sábado, 21 de junho de 2014

GOLPE DE ESTADO EMBLEMÁTICO DO INTERVENCIONISMO DOS EUA A Guatemala esqueceu Jacobo Arbenz?


Em tempos de Copa do Mundo e de vitórias como a da Costa Rica sobre a Itália, a matéria sobre a Guatemala logo abaixo acaba chegando num momento importante para reflexão.
A imaginação corre solta, ou quase, quando lemos um texto desse, o que fazer para que nós latinos americanos, brancos e negros, trabalhadores e trabalhadoras, índios e índias, enxerguemos a situação do continente frente aos interesses dos Estados Unidos da América e das elites daqui?
Qual o percentual de jovens do Brasil que conhecem os heróis do Povo?
Zumbi é conhecido de que forma?
Os livros trazem imagens de um negro grande, forte, bonito, seguido de um pequeno texto, muitas vezes romântico, sobre o papel da maior e mais importante figura da história do nosso Povo. E só.
Nenhuma análise, nenhuma explicação porquê ele lutou, por exemplo.
A Guatemala, como o Brasil e o restante da América latina, tem dificuldade de cultuar seus homens e mulheres que lutaram pela maioria.
Exemplo é o que acontece na Guatemala com Jacobo Arbenz.
As escolas, principalmente as públicas, daqui e da Guatemala, e de toda a América latina, precisam trabalhar a História Real, trazer à tona, à superfície, fatos históricos que possam ajudar a fortalecer a luta do Povo pela construção de uma sociedade diferente.

Por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

GOLPE DE ESTADO EMBLEMÁTICO DO INTERVENCIONISMO DOS EUA
A Guatemala esqueceu Jacobo Arbenz?
(Retirado do site do Le Monde Diplomatic Brasil dia 21/06/2014)

Para os revolucionários latino-americanos, o golpe que derrubou o presidente Jacobo Arbenz em junho de 1954 ilustra a recusa de Washington em tolerar as mais modestas reformas em seu “quintal”. Presente durante o putsch, Che Guevara recordaria o episódio na Revolução Cubana... Mas do que se lembra a população do país?
por Michael Faujour
O cemitério da capital da Guatemala localiza-se entre dois abscessos de miséria. Em meio a um mosaico de estelas em tons pastel – azul, amarelo, verde –, imponentes sepulturas abrigam os restos mortais de incontáveis oligarcas e ditadores. O lugar também é a última morada de um homem associado à esperança de ruptura na história sangrenta deste pequeno país da América Central: Jacobo Arbenz Guzmán, segundo presidente de uma “Primavera Guatemalteca” que durante dez anos trabalhou para virar a página da pobreza e do feudalismo (ver boxe). Um descanso eterno bem vigiado, no entanto: a 20 metros, uma placa comemorativa saúda o “mártir anticomunista” Carlos Castillo Armas, que no dia 27 de junho de 1954 liderou o golpe de Estado que derrubou Arbenz, forçando-o ao exílio.
 
Foi preciso esperar 24 anos após sua morte para que as cinzas do ex-presidente fossem repatriadas, por iniciativa da Universidade de San Carlos (Usac), e uma homenagem oficial lhe fosse oferecida. Estudantes projetaram o mausoléu: uma pirâmide de três faces, simbolizando as três maiores realizações de sua presidência (a estrada do Atlântico, a reforma elétrica e a reforma agrária). Em 19 de outubro de 1995, puxado por cavalos, o caixão percorreu a cidade.1À sua passagem, centenas de pessoas aproximaram-se. Em seguida, ignorando o protocolo, dezenas de cidadãos entraram no Palácio Nacional. Alguns tomaram a urna para carregar em seus ombros o “soldado do povo” e conduzi-lo até a sala de recepção preparada para o velório.

