segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Cinema negro no Brasil é protagonizado por mulheres, diz pesquisadora

na Rede Brasil Atual

Filmes das realizadoras negras brasileiras alcançam qualidade internacional e já são uma referência, embora pouco conhecidos no próprio país

por Isabela Vieira, da Agência Brasil

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Rio de Janeiro – Com quatro sessões lotadas no prestigiado Cinema Odeon – incluindo a primeira lotação para 600 pessoas após reforma da casa, no centro do Rio de Janeiro –, o filme Kbela, de Yasmin Thainá, é um dos mais importantes representantes de uma leva de produções feitas por realizadoras negras que ganharam o mundo em 2015. São narrativas que contam com mulheres negras na direção, na produção e como protagonistas, em um terreno onde elas costumam ser estereotipadas.
Levantamento da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), feito em 2014, já apontava para a sub-representação da mulher negra no cinema nacional. Para a professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e doutora em História, Janaína Oliveira, Kbela rompeu essa lógica em 2015.
Coordenadora do Fórum Itinerante de Cinema Negro (Ficine), um espaço de formação e reflexão sobre a produção de realizadores negros, Janaína afirma que Kbela não está sozinho.
Segundo a pesquisadora, que em 2015 circulou por festivais em países como Burkina Fasso, Cabo Verde e Cuba discutindo e divulgando essas produções, os filmes das realizadoras negras brasileiras alcançaram qualidade internacional e já são uma referência, embora pouco conhecidos no próprio país.
A professora, que é curadora do Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou (Fespaco), o maior de todo o continente, recebeu a Agência Brasil em seu apartamento, em Santa Teresa, região central do Rio de Janeiro, para conversar sobre a repercussão dessas produções brasileiras. Para ela, o cinema negro é um campo político, de luta por representação e desconstrução de estereótipos. Leia os principais trechos da entrevista:
O que é o cinema negro?
O que eu venho dizendo, e as pessoas ficam chateadas, é que não dá para definir cinema negro. É um campo político, de luta por representação, de desconstrução de estereótipos, de tornar as representações mais complexas, de ampliação de representações nos espaços mais diversos. Há quem defina, eu não defini. Definir é limitar. O cinema negro tem toda uma história, que começa nos Estados Unidos, passa pela diáspora negra, caminha por vários lugares. Por exemplo, hoje, além do samba, carnaval e futebol, temos o estereótipo da violência na favela presente. Cidade de Deus (ambientado em uma favela e com protagonistas negros) claramente não é cinema negro. A questão é: dá para fazer imagens contra-hegemônicas, que desconstroem o estereótipo dentro de um grande estúdio de cinema ou de uma grande rede de televisão? É difícil.
FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASILjanaina-oliveira.jpg
A professora e historiadora Janaína Oliveira
"Nos últimos dez anos nos acostumamos a ver mais negros nas telas fazendo alguma coisa. Mas é pontualmente, fazendo algumas coisas. Ainda estamos presos a um universo de estereótipo. Que não é só o do bandido, o do cafetão, mas o da falta de complexidade das personagens"
Qual foi sua primeira experiência com esse formato?
Sempre gostei de cinema e muito de cinema africano. O primeiro filme africano que vi foi no festival de Cinema do Rio, o Vida sobre a Terra, de Abderrahmane Sissako(diretor, escritor e cineasta da Mautiânia, autor deTimbuktu, longa-metragem que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014 e a prêmio no Festival de Cannes no mesmo ano).
Quem está produzindo cinema negro hoje no Brasil?
Antes é importante esclarecer que estamos falando de curtas-metragens, falar de longa-metragem é outra coisa, são pouquíssimos os negros que fizeram filmes de longa-metragem de ficção na nova geração, aliás, fica a provocação. Nesse universo, onde as pessoas efetivamente produzem – seja com ajuda de editais, seja nas universidades –, o que temos, de filmes de expressão, que atingiram patamar de técnica e de qualidade são os filmes feitos por mulheres negras. E são várias.
Quais?
São as produções de Renata Martins, que fez Aquém das Nuvens e agora está fazendo uma websérie fenomenal, a Empoderadas, que só fala de mulheres negras, tem a Juliana Vicente, que fez o Cores e Botas e oMinas do Rap e está produzindo um filme sobre os Racionais MCs. Tem a Viviane Ferreira, que fez o Dia de Jerusa, que foi para Cannes. Tem uma menina que está nos Estados Unidos, Eliciana Nascimento, autora de O Tempo dos Orixás, tem Everlaine Morais, de Sergipe, que fez dois curtas muito bons e vai estudar cinema em Cuba. E do Tela Preta (coletivo de realizadoras negras ligado à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), a Larissa Fulana de Tal, que fez o Lápis de Cor e acabou de lançar o Cinzas. No Rio, o nome da vez é Yasmin Thayná, que está bombando com o Kbela. Um filmaço, no sentido da técnica e das referências. Quer mais?
Então há mais filmes com estética e cultura negra nos últimos anos?
Nos últimos dez anos nos acostumamos a ver mais negros nas telas fazendo alguma coisa. Mas é pontualmente, fazendo algumas coisas. Ainda estamos presos a um universo de estereótipo. Que não é só o do bandido, o do cafetão, mas o da falta de complexidade das personagens. Os relacionamentos amorosos, os dilemas da vida, onde estão essas coisas? Não estão nas telas.
Qual a novidade nas produções brasileiras que você tem levado aos festivais?
Uma coisa bacana é que nessa conexão com o continente africano, estamos redespertando debates. Em Moçambique, por exemplo, temos o retorno de que os vídeos sobre transição capilar (do cabelo alisado para o cabelo crespo, natural) tem ajudado mulheres e meninas de lá. Esses produtos, principalmente filmes disponíveis no Youtube, são feitos por meninas negras brasileiras. É quase uma rede de solidariedade. O audiovisual tem a capacidade de fazer isso.
E como aumentar a demanda por esse conteúdo no Brasil?
A formação de público é uma questão central. Os filmes precisam ser vistos. Mas mostrar os filmes (em salas de cinema ou televisão) não é suficiente, se fosse, o problema estava resolvido. As pessoas não veem porque elas não gostam e mudar o gosto leva muito tempo. Enquanto você tem uma novela premiada como a Lado a Lado, da Rede Globo (que recebeu o Emmy Internacional em 2013), passando às 18h, em 50 anos da principal emissora de TV do país, você tem uma série como o Sexo e as Negas, em horário nobre com forte divulgação comercial e circulação.
Mas é preciso começar a estimular, não?
Ainda vivemos em um contexto de imagens que precisamos desconstruir. O cinema é uma indústria, uma indústria de dinheiro que constrói imagens que querem ser vistas. Temos um padrão de cinema de Hollywood, daquilo que você espera ver. E esse padrão repete as estruturas de um universo eurocêntrico onde muito claramente está dividido o lugar das pessoas negras e brancas. Então, o que você vê, em geral, são negros e negras em situação de subserviência, nunca em destaque, sempre com atributos negativos. Isso está no universo da colonização da cultura, do gosto, da estética. É a mesma razão para a gente falar “a coisa está preta” quando a situação é negativa. Por que “denegrir” é uma coisa ruim? Por que usar “a coisa fica preta” é ruim? A gente não inventou isso, a gente reproduz isso e isso está nas telas. O cinema que existe é um cinema eurocêntrico que determina padrões estéticos, narrativos, rítmicos e musicais. Se não é isso, pessoas não gostam. Os filmes brasileiros de sucesso, como Tropa de Elite, seguem esse padrão.
E o que é preciso fazer?

