terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Moradores de rua de Paris usam Twitter para contar suas histórias

no DW

Projeto deu smartphones a cinco sem-teto que, hoje, têm mais de 10 mil seguidores. Para criador, iniciativa "Tweets de Rue" cria novas formas de solidariedade entre as pessoas.



Patrick, 47, morador de rua de Paris: "Agora eu tenho novos amigos"
Patrick tem 47 anos. Como a maioria dos franceses, tem um smartphone e uma conta no Twitter. Mas o mais surpreendente é que ele vive nas ruas há mais de três anos. De acordo com um estudo do Instituto Nacional de Estatística francês feito em 2013, ele é um dos mais de 140 mil sem-teto da França. O número dobrou nos últimos dez anos.
"A situação é complicada. É difícil quando se é empurrado para as margens da sociedade", diz. Antigamente, Patrick trabalhava como motorista de caminhão, mas perdeu a carteira de habilitação. Desde então, ele vive nas ruas. Como também perdeu seus amigos, sua família e sua casa, Patrick não fala com disposição sobre seu passado.
Nos últimos seis meses, ele atuou como membro da iniciativa Tweets de Rue (@tweets2rue). Assim, o morador de rua aprendeu lentamente a falar de novo sobre a própria vida – e a se abrir para a sociedade.
Patrick começou a participar do projeto em novembro do ano passado com o apoio da Cruz Vermelha. A ideia é simples: a campanha deu smartphones a cinco sem-teto e os encorajou a escrever sobre suas vidas no Twitter.
Dez mil seguidores
Emmanuel Letourneux é uma das figuras por trás do Tweets de Rue. A inspiração partiu de uma iniciativa que durou apenas 15 dias em Nova York e serviu como base para o novo projeto. Ao contrário do seu correspondente americano, a iniciativa francesa estava planejada para durar, em princípio, seis meses. Agora, ela foi prolongada.
"Um dos objetivos que temos com o Tweets de Rue é que as pessoas ouçam e leiam diretamente o que os moradores de rua têm a dizer", explica Letourneux. "Além disso, nós queríamos mostrar que existem pessoas muito boas dispostas a ajudar. Pessoas que não se envolveriam com regras de organizações sem fins lucrativos."

Patrick escreveu no Twitter sobre sua viagem pela França
Mas num primeiro momento o Tweets de Rueesteve sob duras críticas. Alguns chamaram o projeto de voyeurista. Os cinco moradores de rua participantes da iniciativa também não estavam certos sobre como o projeto iria funcionar.
"Eu tenho uma relutância em manter muito contato com as pessoas, por isso, estava um pouco cético no início", diz Patrick. "Mas o projeto me permitiu ver o que as pessoas pensam sobre os sem-teto, e a falar com estranhos. Eu tendo mais a não ter problemas com estranhos do que com pessoas que conheço há muito tempo."
Após seis meses, Letourneux fala em um completo sucesso da iniciativa. Patrick e os outros quatro moradores de rua têm mais de 10 mil seguidores no Twitter – possivelmente, graças às discussões organizadas mensalmente na rede social. Quanto ao cotidiano fora da plataforma, Patrick viajou pela França e escreveu sobre suas experiências.
"Eu me encontrei com três dos meus seguidores. Ainda um ano atrás eu nunca poderia imaginar algo semelhante para mim. Isso aquece o coração", afirma. "Eu estava muito sozinho e quebrei todos os laços com meus amigos e minha família. Agora eu tenho novos amigos. São pessoas sinceras que não têm medo de serem honestas comigo."
Críticas

Um tweet de Manu: "Fui deportado para a Itália"
Para outros, o projeto não foi bem sucedido. Manu, um imigrante da Costa do Marfim que vive na França sem nenhum documento, teve, em princípio, um grande impulso psicológico por causa do apoio que recebeu pelo Twitter. Ele sofria de depressão na grande Paris e foi viajar pelo sul da França. De lá, foi por fim deportado para a Itália. Nesse meio tempo, ele tuitou que atualmente está tentando voltar para a França.
Outro participante da iniciativa que tem 24 anos e vive há cinco meses nas ruas concluiu o projeto antecipadamente. "Estava claro que isso poderia acontecer", disse Letourneux. "É por isso que tivemos muito contato com os cinco sem-teto durante a experiência."
O co-fundador do Tweet de Rue, David Cadasse, é responsável pela logística das pessoas que mantêm um contato direto com os moradores de rua.
"Eles estavam psicologicamente muito sensibilizados, por isso, tive que ensiná-los como tuitar", afirma. "Eu tive que ficar muito próximo a eles, porque para os sem-teto existe uma longa jornada até a próxima manhã. Continuamente eu tive que tranquilizá-los e advertir sobre como serem cautelosos com a imprensa. Quando a pessoa é moradora de rua, ela não está acostumada a ser o centro das atenções."
Uma nova forma de solidariedade

Letourneux: "O Twitter personifica uma nova sensibilidade das pessoas"
Um objetivo importante do projeto seria que os jovens também se engajassem, diz Letourneux. "Sem o Twitter não teria sido possível. A plataforma personifica essa nova sensibilidade das pessoas e pode ser muito útil em casos de necessidade. É o símbolo de uma nova forma de organização da solidariedade", afirma.
Alguns até se deixam inspirar pelo Tweets de Rue para seus próprios projetos. Um exemplo é a Associação de Estudantes Sans A. Os participantes gravam entrevistas com os moradores de rua sobre suas vidas e publicam os vídeos na internet.
E por que não? Se o Twitter e outras mídias sociais conseguem conectar as pessoas de diferentes países, por que não utilizá-los para conectar pessoas que vivem ao lado umas das outras?

“Barbearia do Papa” atenderá mendigos e moradores de rua

no Aleteia

Pope Francis greets homeless during his general audience at St Peter's square on December 17, 2014 at the Vatican. Tango enthusiasts gather today in St Peter's square to celebrate Pope Francis 78th birthday by dancing a giant tango at the end of the audience. AFP PHOTO / ALBERTO PIZZOLI

O Vaticano agora terá uma "Barbearia do Papa", como está sendo chamada, para atender mendigos e moradores de rua.

A iniciativa começa a funcionar no dia 16 de fevereiro. A ideia vem para complementar os chuveiros que foram instalados no ano passado embaixo das colunatas de Bernini para atender pessoas de rua.

O serviço de corte de barba e cabelo para os pobres está sendo implementado pelo esmoleiro do Papa Francisco, o arcebispo polonês Konrad Krajewski.

“A primeira coisa que nós queremos – disse Dom Krajewski à Agência ANSA – é dar dignidade à pessoa. A pessoa que não tem a possibilidade de lavar-se é uma pessoa socialmente rejeitada e todos nós sabemos que um sem-teto não pode apresentar-se em um local público como num bar ou num restaurante para pedir algo, pois lhe é negado”.

esmoleiro explicou que apenas o serviço de banho, e a possibilidade de lavar algumas roupas, não bastava.
"É necessário também dar um jeito nos cabelos e na barba, também para prevenir doenças. É um outro serviço que dificilmente um sem-teto poderia encontrar em uma ‘barbearia normal’, pois poderia levantar o temor aos clientes de propagar alguma doença, como por exemplo, a sarna”, disse o arcebispo.

