quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Marcelo Nobre, o elo oculto entre Eduardo Cunha e Hélio Bicudo

no GGN de Luis Nassif


A ligação entre Hélio Bicudo e Eduardo Cunha tem nome: é o advogado Marcelo Nobre, a face jurídica pública de Cunha. Na parte jurídica, a defesa técnica é do ex-Procurador Geral Antônio Fernando de Souza. A defesa pública agressiva é de Nobre.
Há mais pontos em comum entre eles.
Os propósitos políticos de Bicudo são publicamente questionados pelo seu filho, José Eduardo Bicudo. Os de Marcos Nobre provavelmente seriam por seu pai, se vivo fosse. Trata-se do notável político e democrata Freitas Nobre, da melhor tradição democrata-cristã. O filho intelectual de Freitas Nobre, cientista político Marcos Nobre, já se posicionou publicamente contra o impeachment.
Marcelo é o filho que não estudou. Fez carreira graças ao duplo relacionamento. Junto ao PT, como chefe de gabinete de Hélio Bicudo, então vice-prefeito de Marta. Depois, aproximou-se do PMDB e conseguiu, graças ao sobrenome ilustre e a um trabalho pertinaz de relações públicas, ser indicado para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), substituindo o atual Secretário de Segurança de São Paulo Alexandre de Moraes.
Lá, tornou-se o mais insistente louvaminhas do então presidente Gilmar Mendes. A ponto de dividir a história do CNJ entre AG e DG - Antes de Gilmar e Depois de Gilmar, para gáudio dos observadores mais críticos, que se divertem com demonstrações explícitas de puxa-saquismo, próprias da corte.
Considerado algo vaidoso e vingativo, atribuem-se a ele as manifestações mais agressivas de Eduardo Cunha. E também à ligação umbilical estabelecida entre Cunha e Bicudo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Dilma: ‘Não tenho conta no exterior, não faço coação e não barganho votos’

na Rede Brasil Atual

Em pronunciamento curto e contundente, Dilma diz receber com indignação decisão de Cunha, considera argumentos pelo impeachment inconsistentes e diz confiar no funcionamento da instituições

Dilma

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff afirmou há pouco em pronunciamento que recebeu com indignação a decisão do presidente da Câmara de encaminhar no Congresso processo de impeachment contra um mandato conferido democraticamente. A presidente disse que não existem "atos ilícitos" em sua gestão e que nenhuma acusação paira sobre ela. 

"São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentaram esse pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma suspeita e desvio de dinheiro público", ressaltou. E rechaçou de maneira contundente qualquer possibilidade de "acordo" entre o Executivo e Cunha visando a livrá-lo do processo que pode determinar seu afastamento do cargo e cassação.
"Não existe ato ilícito. Não possuo conta no exterior, não tentei coagir instituições ou pessoas para satisfazer interesses pessoais. A imprensa noticiou que houve interesse de votos em troca do arquivamento dos pedidos. Eu não aceitaria qualquer tipo de barganha, nem atentei contra princípios morais e éticos que ofendam a vida da nação. Há improcedência no pedido. Não podemos deixar que interesses abalem a democracia. Devemos ter tranquilidade e confiar no Estado democrático de direito", declarou.


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Fúria da Sereia - Exposição de Ronaldo Fraga em João Pessoa

por José Gilbert Arruda Martins

Em nossa passagem esta semana pela capital da Paraíba, a trabalho, nos deparamos com belezas, que o Nordeste consegue manter e mostrar ao mundo de uma forma peculiar.


Mulheres artesãs da Comunidade da Penha João Pessoa PB
Fotos: PG

Salta aos olhos, de qualquer turista, de qualquer visitante a genialidade e inventividade de um povo maravilhoso, que consegue, mesmo com uma história longa de abandono e de desrespeito das autoridades centrais - claro, com exceção dos últimos 13 anos, onde os governos Lula da Silva e Dilma Roussef, se fizeram presentes, oportunizando projetos pequenos e grandiosos na região -, ter tanta sensibilidade e maestria para se deixar conhecer e produzir/reproduzir belezas e riquezas incomensuráveis.

Não conhecia João Pessoa, agora, depois dos meus bem vividos 50 anos, conheci a tão falada capital da Paraíba.

Praias lindas e limpas - Bessa, Tambaú, Cabo Branco... -, cidade de mais ou menos 800 mil habitantes, limpa, trânsito ainda organizado e, de um povo hospitaleiro e amigo.