Memória contra memória
As organizações estudantis, de onde partiu a operação, ficaram surpresas com esse aparente fervor, que não haviam previsto. Mas a historiadora Betzabé Alonzo Santizo minimiza sua amplitude. Segundo ela, a situação explica-se sobretudo pela curiosidade dos transeuntes... Membro ativo da Comissão do Centenário do Nascimento de Arbenz, formada em outubro de 2012, a historiadora faz um balanço amargo das comemorações que ajudou a organizar. Teria a memória do ex-presidente caído no esquecimento e na indiferença para a maioria dos cidadãos? Nossas tentativas de sondar, aleatoriamente, o conhecimento dos guatemaltecos sobre Arbenz, nas ruas da capital e da cidade de Quetzaltenango, parecem confirmar essa hipótese. Mas não a explicam.
“Aqui”, indica o jornalista Manuel Vela Castañeda, “a lembrança de Arbenz incomoda.” À direita, é claro, mas também à esquerda. “Nenhuma guerrilha usou seu nome para batizar uma frente de operações militares.” Essa constatação converge com a do ex-secretário-geral da presidência de Arbenz: Jaime Díaz Rozzotto acredita que o presidente deposto gozou do “raro privilégio de unir contra si [...] a direita ultramontana (fascismo contemporâneo), a direita liberal, a transnacional United Fruit Company, o Departamento de Estado norte-americano, o bipartidarismo yankee, o reformismo latino-americano (radicais, passando pela democracia cristã ou o equivalente à social-democracia europeia) e até o foquismo guerrilheiro (partidários dos focos revolucionários rurais)”.2
Com apenas dois deputados no Congresso, de 58, a União Revolucionária Nacional Guatemalteca (URNG-Maiz) continua sendo o principal partido de esquerda do país.3 Em suas instalações figuram um grande mural revolucionário, imagens do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, de Ernesto “Che” Guevara, de Raúl e Fidel Castro, e um poema em memória do comandante Rolando Morán.4 Mas nem a menor evocação de Arbenz... Para Héctor Muila, ex-guerrilheiro e secretário-geral do partido de 2004 a 2013, o erro do ex-presidente foi deixar-se influenciar pelo Partido Comunista e recusar-se a armar o povo para “defender a Revolução”, em 1954. Essa avaliação é semelhante à de Ernesto “Che” Guevara, que esteve na Guatemala durante o golpe de Estado e tirou do episódio suas próprias conclusões estratégicas.
Em meio aos visitantes do domingo, famílias de falecidos e vendedores de lanche que povoam os corredores do cemitério, Betzabé explica essa falta de interesse pela história da esquerda guatemalteca: décadas de caça aos “comunistas” teriam forçado ao exílio aqueles que carregavam essa memória, “sem poder transmiti-la”. “É o que explica, em parte, que a esquerda seja quase inexistente aqui”, diz. “Muitos deixaram o país; outros, também numerosos, morreram durante o conflito armado”, o mais longo e sangrento da América Central (1960-1996).
No nível universitário, a pesquisa memorial só tomou alguma envergadura no final dos anos 2000, seguindo “duas interpretações claramente opostas”, observa Castañeda. Uma, mais favorável ao ex-presidente, desenvolve-se na Usac, onde permanece confinada. A outra, claramente hostil, vem da Universidade Francisco Marroquín (UFM), lar do neoliberalismo guatemalteco, de temível vigor.5 Seu campusé habitado pelos pensadores liberais. Ali encontramos a Praça Adam Smith, a biblioteca Ludwig von Mises, a sala Carl Menger e os auditórios Friedrich Hayek e Milton Friedman. Uma escultura de Atlas homenageia a romancista libertária Ayn Rand.
A respeito do golpe de Estado de 1954, dois autores da Marroquín se destacam: Carlos Sabino, com La historia silenciada, publicado em 2008, e Ramiro Ordoñez Jonama, cujoUn sueño de primavera foi publicado em 2012.6 Os trabalhos ressaltam a violência e a corrupção que teriam marcado a década revolucionária, como se tais características fossem intrinsecamente ligadas ao projeto político de Arbenz. Essa visão da história apaga a propaganda anticomunista da Igreja e da imprensa, a oposição da oligarquia, da Central Intelligence Agency (CIA) e das ditaduras da região e as conspirações militares... Inclinados a denunciar a história “oficial” e “dominante” da Usac, esses historiadores ignoram a força da UFM. Desde sua fundação, em 1971, essa universidade forneceu a elite neoliberal do país. E conta com importantes conexões na imprensa e no mundo político.
Uma nova situação se estabeleceu a partir de 2011, quando a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) participou da elaboração de um acordo entre o Estado guatemalteco e a família do ex-presidente. Esta exigiu, além de indenizações pela espoliação de seus bens após o golpe, diversas ações para reabilitar a memória de Arbenz, entre elas o perdão oficial do Estado.
O presidente Álvaro Colom, sobrinho de um mártir do conflito armado, rebatizou a estrada do Atlântico com o nome de seu criador, assim como uma sala do Museu Nacional de História. Uma série de selos postais foi estampada com sua efígie. Mas essas medidas ainda são pouco em comparação com o grande número de locais públicos e bustos homenageando Jorge Ubico (1931-1944) e Justo Rufino Barrios (1873-1885), dois caudilhos racistas que serviram amplamente aos interesses da oligarquia.
Teoricamente, os jovens guatemaltecos conhecem Arbenz no penúltimo e, principalmente, no último ano do ensino fundamental. O período é aprofundado no primeiro ano do colégio. A consulta de vários livros didáticos7 revela um tratamento honesto e, na maioria das vezes, bastante completo da década revolucionária. Eles explicam, por exemplo, os antecedentes que levaram ao golpe de Estado, as ações e os desafios do período revolucionário (na escala do país, da América Central e do mundo). Também tratam do papel dos Estados Unidos em muitas deposições de governantes e guerras civis na região. O problema: essas obras não têm nada de oficial, pois não há um livro comum para todos os estudantes da República. Na maioria das vezes, eles simplesmente não têm livro.
É por isso que o acordo amigável com a família inclui a “revisão” do currículo nacional (Currículo Nacional Base) e prevê a distribuição de um documento de Orientación Curricularaos professores do ensino médio público, com o objetivo de ajudá-los a recuperar a memória de Arbenz. Mas é difícil medir o impacto disso: apenas quatro em cada dez crianças concluíram o ensino fundamental em 2010, segundo a Unicef.8 A questão do conteúdo dos livros didáticos parece, assim, de menor importância.
De acordo com o intelectual septuagenário José Antonio Móbil, há duas Guatemalas: a da cidade e a do campo. Uma fratura particularmente demarcada na questão da memória e da política: “A população rural sabe mais sobre Arbenz que a urbana”, garante. “A população da cidade esqueceu tudo.” Esse fenômeno pode ser explicado pela sobrevivência de uma história transmitida oralmente, de geração em geração, nas áreas submetidas à reforma agrária. Parece que esse tipo de coisa não se esquece...
Um fato que passou relativamente despercebido na atualidade sugere que a memória Arbenz não está morta. Em agosto de 2012, uma operação foi montada, na zona 5 da capital, para remover uma ocupação ilegal com mais de cem famílias que levava o nome do ex-presidente.9 Seu nome continua, portanto, a simbolizar um ideal de justiça social. Como resume Herbert Loarca Moreira, professor de Economia em Quetzaltenango, “é uma referência histórica que vem lembrar que ‘isso’ é possível”.