O espaço da barbearia está sendo preparado junto à área das duchas. Muitos voluntários se disponibilizaram a oferecer os instrumentos necessários para montar a barbearia, como tesouras, escovas, barbeadores, espelho e cadeiras.

Muitos barbeiros e cabeleireiros também já se ofereceram como voluntários. O corte de cabelo e barba será feito às segundas-feiras, dia em que as barbearias de Roma estão fechadas.

(Com Rádio Vaticano)

A organização internacional dos moradores de rua



Marcada pelo sofrimento e pela vulnerabilidade física constante, a vida dos moradores de rua se faz na luta diária em busca da sobrevivência e da resistência à exclusão. Mas a condição de habitante das ruas oferece a possibilidade de um olhar único sobre o cotidiano das grandes cidades do mundo. Veículos de comunicação, muitos dos quais pouco conhecidos, vêm conferindo visibilidade a esse olhar singular, oferecendo também alternativas de trabalho remunerado e de subsistência para os moradores de rua.
Uma das iniciativas mais bem-sucedidas internacionalmente são os chamados street papers, jornais e revistas elaborados e/ou vendidos por moradores de rua. No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a ser comemorado em 3 de maio de 2005, será aberta, em Buenos Aires, na Argentina, a 10ª Conferência da International Network of Street Papers (INSP), uma rede internacional que abrange as publicações do gênero.
As últimas três conferências aconteceram nas cidades européias de Glasgow, Praga e Madri, respectivamente. Em 2004, o jornal de rua Hecho en Buenos Aires ofereceu-se para sediar a próxima reunião. "Será bastante inspirador para os membros da INSP, principalmente aqueles dos chamados países desenvolvidos, conhecerem a produção de um jornal latino-americano feito com poucos recursos financeiros e bastante criatividade", considera Lisa Maclean, gerente de projetos da INSP.


Com a realização de workshops e seminários, a conferência pretende constituir-se num espaço para a troca de experiências entre as publicações. A novidade da próxima reunião será o lançamento de uma agência de notícias denominada Street News Service, com o conteúdo a cargo dos movimentos sociais que trabalham com moradores de rua, e vinculados aos jornais e revistas que fazem parte da INSP.
REDE DOS SEM-TETO Sediada em Glasgow, na Escócia, a rede reúne 55 publicações de 28 países, responsáveis pela circulação total de 26 milhões de exemplares por ano. Todas as publicações são editadas em papel de boa qualidade, apresentam projetos gráficos inovadores e, além de questões ligadas ao cotidiano dos moradores de rua, abordam assuntos relacionados a arte, entretenimento, projetos sociais e comportamento. A rede começou a ser tecida em 1991, com a revista inglesa The Big Issue, inspirada na iniciativa doStreet Journal vendido pelos chamados homeless (sem-teto) de Nova York.
Os moradores de rua que decidem tornar-se vendedores dos jornais e revistas da rede recebem treinamento, uniforme, crachá de identificação. Devem respeitar um código de conduta que não permite vender a revista sob o efeito de drogas ou acompanhado de crianças. Cada vendedor recebe uma cota de exemplares e fica com o dinheiro resultante das vendas. O objetivo é que a interação entre vendedores e compradores dos street paperspermita aos moradores de rua reconstruir vínculos sociais e retomar, de forma independente, projetos de vida, por meio de um trabalho remunerado.
EXPERIÊNCIAS NO BRASIL Duas publicações brasileiras integram a INSP: a revista Ocas da Organização Civil de Ação Social, entidade criada em 2002 em São Paulo e no Rio de Janeiro, e o jornal Boca de Rua, de Porto Alegre, que já participou de duas conferências da INSP.
Embora faça parte da rede, cada jornal ou revista executa seu projeto de forma autônoma e coerente com a realidade da qual faz parte. O jornal Boca de Rua, por exemplo, atua de modo diferente da grande maioria das publicações que integram a INSP. Na medida em que são apenas vendidas por moradores de rua, poucas delas têm o seu conteúdo integralmente feito por eles, já que o objetivo principal desses jornais e revistas é a geração de renda. "A proposta do Boca de Rua é diferente: é dar voz a quem não tem. Nossa meta é conferir cidadania aos moradores de rua, por meio de um projeto de comunicação", afirma Rosina Duarte que, juntamente com Clarinha Glock e Eliane Brum, criaram o Boca de Rua no ano de 2000. As jornalistas são responsáveis pela reuniões semanais de pauta e pela edição final do jornal. Boa parte da finalização consiste na transposição da linguagem oral para a escrita, já que a maioria dos 35 moradores de rua que produzem o conteúdo do jornal, é analfabeta. O tema de cada edição, as reportagens, fotografias e ilustrações são discutidos e produzidos pelos moradores de rua, que também escolheram o nome e o logotipo do jornal.
A experiência do Boca de Rua permite, assim, lembrar uma faceta pouco discutida a respeito dos moradores de rua: a sua exclusão cultural. "A exclusão cultural e a material não devem ser concebidas de modo isolado, pois são simultâneas. Buscar a integração social dos moradores de rua fornecendo-lhes apenas a alternativa para a sobrevivência econômica — ou comida e abrigo — é importante, porém insuficiente. Essas pessoas procuram, como quaisquer outras, um sentido para a sua existência e só por meio da cultura é que essa busca se faz possível", afirma a antropóloga Cláudia Magni, da Universidade de Santa Cruz do Sul (RS).

sábado, 23 de janeiro de 2016

A vida sob o capitalismo não é um fato consumado, conheça e acredite na Economia Solidária

por José Gilbert Arruda Martins

Dentro da estrutura em que vivemos, onde milhares de pessoas sobrevivem nas ruas, como por exemplo, nas grandes e médias cidades, da outrora maior economia do mundo, os EUA - para citar apenas um país capitalista/liberal -, a Economia Solidária, com o micro crédito, os bancos sociais, a ecologia dos pobres, o retorno das feiras de escambos, entre outras experiências, é concretamente, uma alternativa tanto de vida como de desenvolvimento econômico e social para o Brasil, América Latina e o mundo.





Acreditamos que todos(as)  aqueles (as) que enxergam a realidade dura e crua do sistema capitalista, que exclui e abandona cerca de 1,5 bilhões de pessoas no planeta, colocam-se completamente a favor da "Economia Solidária".

O sistema consegue, mesmo com a produção industrial alta, produção de alimentos idem, "colocar" nas ruas centenas de milhares de pessoas todos os dias, como essas pessoas vivem? o que farão com suas vidas? quais as alternativas para que a administração pública e a sociedade ajudem a esses indivíduos saírem da situação de rua?

São perguntas que fazem todos nós pensarmos em uma organização econômico-social diferente, o sistema que está aí só aumenta a exclusão.