Formar redes de distribuição desses filmes. Se possível, junto com debates. É ir além da exibição. As novas imagens têm que chegar nas salas de aula, criar aderência. Além de mais editais, mais parcerias e a presença do Estado, que facilita a produção e a circulação.

GRAFITE - Projeto São Mateus em Movimento faz das ruas galeria arte

na Rede Brasil Atual

Movimento de grafiteiros transforma muros e paredes de casas e promove ao mesmo tempo beleza e reflexão sobre identidade de bairro da zona leste de São Paulo

Grafite

São Paulo – Como o ativismo cultural pode transformar ruas de um bairro periférico da capital paulista em “galerias de arte”? Uma reportagem da TV Brasil, exibida pelo Seu Jornal, da TVT, foi até o bairro de São Mateus conferir. Um dos responsáveis pelo projeto São Mateus em Movimento, Fernando Rodrigo de Carvalho, o Negotinho, conta que o processo causou alguma apreensão no início mas depois contagiou os moradores. “Teve gente que não queria saber de grafite, mas depois elogiou, quis fazer e diz até que a casa valorizou depois do grafite.”
O projeto foi desenvolvido em parceria com o coletivo Opni (Objetos Pichadores Não Identificados). Um dos integrantes do grupo, Carlos Moreira dos Santos, o Toddy, observa que o trabalho ajuda na reflexão sobre a identidade do bairro, onde predomina a população negra e nordestina: “As pessoas muitas vezes perguntam por que só tem negros. A gente responde com outra pergunta: se fosse só brancos vocês questionariam?”

CONTRA REORGANIZAÇÃO - Alunos de SP e GO fazem confraternização de Natal em escolas ocupadas

na Rede Brasil Atual

Luta contra fechamento e privatização de escolas é recheada por ingredientes como defesa da melhoria dos equipamentos, dos prédios e da qualidade de ensino. E deve marcar também a virada e o ano novo


ceia da ocupação
Ocupações como esta na escola Manuel Ciridião Buarque, na zona oeste, tiveram pizza e promessa de nova ceia na virada

São Paulo – Alunos que participam do movimento de ocupação de escolas em São Paulo comemoraram o Natal dentro dos próprios colégios. Na Escola Estadual Alves Cruz, na zona oeste da capital, cerca de 15 pessoas, entre pais e estudantes, fizeram uma ceia durante a noite de 24. Na Escola Estadual Fernão Dias Paes, na mesma região, os alunos fizeram um churrasco na tarde de hoje. Na Manuel Ciridião Buarque, também na zona oeste, teve "pizzada" neste dia 25.
Os estudantes sinalizam desocupar os prédios em breve, mas ainda sem data definida. O plano é passar também a virada do ano nas ocupações. “Nosso movimento é contra a reorganização. Nosso movimento não é ocupação. Ocupação é uma tática como os atos de rua são uma tática. Mas, a partir do momento que foi suspensa a reorganização, a tática deixou de ser eficaz, porque a população passou a não apoiar a gente”, disse o aluno João Cecci, que cursa o segundo ano do ensino médio no Alves Cruz.
Segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, havia 18 escolas ocupadas até a noite de ontem. O projeto de reorganização da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo previa o fechamento de 94 escolas e a transferência de cerca de 311 mil estudantes. O governo do estado anunciou a revogação da reorganização no dia 4 de dezembro. A previsão é de que as alterações sejam implementadas em 2017, após debates com a comunidade escolar em 2016.
No entanto, mesmo após o recuo do governo, os estudantes mantiveram a mobilização reivindicando a garantia da participação de pais e alunos nos debates previstos para o próximo ano. “Quando a gente for entregar a escola, a gente vai fazer uma série de exigências, inclusive um pouco mais da voz dos alunos dentro da gestão escolar”, disse Cecci.
“Nosso sonho é uma escola que não tenha diretores, que não tenha essa hierarquia dentro dela. Porém, a gente sabe que não é tão fácil de mudar o sistema de ensino, então a gente vai começar por mudanças que a gente realmente possa ajudar, não tão drásticas”, acrescentou.

MANIFESTO - Grupo chama sociedade a participar de luta por educação em 2016

na Rede Brasil Atual

Coletivo lança manifesto “Todos com os Estudantes” e convoca a debate sobre ensino público. Leia e participe





Em 2015, mais de 200 escolas no estado de São Paulo foram ocupadas pelos estudantes secundaristas contra a reorganização proposta pelo governo do estado, que levaria ao fechamento de 94 escolas da rede pública.
Depois de mais de um mês de resistência, inúmeras atividades dentro das escolas, uma Virada Ocupação e muita, muita mobilização por parte dos estudantes, o governo voltou atrás e suspendeu a reorganização, prometendo novas discussões para o ano que vem.
2016 promete ser um ano de debates sobre como melhorar a qualidade da educação no estado e, principalmente, como fazer da comunidade escolar protagonista deste processo.
Estamos formando uma rede de pessoas que querem continuar apoiando o movimento dos secundaristas no ano que vem. E você, vem com a gente? :)