"Como ninguém é de ferro", aproveitamos para conhecer e curtir as belezas da cidade: Novos amigos, uma família de pessoas incríveis, que nos deu apoio, que nos deu a certeza, que os bons são a imensa maioria.

Como dizia, "ninguém é de ferro", por isso, além das praias citadas, conhecemos a "Estação Cabo Branco – CiênciaCultura e Artes, localizada no bairro do Altiplano em João Pessoa, capital do estado brasileiro da Paraíba, foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurada no dia 3 de julho de 2008 pelo então prefeito Ricardo Vieira Coutinho.
A Estação tem a missão de levar cultura, arte, ciência e tecnologia à população de forma gratuita. Além da proposta cultural, a Estação se apresenta como ponto turístico e cartão-postal da cidade."
Não esperava ver em João Pessoa uma obra do grande arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer, fiquei chocado com a beleza arquitetônica e suas famosas formas.
Mas, o que estava sendo exposto, chamava a atenção, tanto quanto a beleza exterior e monumental do conjunto pensado e projetado pelo grande Oscar.
O espaço, está promovendo três ricas exposições: Uma sobre o Quilombo São José da Serra, que iremos em breve falar em outra matéria aqui mesmo neste blog; outra, com o título "Fúria da Sereia", e uma terceira sobre o maravilhoso, vigoroso e genial Candomblé que iremos discorrer também em breve.
O Projeto "Fúria da Sereia", é uma vitoriosa e sensível parceria entre a prefeitura da cidade, as Sereias da Penha, mulheres artesãs e o grande estilista Ronaldo Fraga.
"Nessa exposição, o trabalho artesanal criado em João Pessoa é mostrado sob a perspectiva do design e dentro do conceito de economia criativa. Através dessas peças autorais criadas a partir do saber popular e da apropriação cultural, o público ainda reconhece a importância da preservação ambiental e dos ecossistemas a partir do reaproveitamento e ressignificação de materiais que fazem parte do dia a dia das comunidades de pescadores e que costumavam ser vistos como lixo ou sem valor econômico.
Sereias da Penha – O projeto Sereias da Penha é uma iniciativa promovida pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da Secretaria de Trabalho, Produção e Renda, através do Programa João Pessoa Artesã (JPA), em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) e Sebrae Paraíba, que possibilitou as mulheres artesãs capacitação, tendo uma nova atividade econômica. A primeira-dama da Capital, Maísa Cartaxo, é coordenadora do Programa JPA."
As fotos que fizemos, expostas a seguir mostram e dizem muito, curta...


Com informações:
http://www.joaopessoa.pb.gov.br/lancamento-da-exposicao-furia-da-sereia-de-ronaldo-fraga-sera-nesta-quinta-feira/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Esta%C3%A7%C3%A3o_Cabo_Branco





SÃO PAULO - Um dia após anúncio de 'guerra' contra ocupações, alunos reclamam de truculência

na Rede Brasil Atual
CUT-SP protocolou pedido de audiência na Secretaria da Segurança Pública para que governo Alckmin responda sobre denúncias de violência praticada por policiais nas escolas ocupadas
por Sarah Fernandes

Protesto
Estudantes levaram cadeiras para o cruzamento das avenidas Faria Lima e Rebouças: aula na rua

