terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Por um novo professor, capaz de transformar escola

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no Outras Palavras

Estudiosa sustenta: papel de transmissor de saberes esgotou-se. Mas o de orientar alunos em seu próprio aprendizado será cada vez mais indispensável 
Verônica Branco, entrevistada por Ana Luiza Basílio, no Educação Integral
Diferenciação entre ensino e aprendizagem, contestação da tradicional fórmula de transmissão de conhecimento e avanços das tecnologias e da comunicação. Estes elementos demandam uma reorganização da escola e o professor tem um papel central nisto. A opinião é da doutora em educação Verônica Branco, docente do setor de educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Em entrevista ao Centro de Referências em Educação Integral, a educadora analisa as demandas do século XXI e endossa a necessidade da mediação na aprendizagem, que pede um repensar das práticas escolares e, sobretudo, novo posicionamento por parte do professor, que deve sustentar uma postura orientadora, dialógica e capaz de ampliar os conhecimentos para além do território escolar. Confira a entrevista concedida durante o I Seminário Internacional de Educação Integral – TEIA.
Centro de Referências em Educação Integral: De onde se parte para diferenciar o tempo do ensino e o tempo da aprendizagem?
Verônica Branco
Verônica Branco
Verônica Branco: A organização da escola, nos séculos XVIII e XIX, veio acompanhada de uma concepção do ensino atrelada ao transmitir, de passar o que se sabe ao outro. A ideia era de que se aprendia ouvindo, memorizando e repetindo, princípio que ainda se vê hoje em dia. Só no século XXI se tem a clareza de que essa forma é  ultrapassada, desnecessária, até porque o professor não tem acesso a toda essa informação que o jovem tem e a comunicação extra-escolar é, de fato, muito mais eficiente. Também começamos a nos dar conta de que a escola trabalhou muito com o ensino, mas sem uma clareza de seus resultados, validando a lógica de que “se eu ensinei, ele tem que ter aprendido”. Caso contrário, faltou esforço por parte do aluno.
E qual concepção surge após estas constatações?
Verônica Branco: Surge a preocupação com a aprendizagem, desvinculando-a do ensino. Porque o ensino é trabalho do professor e a aprendizagem, do aluno. Isso não quer dizer que quem ensina não aprenda, mas temos segmentos responsáveis por essas habilidades. O professor, então, passa a ter o papel de repensar o ensino e suas práticas, já que transmitir não é mais o esperado. A conduta é de mediação, ou seja, orientar a aprendizagem a partir dos recursos já existentes, apoiando os alunos na leitura, interpretação e apropriação das informações, gerando conhecimento.
TEXTO-MEIO
O aluno que não aprende passa a ser problema do professor, uma vez que se passa a avaliar em que medida ele atendeu as necessidades do estudante. Por isso, há a necessidade do docente garantir esse espaço de experimentação e reflexão para os sujeitos, que se torna possível ao conhecê-los e considerar os diversos contextos que os rodeiam.
Como esperar que a escola dê conta dessa integralidade do indivíduo, se não resolveu muitos dos problemas relacionados ao ensino?
Verônica Branco: Não estamos mais nessa evolução linear que a humanidade foi alcançando em séculos. O conhecimento deu saltos exponenciais. Isso mostra o quão ineficiente se torna  um professor se fechar em sala de aula com cartilha e quadro negro e tentar resolver a alfabetização, por exemplo. As crianças precisam aprender o que fazer com a leitura e escrita no mundo. Elas devem sair, ler as placas e cartazes, e estabelecer significado para o que aprendem. É aí que o professor pode atuar como mediador.
Verônica Branco: Eles estão preparados para esta nova função?
A questão é que eles também não são formados para isso. As universidades ainda trabalham como se os docentes fossem reproduzir a sua lógica de ensino; muitos professores universitários nunca pisaram em uma sala de aula. As discussões nas formações abordam teoria ou filosofia, mas não as práticas de ensino.
As crianças aprendem mais quando estão imersas em uma situação. Os professores têm que fazer uso disso e ajudá-las a sistematizar esses conhecimentos, de maneira integrada. É nessa medida que o tempo do ensino e da aprendizagem ainda são diferentes, porque são postos em caixinhas desconectadas. A escola se ocupou da educação formal e não dialoga com a que vai acontecendo ao longo da vida.
Verônica Branco: E como a escola deve se articular para que esse processo aconteça?
Verônica: Há um ponto central nas discussões sobre educação integral que é: precisamos de mais tempo. As quatro horas, organizadas em 50 minutos, já eram insuficientes para o modelo em que o professor tinha que transmitir conhecimento. Hoje, a mediação pressupõe participação e não se encaixa ao modelo. E veja que estou apenas falando do tempo em sala de aula.
Esse conhecimento também está no mundo, ou seja, as crianças têm que sair da escola. Claro que algumas coisas podem adentrar esse ambiente, mas é preciso considerar o tempo de levar as crianças para a rua, ao parque, ao cinema ou ao teatro. A escola tem que se assumir enquanto espaço de organização e não somente um espaço de permanência.
Vista a defasagem na formação dos professores, como imaginar que eles possam dar conta desse arranjo?
Verônica Branco: Eu não fui formada para ter filhos. Como eu aprendi? Na vida. Fui buscar os livros, outras referências e fui aprendendo com tudo isso. É um processo de se abrir também, de buscar o conhecimento que não se tem. O professor também precisa estar aberto a aprender, não só as crianças. Aí é que está o problema, fechado ele se sente protegido, fecha a porta e faz o que quer dentro da sala de aula. Ele ainda não se deu conta de que é um ator social e que tem compromisso com cada uma das crianças. O professor é o principal articulador do arranjo de educação integral.
Como vê essa implementação?
Verônica Branco: Nas discussões de educação integral, sempre aparece a questão do espaço mas este  não é o maior problema. O professor tem que ser o maior foco para garantir essa revolução que pretendemos nas escolas, para que elas deixem de ser jurássicas. É um trabalho que independe do espaço, começa a partir da formação do professor, para que ele seja capaz de expandir esses espaços, esse território da escola para o seu entorno.
Temos aí o Plano Nacional de Educação que quer 50% das escolas ofertando educação em tempo integral nessa década para pelo menos 25% dos alunos (meta 6). Isso não é pouco em termos de Brasil, temos muito a fazer ainda nessa década.