EDUCAÇÃO EM 2015 - Repressão a alunos, tentativa de fechar e privatizar marcam gestões tucanas

na Rede Brasil Atual

No PR, docentes começaram o ano apanhando e terminaram demitidos; em GO, alunos seguem ocupando escolas contra PM e OS na direção escolar; em SP, Alckmin teve de recuar, apesar de agressões a alunos


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O movimento vitorioso dos estudantes contra a política de Alckmin está sendo seguida por secundaristas de Goiás


São Paulo – Prioridade nos planos de governo dos candidatos, desprezada pelo conjunto dos políticos eleitos e à margem da cobertura da mídia tradicional, a educação marcou boa parte do noticiário em 2015. E justamente pela reação a políticas de políticos historicamente sem compromisso com o ensino público.
Em São Paulo, os estudantes foram além das ruas em suas manifestações, fizeram da escola seu espaço de resistência e frustraram – até aqui – os planos do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que esperava começar o ano novo economizando com o fechamento de 94 escolas e com a demissão de professores e funcionários.
Com apoio de pais, professores, artistas e intelectuais até do exterior, a comunidade reagiu ao projeto que está estava em curso. No começo de novembro, passaram a ocupar escolas contra a chamada "reorganização" e por melhores condições de ensino.
No início de dezembro, quando já ocupavam 213 escolas apesar da violenta repressão da Polícia Militar nas manifestações de rua e sofriam ameaças e intimidações dentro das escolas ocupadas, ganhando apoio crescente, Alckmin viu a aprovação de seu governo cair a 28%. No dia 4, demitiu seu secretário Herman Voorwald e anunciou a suspensão da reorganização, prometendo realizar audiências públicas em 2016.
ROVENA ROSA/ABRalunos de são paulo apanhando.jpgEm SP, a repressão não barrou o avanço do movimento
Enquanto Alckmin adotou a pedagogia da repressão, os alunos trocaram a preocupação com provas, exames, vestibulares e com a vida pessoal pela defesa da escola. Pintaram muros e paredes, carpiram o mato, cuidaram de jardins, desentupiram canos, lavaram banheiros, cozinharam e realizaram atividades culturais e artísticas inéditas nas escolas.
Por tudo isso, os secundaristas paulistas serviram de exemplo para os secundaristas de Goiás. Há 14 dias eles ocupam escolas públicas para protestar contra a decisão do governador Marconi Perillo (PSDB) de transferir a gestão das escolas para organizações sociais (entidades privadas filantrópicas) já em 2016.

Alunos contra Organizações Sociais (OS)

Eles são contrários também à direção de escolas por policiais militares, como já acontece em muitas unidades. Eles dão sinais de que vão virar o ano nessas ocupações.
De acordo com o movimento, já são 23 unidades ocupadas. O governo diz que o novo modelo visa dar agilidade na resposta às demandas da sociedade pelo acesso à uma educação pública de qualidade. Para os alunos e professores, a mudança na administração significa uma privatização do ensino público.
Como Alckmin, Perillo ingressou com pedido de liminar de reintegração de posse e por danos ao patrimônio. Lá, como em SP, o Tribunal de Justiça negou o pedido argumentando que a ocupação é um movimento de protesto.
FACEBOOK SECUNDARISTAS EM LUTA-GOalunos de goiás.jpgAlunos querem organizações sociais longe do controle das escolas da rede estadual
Outra estratégia do governo goiano para tentar enfraquecer o movimento é o corte do fornecimento de água em algumas escolas, por determinação da própria secretaria da Educação. Os manifestantes criaram uma página na rede social Facebook para divulgar informações sobre o protesto e postaram vídeos mostrando a suspensão do abastecimento.
Universidades, sindicatos e entidades de defesa dos direitos humanos apoiam o movimento. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Goiás, que já se declarou "nem contra nem a favor das OS, mas em defesa do direito de manifestação dos estudantes", protocolou, na última sexta-feira, uma ação cautelar e um mandado de segurança para garantir o direito de manifestação dos estudantes.

Repressão e demissão

No Paraná, os professores começaram o ano apanhando nas ruas da Polícia Militar do governo de Beto Richa (PSDB) e terminaram demitidos. Nesta segunda-feira (21), a APP-Sindicato, entidade que representa os trabalhadores da educação pública no estado, recebeu a confirmação de que os cerca de 21 mil professores temporários, contratados na modalidade PSS (Processo Seletivo Simplificado), terão seus contratos encerrados no dia 31 de dezembro, não poderão fazer a reposição das aulas do período de greve e só receberão o acerto (proporcional de 1/3 de férias e 13º salário) no final de janeiro. Para o sindicato, "o governador Richa, mais uma vez, demora a tomar uma decisão e, quando finalmente toma, não mede o impacto que isso provocará nas escolas".
E mais uma vez, conforme o sindicato, a justificativa é do ponto de vista econômico. “Evidencia-se a velha máxima deste governo, de economia a qualquer custo e total descompromisso com educação pública. Não adiantam lindas mensagens de final de ano chamando atenção para o fato de sermos a quarta economia do Brasil quando a educação, dia após dia, sofre revés”.
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Polícia do Paraná reprimiu com violência manifestação de servidores; professores eram maioria
No final de abril, quando o ano letivo mal tinha começado, mais de duzentos servidores, ficaram feridos em cerca de uma hora e meia de repressão policial, com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e até mordida de cães da PM. Eles protestam, havia uma semana, contra mudanças nas regras de custeio da Paraná Previdência, diante da Assembleia Legislativa. A maioria dos manifestantes eram professores, em greve, que estavam acampados ali havia uma semana.
A violência ganhou destaque na imprensa nacional e estrangeira e contribuiu diretamente para a queda da aprovação de Richa. Segundo o Instituto Paraná Pesquisas, a parcela da população favorável à sua gestão teve uma leve melhora em relação ao levantamento de junho, logo após os confrontos. De lá para cá, a reprovação caiu 13,5 pontos porcentuais – de 84,7% para 71,2%. Hoje, de cada 4 paranaenses, 3 o reprovam. Exatamente o contrário do que acontecia em seu primeiro mandato.
Resta saber se a popularidade de Perillo seguirá por um caminho em queda livre como seus colegas.
Artistas gravam clipe histórico com O Trono de Estudar, de Dany Black

sábado, 26 de dezembro de 2015

Nem todos são como Aécio ou Cunha

por José Gilbert Arruda Martins

O grande blogueiro Paulo Nogueira, no seu Diário do Centro do Mundo, divulgou esta semana um texto com o título: "É de Aécio o título de pior político do ano". Apesar de ser pequeno, o texto é robusto em seu conteúdo, pois trás detalhes da falta de atuação republicana do senador, mas trás também as "brincadeiras" que surgiram na internet com a figura do "nobre" playboy.