São Paulo – Um dia depois de vazar a informação de que a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo prepara uma “guerra” contra o movimento de estudantes que ocupam escolas em protesto à reorganização escolar, os adolescentes denunciaram hoje (30) ações truculentas da Polícia Militar nas unidades ocupadas. Mesmo indo contra determinação judicial, PMs entraram uma escola no extremo sul da capital e um aluno foi levado para a delegacia. Em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, policiais agiram com truculência contra estudantes que realizaram um ato. Na zona norte, estudantes têm sofrido intimidações.
Pelo menos dez policiais entraram, sem mandato judicial, na escola Honório Monteiro, em M'Boi Mirim, extremo sul da capital. “Havia uma aglomeração de estudantes, pais e professores na porta da escola. Foi quando chegaram cinco viaturas da PM. Ficamos com medo de bater de frente e eles entrarem na força, por isso fomos obrigados a dar passagem. Eles entraram pressionando. Eu e um aluno de 17 anos filmamos a ação e fomos presos e encaminhados à 100ª delegacia de polícia”, conta Gilberto Abreu Almeida, morador vizinho da escola que tem ajudado os estudantes a cuidar da escola ocupada.
Na delegacia, foi feito um boletim de ocorrência para relatar o fato, na presença de um advogado voluntário, e os dois foram liberados na sequência. “Foi desnecessário. Agora estamos alerta. Sabemos que nessa hora quem mais sofre são os mais pobres, que estão nas periferias”, critica Almeida. A ocupação continua.
Na escola Martin Egídio Damy, na Vila Brasilândia, zona norte da capital, um grupo de policiais militares tem pressionado os estudantes a saírem da escola. Na manhã de hoje (30), oficiais intimidaram os jovens. Na quarta-feira (25), um grupo de PMs chegou a pular o muro e invadir o colégio. "Os policiais estão mais agressivos. A gente não consegue dormir à noite direito. Tem pressão psicológica dos policiais, que chegam cedo na frente da escola, chamam aluno para sair da ocupação, para ‘conversar de homem para homem’. Mas vem com arma na mão. Na quarta passada, à noite, pularam o muro, com lanterna na mão, enquanto a gente fazia atividade na quadra", diz um dos estudantes, que preferiu não se identificar.
A CUT de São Paulo protocolou hoje um pedido de audiência na Secretaria daSegurança Pública (SSP-SP) para que o governo paulista responda sobre denúncias de violência praticada pela Polícia Militar nas ocupações de escolas. A instituição alega que há dias vem recebendo informações de professores e estudantes sobre a pressão exercida por policiais militares diariamente nas escolas públicas estaduais ocupadas por alunos e comunidade escolar, mesmo depois de a 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça proibir as reintegrações de posse na capital.
“Exigimos esclarecimento sobre essa pressão exercida pelo governo Alckmin (PSDB). Ainda mais depois do áudio que vazou pela internet com a fala do Fernando Padula Novaes, chefe de gabinete do secretário de Educação (Herman Voorwald), dizendo ser preciso organizar ações de guerra, e que parte dessa estratégia seria utilizar a PM para amedrontar os estudantes”, afirmou o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, em nota publicada no site da central.
Na manhã de ontem, pelo menos 40 dirigentes de ensino do estado se reuniram com Novaes e receberam instruções de como quebrar a resistência de alunos, professores e funcionários. O chefe de gabinete repetiu inúmeras vezes que se trata de "uma guerra", que merece como resposta "ações de guerra" e que "vai brigar até o fim”. Ele fala de isolar as escolas mais organizadas e diz que o objetivo é mostrar que o "dialogômetro" do lado deles só aumenta, e que a radicalização está "do lado de lá". O áudio foi publicado pelo coletivo Jornalistas Livres.
Como resposta, pelo menos 100 estudantes fizeram um protesto durante a manhã: eles levaram cadeiras da sala de aula para o cruzamento da avenida Faria Lima com a Rebouças, sentaram e travaram o fluxo de veículos. Trabalhadores que passaram pelo local aderiram ao movimento. Um grupo de policiais tentou apreender a força as cadeiras dos alunos. A ação provocou tumulto.
Entre as medidas da “reorganização” está o fechamento de pelo menos 93 escolas e a transferência compulsória de 311 mil alunos. Como resposta, 205 escolas estão ocupadas em todo o estado, segundo o último levantamento do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), divulgado na noite de hoje (30).
O governo Alckmin justificou o fechamento alegando que vai reunir apenas alunos do mesmo ciclo – fundamental 1 e 2 e médio – nas escolas e com isso melhorar a qualidade do ensino. Professores e estudantes temem que as mudanças levem à superlotação de salas, demissão de docentes e à redução de salários decorrente da redução de jornada. Além disso, a Apeoesp acredita que o número de escolas a serem fechadas será muito maior.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Leio, Logo...

por José Gilbert Arruda Martins

Foto: PG


Escrever bem é técnica?

Quem lê desde criança, escreve e se comunica melhor?

Uma coisa, observo desde muitos anos nesse ofício de professor, o jovem que a família incentiva a leitura desde cedo, se expressa muito melhor quando escreve e fala.

É gratificante ver, todos os dias, em salas de aula e corredores de escola, estudantes com livros nas mãos, fazendo deles, ferramenta de diversão e aprendizagem.

Se pesquisarmos os estudantes que foram bem, por exemplo, na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), dos últimos anos, a maioria é leitor frequente, é aquela garota ou garoto, que possui intimidade com os livros.