 "Nova York tem 60.352 “homeless” (sem-teto), dos quais mais de 25 mil são crianças, segundo o site na internet da Coalizão para os Sem-teto. Os dados são confirmados pela prefeitura da cidade."

O que é, então Economia Solidária? Vamos nos valer do portal do "Fórum Brasileiro de Economia Solidária" e expor abaixo um conceito bastante simples e direto, que pode  ajudar:


  • Economicamente, é um jeito de fazer a atividade econômica de produção, oferta de serviços, comercialização, finanças ou consumo baseado na democracia e na cooperação, o que chamamos de autogestão: ou seja, na Economia Solidária não existe patrão nem empregados, pois todos os/as integrantes do empreendimento (associação, cooperativa ou grupo) são ao mesmo tempo trabalhadores e donos.
  • Culturalmente, é também um jeito de estar no mundo e de consumir (em casa, em eventos ou no trabalho) produtos locais, saudáveis, da Economia Solidária, que não afetem o meio-ambiente, que não tenham transgênicos e nem beneficiem grandes empresas. Neste aspecto, também simbólico e de valores, estamos falando de mudar o paradigma da competição para o da cooperação de da inteligência coletiva, livre e partilhada.
  • Politicamente, é um movimento social, que luta pela mudança da sociedade, por uma forma diferente de desenvolvimento, que não seja baseado nas grandes empresas nem nos latifúndios com seus proprietários e acionistas, mas sim um desenvolvimento para as pessoas e construída pela população a partir dos valores da solidariedade, da democracia, da cooperação, da preservação ambiental e dos direitos humanos.

Leu?

Conheceu?

Não precisa ser seguidor do Candomblé, católico, protestante ou ateu para sentir profunda revolta com o sistema, ao ver todos os dias centenas de indivíduos, abandonados à própria sorte, pelas ruas, becos, viadutos.

Não precisa ser especialista para ver que o sistema é apenas para alguns poucos, que o sistema faz sofrer.

Enquanto isso, mesmo com a crise, os já super ricos, ganham mais e mais, a cada dia e mês, acumulando riquezas, poder, e completo desprezo pelos mais pobres, dentro da "cadeia alimentar capitalista"

A Economia Solidária, como visto acima, inclui entre outros, o sistema de micro crédito, para essa vertente, surgiu no país o Banco Comunitário ou Social, instituição que atende pessoas pobres, trabalhadores e trabalhadoras, pessoas do povo, que desejam investir em uma ideia de produção de renda. 

O mapa abaixo mostra o cenário nacional em 2013:



A educação faz sua parte, todos os anos saem dos cursos de graduação do país e do mundo, milhões de jovens prontos para dá sua contribuição com força e altivez, ao mercado de trabalho, mas não encontram o que sonhavam, o que lhes impõe é a realidade de um sistema excludente, violento e que privilegia apenas uma minoria.

Portanto, milhares de jovens saem das universidades todos os anos e não encontram onde trabalhar, produzir e manter a si e à família, são obrigados a trabalhar, quando encontram alguma coisa, sem direitos, sem autonomia, sem dignidade, transformam-se em verdadeiros escravos, ganhando mal, estressados e violentados também pela mídia que vomita em seus ouvidos e consciências, que o que vale é ter e não ser.

A Espanha é um dos países europeus que mais sofreram com a crise que engorda ainda mais uns poucos em detrimento de muitos. Os índices econômicos e sociais daquele país, que antes era considerado rico e desenvolvido, é um dos piores do continente.

O índice de suicídio de espanhóis aumentou consideravelmente na última década, uma das causas é o desemprego e a desilusão com as barreiras enormes postas pelo mercado capitalista.


"Hoje, lendo os jornais, vendo o suicídio de pessoas por estarem sendo despejadas na Espanha, relembro o acerto mortal do economista, mas, vejo o quanto o capitalismo é cruel. Um país que tem um milhão de unidades habitacionais desocupadas, opta por jogar o povo na rua, mesmo diante da onda de suicídio. Agora, até o bancos estão reticentes em executar os despejos. Há algo de irracional nesses fatos, embora para o capital isso faça sentido."

Essa realidade não é apenas da Europa, imaginem o que acontece nas regiões mais pobres do mundo, enquanto os bilionários levam suas vidas regadas a salões de festas, iates, jogos e prostituição, em verdadeiras orgias pagas com o trabalho e suor do povo, grande parte da população planetária não tem um mísero pão para matar a fome cruel.

Há! Não podemos esquecer que a Economia Solidária precisa ter regras claras onde a sociedade, os Movimentos Sociais organizados e a Classe Trabalhadora, estejam à frente na construção de planos, projetos, programas e políticas públicas no que se refere ao tema, do contrário pode se transformar em mais um embuste rentista/capitalista.

Fontes Consultadas:

* http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/03/nova-york-ja-tem-60-mil-moradores-de-rua-25-mil-sao-criancas.html

* http://cirandas.net/fbes/o-que-e-economia-solidaria

* http://www.revistamissoes.org.br/2012/11/o-suicidio-dos-espanhois/

Imagem: https://www.google.com.br/search?

* http://www.institutobancopalmas.org/rede-brasileira-de-bancos-comunitarios/

FSM 2016 - Paul Singer reafirma importância da economia solidária contra o desgaste do emprego

na Rede Brasil Atual

Ativistas e militantes defenderam, durante o Fórum Social Temático de Porto Alegre, a manutenção da Secretaria Nacional de Economia Solidária


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O público, que lotou o auditório durante o painel, estendeu uma bandeira com o logo da Senaes

