomodar
é para o mesmo espelho que vou olhar
não pra lembrar de sua estrada
mas de sua essência que colore
minha íris quando chovo
mesmo da outra ponta do arco.

O MCDONALD´S ME COMEU

hoje comi mcdonald´s.
pedi meu castigo pelo número
e mesmo sabendo ser efêmero,
fui fast e me food.
por favor, uma promoção:
um combinada de raiva
com molho de autoflagelação.
senhora: esse item está  em falta
mas se quiser, temos molho alienante
que acompanha suas idéias... fritas.
eram mordidas crocantes como isopor
croq! dando à consciência um sumiço
visual colorido, como você pode supor
ah... como não-amo-muito-tudo-isso.
foi como se pichasse meu próprio muro
que há décadas mantinha-se casto
mas foi um castigo aplicado com juro
e hoje, senti-me mais uma no pasto.
era como se cupuaçu, guaraná e guarani
fossem algo ilusório, não poderia estar ali
e viva o país contaraditório!
o mais belo, o mais livre
o que mais insiste em se diminuir.
e hoje, antes de dormir, pedirei perdão
à amazônia, a mim mesma e à nação
por, triste, achar que o bem morreu
mas, "amanhã vai ser outro dia"
melhor que esse, no qual
o mcdonald´s me comeu.