A performance do senador, vou chamá-lo apenas de senador, que não fez outra coisa durante o ano inteiro, a não ser conspirar contra a democracia e o Brasil, joga no lixo não apenas a figura dele e de seu partido, o PSDB, enterra no entulho também, a figura do Congresso.

A classe política, que normalmente é desacreditada, com a atuação esquizofrênica do senador, sofreu uma "piorada boa", como diz meu querido irmão Givalber.

Fico imaginando, se nosso povo tivesse tempo e acesso a veículos de comunicação de massa sérios, e pudesse, com isso se informar especificamente sobre a atuação de cada senador e de cada deputado, fico imaginando qual seria a reação.

Daria para, concretamente, colocar abaixo a velha política do mandonismo, da roubalheira, do apadrinhamento, das benesses das elites e, talvez, construirmos um cenário totalmente novo onde a soberania popular fosse mais testada, ouvida e eficazmente, colocada em prática.

O senador de Minas venceu Cunha, como o pior político do ano.

Mas quem perdeu?

Além da classe política, que ficou mais desacreditada, perdeu a democracia, perdeu o país, que ficou debatendo um processo de impeachment sem sentido, sem lastro legal.

É bom lembrar, no entanto, que o Congresso Nacional tem 594 parlamentares, se juntarmos a Câmara e o Senado, e desses, nem todos são tipos como Aécio ou Cunha, tem gente "sangue bom" na política brasileira, em diversos partidos, poderia citar aqui dezenas, mas não vou fazê-lo.

Homens e Mulheres que representam o Povo que os elegeu.

Jean Willys, dias atrás em uma entrevista falou sobre esse tema, nem todos os parlamentares pensam com a cabeça de um golpista, nem todos são acharcadores e acharcadoras.

Significado de Achacador
s.m. Quem extorque dinheiro de outra pessoa para que ela não seja presa ou multada; indivíduo que intimida alguém, extorquindo-lhe dinheiro.
Quem acharca; aquele que rouba alguém com ameaças ou intimidação.
Pej. Vigarista; quem engana alguém prometendo a essa pessoa grandes vantagens.




Notas do Enem serão divulgadas no dia 8 de janeiro

na Rede Brasil Atual

por Karine Melo, da Agência Brasil

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Diante de centenas de apelos de estudantes feitos pelas redes sociais, o Ministério da Educação (MEC) comunicou que as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vão sair no dia 8 de janeiro."Nós entendemos a ansiedade de vocês e não poderíamos passar o Natal sem divulgar a data do resultado do #‎Enem2015 !", diz um "post presente" do MEC publicado nas páginas do ministério no facebook e no twitter. "Aproveitem as festas, dia 8 de janeiro está logo ali".
Além da seleção para vagas em instituições públicas, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), com a nota do Enem, o estudante de baixa renda pode tentar uma vaga na educação superior por meio do programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece bolsas de estudos em instituições particulares de educação superior.

O resultado do exame também é requisito para receber o benefício do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), participar do programa Ciência sem Fronteiras e ingressar em vagas gratuitas dos cursos técnicos oferecidos pelo Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec). Para pessoas maiores de 18 anos, o Enem pode ser usado ainda como certificação do ensino médio.

Produção de jornal melhora desempenho de estudantes em escola pública de Roraima

no site do MEC

O projeto de edição do jornal escolar teve reflexo entre os estudantes, como a disposição para trabalhar em equipe, e ajudou a despertar os alunos para o exercício da cidadania (arte: ACS/MEC)


A reunião de pauta, momento em que se decidem as notícias para a edição semanal do jornal da escola, ocorre nas tardes de quarta-feira, no período oposto ao das aulas. As crianças do quarto ano do ensino fundamental chegam animadas, com sugestões de matérias. Após o processo de definição dos assuntos que sairão no próximo número, os estudantes-repórteres fazem pesquisas na internet e entrevistas, fotografam outros alunos, professores, pais, gestores e funcionários da escola. Depois, sentam-se diante do computador para escrever as notícias.
A ideia de criar um jornal escolar na Escola Municipal Aquilino da Mota Duarte, em Boa Vista, Roraima, foi da professora Anna Carolina de Oliveira Brito. Ela queria melhorar a qualidade de ensino por meio de práticas de leitura e produção textual. O projeto Jornalistas da Liberdade, iniciado em maio último, deu nova dinâmica aos 25 alunos da turma. “Até mesmo aqueles que geralmente não se envolviam com as atividades de sala de aula sentiram-se motivados a desenvolver o jornal”, diz a professora, que percebia a dificuldade das crianças com a escrita.
Na função de editora-chefe do jornal, Anna Carolina, que leciona há sete anos na escola, explica as regras ortográficas e gramaticais para a correção dos erros cometidos pelos alunos e os ajuda a criar os títulos, de forma coerente com as notícias. Uma vez pronto o jornal, os alunos cuidam da distribuição de 335 exemplares nas salas de aula e na portaria da escola. Nos murais e nas portas das salas é afixada uma cópia em tamanho maior, para que todos possam ler.
Os resultados, segundo a professora, foram percebidos em várias etapas do processo: no aprendizado de trabalhar em equipe; na criação de textos; no uso do dicionário para tirar as dúvidas com a língua portuguesa; na habilidade oral, com o exercício da argumentação na defesa de pautas, e no despertar dos alunos para o exercício da cidadania e de valores humanos. Dessa forma, as notícias também serviram para a discussão de problemáticas correlatas e recorrentes ao ambiente escolar, como o bullying e a violência.
Reconhecimento — A amplitude pedagógica do projeto teve o reconhecimento do Ministério da Educação, na nona edição do Prêmio Professores do Brasil. “Essa premiação foi muito importante; percebo que vale a pena pagar o preço para oferecer uma educação diferenciada e com qualidade a nossos alunos”, diz Anna Carolina. “Nós, educadores, temos de acreditar nos projetos desenvolvidos em sala de aula, pois, cooperam no processo de ensino e aprendizagem.”
A diretora Mônica Motta Felício, formada em pedagogia e gestora educacional, há dois anos na escola, diz que o sentimento é de motivação pela conquista do prêmio. A escola tem, no total, 368 alunos do ensino fundamental. “Saber que um projeto desenvolvido dentro do nosso espaço escolar obteve esse reconhecimento só nos traz a certeza de que, quando promovemos ações com objetivos direcionados, a melhoria com as práticas pedagógicas fica evidente nos resultados da aprendizagem”, afirma.
Edição — A nona edição do Prêmio Professores do Brasil selecionou, este ano, 30 experiências pedagógicas desenvolvidas por professores das cinco regiões brasileiras. Os trabalhos foram destacados entre 11.812 inscritos, nas categorias creche; pré-escola; ciclo de alfabetização: primeiro, segundo e terceiro anos – anos iniciais do ensino fundamental; quarto e quinto anos – anos iniciais do ensino fundamental; sexto ao nono ano – anos finais do ensino fundamental; ensino médio. Cada um dos 30 professores recebeu prêmio de R$ 7 mil. Cada categoria teve um professor destacado para receber prêmio extra, no valor de R$ 5 mil.
A partir de 2015, o Prêmio Professores do Brasil passou a integrar a iniciativa Educadores do Brasil, ao lado do Prêmio Gestão Escolar, do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed). Assim, a entrega dos prêmios a professores e diretores de escolas foi realizada pela primeira vez, este ano, em conjunto.
O Prêmio Gestão Escolar selecionou 22 escolas como destaques estaduais, com premiação de R$ 6 mil para cada uma. As cinco escolas indicadas como destaque regional receberam R$ 10 mil. O Colégio Estadual Professora Maria das Graças Menezes Moura, de Itabi, Sergipe, foi escolhido como escola referência Brasil, com premiação de R$ 30 mil.
Rovênia Amorim
Saiba mais no Jornal do Professor
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É de Aécio Neves o título de Pior Brasileiro do Ano