EXCLUSIVO: a história da funcionária da Receita que sumiu com o processo de sonegação da Globo

Cristina
                                                                  Cristina Globo.

no DCM - Diário do Centro do Mundo

Esta é a terceira reportagem da série sobre o processo de sonegação fiscal da Globo. É parte de um projeto de crowdfunding do DCM.  As matérias anteriores estão aqui. De onde veio isso, tem mais. 
 Quando o processo da Globo desapareceu no posto da Receita Federal em Ipanema, no dia 2 de janeiro de 2007, o Leão teve que se mexer.
Uma sindicância interna pegou um bagrinho, a funcionária pública Cristina Maris Ribeiro da Silva, agente administrativa, o cargo mais modesto da carreira na Receita Federal.
Mas, ao identificar Cristina, topou com um esquema de fraude gigantesco. Por trás do bagrinho, estão tubarões do empresariado brasileiro.
Cristina era dona da senha que abre os portões da sonegação e fecha os olhos do Leão. Literalmente.
Retirar o processo da Globo dos escaninhos da Receita foi a ação mais ousada de Cristina. Mas o que a sindicância apurou é que ela tinha uma intensa atividade criminosa, contra os interesses do Fisco.
A sindicância se desdobrou em processos judiciais e Cristina soma, até agora, pelo menos sete condenações, uma delas na ação pelo desaparecimento do processo de sonegação da Globo.
Em praticamente todas as varas federais criminais do Rio de Janeiro, há pelo menos uma condenação com o nome de Cristina, todas ligadas ao Fisco, todas iniciadas depois do desaparecimento do processo da Globo.
Lendo um dos processos, descobre-se, pela informação de uma procuradora da república, que, depois das condenações, Cristina mudou o nome.
Quando flagrada dando sumiço no processo, ela se chamava Cristina Maris Meinick Ribeiro. Hoje, seus documentos trazem o nome Cristina Maris Ribeiro da Silva.
A mudança dificultou a pesquisa que realizei nos arquivos da Justiça Federal, mas, uma vez localizados os processos, o que se descortina é uma história que alguns poderiam entender como assombrosa.
Cristina já foi condenada por emissão de CPFs novos para pessoas com nome sujo na praça. Delito pequeno, comparado ao que fazia no Comprot, o sistema informatizado que registra os dados dos processos físicos em tramitação na Receita.
Ela não tinha poderes para criar novos processos, mas podia modificá-los.
Num processo em que um taxista carioca pedia isenção do IPI para  um carro novo, ela mudou os dados da ação. Tirou o nome do taxista, João Pereira da Silva, e colocou o da empresa Cor e Sabor Distribuidora de Alimentos Ltda.
Também alterou a natureza do processo. Em vez da isenção de IPI, passou a constar crédito tributário para a empresa.
A Cor e Sabor Distribuidora de Alimentos, que é a maior fornecedora de quentinhas para os presídios do Estado do Rio de Janeiro, obteve assim declaração de compensação tributária e, em consequência, a certidão negativa de débito, necessária para celebrar contratos com o poder público.
Depois de cinco anos, a homologação da compensação se torna automática, ainda que o processo físico nunca tenha existido, e as informações colocadas no sistema sejam fictícias.
Em outro processo, uma pequena empresa, a Ótica 21, pediu seu reenquadramento no Simples, mas, com a inserção de dados falsos, se transformou num caso de compensação tributária em favor da Cipa Industrial de Produtos alimentares Ltda., dona da marca Mabel.
O Ministério Público Federal denunciou o presidente da empresa, Sérgio Scodro, como mandante do crime e pediu sua prisão preventiva, depois que os oficiais não conseguiram localizá-lo para entregar uma intimação.
A Justiça negou a prisão e, mais tarde, retirou seu nome do processo, por entender que a ação de Cristina não tinha produzido os efeitos pretendidos.
cristina - globo 2
Não foi o que aconteceu no processo em que a Megadata, que faz parte do grupo Ibope, foi denunciada por crime semelhante.
Até o presidente da empresa, Homero Frederico Icaza Figner, sócio da Carlos Augusto Montenegro, foi condenado.
Homero tem o prenome e um dos sobrenomes (Icaza) de um antigo consultor de pesquisas da Globo, o panamenho Homero Icaza Sanchez, conhecido como El Brujo, morto em 2011.