São Paulo – A mesa de convergência “Economia solidária e democracia econômica” realizada ontem (21) além de ter sido uma das mais concorridas do Fórum Social Temático de Porto Alegre até agora, e de ter reunido duas referências internacionais sobre o tema – Paul Singer e Boaventura de Sousa Santos, além da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) –, festejou que é crescente o número de pessoas no mundo que vem se apropriando do conjunto de ideias da economia solidária como forma de combater o desemprego e as demais mazelas do capitalismo. Lembrou, porém, que apesar de avanços, há muito
Singer, economista da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) apontou esta visão encontra cada vez mais relevância para fazer frente à uma sociedade em crise. "Na Espanha o que mais mata é suicídio. Muitos jovens não conseguem trabalho que não seja informal, sem direitos (…) Já temos no mundo inteiro um movimento de economia solidária, ao lado do desgaste do emprego", disse.
Boaventura de Sousa Santos, sociólogo da Universidade de Coimbra, em Portugal, onde coordena um grupo de pesquisas do assunto, aproveito o evento para sair em defesa da Senaes, ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego. "Não podemos deixar que perca peso no Brasil a economia solidária. É muita gente que é atendida por ela (…) Esse fórum está contra o golpe, junto à presidenta Dilma. Mas que ela não esqueça: ela tem que ajudar o povo a defendê-la."
Logo no início, Marta de Souza, ativista de economia solidária do Rio Grande do Norte, relatou uma experiência pessoal de como a economia solidária a ajudou a conseguir independência como artesã. Ela foi sucedida por Alfonso Cortera, do Peru, que argumentou que o tema deve ser encarado como uma "política de apoio ao desenvolvimento, não apenas como alternativa para os pobres".
Economia solidária compreende um conjunto de práticas econômicas organizadas através de autogestão
Singer, dialogando acerca das possibilidades de criação de modelos autogestionados de forma solidária, recordou que "nós não sabemos como construir uma economia socialista, porque nunca foi construída até o fim. Precisamos descobrir na prática como se constroi. Primeiro, eliminar toda a propriedade privada dos meios de produção".
Uma das iniciativas apresentadas no painel foi a expansão dos bancos comunitários. Joaquim Melo, que é um dos pioneiros no assunto, fundador do Banco de Palmas, criado em uma favela de Fortaleza, contou que o processo para ter tal atividade reconhecida incluiu luta e resistência, até que, em 2010, "o Banco Central se curvou e reconheceu que os bancos comunitários e as moedas sociais são um direito do povo (…) que tem direito de escolher onde bota seu dinheiro e onde organiza suas finanças", disse.
A articulação realizada a partir do Banco de Palmas resultou na Rede de Bancos Comunitários do Brasil, que atualmente conta com mais de 103 bancos em todo o país. Desde então, o Brasil virou referência mundial em economia solidária a partir do microcrédito. O modelo foi comemorado por Boaventura. “Estamos tentando levar o modelo para Portugal e para a África", alertou.
Por sua vez, a deputada Maria do Rosário classificou a política econômica adotada pela gestão da presidenta Dilma como injusta. "Solidários à presidenta, temos que dizer que não aceitamos essa política", disse. Em defesa da Senaes, a petista afirmou que "a crise econômica é uma crise da acumulação do capital financeiro (…) A economia solidária, com sua implantação, aprofunda as bases de sustentação do governo."

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Vamos boicotar o Alexandre Garcia da rede Globo?

por José Gilbert Arruda Martins

O jornalista Alexandre Garcia, da rede Globo, teceu "comentários" racistas e preconceituosos ao falar sobre a aprovação de 861 estudantes brasilienses, na Universidade Nacional de Brasília (UnB), desqualificando os estudantes, professores (as) e a Escola Pública.



De 2 mil estudantes aprovados no PAS (Programa de Avaliação Seriada), mais de 40%, são de escolas públicas, lembrando que o certame é disputado por alunos de todas as escolas do DF.

O Distrito Federal, segundo o SINEPE (Sindicato das escolas particulares), tem 450 escolas filiadas do ensino infantil ao médio e atendem cerca de 200 mil estudantes.

Em seus "comentários", o jornalista se mostrou, claramente, contra as cotas nas universidades públicas, tecendo críticas infundadas aos egressos dessa modalidade democrática de acesso ao ensino superior.

Garcia é um completo desconhecedor dos indicadores de desempenho dos estudantes cotistas nas universidades brasileiras; a PUC, a UFMG, para citar apenas duas, acabam de divulgar que o desempenho dos cotistas é superior aos não cotistas.

O que o jornalista quer é fazer das universidades espaços apenas das classes ricas, isso não é mais possível, só ele não viu, o Brasil mudou, os pobres entraram na universidade, nos aviões, nos açougues, nos restaurantes...

Com essa postura, Alexandre Garcia, como afirmou uma dirigente do Sinpro - DF, "...preferiu naturalizar e reforçar a lógica de exclusão que prevaleceu em nosso país durante 500 anos".

Que postura devemos adotar depois de ouvir e ver o jornalista fazer esse tipo de "comentário"?

Você que, infelizmente, não consegue viver sem a rede Globo, suas novelas, William Bonner, Fátima, e o "maravilhoso" e "filósofo" Faustão, deveria, pelo menos, boicotar o Alexandre Garcia?!

Boicotar o Alexandre Garcia? 

Isso mesmo, mudar de canal, pelo menos durante tempo do "comentário" do jornalista.

Você pode estar se perguntando: Mas por que logo o Alexandre Garcia, que diariamente, com seus "comentários" nos ajuda a "viver" essa vida difícil?

Ai meu caro, você terá que, fazer um exercício de lógica e de análise para, de forma inteligente, tentar enxergar as mensagens subliminares repletas de violência, racismo e preconceito que os "bons comentários" de Garcia nos trazem todos os dias.

Mas, esse boicote, é para todo mundo fazer, jovens, ricos, pobres, velhos, negros, brancos, índios, católicos, evangélicos, budistas, candomblé, macumbeiros...?

Ora vejam, seria bom que fosse geral, mas os ricos, brancos e negros manipulados, dificilmente, entrarão na "campanha".

O boicote, deve ser feito, na minha opinião, obrigatoriamente, pelos professores e professoras, orientadores e orientadoras, coordenadores e coordenadoras, apoios escolares de todos os tipos, mães e pais, comunidades, esses grupos sim, precisam entrar nessa luta.

Se não fizermos nada, Garcia continuará a nos importunar, a nos desrespeitar com suas "pérolas" bem editadas, bem planejadas e pensadas.

"Pérolas" que, a princípio, parecem inofensivas, mas que carregam uma ideologia, e, sabemos que todos nós temos ideologias, elas entram em nossas cabeças e nos guiam, criam "realidades", fazem com que acreditemos em coisas que, muitas vezes, são ruins para nós como gente, como trabalhador e trabalhadora, como povo.

Alexandre Garcia, além de histórico apoiador de ditadores que prederam, torturaram e assassinaram estudantes, mulheres, crianças e todo tipo opositores durante a Ditadura Militar (1964 - 1985), é grande defensor da privatização do ensino público do país. Seus "comentários" deixam escapar esse desejo.

Foi o primeiro jornalista que vi, chamar um dos principais líderes revolucionários do mundo, Che Guevara, de assassino.

Portanto, vamos organizar um boicote geral aos "comentários" raivosos e cheios de racismo, preconceito e elitistas, pregados pelo jornalista da rede Globo.

Fontes Consultadas:

1. http://www.sinprodf.org.br/

2. http://www.cutbrasilia.org.br/site/artigo-porque-sabemos-fazer/

3. https://groups.google.com/forum/#!msg/amigosdofranklin/pAnoef_H6iA/P8mdtdmvXJoJ

4. 

Porque sabemos fazer

Rosilene Corrêa* no portal da CUT - DF



Toda a imprensa brasiliense noticiou, na última semana, o sucesso alcançado pelos estudantes das escolas públicas do Distrito Federal no PAS (Programa de Avaliação Seriada da UnB. De dois mil aprovados em primeira chamada, 861 vieram da rede pública, resultado que enche de orgulho a toda a comunidade escolar.