na Rede Brasil Atual

Competição com Eduardo Cunha foi dura, mas Aécio levou

por Paulo Nogueira

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Pode-se dizer que Cunha é filho de Aécio. São sócios no crime de lesa-democracia

Diário do Centro do Mundo – Não faltaram candidatos fortes, mas é de Aécio, com folga, o título de Pior Brasileiro do Ano. Aécio só não fez o que deveria fazer: trabalhar no Senado. Fazer jus ao salário e mordomias que os brasileiros lhe pagam.
Ele consumiu seu tempo em conspirações contra a democracia em 2015. Tentou, e continua a tentar, cassar 54 milhões de votos, sob os pretextos mais esdrúxulos, cínicos e desonestos.
Adicionou um novo e definitivo rótulo à sua imagem de playboy do Leblon, adepto de esforço mínimo e máximas vantagens: o de golpista.
Para tanto, andou sempre nas piores companhias da República. Esteve constantemente junto de Eduardo Cunha, que só não levou o título de Pior Brasileiro porque Aécio existe.
Aécio foi vital para que Cunha se sagrasse presidente da Câmara dos Deputados. Depois, quando já eram avassaladoras as provas de ladroagem de Cunha, Aécio armou um esquema de blindagem para que ele não respondesse por seus crimes. Tudo isso para que suas pretensões de golpista obtivessem sucesso.
Aécio protegeu, preservou Cunha. E assim contribuiu decisivamente para que ele chegasse ao fim do ano ainda na presidência da Câmara, o que representa uma tonitruante bofetada moral no rosto da nação.
Pode-se dizer que Cunha é filho de Aécio. São sócios no crime de lesa-democracia.
Tanto ele fez que acabou recebendo uma resposta espontânea da sociedade. Fazia muito tempo que um político não era motivo de tantas piadas.
2015 foi o ano do Aécio golpista, e também o ano do Aécio piada.
Sua incapacidade patológica de aceitar a derrota se transformou em gargalhadas nas redes sociais.
Qualquer pessoa que caísse no ano, a piada estava pronta. Se o Mourinho cair, assume o Aécio?
Houve humor de outra natureza, também. Memes brotaram em profusão, dias atrás, depois da coroação equivocada como Miss Universo da candidata da Colômbia. Nestes memes, Aécio aparecia como a Miss Colômbia.
O que todos lembravam, ali, eram os escassos momentos pelo qual Aécio se julgou vencedor das eleições presidenciais de 2014.
Ele recebera já informações segundo as quais ganhara de Dilma, e armara uma festa em Belo Horizonte. A comemoração foi brutalmente abortada quando foram anunciados os resultados oficiais.
A imagem da decepção ganhou as redes sociais numa das fotos mais compartilhadas das eleições.
Tivesse grandeza de espírito, Aécio faria o básico. Ligaria para Dilma para cumprimentá-la e tentaria entender onde errou para corrigir os equívocos, eventualmente, numa próxima vez.
Mas não.
Da derrota emergiu um monstro moral, um golpista sem limites e sem pudor, um demagogo que provoca instabilidade no país e depois fala, acusatório, da instabilidade como se não fosse ele o causador dela.

Por tudo isso, e por outras coisas, é de Aécio o título de Pior Brasileiro do Ano.


'Economia já estará claramente retomando o crescimento em 2016', diz Bresser-Pereira

na Rede Brasil Atual

Para ex-ministro da Fazenda, câmbio no atual patamar é um dos fatores que podem começar a tirar o país da crise, mas ressalva: política de juros "é ineficiente e tem um custo brutal ao país"

por Eduardo Maretti, da RBA

Bresser-Pereira
Ex-ministro participou de ato na Faculdade de Direito da USP contra impeachment, dia 16 de dezembro