Em 2013, o outro Homero Icaza, também envolvido com o negócio das pesquisas, foi condenado, inclusive pelo artigo 171 (estelionato), juntamente com Cristina.
Porém, um habeas corpus trancou o andamento da ação e um despacho do Tribunal Regional Federal determinou a extinção da punibilidade.
O processo tramitou na Segunda Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
No Judiciário, as condenações dos empresários acusados de contratar os serviços de Cristina estão caindo uma a uma, por decisões de tribunais superiores. Já as condenações da ex-funcionária pública se acumulam.
Mas não se pode dizer que o Ministério Público Federal tenha deixado de ser rigoroso com os empresários.
Exceto num caso, o do sumiço do processo de sonegação da Globo.
Os proprietários da emissora nunca foram chamados a depor, e não houve tentativa para apurar o mandante (ou mandantes) do crime.
Lendo o processo, o que se vê é que ela agiu por conta própria, embora a cronologia indique uma ação coordenada para beneficiar a Globo.
No dia 16 de outubro de 2006, o auditor fiscal Alberto Sodré Zile conclui sua investigação e autuou a Globo em mais de 600 milhões de reais, incluindo juros e multa, por sonegar os impostos que deveriam ser pagos na aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.
Ao mesmo tempo, ele assina uma representação para que o Ministério Público Federal denuncie os donos da emissora por crimes contra a ordem tributária.
Zile qualifica os responsáveis pelo que ele considera crimes. Dá nome, endereço e número de documento dos irmãos Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho.
No dia 7 de novembro, um advogado da emissora recebe cópia de todo o processo, com a notificação da multa e a representação para fins penais.
No dia 29 de novembro, a emissora apresenta recurso a uma instância superior da Receita.
Num texto de 53 páginas, a defesa da Globo tenta desqualificar o trabalho de Alberto Sodré Zile, mas os três auditores da Delegacia de Julgamento não concordam.
Rejeitam a apelação, no julgamento realizado em dia 21 de dezembro.
No dia 29 de dezembro, o processo volta para o posto da Receita em Ipanema para que, dali, siga para a execução, incluindo o envio para o Ministério Público Federal.
É uma sexta-feira, e Cristina está de férias.
Na terça-feira seguinte, 2 de janeiro, o primeiro dia útil depois da remessa do processo, a agente administrativa vai ao escritório, embora ainda estivesse em período de férias, e sai de lá com dois volumes mais o apenso que compõem o processo.
A Receita abre sindicância para apurar desaparecimento e chega até Cristina.
Com o fim da investigação de caráter administrativo, manda cópia ao Ministério Público, com a comunicação do crime. Os procuradores a republicam a denunciam.
Em janeiro de 2013, Cristina Maris Meinick Ribeiro é condenada.
Mas quem foi o mandante do crime que ela cometeu?
O processo não tem nenhuma indicação de mandante (ou mandantes), embora o maior beneficiário do crime seja amplamente conhecido, a Globo, que paralisou um processo que tinha endereço certo: o Ministério Público Federal.
Em seus depoimentos, Cristina negou que tenha subtraído o processo, apesar dos testemunhos contrários.
Chegou a dizer que nem se lembrava de ter estado no escritório.
Nos processos que Cristina responde por beneficiar sonegadores, o padrão de defesa é o mesmo: seus advogados apresentam receitas médicas, para dizer que ela tomava remédios psiquiátricos e que, se cometeu algum erro, foi “num momento de ausência”.
Os advogados alegam que a ex-funcionária teve síndrome de pânico, mas o laudo médico que juntaram num dos processos é de 2008, posterior à época do crime.
Seus advogados apresentaram extratos bancários para dizer que Cristina não teve vantagem financeira, e informaram que ela vivia “de favor” no apartamento da mãe.
Uma procuradora contestou as informações com o argumento de que o dinheiro poderia estar na conta de outras pessoas. E outras vantagens poderiam estar ocultas.
O apartamento que ela diz ser da mãe é na avenida Atlântica, um dos metros quadrados mais caros do Brasil, e vale, segundo corretores, mais de 4 milhões de reais.
A mãe de Cristina, Vilma Meinick Ribeiro, não é nenhuma milionária.
Em 1971, segundo uma publicação do Diário Oficial da União, era datilógrafa no Ministério da Fazenda.