Não conheço nenhuma pesquisa que defenda que as pessoas já nasçam sabendo, ou que seres humanos, de alguma forma, nasçam com habilidades extraordinárias, isso é muito raro e, com certeza, não é a regra.

O que os especialistas, na sua maioria defendem, é que, certas habilidades são desenvolvidas com muita persistência, muito treino, muita disciplina.

Escrever bem, correto e com clareza é uma delas.

Portanto, leitura, leitura, muita leitura e livros, muitos livros, desde tenra idade. É fórmula mais que comprovada, pela realidade da vida de pessoas comuns.

Sua família tem alguma intimidade com os livros?

Nas reuniões com pais e mães, muita reclamação de que os filhos e filhas não leem, mas como? se o pai e a mãe, nunca pegaram num livro?

A família adquiri todo tipo de coisa e bugiganga, num consumismo louco,mas livro que é bom, nada!

Depois reclama dos filhos e filhas que não gostam da leitura, do livro...

Quem na sua casa é leitor contumaz?

Quantas livrarias sua rua, seu bairro ou sua cidade possui?

Segundo a Associação Nacional de Livrarias (ANL), o Brasil possui 3,1 mil livrarias, número muito pequeno em um país com mais de 202 milhões de habitantes e cerca de 5.650 municípios.

Mais pesquisa. Essa informação abaixo, preocupa e muito, pois a pesquisa demonstrou queda significativa no número de leitores, principalmente entre crianças e jovens.

"Dados da edição de 2012 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pela Fundação Pró-Livro e pelo Ibope Inteligência, mostram que os brasileiros estão cada vez mais trocando o hábito de ler jornais, revistas, livros e textos na internet por atividades como ver televisão, assistir a filmes em DVD, reunir-se com amigos e família e navegar na rede de computadores por diversão."

"Atualmente, as mulheres são maioria entre as pessoas com o hábito de ler pelo menos um livro a cada três meses (57%), e as faixas etárias que mais reúnem pessoas com o hábito de ler são entre 30 e 39 anos (16% do total), entre 5 e 10 anos (14%) e entre 18 e 24 anos (14%)."

Olha que boa notícia, a região Nordeste, uma das mais esquecidas pelo sistema e pelos governos ao longo de séculos, foi a única região brasileira, onde não houve queda na leitura.

"A queda do número de leitores foi apontada em todas as regiões brasileiras, com exceção do Nordeste, que ganhou um milhão de leitores entre 2007 e 2011, e onde a penetração da leitura subiu de 50% para 51%. Hoje, 29% de todos os leitores brasileiros vivem nesses estados, contra 25% em 2007. Por outro lado, no Sudeste, a penetração caiu de 59% para 50% do total da população e hoje responde por 43% do total de leitores, dois pontos percentuais a menos que na última edição da pesquisa. Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul vivem 8%, 8% e 13% dos leitores brasileiros, respectivamente."

Fontes:

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2015/05/14/cidades-brasileiras-tem-poucas-livrarias-e-bibliotecas-diz-estudo-181256.php

http://br.blastingnews.com/cultura/2015/04/sete-em-cada-dez-brasileiros-nao-leram-um-livro-sequer-em-2014-00337047.html

http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/03/numero-de-leitores-caiu-91-no-pais-em-quatro-anos-segundo-pesquisa.html

http://rdplanalto.com/noticias/3457/dia-do-leitor-pesquisa-aponta-queda-no-numero-de-leitores-no-brasil





terça-feira, 24 de novembro de 2015

Uma escritora que mostra que a África não se resume a pobreza.

no Diário do Centro do Mundo

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Chimamanda Ngozi Adichie

por : 