BOX
 
A Primavera Guatemalteca

No dia 20 de outubro de 1944, jovens militares guatemaltecos, portando as aspirações das classes média e alta da capital, puseram fim a doze anos de uma ditadura feroz. A “Revolução de Outubro”, termo que se refere, por extensão, à década que se seguiu, assinala, segundo o historiador Sergio Tischler Visquerra, “o fim do Estado-finca”,1 ou seja, um Estado a serviço dos interesses privados de latifundiários e empresas estrangeiras, incluindo a United Fruit Company (UFC).
A junta revolucionária e depois a presidência de Juan José Arévalo, que começou em 15 de março de 1945, lançaram um vasto processo de institucionalização e democratização, com duas contribuições fundamentais. Em 1947, o código do trabalho aboliu a servidão regulamentada pela lei desde o final do século XIX. Em 1949, o Instituto Guatemalteco do Seguro Social passou a garantir serviços gratuitos aos cidadãos.
Jacobo Arbenz Guzmán chegou ao poder em 1951. Seu objetivo era “modernizar” a Guatemala. Ele queria primeiro colocar “o país no caminho do capitalismo” e em seguida transformar “uma nação dependente de economia semicolonial em um país economicamente independente”.2 Para a Guatemala da época, era muito. O projeto implicava a proteção e expansão do mercado interno, o estabelecimento de uma economia mista, a industrialização, o lançamento de grandes projetos e a luta contra os monopólios norte-americanos. A criação de uma “Estrada do Atlântico” aboliu o monopólio do frete, detido pela empresa ferroviária International Railways of Central America, pertencente à UFC. Mas o projeto prioritário de Arbenz continuava sendo a reforma agrária, que deveria ajudar a desenvolver o mercado interno. O Decreto n. 900 de 1952 lançou oficialmente suas bases. O Estado desapropriou as terras não exploradas pelo preço fraudulentamente declarado ao fisco – normalmente inferior ao preço real – e as distribuiu em usufruto vitalício. Um projeto como esse logo despertou a preocupação da CIA e da UFC... (M.F.)
Michael Faujour
Michael Faujour é jornalista na Guatemala.