Por coincidência, um posto equivalente ao que Cristina viria a ocupar na Receita Federal, órgão do Ministério da Fazenda, vinte anos mais tarde e no qual permaneceu por quase trinta anos, até perder o cargo em consequência de uma das sentenças condenatórias.
O apartamento na Avenida Atlântica, no Rio
O apartamento na Avenida Atlântica, no Rio
Eu estive lá e, como era de se esperar, não fui recebido.
Em seu Facebook, Cristina tem uma foto recente, em que aparece num restaurante segurando uma taça. Tem também uma foto de rosto e duas de um cachorrinho.
Apresenta-se como aposentada e não faz nenhuma indicação de que tenha pertencido aos quadros da Receita.
Quem mandou Cristina sumir com o processo de sonegação da Globo?
Algumas pistas podem ser encontradas em outros processos nos quais Cristina aparece e já foi condenada.
O advogado Darwin Reis Martin, que tem escritório de contabilidade e consultoria tributária no centro do Rio, é um nome recorrente nas ações.
Ele aparece em algumas denúncias do Ministério Público Federal como o advogado contratado por empresas que, mais tarde, acabariam se beneficiando da ação fraudulenta de Cristina.
Segundo as denúncias, o papel dele seria fazer mover a mão de Cristina no interior da Receita.
Em um dos casos, Darwin aparece como intermediário entre os empresários Arthur César Menezes Soares e Eliane Pereira Cavalcante, sócios do Grupo Facility.
Em agosto deste ano, Arthur e Eliane foram condenados por fraude no sistema da Receita Federal, juntamente com Cristina.
A condenação de Arthur pela fraude no sistema da Receita ainda não foi publicada no Diário Oficial, mas Arthur se tornou bastante conhecido no Rio de Janeiro depois que o jornal O Globo, em março de 2010, publicou reportagem de uma página em que o chama de Rei Arthur.
Segundo o texto, Rei Arthur, “amigo íntimo do governador Sérgio Cabral”, tinha os maiores contratos com a administração pública estadual, coisa de R$ 1,5 bilhão.
A matéria teve desdobramento, com a notícia de que deputados se movimentavam para criar uma CPI em razão da aparente ilegalidade no aditamento de contratos.
O jornalista Dácio Malta escreveu em seu blog, o “Alguém Me Disse”, que o assunto depois sumiu do noticiário e o jornal publicou uma carta do governo do Estado “maior que a reportagem”, para dizer que as acusações eram infundadas.
O deputado Anthony Garotinho, ex-governador do Rio, inimigo declarado da Globo, escreveu também que Rei Arthur era quem mais se beneficiava das denúncias veiculadas no Fantástico que execravam concorrentes do Grupo Facility, na mesma linha da série atual “Cadê o Dinheiro que Estava Aqui?”.
Essas publicações na internet que vinculam o Rei Arthur à TV Globo são anteriores à descoberta de que, de fato, ambos têm um nome comum na Receita Federal.
Num momento, Cristina Maris insere dados falsos no sistema para ajudar o Grupo Facility. Em outro momento, posterior, faz sumir o processo de sonegação da Globo.
Pode ser tudo coincidência, mas, no que diz respeito à Globo, a investigação parou na funcionária pública. Já o Rei Arthur teve seu nome lançado no rol dos culpados juntamente com o de Cristina.
A segunda instância pode derrubar, como tem feito em outros casos, mas hoje eles estão no mesmo barco, quer dizer, na mesma lista.
A ligação do nome de Cristina Meinick a uma das maiores empresas de comunicação do mundo não teria vindo a público não fosse o advogado Eduardo Goldenberg, carioca da Tijuca.
Ele publicou em sua conta no Twitter a informação de que o processo de sonegação havia desaparecido da Receita.
Goldenberg informou o número do processo e o nome de Cristina, que depois foram parar em blogs e sites da internet.
Não foi a primeira vez que Eduardo constrangeu a Globo.
No ano 2000, durante um festival de música da emissora, ele foi entrevistado ao vivo pela repórter Renata Ceribelli e gritou: “Faz um 12, Brizola!”
Eduardo Goldenberg conta que planejou a cena quando estava em casa, se arrumando para ir ao festival, quando soube que a apresentação de sua amiga Beth Carvalho havia sido vetada pela Globo.
“Ela faria o encerramento do festival, mas tinha começado o horário eleitoral na TV e Beth Carvalho cantava o jingle do ‘Velho’ (é assim que se refere a Brizola).”