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Rosilene Corrêa
Para a imprensa, o resultado é uma “surpresa”, afinal, não raro ela costuma revelar sua discriminação em relação ao ensino público. Mais do que isso: para alguns, o espírito privatista é tamanho que a escola pública é algo a ser combatido.
O discurso de Alexandre Garcia no telejornal local da TV Globo na quinta-feira (14/1) é sintomático disso. O colunista destilou todo o seu preconceito em “comentário” que desqualificou o desempenho dos estudantes, o trabalho dos profissionais nas escolas e, especialmente, a política de cotas adotada pelo governo federal há quase 4 anos.
Ainda não conformado com o fato de que nosso país não é mais “propriedade” de poucos, Alexandre Garcia se apoiou em argumentos meritocráticos, ultrapassados, para classificar as políticas de ação afirmativa como “empurrãozinho”, ignorando todos os indicadores de desempenho dos estudantes cotistas nas universidades. Garcia, como lhe é peculiar, preferiu naturalizar e reforçar a lógica de exclusão que prevaleceu em nosso país durante 500 anos, bem como a ânsia raivosa da elite brasileira de ter toda a nação sob domínio de seus interesses privados.
Entretanto, o desrespeito com que boa parte da mídia trata a escola pública, seus profissionais e estudantes não é empecilho para que nosso trabalho floresça e dê frutos. Em 2015, foram 29 dias de greve e, ainda que a paralisação representasse prejuízo para o calendário escolar, o compromisso com nossos estudantes assegurou o cumprimento do calendário de reposição, evitando que os jovens fossem prejudicados em relação aos estudantes das escolas privadas. Mas é mais do que isso: são lutas como aquela que pavimentam o caminho para se atingirem resultados positivos: uma educação de qualidade só se faz reivindicando melhorias, fomentando a capacidade crítica e o exercício da cidadania.
Vale lembrar que a avaliação seriada em questão foi realizada entre os anos de 2013 e 2015, sob o impacto direto dos resultados da greve de 52 dias que nossa categoria enfrentou em 2012. Dela, veio um novo Plano de Carreira para o nosso Magistério Público (sumariamente, desrespeitado pelo atual governo do DF) e a nomeação de mais de cinco mil novos professores (as).
Se nossos estudantes conquistaram tão positivo resultado em condições que, infelizmente, ainda estão distantes de serem as ideais, imaginem aonde eles podem chegar se o GDF procurasse atender às necessidades das nossas escolas, valorizando profissionais da educação, contratando orientadores (as), fortalecendo a gestão democrática. Imaginem quantos estudantes deixaram de participar da prova e ingressar numa das melhores universidades do país porque suas famílias não tinham R$ 100,00 para pagar a taxa de inscrição!
É para alcançar vitórias ainda maiores que continuaremos lutando para superar as adversidades e conquistar mais vitórias. Parabéns aos (às) nossos (as) estudantes! O sucesso de vocês dá sentido à nossa luta cotidiana por uma educação de qualidade, em defesa da escola pública e por um mundo de igualdade e justiça.
*Rosilene Corrêa é diretora do Sinpro-DF e da CUT Brasília
Fonte: Sinpro

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Luis Inácio Lula da Silva, um brasileiro

por José Gilbert Arruda Martins

Ontem (20/01), no Instituto Lula, o ex-presidente falou com blogueiros sobre o Brasil, os ataques a ele e à sua família, ao PT, e, também do governo Dilma.

“Buscamos o objetivo de não permitir que ninguém neste país destrua o projeto de inclusão social que começamos a fazer a partir de janeiro de 2003. O povo aprendeu a conquistar coisas, aprendeu que pobre pode fazer universidade, que pode comer carne, que pode viajar de avião, e que pobre não nasceu pobre, ficou pobre por conta do sistema econômico deste país."


Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula


O Brasil esperou 500 anos - meio século -, para ouvir e ver o Estado e a administração pública falar, programar e executar um grande projeto para acabar com a fome e o sofrimento de milhões de brasileiros. Em 2003, em seu primeiro mês à frente do governo, Luis Inácio Lula da Silva, lançou um dos mais importantes e ousados Programas Federais já pensados, para combater a fome no país: O Fome Zero, que mais tarde foi operacionalizado através do Bolsa Família.

Só quem já passou fome de verdade, não a vontade de comer, porque ficou preso ou presa no trânsito por alguns minutos, não, não é essa a fome que destacaremos neste texto, falamos da falta crônica do mais básico e simples alimento por dias, meses até anos a fio.

O Brasil, até por volta de 2002, último ano do governo do PSDB, que tinha à frente um "estudioso", um sociólogo, formado na USP, Sr. Fernando Henrique Cardoso, com exceção de programas pontuais e, reconhecidamente, assistencialistas, não tinha pensado ou lançado um projeto real de combate ao flagelo da fome que assolava grande parte do país, atingindo por volta de 60 milhões de pessoas.

"A miséria no Brasil atinge 56 milhões de brasileiros, o que corresponde a 33% da população, de acordo com o Mapa do Fim da Fome II, lançado ontem pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo mostra que, se cada brasileiro não miserável doasse R$ 14 por mês, a pobreza seria erradicada no Brasil. Segundo o economista Marcelo Neri, houve uma mudança geográfica na pobreza de 2000 a 2002. Enquanto na década de 90, os miseráveis ficavam mais concentrados nos grotões rurais, nesta década a situação se agravou na periferia das grandes cidades." (FGV)

Pessoas nascidas na década de 1990 no Brasil, que hoje tem por volta de 20 a 25 anos, desconhece o fenômeno da fome e as notícias sobre ela, que eram veiculadas, diariamente, pelos principais jornais, revistas e TVs.

O que essa geração conhece, são as notícias veiculadas pelas revistas Veja, Isto É, Estadão, Folha e, fundamentalmente, a rede Globo, uma realidade "fabricada", manipulada, "consertada" para, de forma escamoteada, defender interesses das elites.

As notícias sobre o Brasil no exterior, eram, principalmente sobre corrupção, carnaval, futebol e, fundamentalmente sobre a fome, imagens de miseráveis brasileiros, rodavam o mundo, jornais de todo o planeta, especialistas e a Organização das Nações Unidas (ONU), traçavam planos e projetos para ajudar o país a tratar do problema, os famintos aguardavam e nada chegava à sua mesa, com exceção da Campanha "Natal Sem Fome" do grande e maravilhoso Betinho, fora isso, só mais fome e sofrimento.

Foi nesse cenário marcado pela violência da fome, da desnutrição, do desemprego, do crescimento urbano desenfreado, do endividamento externo e do controle e interferência do Banco Mundial (Bird) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que surgiu uma liderança trabalhista importante, vindo do Nordeste, torneiro mecânico, líder sindical, idealizador e criador do Partido dos Trabalhadores, trabalhador do chão de fábrica o Sr. Luis Inácio Lula da Silva.

O país vivia o final melancólico da ditadura militar, respirávamos ares da democracia política, o Congresso iniciava o debate da criação de uma Assembleia Nacional Constituinte para a construção da mais importante Carta Magna já produzida até então, a Constituição de 1988.

Lula da Silva, se constrói uma liderança fundamental dos trabalhadores em São Bernardo do Campo e o Brasil inteiro passa a conhecê-lo.

Um nordestino, sobrevivente da fome, depois de disputar três eleições, sagra-se presidente de um país gigantesco no tamanho, na economia e no número de famintos.