São Paulo – O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira não acredita que a crise econômica brasileira se prolongue indefinidamente, nem mesmo que persista em 2016, aposta dos setores que veem nos problemas da economia uma forte oportunidade para enfraquecer o governo Dilma Rousseff. Para ele, a crise deve começar a ser superada no próximo ano, embora o Produto Interno Bruto (PIB) ainda tenha a tendência de ser manter negativo. “Como eu acho que a economia vai começar a recuperar, então espero que no final do ano (de 2016), se o PIB ainda for negativo, e é bem possível que seja, será muito menos que este ano”, diz. “A economia já estará claramente retomando o crescimento, mas (a partir) de quase estagnação.”
Para o ex-ministro da Fazenda em 1987, no governo de José Sarney, porém, os problemas da economia do país não são apenas conjunturais, mas estruturais: “Meu entendimento é de que a economia brasileira é semiestagnada desde 1980. A renda per capita brasileira vem crescendo menos que 1% por ano, quando crescia 4,1% entre 1950 e 1980”.
Segundo a análise de Bresser-Pereira, o Brasil tem dois grandes problemas, que afetam sua capacidade de crescimento e o impedem de desenvolver uma política econômica forte e sustentável no longo prazo: a “alta preferência pelo consumo imediato”, fator do qual decorrem políticas que incentivam o déficit em conta corrente ou o câmbio apreciado “para poder consumir mais”, e a perda da “ideia de nação”.
Por que o sr. tem se manifestado a favor do ajuste fiscal?
Depois do grande erro que a presidente cometeu, que foram as desonerações, que ela pensou que fosse política industrial, e foi um desastre, quando ela viu tamanho da crise, está agora fazendo a política correta. Acho que o novo ministro (da Fazenda) vai fazer a política correta também. A política de ajuste fiscal é correta. Eu sou crítico, por um lado, de quem afirma que o ajuste é a condição sine qua non e a coisa mais importante que é preciso fazer para o país retomar o crescimento. Não é verdade. O mais importante para a retomada do crescimento já foi feito, e foi o ajuste feito pelo mercado da taxa de câmbio. Isso tornou as empresas industriais novamente competitivas, de forma que é questão de mais tempo, menos tempo, para que elas voltem a investir. Quando você tem uma depreciação forte como tivemos, o primeiro reflexo é sempre recessivo, porque as pessoas ficam mais pobres, todas as pessoas ficam um pouco mais pobres. Mas em seguida você torna a indústria mais competitiva, ela começa a investir e produzir, e você tem a retomada do crescimento. Entendo que é isso que vai acontecer na economia brasileira a partir de 2016.
Por outro lado, sou muito crítico daqueles que dizem: a crise da economia brasileira é devido ao ajuste feito pelo governo. Isso é uma bobagem. Primeiro, porque o ajuste foi muito pequeno. E segundo porque as causas da crise são outras. Foram essencialmente a elevação dos preços internacionais do petróleo, o “petrolão” e a perda de confiança no governo. Essas três coisas se somaram, e essa perda de confiança tem um elemento ideológico também.
Roberto Amaral (ex-presidente do PSB) tem defendido a ampliação das forças anti-impeachment, incluindo setores como os liberais e os democratas. O sr. parece discordar de incluir os liberais...
(Risos) Digo “liberais não” no seguinte sentido: é que eu divido os economistas entre os liberais e desenvolvimentistas, do ponto de vista econômico. Do ponto de vista político, divido as pessoas entre democratas, liberais e autoritários. Se houver alguma dúvida, os liberais vão para o autoritário. Democracia para mim é um sistema político que garante razoavelmente duas coisas: os direitos civis, as liberdades, o estado de direito, uma conquista da humanidade, da qual participaram os liberais no século 18, os iluministas; de outro lado, o sufrágio universal. Quando você tem as duas coisas num país, você tem a democracia. Ora, os liberais sempre foram contra o sufrágio universal, desde a Revolução Francesa (1789), todo o século 19 foi uma grande luta dos democratas contra os liberais. Os liberais argumentavam contra a democracia dizendo que democracia era ditadura da maioria.
No Brasil, pela experiência que temos com os liberais no século 20, eles foram firme e fortemente autoritários. É só pensar no Carlos Lacerda, por exemplo. E o PSDB e o PPS são herdeiros da UDN. Uma característica do liberalismo em todo o mundo é que é uma ideologia sem ideia de nação. As elites liberais no Brasil se identificam plenamente com as dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra. Isso é um desastre, porque implica uma profunda subordinação do Brasil, se estiverem no governo, a interesses que não são nossos. Por isso não coloco os liberais dentro de uma coalizão política. Eles vão estar do outro lado.
Como o PSDB – partido de Franco Montoro e Mario Covas no passado, que era identificado com a socialdemocracia – chegou ao ponto de se aliar à direita, até à extrema-direita e ao golpismo?
Acho que foi principalmente o fato de que o PT ocupou o espaço da socialdemocracia. Fizeram a “Carta aos Brasileiros” (em 2002), e depois, quando Lula foi eleito, o governo do PT fez um grande esforço para fazer um acordo político com os empresários industriais. Chegou perto de conseguir. Nesse quadro, o que sobrava para o PSDB era virar à direita, que foi o que aconteceu. Quando eu estava assinando o ata de formação do PSDB (11’), lá em 1988, tínhamos ganho no dia anterior a batalha interna. Porque o Montoro não queria que o partido fosse “socialdemocracia” e nós queríamos. Ganhamos. Mas essa vitória pode ser uma vitória de Pirro, porque daqui a pouco o PT abandona a ideia de revolução, vira socialdemocrata e nos empurra para a direita. Isso aconteceu, mais depressa do que eu esperava.
Aqui em São Paulo, antigamente chamada de “locomotiva do país”, o PIB vem caindo muito. Por quê?
A causa disso é a o processo de desindustrialização do país. O Brasil está num processo, que eu chamaria deliberado, de desindustrialização desde 1990. Ao fazer a abertura comercial, deixamos de neutralizar a doença holandesa. Isso significou que passamos desde então a ter uma desvantagem competitiva, devido a uma taxa de câmbio apreciada no longo prazo, que eu calculo em 15% a 20%. Isso é o que está matando a indústria desde então, fazendo com que as taxas de crescimento sejam muito baixas e nós vivamos um período de semiestagnação. Agora virou recessão violenta, este ano, mas disso nós saímos.
Como o Brasil pode sair dessa recessão?