“O problema com estereótipos não é que eles sejam falsos, mas sim que eles são incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história”, diz Chimamanda Ngozi Adichie em sua palestra no TED Talks, The danger of a single story. Nessa palestra, a escritora nigeriana fala sobre a recepção dos seus romances e a surpresa de alguns leitores ao se depararem com a diversidade multicultural e multiétnica na Nigéria e na África em geral: a África não se resume apenas a miséria e pobreza. Chimamanda escreve sobre sua realidade, aliás, as diversas realidades presentes na Nigéria, suas tribos, tradições, hábitos e costumes. Pessoas ricas e pobres, boas e más, pessoas solidárias e pessoas que lucram com a guerra.
Meio Sol Amarelo, segundo romance da autora, tem como pano de fundo a guerra civil da Nigéria: alguns anos após a sua independência, em 1960, a região do sudeste da Nigéria, dominada pela etnia igbo, clamou pela separação do seu território, instaurando, em 1967, a República de Biafra. Lembremos que o território da Nigéria foi colonizado e “desenhado” de maneira arbitrária pelos europeus, de modo que as diversas tribos etnicamente diferentes que ali viviam (yorubás, hauçás, igbos etc) passaram a fazer parte de um mesmo país, juntamente com os seus conflitos culturais e religiosos – conflitos estes, aliás, instigados pelos britânicos.
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Voltando ao perigo da história única, neste romance vemos a mesma história na perspectiva de três personagens: Olanna, nigeriana de etnia igbo, tendo crescido em um lar abastado, fez sua graduação na Inglaterra e resolve se mudar para o sul do país, Nsukka, e lecionar sociologia na universidade, ao lado de seu companheiro revolucionário Odenigbo. Ugwu, rapaz vindo do vilarejo, de origem humilde, trabalha como empregado de Odenigbo e começa a ter uma visão diferente das coisas, numa casa visitada por intelectuais, onde reinam os debates sobre o desenvolvimento e a secessão de Biafra. Richard, jornalista inglês, decide ir para a Nigéria para escrever um romance. Lá, se apaixona por Kainene, irmã gêmea não-idêntica de Olanna, de personalidade forte e que frequenta os altos círculos sociais de Lagos.
Através do eixo Olanna-Ugwu-Richard, observamos as mudanças na Nigéria ao longo de uma década, desde a sua independência até o fim da República de Biafra. E vemos, sim, miséria, fome e guerras, mas também temáticas tão comuns a nós, americanos e europeus: conflitos familiares, discórdias e traições. Um primeiro aspecto que me chamou a atenção foi a relação de Olanna e Kainene que, apesar de irmãs gêmeas, possuem personalidades tão diferentes e uma relação marcada por desavenças, rivalidades e silêncio. Diante das atrocidades da guerra, uma das irmãs chega a afirmar, ao final da narrativa: “Há certas coisas que são tão imperdoáveis que tornam outras facilmente desculpáveis”. Outro ponto interessante no romance é o olhar de Richard, europeu deslocado, que se sente finalmente em casa quando a República de Biafra é instaurada em 1967: ele é cidadão biafrense desde o início, como um recomeço. Há cena marcante em que ele demonstra seu orgulho, a europeus como ele, de ser um cidadão biafrense e de dominar o idioma igbo. O livro ainda discute o racismo – que será aprofundado no romance seguinte de Chimamanda -, especialmente num belo trecho em que Odenigbo e seus colegas discutem o fato de o homem branco ter rotulado e dividido os negros africanos.
A escrita de Chimamanda é clara e direta, mas também bastante poética. Além do ponto de vista destes três personagens, a narrativa é fragmentada, indo e vindo entre o início e o final da década de 1960. Meio Sol Amarelo foi publicado em 2006 e ganhou os prêmios Baileys Women’s Prize for Fiction, um dos prêmios mais prestigiados de literatura na Inglaterra, o Anisfield-Wolf Book AwardPEN Open Book Award. O título se refere ao meio sol desenhado na bandeira da República de Biafra. O romance foi adaptado para os cinemas em 2013 e conta com a participação do astro de Doze anos de escravidão, Chiwetel Ejiofor, no papel de Odenigbo. O filme também traz cenas reais da época da guerra e do presidente de Biafra, Ojukwu.
Chimamanda Adichie tem ainda dois outros romances publicados, Hibisco Roxo(2003) e Americanah (2013), que também está sendo adaptado para o cinema, e um livro de contos, The thing around your neck (2009), ainda não publicado em português. Ela também declarou seu feminismo em uma outra palestra no TED, We should all be feminists. Alguns trechos desse discurso estão presentes na música Flawless, de Beyoncé, o que tem dado a Chimamanda uma certa notoriedade na América. We should all be feminists virou um pequeno livro, cujo e-book você poderá ler gratuitamente em português aqui.
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Luísa Gadelha
Sobre o Autor
Luísa é servidora da Universidade Federal da Paraíba. Graduada e mestra em Letras, é apaixonada por literatura desde sempre, dos clássicos aos contemporâneos. Também adora quadrinhos e atualmente é graduanda em Filosofia.

domingo, 22 de novembro de 2015

Os coxinhas perderam, e as crianças dos coxinhas mais ainda...

por José Gilbert Arruda Martins

Não sou muito afeito a ditados populares, mas existe um que diz "filho de peixe, peixinho é". Por que essa agora de ditado popular?