Um desafio, que Lula encararia com força, planejamento e muita vontade de ajudar o seu povo a sair da situação de abandono secular em que se encontrava.

Foi exatamente isso que o mundo e o Brasil viram, o país, depois de mais de cem anos no mapa da fome mundial, começava a alimentar seu povo, e Lula da Silva, o cara de Garanhuns, estava à frente.

Nosso país já teve e tem, grandes figuras importantes, poderíamos citar dezenas, Zumbi dos Palmares, Dandara, Dom Helder Câmara, Leonel Brizola, etc. Nenhum, no entanto como Lula da Silva, não porque seja um iluminado, mas porque, chegou ao poder e implementou uma verdadeira revolução social sem dar um tiro, sem violência, sem transtornos.


"O Brasil reduziu em 82,1% o número pessoas subalimentadas no período de 2002 a 2014. A queda é a maior registrada entre as seis nações mais populosas do mundo, e também é superior a média da América Latina, que foi de 43,1%."
"Os dados são do relatório O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) nesta quarta-feira (27). O documento aponta ainda que o Brasil alcançou as metas estabelecidas pelas Nações Unidas em relação à fome nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)."
Lula da Silva, por causa desse grande projeto - Bolsa Família -, que alimenta, educa, e proporciona autonomia às famílias e que leva o povo ao controle da saúde da mulher grávida, pode ganhar o "Prêmio Nobel da Paz", seria a primeira vez que o país receberia tão importante prêmio. 

Como a grande imprensa irá se comportar? como a oposição raivosa irá atuar? teremos mais intolerância?

Será essa, a razão principal, para os ataques diários a Lula da Silva, perpetrados pelos adversários e principalmente pela velha mídia, liderada pela Veja e Rede Globo?

Ou serão os acertos sociais do governo petista nos últimos 13 anos?

“Buscamos o objetivo de não permitir que ninguém neste país destrua o projeto de inclusão social que começamos a fazer a partir de janeiro de 2003. O que incomoda é isso. Pode dizer que não, mas desde o tempo do Império Romano a elite não gostava quem se aproximava do povo. Mas ninguém vai destruir este projeto. O povo aprendeu a conquistar coisas, aprendeu que pobre pode fazer universidade, que pode comer carne, que pode viajar de avião, e que pobre não nasceu pobre, ficou pobre por conta do sistema econômico deste país. Isso está em jogo, e os democratas não podem se conformar com essa tentativa de golpe explícito que tenta aplicar falando em impeachment da Dilma."(Lula da Silva)

O Movimento Social, a Classe Trabalhadora e o Povo, aguardam com alegria que Luis Inácio Lula da Silva, a mais importante liderança do Brasil, vá ainda mais longe, com força e determinação em favor do Brasil e sua população.


 Fontes Consultadas

. Portal da Fundação Getúlio Vargas

. http://www.cps.fgv.br/cps/MapaFimFomeII/Pano_Ref/artigos/Internet/Brasil%20tem%2056%20milh%C3%B5es%20de%20miser%C3%A1veis,%20diz%20FGV%20-%20ADEMIRJ%20.PDF

. http://www.institutolula.org/lula-nao-e-hora-de-discutir-crise-mas-saidas-para-a-crise

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Lula: 'não é hora de discutir crise, mas saídas para a crise'

no Instituto Lula



Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de um café da manhã com blogueiros na manhã desta quarta-feira (20), em São Paulo, na sede de seu Instituto. Ao longo de cerca de três horas, Lula falou sobre combate à corrupção, a situação econômica do país e suas sugestões para superar a crise, o momento político da presidenta Dilma e do PT, entre outros temas.

Participaram do encontro, que foi transmitido ao vivo pela internet, Altamiro Borges (Blog do Miro), Breno Altman (do Opera Mundi), Conceição Lemes (Viomundo), Conceição Oliveira (Maria Frô), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Gisele Federicce Francisco (Brasil 247), Joaquim Palhares (Agência Carta Maior), Kiko Nogueira (Diário do Centro do Mundo), Laura Capriglione (Jornalistas Livres), Miguel do Rosário (O Cafezinho), Renato Rovai (Revista Fórum).

Confira, abaixo, alguns trechos da fala de Lula durante a coletiva.

Acusações e combate à corrupção
“Existe uma tese de que há uma quadrilha que foi montada [nos governos petistas] para roubar a Petrobras. É uma tese. Mas é engraçado que todos os funcionários envolvidos, são funcionários de carreira com mais de 30 anos de casa. Quando eles foram nomeados, não houve denúncia de nenhum trabalhador. Não houve denúncia de nenhum diretor.
Algum dia o Brasil vai reconhecer que esse processo de combate à corrupção só existe porque criamos as condições para isso. A Dilma será reconhecida e enaltecida neste país pelo que ela criou de condições para permitir que neste país todos saibam que tem de andar na linha, e se não andar na linha será punido, do mais humilde ao brasileiro de mais alto escalão.

Não tem neste país uma viva alma mais honesta do que eu, nem delegado, nem promotor do Ministério Público, nem empresário, nem na Igreja. Pode ter igual, isso sim. Aprendi com uma senhora analfabeta, que me disse: ‘meu filho, se você for honesto, poderá andar de cabeça erguida’.

Impera a tese de que não importa o que vão dizer os juízes, porque mesmo que a justiça absolva, o sujeito já está condenado pela imprensa. Quem é culpado tem de ser preso, mas, para isso, precisa ser julgado. Está na hora da sociedade brasileira acordar e exigir mais democracia, mais respeito pelos direitos humanos e mais fortalecimento das instituições.”

A perseguição ao PT e a Dilma“Buscamos o objetivo de não permitir que ninguém neste país destrua o projeto de inclusão social que começamos a fazer a partir de janeiro de 2003. O que incomoda é isso. Pode dizer que não, mas desde o tempo do Império Romano a elite não gostava quem se aproximava do povo. Mas ninguém vai destruir este projeto. O povo aprendeu a conquistar coisas, aprendeu que pobre pode fazer universidade, que pode comer carne, que pode viajar de avião, e que pobre não nasceu pobre, ficou pobre por conta do sistema econômico deste país. Isso está em jogo, e os democratas não podem se conformar com essa tentativa de golpe explícito que tenta aplicar falando em impeachment da Dilma.

A democracia é séria, não se brinca com a democracia. Eles tentam destruir a democracia negando a política. Por isso eu vou fazer mais política, vou participar ativamente do processo eleitoral. Tem gente que acha que o PT acabou, e vocês vão ver. Eu acho que o Haddad vai ser reeleito em São Paulo, só pra falar a maior cidade."

Processos contra caluniadores“Eu comecei a processar, diferente do que eu fazia antes, porque diziam que não adiantava nada. Aí fui a uma audiência, onde processamos jornalistas do Globo… e comecei a processar porque o dono do jornal se livra botando a culpa no jornalista, então comecei a processar para ver se retomamos a dignidade profissional da categoria.