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Exposição de Kandinsky desembarca na capital em abril de 2015

Pela primeira vez na América Latina, mostra exibe mais de 100 obras do precursor do abstracionismo russo

Os amantes de arte moderna não poderão perder a mostra itinerante “Kandinsky: Tudo Começa Num Ponto”, que desembarca no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB-BH), no dia 18 de abril de 2015. A mostra poderá ser visitada até 29 de julho, de quarta-feira a segunda, das 9h às 21h, com entrada Catraca Livre.
 © Kandinsky, Wassily, | AUTVIS, Brasil, 2014
no Catraca Livre-BH
Com curadoria de Evgenia Petrova e Joseph Kiblitsky, o projeto tem objetivo de apresentar ao público brasileiro os principais trabalhos e influências do russo Wassily Kandinsky (1866-1944).
Pela primeira vez na América Latina, uma mostra reúne centenas de obras e objetos do pintor, trazidos diretamente do acervo do Museu Estatal Russo de São Petersburgo e de coleções particulares da Alemanha, Áustria, Inglaterra e França.
Alguns destaques são peças de arte do norte da Sibéria e objetos de rituais xamânicos, que revelam um Kandinsky pouco conhecido no mundo ocidental.
Considerado um dos precursores da arte abstrata russa, Kandinsky fundou, ao lado Franz Marc e outros artistas modernistas, o grupo vanguardista “Der Blauer Reiter” (“O cavaleiro azul”), em Munique, na Alemanha.
A maioria de suas 159 pinturas em óleo sobre tela e 300 aquarelas, feitas entre 1926 e 1933, desapareceu durante a Segunda Guerra Mundial. Isso porque os nazistas consideravam o modernismo como um movimento de “arte degenerada”.