Retirada à força dos coxinhas da Esplanada

A questão é psicopedagógica, esquizofrênica e de formação.

Psicopedagógica, porque envolve, infelizmente, os coxinhas pequenos. Filhos e filhas dos coxinhas.

Esquizofrênica, porque os caras além de serem completamente desinformados, mergulharam em uma verdadeira loucura coletiva.

De formação, por que envolve além das crianças, vítimas da descompustura e da irresponsabilidade dos "responsáveis", envolve adultos, e esses adultos, são analfabetos políticos, que pedem a volta da ditadura militar e não foram as aulas de história para aprender que, a ditadura militar só trouxe tristeza e violência.

Muitos coxinhas mais velhos, que como todos sabem, não são contra corrupção nenhuma, por que se fossem, estariam nas ruas e em casa batendo panelas contra o Cunha e o próprio PSDB, e não dando provas diárias de sua ignorância histórica e política, atacando um governo legítimo, eleito democraticamente pela maioria do povo brasileiro.

Esses mesmo coxinhas, que atacaram a caminhada de mulheres negras na quinta feira passada, além de esparramar seu ódio, quase incontrolado, contra tudo que é democrático nesse país, levam seus filhos e filhas pequenas - cerca de 4, 5 e sete anos -, para gritar e xingar palavrões de discursos de ódio nos movimentos golpistas que patrocinam em várias partes do país.

Aqui em Brasília, 3a. capital, com mais coxinhas do país, só perde para São Paulo e Coritiba, mães e pais coxinhas, levam filhos pequenos aos movimentos.

Na quinta - feira passada, a CUT, que também armou acampamento na Esplanada, foi notificada para retirar suas barracas, de pronto desarmamos tudo e saímos, os coxinhas não respeitaram a ordem legal estabelecida pelas autoridades e permaneceram, foram retirados à força.

No meio disso tudo, muitas crianças, muitas mesmo.

O que fazer?

O que fazer, se os responsáveis continuam a levá-las a movimentos cheios de ódio?

Essas crianças, infelizmente têm tudo para, no futuro, replicarem o que estão aprendendo com os adultos que deveriam respeitá-las.

Aprendendo o quê?

Como odiar, como desrespeitar o estado de Direito, como forjar um golpe, como entrar em movimentos com total desconhecimento dos fatos, como ser teleguiado por uma mídia irresponsável.

O Ministério Público deveria atuar, deveria entrar nessa seara para, à força da lei, ensinar a esses pais e mães coxinhas que os filhos e filhas, devem ser poupados dessa avalanche de ódio.

Os coxinhas, nunca leram muita coisa além da revista esgoto veja, por que se tivessem lido, teriam visto que os especialistas da área, entre eles, Piaget, sempre defenderam que as pessoas têm suas etapas de desenvolvimento psico-motor etc. que devem ser respeitadas para o bem da própria criança.

Os pais e mães coxinhas, estão plantando sementes de ódio que poderão, num futuro breve, serem colhidas, não apenas pela sociedade, mas por eles próprios, esse ódio pode se virar contra esses pais e mães irresponsáveis na primeira esquina da vida.

RACISMO À BRASILEIRA - Superada a tese da superioridade branca, restou a desigualdade

na Rede Brasil Atual
A ciência já desconstruiu teses que atribuíam a uma suposta inferioridade genética a origem da discriminação racial. As estruturas da sociedade, porém, ainda estão em débito com o senso de igualdade
por Letícia Vidor
Racismo_Unesp
O professor Juarez: “Comportamento orquestrado”