Nesse processo que fui, no Rio de Janeiro, quando o juiz fazia uma pergunta, o cara falava: “tem a fonte, não posso falar”. E eu pergunto: venho aqui, fico nu diante da Justiça, e vem um cidadão que diz: “olha, não posso falar, é segredo de fonte”. Assim é desproporcional. Não dá para ser assim.

A desfaçatez é tamanha… O que se faz com o meu filho Fabio é uma violência. Ontem mesmo fiquei sabendo de um lutador dessa luta que eu não gosto falando que meu filho tem um iate de 80 pés em Angra… como um cidadão tem a desfaçatez de mentir?
A gente começou a abrir processo agora, porque não interessava. Mas acho que tem que processar. Quando cheguei ao governo, a Fenaj apresentou um projeto para criar um tipo de OAB dos jornalistas. E o pessoal analisou, deu entrada, e quando chegou ao Congresso Nacional, foi um cacete que nem a Fenaj defendeu. Os jornalistas atacaram, reclamaram, e eu pensei: se nem o jornalista quer, tiramos o projeto.

Antigamente os jornais tinham dono, e você falava com o dono e tentava resolver alguma coisa. Hoje você tem executivo preposto. Não resolve mais nada.

A politização chegou a tal ordem… e eu admito a politização. Que eles peçam o voto que quiserem nos editoriais. O que não admito é mentira na informação. Daqui pra frente vou processar. Tem muitos, e vai ter cada vez mais. Eu não gostaria que fosse assim.
Há um abuso, uma falta de respeito com a Dilma. Achei que ela seria mais bem tratada por ser mulher, mas não tem isso. É uma coisa de pele. Se você não tem a minha pele, não te aceito no meu clube.

As pessoas podem não gostar do PT, sem problemas, mas se elas não reconhecerem o que seria este país sem o PT… Um homem sério ou uma mulher séria não pode admitir a execração das pessoas.”

Campanha em 2014 e ajuste fiscal em 2015“O cidadão não pode gastar mais do que ganha. Se você quer ter uma capacidade de endividamento, tem que ser uma que dá para pagar. Acho que todos nós fazemos assim. Agora, a verdade é que a Dilma, no primeiro mandato, teve um mandato muito exitoso. Os problemas começaram quando a Dilma preocupada em prevenir a redução do crescimento, e ela não queria de jeito nenhum reduzir os programas sociais, ela fez um forte subsídio. E uma forte política de isenções que chegou a quase R$ 500 bilhões nos últimos anos.

Quando você faz subsídios e a economia não consegue se recuperar, você começa a arrecadar menos. E aí precisa fazer um corte. E para isso, precisa escolher o que é prioritário para a sociedade, no caso, a geração de emprego, o investimento nas universidades.

Ora, houve um equívoco político já reconhecido pela presidenta. Foi a gente ganhar as eleições com um discurso, com apoio do povo da PUC e da Zona Leste, de artistas, de gente que acreditou e foi para a rua defender um projeto de inclusão social, acreditando que é possível fazer um processo mais forte de democratização da mídia brasileira, de diversificação da cultura. Foi para isso que as pessoas foram para as ruas.

E a Dilma dizia que ajuste era coisa de tucano, não coisa dela, mas depois foi obrigada a fazer. E como estava num processo de diálogo com o movimento sindical e só anunciou em dezembro… criou um mal estar. Ela sabe disso. Agora, o que nós estamos vendo: se em algum momento se acreditou que fazendo discurso para o mercado a gente ia melhorar, o que a gente percebeu é que não conseguimos ganhar uma pessoa do mercado. Nem o Levy, que era representante do mercado no ministério da fazenda, não virou governo. Não ganhamos ninguém e perdemos a nossa gente. Então o desafio da Dilma, agora, e eu peço a Deus que a ilumine muito, o ministro Nelson Barbosa e todo o governo, é que em algum momento neste mês vão precisar anunciar alguma coisa para a sociedade brasileira. Então o Levy saiu, e o que vai mudar?

Uma forma de aumentar a capacidade de arrecadação do estado brasileiro é aumentar imposto, e está difícil no Congresso. A outra, é o crescimento econômico. A Dilma tem de ter como obsessão a retomada do crescimento e do emprego. Não é fácil, mas é a tarefa política.

Você precisa escolher o que fazer, com investimento público. Se o governo não está pondo dinheiro, porque o empresário vai por? O governo precisa tomar a iniciativa. Precisamos de uma forte política de financiamento, temos muitas obras inconclusas que precisam ser terminadas. A Dilma lançou o PIL, que é um programa de investimento em logística. E tem muita coisa por fazer.

Não existe nada mais edificante para um ser humano do que ser capaz de prover seu próprio sustento. O jovem está ansioso para trabalhar. O emprego precisa ser uma obsessão para nós.”

Recuperação da economia“Nós estamos arrecadando pouco, e portanto não temos capacidade de investimento para induzir. Você não está fazendo as concessões de portos e aeroportos, e é importante fazer. O que a gente percebe é que tá faltando crédito, financiamento. Penso que a presidenta e o Barbosa precisam pensar, não sei pra quando, uma forte política de crédito para investimento e para consumo.

Em 2008, na época da crise, colocamos R$ 100 bilhões do Tesouro para financiar o desenvolvimento. Na primeira levada que colocamos, os bancos privados não criaram crédito a partir dos títulos do tesouro. Então fomos com os bancos públicos, compramos o Banco Votorantim para financiar carro, o Bradesco tinha parado de financiar motocicleta e nós fizemos o financiamento para motocicleta nos bancos públicos.

Nós temos 14 milhões de micro empresas e MEI, e que precisamos financiar, financiar a cadeia produtiva, por exemplo. Isso tem de ser feito com mais rapidez. Tem de ter uma política de financiamento de infraestrutura com mais rapidez, e o consumo. Se não tem consumo, ninguém investe. Poderia se tentar ver como está o crédito consignado e fazer uma forte política de crédito consignado, acertado com o movimento sindical e os empresários.

Se a gente fizer tudo isso, a gente faz a roda da economia girar. Aí o governo vai arrecadar mais, e ter mais capacidade de investimento.

O pessoal fala muito de dívida pública no Brasil… Depois de 2007, a dívida pública norte-americana foi de 74% para 105%; o Obama endividou o país, mas para fazer a economia girar. Você cria um ativo que vai dar retorno e vai te ajudar a arrecadar mais. Agora falam da nossa dívida, ela cresceu porque o PIB caiu. Se o PIB crescer, ela cai.

Então o jeito da gente consertar a economia, na minha opinião, é fazer a economia crescer. A Grécia começou com uma crise que 30 bilhões resolviam, mas depois de 10 anos de discussão, chegou a uma situação que 200 bilhões não resolviam.

Infraestrutura é central, não apenas ferrovias, mas muitas coisas que você precisa investir. Eu se fosse a Dilma, fazia como os russos: chamava a China e pactuava um grande projeto de investimentos e dava como garantia o petróleo. Eles precisam e nós temos. Uma crise cria a oportunidade que você faça tudo que não dá para fazer na normalidade”.