Vai sair, porque o ajuste fundamental, o do câmbio, já foi feito. Vai diminuir o déficit em conta corrente – tivemos neste ano de 2015 um déficit em conta corrente de 4,2% do PIB, um absurdo. Os liberais dizem que isso é poupança externa.  Poupança externa coisa nenhuma. Esses 4,2% financiaram exclusivamente consumo no Brasil, não investimento. Isso significa aumento do nosso endividamento. Os dois grandes problemas do Brasil são: 1) a alta preferência pelo consumo imediato. Os brasileiros não estão dispostos a poupar, e em termos práticos, portanto, querem ter déficit em conta corrente ou querem ter um câmbio apreciado para poder consumir mais, e aí os liberais ficam felicíssimos com isso, como também ficam os desenvolvimentistas populistas; 2) os brasileiros perderam a ideia de nação e quando isso acontece você passa a se pautar e aceitar como certas as políticas que Estados Unidos, França, Inglaterra e outros dizem que devemos adotar. Eles nos dizem que devemos ter o famoso déficit em conta corrente. E nesse ponto há uma perfeita conjunção do populismo cambial brasileiro com a perda de ideia de nação. O grande interesse do Ocidente é que os países em desenvolvimento tenham déficit em conta corrente. Isso vai não só permitir que exportem mais para cá, como legitima a presença de multinacionais no Brasil, e grande parte delas em nada contribui para a economia.
Que patamar é aceitável para a taxa de câmbio?
O que eu entendo competitiva é a taxa de câmbio de equilíbrio industrial. A taxa de câmbio que torna competitivas as empresas industriais ou mais amplamente de bens comercializados internacionalmente (20’). Essa taxa de equilíbrio no meu entendimento é de R$ 3,80 por dólar. A crise que tivemos, cuja causa principal foi a queda do preço das commodities, provocou uma depreciação cambial forte. Enquanto nossa taxa de câmbio ficar nesse nível, a indústria volta a ser competitiva, volta a suprir o mercado interno, que tinha perdido para empresas importadoras; em seguida, as mais competentes voltam a poder exportar. É isso que vai fazer a economia brasileira retomar.
A tese de que a causa da crise é o ajuste fiscal é uma tolice. A causa para a crise ortodoxa são os juros do Banco Central. A meu ver, a elevação que o BC fez dos juros é totalmente irresponsável. A inflação foi de 6% para 10%, e isso foi causado essencialmente por correção dos preços do petróleo e da energia elétrica, que foi necessário porque a Dilma atrasou o reajuste desses preços de forma irresponsável. Portanto, essa inflação é basicamente inercial. Você tentar resolver esse tipo de inflação com juros altos é ineficiente e tem um custo brutal para o país. Inviabiliza o investimento das empresas e aumenta o déficit público fortemente.
Qual a saída no momento?
No momento temos que sair dessa recessão, e para sairmos precisamos continuar a política de ajuste fiscal e esperar que o câmbio gere efeitos. Estou convencido que vai gerar esse ano, já.  Não acredito absolutamente que vamos ter no ano que vem outra vez uma queda de três por cento do PIB. No ano que vem já temos uma queda (prevista) de dois por cento do PIB, que é o “carry over” (a influência estatística “carregada” – no caso, negativa – de 2015 para 2016). Isso é inevitável. Como eu acho que a economia vai começar a recuperar, então espero que no final do ano (2016), se o PIB ainda for negativo, e é bem possível que seja, mas será muito menos que este ano. A economia já estará claramente retomando o crescimento, mas de quase estagnação. O meu entendimento é de que a economia brasileira é semiestagnada desde 1980. A renda per capita brasileira vem crescendo menos que 1% por ano, quando crescia 4,1% entre 1950 e 1980.
Uma das maiores críticas ao governo nos últimos anos é a política de incentivo ao consumo desenfreado. O sr. concorda?
O modelo brasileiro de crescimento desde 1990, e não desde o Lula, é o modelo consumista. Não se deu condições nem para o crescimento privado, nem para o público. No meu entendimento, é que, do total de investimento de um país como o Brasil, 20% deveria ser público, e não é. Esse investimento deveria ser financiado por poupança pública. Mas cadê a poupança pública?  Desde 1980 que o Brasil não tem poupança pública. É sempre “despoupança” pública, que vai a dois, três por cento do PIB, quando nós tínhamos dois, três, quatro por cento de poupança nos anos 1970. E aí são liberais e desenvolvimentistas irmanados. Os liberais dizendo: “não, o Estado não precisa e não deve investir, isso é estatização”. E os desenvolvimentistas: “precisamos aumentar os salários e o consumo porque isso cria demanda”, e por aí afora. Então não há santo que faça o Brasil crescer desse jeito.
O que o Brasil precisa para crescer?
Minha tese é de que o Brasil para crescer não precisa absolutamente de um tostão de capital estrangeiro. O Ocidente, que tem um exército, que é a OTAN, tem um banco, que é o Banco Mundial, e coisas desse tipo, este Ocidente diz para nós: “é natural que países ricos em capitais transfiram seus capitais para países pobres”. E parece uma coisa verdadeira, de bom senso, de senso comum. Mas isso é tão verdade quanto é verdade que a terra é plana. Meu entendimento é que o Brasil deveria ter um superávit em conta corrente de um por cento do PIB. Na pior das hipóteses deveria ter zero de déficit, o saldo deveria ser zero. Primeiro porque quando você resolve crescer com poupança externa, como quando Fernando Henrique Cardoso começou o governo dele em 1995, você está decidido entrar em déficit em conta corrente. Quando entra em déficit em conta corrente, a taxa de câmbio se aprecia. E quando você aprecia o câmbio, as empresas brasileiras perdem competitividade e param de investir. De forma que a poupança externa substitui a interna, ao invés de se somar a ela. Esse é um argumento.
O outro é o da doença holandesa: é uma sobreapreciação de longo prazo da taxa de câmbio de um país causada pela existência de recursos naturais abundantes e baratos, que podem ser exportados com lucro a uma taxa de câmbio mais apreciada do que a taxa necessária para que as empresas brasileiras sejam competitivas. Entre zero e um por cento de superávit em conta corrente é indicação de que um país tem uma taxa de câmbio competitiva e que as empresas que forem competentes serão capazes de sobreviver no mercado, e até exportar. (explicação do que é doença holandesa: 30’45)
O sr. esteve no ato político contra o golpe no Largo São Francisco (16 de dezembro). A decisão do STF dá um fôlego ao governo?