“Juarez Macaco.” “Unesp cheia de macacos fedidos.” “Negras fedem.” As frases nas paredes de um banheiro no campus Bauru da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), no final de julho, escancaram o racismo crônico brasileiro. O desprezo não poupa ninguém com raízes africanas. Mesmo alguém que tenha vencido a discriminação e alcançado título de docente numa universidade estadual. Aos 55 anos, Juarez Tadeu de Paula Xavier, professsor do curso de Jornalismo, cravou, em entrevista à TV Unesp: “Os banheiros sempre serão porta para esses comportamentos. Mas de forma tão orquestrada assim é a primeira vez que eu vejo”.
O preconceito de raça tem raízes profundas, do tempo em que o homem habitava as cavernas. Embora sua origem tenha explicação na necessidade de defesa para garantir assim a sobrevivência, a discriminação resulta de aspectos biológicos articulados com sociais e ambientais ao longo do tempo. No século 19, quando apenas os povos europeus eram considerados civilizados, raça era considerada fundamental para definir o potencial “civilizatório” de uma nação. Segundo a teoria predominante na Europa na primeira metade do século 19, o evolucionismo social, a espécie humana é uma só, mas se desenvolveria em ritmos desiguais e passaria pelas mesmas etapas até atingir o último nível que é o da “civilização”.
No topo estaria a “civilização” europeia e na base, os povos negros e indígenas. Uma teoria criticada por considerar apenas critérios ocidentais de progresso.
A partir da independência do Brasil, em 1822, a identidade nacional foi para o centro do debate. Estudiosos estrangeiros viam o país como um laboratório racial por causa da miscigenação. O naturalista alemão Von Martius, ao defender que a trajetória social brasileira funde o branco, o negro e o índio, venceu em 1844 o concurso “Como escrever a História do Brasil”, de um recém-criado Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Com o fim da escravidão, em 1888, e a proclamação da República, em 1889, é concedida igualdade jurídica a todos os brasileiros. Em 1890, é promulgado o primeiro Código Penal republicano. Quatro anos depois, o médico baiano Nina Rodrigues publica As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil. Sua intenção era definir critérios diferenciados de cidadania para negros e brancos.
Ganhava força o determinismo racial, teoria criada na segunda metade do século 19 por cientistas europeus. Para eles, a raça determinava as características físicas, o caráter e o comportamento dos indivíduos. A preservação de “tipos puros” seria o remédio contra a degeneração racial e social causada pela mistura de raças. Temiam as características físicas e psicológicas do mestiço, até então desconhecidas. Acreditavam que a miscigenação poderia inviabilizar o Brasil como nação.
O livro A Curva Normal (1994) tentou consolidar um suposto conceito de raça. Segundo seus autores, os norte-americanos Charles Murray e Richard Herrnstein, a inteligência seria mais generosa entre os brancos, especialmente os mais ricos. Sem fundamento científico, o trabalho remete ao pensamento da metade do século 19, aferindo os “limites” da raça negra, biologicamente incapaz de se adaptar à “civilização” que se impunha.
A ciência, no entanto, mostra que existe apenas uma raça humana: a que surgiu na África. Em 2002, pesquisadores norte-americanos, franceses e russos se dedicaram a comparar 377 partes do DNA de 1.056 pessoas provenientes de 52 populações de todos os continentes. Concluíram que 95% da diferença genética entre os seres humanos está nos indivíduos de um mesmo grupo, e que a diversidade entre as populações é responsável por menos de 5%. Ou seja, o genoma de um africano pode ter mais semelhanças com o de um norueguês do que com o de alguém que tenha nascido na África, de família negra.
A descoberta veio a confirmar que raças são populações que apresentam diferenças significativas quanto à frequência de seus genes, embora exista entre diferentes raças um grande número de genes em comum, como aqueles que formam o fígado, por exemplo, conforme explica o pioneiro da genética humana no Brasil, Oswaldo Frota-Pessoa (1917-2010).
Para ele, o conceito de raça é comparativo porque a “raciação” é um processo longo e contínuo, produzindo raças dentro de raças, é o grau de diferença entre as raças varia. E mesmo que um grupo étnico indique o conjunto de suas características culturais e genéticas, as raças não são estáticas porque representam estágios de evolução em constante mudança.