Quem vencerá a luta de ideias?

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Autor: Miguel do Rosário no Tijolaço

As eleições terminaram e, como era esperado, novos desafios surgem à frente, alguns bem mais complexos do que a disputa eleitoral em si.
Um dos desafios mais difíceis, naturalmente, é fazer a luta de ideias, num contexto onde o adversário, a direita, possui o monopólio dos meios de comunicação.
Neste sábado, por exemplo, os jornais amanheceram com um forte e eficiente ataque ao PT.
Chamada na primeira página: Vaccari é aplaudido em reunião do PT.
Título de matéria que ocupa a página 3 inteira: PT aplaude acusado de corrupção.
A matéria lembra que “o mesmo tipo de reação entre os petistas ocorreu na época do mensalão, que atingiu em cheio o então chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu”.
Na página de opinião, um artigo de Ana Maria Machado, famosa escritora de livros infantis, me fez lembrar demais os anos 60.
O artigo de Ana Maria Machado é 100% lacerdista, como pode se ver pela frase com que o encerra: dizendo que falta ao Brasil “vergonha na cara”.
E o que é lacerdismo?
É uma ideologia bastante pegajosa, porque todos concordam que há corrupção e que é preciso combatê-la, mas o lacerdista joga sempre a lama no outro, no adversário.
Nos anos 60, havia muitos escritores e intelectuais escrevendo exatamente a mesma coisa, nos mesmos jornais: Gustavo Corção, Alceu Amoroso Lima, etc.
Aliás, em 1964, e também em 1954.
Passada as eleições, onde a polarização mobiliza contingentes maiores da população, fortalecendo a esquerda, a mídia ganha força, porque ela tem a estrutura profissional e comercial para manter os ataques.
A mídia é uma máquina monstruosa, que opera 24 horas por dia, em rádio, TV, jornais, internet.
A blogosfera não é máquina. São blogs tocados por gente de carne e osso, ainda um pouco cansada de um processo eleitoral desgastante.
E que tateia, agora, em busca de um novo posicionamento, diante da nova conjuntura produzida pelas urnas.
A mídia não tem dúvidas. A blogosfera tem. A mídia é rápida, porque suas decisões vem de cima, numa estrutura extremamente verticalizada. A blogosfera, assim como a esquerda em geral, precisa de tempo para maturar a nova conjuntura e se posicionar. Não há hierarquia, e sim um horizontalismo democrático orgânico.
Qualquer eventual união política entre o público progressista nasce de um processo lento e duro de debates internos.
E a esquerda novamente está mergulhada num processo de profunda discussão interna.
Por isso, aliás, que lamento a comunicação da presidenta. Ela poderia participar desse debate, de maneira republicana e democrática, através dela mesma ou de um porta-voz ou secretário de imprensa.
Repare que a mídia jamais produz autocríticas. A direita, idem.
Aécio Neves é pintado apenas como um vencedor por seus seguidores, e pela mídia.
Dilma, por seu lado, parece engolfada no tradicional anti-clímax que se segue às eleições, quando todos os idealistas precisam despertar dos sonhos criados pelos debates, e cair na realidade triste e dura de um país ainda profundamente desigual, com uma política atrasada e truculenta.
Entretanto, se Dilma fizer os movimentos certos, se fizer o contraponto necessário aos ataques da mídia, por um lado, e estabelecer um diálogo construtivo com os próprios setores políticos que a apoiaram, ela poderá emergir muito mais forte.
O meu mantra tem sido: não acreditar mais em popularidade de Datafolha.
O governo tem de cultivar, democraticamente, uma base social sólida, orgânica.
No tocante ao problema de imagem, a esta tentativa da mídia de associar o PT a corrupção, e apenas o PT, blindando o PSDB, é preciso dar respostas imediatas.
O silêncio não é aconselhável.
É preciso responder de maneira rápida e inteligente todos os ataques da grande mídia ao governo.
Entretanto, nenhuma resposta verbal será eficiente por muito tempo se não forem tomadas, simultaneamente, iniciativas democratizantes, de impacto popular.
Aí não tem para ninguém.
A mídia vai espernear, vai gritar, mas vai perder o debate.