A turma do 'quanto pior, melhor'“O povo brasileiro precisa repudiar, veementemente, todas as pessoas que trabalham para atrapalhar o desempenho do Brasil. Quando alguém trabalha para impedir que o que o governo faz não dê certo, quem sofre na pele é o povo mais necessitado deste país. Quando as pessoas tiraram a CPMF achando que iam me prejudicar, eu não fui prejudicado. Mas o povo brasileiro foi. Quem precisa da saúde pública é o povo mais humilde.

Então quando as pessoas tentam prejudicar a Dilma, estão retardando o avanço social do povo brasileiro. Teve até um que disse outro dia que ia tirar R$ 10 bilhões do Bolsa Família.

A Dilma precisa conversar mais com a sociedade, organizar os partidos, assumir compromissos de seus aliados, porque… política é assim. Se tem uma coisa que o Congresso Nacional adora, e qualquer parlamento do mundo, é presidente fraco. Quando ele forte, o presidente faz muita coisa e eles não podem contestar. Veja o papel do Eduardo Cunha. Ele se presta a criar uma pauta bomba todo dia, sem se importar se tem algo pra votar que tenha importância para o país; não de importância para a Dilma, mas para o país.
Mas precisa, pelo amor de Deus, com a base aliada, pactuar que a minoria não paralise este país. O governo foi eleito para governar, e não pode permitir que a minoria, que a pauta negativa, paralise o país. O Jaques Wagner tem muita expertise política e vai trabalhar, com o Berzoini, para que a gente aprove o que for necessário para que a economia volte a crescer.”

A volta por cima do PT“O PT errou, cometeu práticas que condenávamos. E o PT não nasceu para ser igual aos outros, nasceu para mudar a lógica dos partidos tradicionais. Mas uma coisa é o PT quando a gente dizia: “sua vez, sua voz”, o PT que fazia campanha vendendo macacão, estrela, bandeira… na medida que a família começa a crescer e o partido entra nas instituições e na briga institucional, o partido mudou. Lembro de um tempo que a gente sentava aqui na direção nacional e fechava política de alianças nacional. Mas aí o partido vai crescendo e começa aliança ora com um, ora com outro, aí precisa de dinheiro pra campanha, as campanhas de TV ficam cada vez mais caras, parecendo filme de Hollywood e, de repente, o PT ficou parecido a todos os outros. E isso levou a posturas equivocadas.

Agora, você conhece algum deputado deste país que vendeu seu patrimônio para ser deputado? O que acho grave é que todos os partidos pegaram dinheiro das mesmas fontes. Os empresários são os mesmos para todos os partidos, e só com o PT é crime? Por isso, sou favorável ao financiamento público de campanha.

As pessoas falam do PT e não conhecem o PT. Em 1989, eu tava pra desistir de ser candidato. Eu estava chegando a Balbina, no Amazonas, quando o Kotscho me trouxe um Estadão com o Ibope: “Lula cai de 3% para 2,75%”. E eu pensei em desistir, porque senão ia terminar a eleição devendo pro Ibope. Mas quando chego lá em Balbina, encontro 100 pessoas, crianças, famílias, com bandeirinha do PT esperando para nos ouvir. As pessoas pegavam dois dias de canoa, trazendo frango e farinha pra comer e vender, só pra ver o PT, então eu não podia desistir. Eu não tenho o direito de desistir. Esse partido é muito grande, não pode ser abandonado porque uma pessoa cometeu um erro.

Não é questão de voltar às origens, porque não podemos voltar a ser quem fomos. Mas voltar a ter os mesmos compromissos e práticas daquela época. Os erros não devem servir para execrar o PT, mas para nos ajudar a consertá-lo. Pode ficar certo: o PT vai ressurgir como fênix. Vai ressurgir das cinzas muito mais forte. Fecha os olhos trinta segundos e imagine o que este país seria sem o PT, o que seria a política deste país sem o PT. Eu não vou deixar, eu vou motivar nossos companheiros. Então, uni-vos petistas! Em torno da causa nobre da democracia e da inclusão social!”

Movimentos sociais são críticos demais?
“Eu nasci na política no movimento social. O legado que eu consegui construir neste país se deve muito à participação do movimento social, nos bons e nos maus momentos. Porque o movimento social tem uma característica: eles pedem menos que qualquer adversário e ajudam muito mais que qualquer adversário atendido. Sinto muito orgulho de ter estabelecido a melhor relação entre Estado e sociedade e movimento social neste país.
Às vezes, enche o saco, a gente não gosta… mas Deus há de fazer com que esse movimento continue cobrando do governo. Se o movimento não cobra do governo, o governo acha que tá tudo certinho. Eu prefiro o movimento cobrando e reivindicando que movimento social passivo. Eu tenho o mais profundo respeito e acho que a Dilma tem o mais profundo respeito. Com a diferença que eu vim dele, seja no sindicato, seja na igreja progressista, eu venho deles.”

Quem está mais à esquerda: Lula ou Dilma?“A Dilma é muito mais à esquerda que eu. Ela tem uma formação ideológica mais consolidada. Eu sou um liberal… Veja, eu, na verdade, o que eu acho, eu sou um cidadão muito pragmático e muito realista entre aquilo que eu sonho e aquilo que é a política real.
Se um partido ganhasse as eleições sozinho, elegesse todo mundo, ia ser uma desgraça. Ia ter corrupção pra caramba. O ideal é ter as maiorias, mas não tendo forças, não tendo aliados de esquerda, você faz uma composição. E você faz com quem quer te apoiar. O PT negou muitos apoios. Quando fui presidente da República, eu tinha consciência de que eu era um estranho no ninho. Aquilo não foi feito para um operário chegar lá. O Congresso não tinha nem banheiro feminino.

Eu hoje acho que sou mais à esquerda do que eu era. Eu tenho lido mais, eu tenho visto que mesmo fazendo o que nós fizemos por este país, ganhando o dinheiro que ganharam em nosso governo, eles ainda não nos aceitam. Há um preconceito, que não sei se é de classe, mas é visível. E eu tento tratar isso democraticamente.
Os de cima não aceitam sequer um novo rico; se não for do meio deles, tá fora. Então te confesso que eu tenho uma coisa na minha vida que é minha coerência política. Um discurso de 1989 e um de 2009, tem coerência. O Lula nunca mudou de lado. Eu sei de onde eu vim. Fui presidente da República e voltei para o mesmo lugarzinho.”

Lei Antiterrorismo“Eu sou contra a lei antiterrorismo. É uma loucura a gente fazer uma lei por conta dos black blocs. Este país não tem tradição de terrorismo. Nós fizemos os jogos Pan Americanos e não aconteceu absolutamente nada. Vamos fazer as olimpíadas e com o sistema de segurança que está sendo feito, não vai acontecer nada. Vamos envolver o povo brasileiro, com a quantidade de pessoas por aí que querem ser voluntárias. Não vamos trazer para cá um problema da França, americano ou do Oriente Médio. Somos outra nação.”