O bem da mestiçagem

O determinismo racial começou a ser descartado a partir de 1933, com a publicação de Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre. O mestiço é alçado à principal marca da originalidade nacional e os símbolos étnicos negros são transformados em símbolos nacionais. Exemplo disso é o samba carioca, consagrado no país e no exterior como ícone da diversidade racial e cultural. Surgido na década de 1910, nos redutos negros dos bairros da Saúde, Gamboa e Cidade Nova, nas casas das lendárias “tias baianas”, como a famosa Tia Ciata, o samba foi ganhando espaço no Brasil e no mundo. Tanto que, em 1922, Paris recebeu o conjunto musical Oito Batutas, do qual faziam Pixinguinha e Donga – que assina ao lado de Mauro de Almeida a autoria de Pelo Telefone (1917), o primeiro samba gravado.
A obra de Freyre foi divisor de águas para o entendimento do racismo como subproduto de conflitos de classes, pondo abaixo qualquer interpretação de ordem biológica, genética ou evolucionista.
Último país a abolir a escravidão, o Brasil ainda preserva o preconceito contra afrodescendentes, embora em diversas pesquisas a maioria declare não ser racista. O racismo definido pelo cientista social Florestan Fernandes (1920-1995) como “o preconceito de ter preconceito” leva muita gente a chamar uma pessoa negra de mulata, escurinha ou moreninha.
A partir de 1989 o racismo passou a ser um crime inafiançável. A pretensa igualdade racial, porém, não se ampara no cotidiano. Os indicadores sociais também não são um atestado de fé para nossa democracia racial. O Censo do IBGE 2010 mostra que 52% da população se autodeclara negra e parda. Mas do total dos 10% mais pobres do país, 70% são negros. A renda média mensal dos que não têm instrução é de R$ 1.284 entre os brancos e R$ 1.038 entre os negros. Entre as brancas, essa média é de R$ 925, e de R$ 658, para as negras. Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2014 a chance de um adolescente negro ser assassinado era 3,7 vezes maior do que a de um adolescente branco.
Algumas iniciativas vêm sendo tomadas para combater o racismo. Há cinco anos foi promulgado o Estatuto da Igualdade Racial, que determina a promoção da igualdade de oportunidades. Por meio dele foi criado o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, para articular políticas das três esferas do governo, as cotas nas universidades e no serviço público, além da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

Há ainda a Lei 10.639/03, que determina o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos currículos de Ensino Fundamental e Ensino Médio nas escolas. É possível que a partir do momento em que seja posta em prática, a disciplina possa contribuir com a formação de uma nova visão a respeito de nossa formação. Como a lei mal saiu do papel para a maioria das escolas, essa omissão ilustra tanto o racismo oculto brasileiro como o papel omisso do sistema educacional em suas origens.

O que esperar de fascistas?

no Pragmatismo Político

Manifestante ferido na cabeça durante confronto com os acampados pró-ditadura militar em Brasília conta como os intervencionistas tentaram acabar com a Marcha das Mulheres Negras

Marcha Mulheres negras fascistas

O que essa roupa manchada de sangue revela (imagem acima) é a face truculenta de um movimento que clama pelo retorno à ditadura militar. O movimento está acampado em frente ao Congresso Nacional, e é o mesmo que tinha entre eles um policial civil, que há poucos dias foi preso por porte ilegal de arma, e que ontem foi flagrado disparando tiros para o alto quando a Marcha se manifestava em frente ao Congresso.
O grupo entrou em confronto com a grande Marcha das Mulheres Negras, que teve como bandeira ser “contra o racismo, a violência, e pelo bem viver”. Num momento de tumulto, ocasionado pelo incômodo do grupo fascista ao ver as milhares de mulheres e homens negras(os) em marcha, o grupo passou a lançar rojões e bombas de efeito moral contra a marcha, e incitar o confronto. Um dos homens dizia “queria ver vocês era no ‘pau de arara’!!”.
Num outro momento um homem branco, vestido com roupas pretas e um boné preto, agredia mulheres e homens da Marcha com um guarda-chuva grande, que a cada golpe quebrava a estrutura metálica podendo furar alguém.
Um manifestante da Marcha (foto) se aproximou para somar esforços às mulheres e homens que estavam ali e gritou para o fascista “Ninguém aqui vai bater em mulher negra!”. Essa era uma das bandeiras da Marcha: o fim da violência contra mulheres, e é sabido que as mulheres negras representam 60% do total de agressões de violência de gênero, e que o total de homicídios contra mulheres negras aumentou 54% em uma década.
O homem que defendia a ditadura militar e que estava sendo contido por mulheres da Marcha deixou de bater com o guarda-chuva nas pessoas ao seu redor e se voltou contra o militante negro para agredi-lo, ao que este reagiu, mas pouco depois foi derrubado por outros acampados defensores da ditadura.
Pelo visto, o que abriu o ferimento na cabeça do militante da Marcha foi o ferro do guarda-chuva, causando-lhe um ferimento leve, mas o bastante para provocar a hemorragia mostrada na foto. O rapaz, que prefere não se identificar, passa bem, e afirmou que barrar a violência, a ditadura e o racismo é um caminho necessário para um mundo igualitário, e que apesar de ser ferido na cabeça, os ideais defendidos na Marcha seguem agora mais fortes ainda.
Relato e imagem enviados a Pragmatismo Político por um manifestante que prefere não se identificar a fim de preservar sua integridade