Professora evangélica é acusada de racismo e preconceito religioso contra criança





“Preta do diabo”, “endemoniada”, “satanás”: Professora 

evangélica é denunciada por racismo e preconceito religioso 

contra criança

escola racismo preconceito porto velho

por José Gilbert Arruda Martins (Professor)
As fronteiras, não muito claras, entre racismo e despreparo de grande parte dos professores e 
professoras no Brasil levam a esse tipo lamentável de acontecimento. 
Precisamos de mais e mais cursos, de mais e mais preparo aos nossos professores no país como 
um todo. 
Nossa profissão é estressante, é cansativa, desvalorizada pela maioria das autoridades, mas não pode 

aceitar que esse tipo comportamento. 
Nós professores precisamos conhecer melhor a realidade histórica e social do Povo brasileiro. Cursos, 

palestras, encontros e rodas de estudo que tratem da questão negra, das religiões afro-brasileiras, das 
matrizes originais que deram origem na formação da nossa sociedade, precisam ser estimulados e 
valorizados como temas de encontros de educadores o ano todo.
Precisamos levar a História do nosso Povo para a sala de aula. A maioria dos nossos professores e 

professoras que trabalham no dia a dia da sala de aula desconhecem quase que completamente a 
realidade social e econômica da maioria do povo.
Nós educadores precisamos ler mais. Precisamos ler mais literatura alternativa. Assistir menos à 

grande mídia - globo, band, etc. - ir além da revista veja, época etc. e pesquisar outros veículos 
alternativos.
Aqui nesse espaço - blog do prof. Gilbert - temos divulgado dezenas de nomes de bons blogs.
Precisamos sair do raio de ação da chamada grande mídia, ela não esclarece de fato como devemos 

agir no cotidiano da sala de aula, no trato com jovens do Povo.

no Pragmatismo Político

O crime denunciado pela mãe de uma aluna de apenas oito anos,
aconteceu em várias oportunidades em uma sala de aula na escola
Padre Chiquinho em Porto Velho, localizada na Avenida Campos Sales,
região central, onde uma menina de apenas oito anos sofria preconceitos
raciais, discriminação e era humilhada por uma professora.
Segundo boletim de ocorrência de nº 14E1003006967 a criança era
chamada pela professora de: “preta do diabo“, “endemoniada“, “satanás
e outros xingamentos, pelo fato da estudante ter dito na sala de aula que
é de uma família católica e a professora ser evangélica da igreja Universal.
A criança disse ainda que a professora obriga todos os alunos a seguirem
a sua religião. Em algumas oportunidades a acusada teria mandado os
alunos se juntarem e colocarem as mãos na cabeça da menor para segundo
ela expulsar um possível demônio que a criança possui, causando assim
grande constrangimento a ela.
A mãe da menor quando soube desses fatos foi até a escola e encontrou
a professora na diretoria, onde foi recebida a gritos, seguidos de palavrões.
A professora disse à mulher que ela poderia procurar quem for que não ia dar
em nada.
Depois de ser agredida verbalmente a mãe da aluna disse que a diretora
da escola falou que ia procurar uma outra sala para colocar a aluna, porém
a comunicante com medo de algo pior acontecer com sua filha não aceitou,
deve tirar a criança da instituição de ensino e registrou ocorrência. O caso
será apurado pelo delegado responsável pelo DP.
Rondoniaovivo


O diálogo de Mujica com o mendigo El César

Durante uma entrevista para a imprensa uruguaia no meio da rua, Mujica foi abordado por 

um mendigo que lhe pediu 'uma moeda para comer algo'. A reação do presidente uruguaio 

virou notícia internacional.