Dá um fôlego, mas, mais amplamente, apenas confirma o que venho dizendo desde que começou esse projeto de impeachment, que considero de uma irresponsabilidade total por parte de Eduardo Cunha e da oposição, do PSDB, PPS. A democracia brasileira é consolidada, no meu entender. A tentativa de impeachment é um golpe de Estado, e um golpe é um retrocesso no processo democrático muito sério, (um risco) que acho que os brasileiros não estão dispostos a correr. Não acredito no impeachment de forma nenhuma. Não digo que tenho 100 por cento de certeza, mas 90 por cento eu tenho, que não vai sair o impeachment. A decisão do Supremo vai nessa direção e tornou muito mais difícil a tarefa dos “impichadores”.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Que o Mais Simples, Seja Visto Como o Mais Importante

por José Gilbert Arruda Martins

Nessa época do ano, todos nós ficamos com o coração mais "mole", parece que somos mais amigos, mais fraternos, mais solidários e generosos.



Por que não somos assim o ano inteiro?

O que nos faz esquecer e menosprezar os outros.

Há 2015 anos, um cara nasceu e sua terra e seu povo, estavam sendo dominada e explorada por um poderoso e violento Império.

O rapaz, que teve inclusive dificuldades enormes ao nascer, pois sua mãe e pai tiveram que ficar numa estribaria, a cidade de Belém, na Judeia, estava lotada, nasceu e cresceu entendendo que aquela situação de miséria e fome, maus-tratos e violência extrema, não poderia continuar.

Ao longo da sua breve vida de 33 anos, andou pelos quatro cantos da sua terra em busca do apoio e da preparação da sua gente com o objetivo de preparar a reação ao domínio imperial romano.

Nos encontros subversivos que fazia, nas palestras e conversas defendia que o Amor destruiria os inimigos do seu povo.

Distribuiu pão, peixe, acalentou prostitutas, negros e pobres em geral, curou enfermos nas ruas com suas mãos revolucionárias e socialistas.

Pergunto: O Natal que temos hoje, tem alguma coisa de parecido com a vida de Jesus Cristo? Alguma coisa chega próximo do que ele defendeu?

Nosso Natal se transformou em festa de ricos e consumistas.

Hoje o mundo cristão está mais pobre e sujo, pois o que adquirimos nesta última semana, muito será descartado.

Precisamos nos voltar para o simples e belo da vida.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Somos todos e todas Mundurukus, Araueté, Ashaninka, Guarani Kaiowá, Bororo, Avá-Canoeiro...

por José Gilbert Arruda Martins

Força aos nossos irmãos índios. Os Mundurukus são a prova viva dos verdadeiros donos dessas terras. Só aquele que experimentou a invasão de suas terras, famílias e vida, com todo tipo de violência, pode ou tem moral para afirmar o que afirmam hoje.
Viva aos indígenas da América.


“Eles foram considerados a tribo mais bélica da Amazônia”, diz José Sávio Leopoldi, antropólogo da Universidade Federal Fluminense

Quase todas as vezes que leio alguma matéria em blogs sobre indígenas do Brasil ou da América, sempre encontro, para minha tristeza, comentários racistas e repletos de ódio.

Como é possível não ver que os grupos e nações indígenas, moradores dessas terras há mais 40 mil anos, não podem hoje, reivindicar suas terras e manutenção de sua cultura e, até suas vidas que são tiradas a cada dia?


Não consigo entender alguém que vai para o computador escrever absurdos contra os povos indígenas.


Só pode ser desconhecimento da história.


Nossa história foi e é muito mal contada nas salas de aula, o foco é a história pautada nas elites brancas, índios e negros são quase que completamente esquecidos.


talvez por isso as asneiras que lemos e ouvimos de algumas pessoas quando se referem à questão indígena.


É claro, que um país do tamanho do Brasil precisa de energia elétrica. Não necessariamente energia hidroelétrica, pois causa estragos ambientais enormes e sem volta. Nos últimos anos, o país avançou muito na produção de energia alternativa, principalmente a eólica.



"Em menos de uma década, o Brasil passou de um país nulo em energia eólica para se tornar o 10º maior produtor do mundo – e, no centro desta mudança, a região Nordeste é protagonista."


Marcos Santos


"Quatro parques eólicos entraram em operação no país em 2006, segundo a Operadora Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Três anos depois, passaram a ser realizados no país leilões voltados para a construção de parques e usinas eólicos.

Nesse modelo, a Aneel determina a quantidade de energia necessária a ser fornecida. As empresas interessadas apresentam projetos para atender a demanda, de acordo com critérios estabelecidos do governo, entre eles o valor máximo a ser cobrado pela energia. Vencem aqueles com a melhor relação entre eficiência e custo. O contrato dura 20 anos.

O número de usinas em operação no país passou, então, a crescer exponencialmente, especialmente no Nordeste, com destaque para o ano passado, com um recorde 47 complexos, parques e usinas inaugurados."

Se o avanço na produção e distribuição da energia dos ventos é tão pujante, por que continuar com uma política de construção de usinas hidroelétricas que trazem tantos prejuízos?

É claro que os índios precisam proteger suas terras milenares e seu povo. E não irão recuar. 

A questão indígena no Brasil e nas Américas não é tão simplória. Lideranças indígenas estão em constante mobilização na defesa de seus direitos.


A pesquisadora Manuela Carneiro da Cunha, em seu artigo: O futuro da questão indígena, trás ao debate esclarecimentos que poderão ajudar os desinformados sobre o tema, logo abaixo, coloquei um link, para aqueles que desejarem ler o artigo por completo.


O futuro dos índios no Brasil dependerá de várias opções estratégicas, tanto do Estado brasileiro e da comunidade internacional quanto das diferentes etnias. Trata-se de parceria. As populações indígenas têm direito a seus territórios por motivos históricos, que foram reconhecidos no Brasil ao longo dos séculos. Mas estes direitos não devem ser pensados como um óbice para o resto do Brasil: ao contrário, são um pré-requisito da preservação de uma riqueza ainda inestimada mas crucial, a biodiversidade e os conhecimentos das populações tradicionais sobre as espécies naturais. O que se deve procurar, no interesse de todos, é dar as condições para que esta riqueza não se perca: é por isso irracional querer abrir todas as áreas da Amazônia à exploração indiscriminada. Fazem-se assim convergir os direitos dos índios com os interesses da sociedade brasileira como um todo.

O Brasil tem uma dívida histórica impagável com esses povos.


Nosso país não consegue andar com as demarcações das terras indígenas, isso para falar pouco.



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Com informações:

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151110_energia_eolica_nordeste_rb

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141994000100016&script=sci_arttext

http://www.funai.gov.br/index.php/nossas-acoes/demarcacao-de-terras-indigenas?start=1#

http://pib.socioambiental.org/pt