mujica el césar uruguai
                          Pepe Mujica e o mendigo El César (Imagem: Pragmatismo Político)

no Pragmatismo Político

O presidente do Uruguai, José Mujica, era entrevistado por jornalistas das emissoras 
dos canais 12 e 5 quando foi abordado por um morador de rua conhecido como 
“El César” [vídeo abaixo].
O homem pediu ao presidente “uma moeda para comer algo”. Mujica disse a “El César” que 
se ele continuasse a chorar, não iria dar coisa alguma.
El César continuou insistindo, e o presidente uruguaio pediu para que seu assessor 
ajudasse o homem. Não satisfeito, o morador de rua afirmou que só aceitaria uma moeda 
que saísse do bolso do próprio Mujica. “Uma moeda sua, Pepe”.
Quando Mujica, então, tirou do bolso a sua carteira, El César desabou em prantos. “Mas 
não chore, caral**”, disse o presidente, em tom descontraído, para em seguida entregar ao 
morador de rua uma nota de $ 100 pesos.
Com o dinheiro em mãos, El César agradeceu: “Obrigado! Obrigado! Quero que sejas 
presidente para sempre”.
“Não, não. Estás louco?”, disse Mujica, arrancando risos dos profissionais da imprensa e 
de todos que testemunharam a cena.
O episódio se espalhou pelas redes sociais e vários veículos da imprensa internacional 
repercutiram o gesto de Mujica, como por exemplo a CNN.



Economista francês diz que “Marx é possivelmente mais importante que Jesus”

Desigualdade e capitalismo

Autor do polêmico 'Capital no século XXI', economista 
francês Thomas Piketty está no Brasil e participou de tarde 
de debates na USP. Através da análise de dados estatísticos, Piketty aponta as contradições do capitalismo e as suas respectivas mazelas, como concentração de renda e 
desigualdade


Thomas Piketty economista francês


por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

Uma coisa em economia que precisamos todos procurar estudar: a riqueza produzida 
pela  sociedade, precisa ser distribuída para TODOS.

Outra coisa que precisamos estudar: a riqueza produzida tem um tamanho, não é infinita, 
não é eterna. 

Portanto, nada mais acertado que criar uma tributação justa, quem ganha mais, paga mais.

As reformas importantes no Brasil são várias, mas uma se faz urgente: Reforma Tributária 
que desonere a cesta básica (imposto zero), que desonere a folha de salários dos 
trabalhadores, que onere/cobre das grandes fortunas.

Qual outra saída se a riqueza tem um tamanho?


no Pragmatismo Político



“A diminuição de desigualdade de renda depende de políticas de valorização do salário mínimo e de políticas inclusivas. A difusão de educação de qualidade é o mais importante mecanismo para diminuir a desigualdade de renda. É preciso também criar taxações progressivas de renda e fortalecer movimentos trabalhistas.”
São palavras do economista francês Thomas Piketty, em São Paulo. Ele está na cidade para promover o lançamento de seu polêmico livro “O Capital no século XXI”. Piketty participou na tarde desta quinta de um debate sobre a sua obra na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP).
O título de seu livro remete ao clássico de Karl Marx. “Marx é possivelmente mais importante que Jesus”, disse ele na FEA.

O livro de Piketty, recém-lançado em português no Brasil, vem sendo considerada uma atualização do livro de Karl Marx, “O Capital”, e transformou o economista em uma celebridade. Em seu provocativo livro, o autor conclui que a desigualdade de renda, que caiu por muitas décadas no século passado, voltou a aumentar no mundo.

O estudo avalia padrões econômicos e sociais, a partir da análise de dados inéditos de 20 países, em pesquisa que remonta ao século XVIII. A obra aponta uma contradição central no capitalismo que, em vez de dar oportunidades iguais de crescimento para todos, estaria tornando a desigualdade mais extrema, já que quem tem mais dinheiro consegue a riqueza em escala maior.
Segundo o economista, a desigualdade está aumentando porque o rendimento sobre o capital (aluguéis, ações, aplicações) tem sido maior que o da renda obtida com o trabalho e superior à taxa média de expansão da economia. Assim, quem tem dinheiro sobrando para investir vê o montante crescer mais que os que não têm.
De acordo com o autor, a sociedade estaria retornando ao “capitalismo patrimonial”, no qual as grandes economias vêm de dinastias familiares. Como possível solução, Piketty defende elevar o imposto pago pelos mais ricos e taxar as grandes fortunas.
informações de DCM e G1