Ilustração: Paulo Lobato

1  Por razões simbólicas, as cinzas foram colocadas em um caixão para a cerimônia de repatriação.
2  El presidente Arbenz Guzmán: “la gloriosa victoria” y la lección de Guatemala[O presidente Arbenz Guzmán: “a gloriosa vitória” e a lição da Guatemala], Centro de Estudios Urbanos y Regionales, Universidade de San Carlos, n.2, Guatemala, abr. 1995.
3  Ler Grégory Lassalle, “Guatemala, le pays où la droite est reine” [Guatemala, o país onde a direita reina], Le Monde Diplomatique, 28 out. 2011.
4  Amigo íntimo de Che, Rolando Morán (1929-1998) foi um dos fundadores da URNG e um dos principais personagens da guerrilha. Após os Acordos de Paz de 1996, recebeu, assim como o presidente e oligarca Alvaro Arzú, o Prêmio pela Paz da Unesco.
5  Cf. Quentin Delpech, “Des usages improbables de l’économie” [Usos improváveis da economia], Actes de la Recherche en Sciences Sociales, Seuil, Paris, set. 2010.
6  Carlos Sabino, La historia silenciada (1944-1989), vol. I: Revolución y liberación[A história silenciada (1944-1989), vol. I: Revolução e libertação], Fondo de la Cultura Económica de España, Cidade da Guatemala, 2008; e Ramiro Ordoñez Jonama, Un sueño de primavera [Um sonho de primavera], Artgrafic, Cidade da Guatemala, 2012.
7  Editoras McGraw-Hill (Estados Unidos), Santillana Guatemala, Grupo Editorial Norma (Colômbia), Edessa (Guatemala), Banco de Susaeta Ediciones (Guatemala), Consucultura (Guatemala).
8  Relatório anual, 2010.

9          “Habitantes del asentamiento ‘Jacobo Arbenz Guzmán’ se enfrentan a policías” [Habitantes do assentamento “Jacobo Arbenz Guzmán” enfrentam policiais], El Periódico, Guatemala, 16 ago. 2012.
BOX

1  Sergio Tischler Visquerra, Guatemala 1944: crisis y revolución, ocaso y quiebre de una forma estatal [Guatemala, 1944: crise e revolução, ocaso e ruptura de uma forma estatal], Universidade de San Carlos de Guatemala, de 1998.

2          Discurso de posse, 15 mar. 1951.
 
03 de Junho de 2014


sexta-feira, 20 de junho de 2014

MEC estuda criar política nacional de conteúdos digitais

As novas tecnologias não chegaram às escolas públicas. O que houve? Será que o papel dessas novas e geniais tecnologias é apenas enriquecer seus criadores?
A Educação Pública, parece ser a última parada, o ponto de finalização, talvez, quando chegarem às escolas, as tecnologias não serão mais novas, estarão ultrapassadas (?)
Grande parte das escolas de classe média alta, rica e super rica já possui e usa no dia a dia dos alunos e alunas.
A dicotomia da escola apregoada por especialistas parece ainda não ter totalmente se dissipado.
Precisamos levar as novas tecnologias às escolas públicas, os filhos e filhas do Povo precisão estudar com essas ferramentas.
Não podemos mais produzir duas escolas, como sempre foi, uma para as classes abastadas e outra para Operários.

Por José Gilbert Arruda Martins (professor)

MEC estuda criar política nacional de conteúdos digitais
Fonte: site Vermelho.org

O Ministério da Educação (MEC) estuda criar uma política nacional de conteúdos digitais para as escolas. A secretária de Educação Básica do MEC, Maria Beatriz Luce, adiantou à Agência Brasil que a ideia é incentivar as universidades a produzir esses conteúdos.
"O nosso foco é pensar como podemos estimular as universidades, estudantes universitários, grupos de pesquisa para desenvolver esses conteúdos", disse Beatriz. O MEC trabalha em conjunto com outros ministérios como o da Ciência, Tecnologia e Inovação e o do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. "Creio que não será complicado avançarmos bastante nos próximos meses. Espero que sim", disse ela.

Para a secretária, o ensino precisa de inovações; de desenvolvimento científico e tecnológico. "Precisamos trabalhar na formação de pessoas e fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação no campo da educação. Pensar não apenas na aquisição [de conteúdos digitais], mas principalmente em fomentar o desenvolvimento de produtos que cheguem à escola", disse.

Para que isso seja feito, a secretária destaca a necessidade de mais recursos, o que já está previsto no Plano Nacional de Educação (PNE), que deve ser sancionado até a próxima semana. A questão esbarra, contudo, em uma política curricular para o país: "Teremos que ter como referência a legislação vigente. Vamos ter que avaliar essas tecnologias para aquiri-las para nossas escolas", ressaltou. Outra questão, segundo ela, é a expansão do uso de tecnologias digitais para a formação de professores da educação básica.

Beatriz participou nesta quarta-feira (18) do lançamento do projeto Geekie Games. Na ocasião, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Chico Soares, ressaltou a necessidade do uso dos conteúdos digitais: "Os jovens e as crianças de hoje já foram criados em outro ambiente, da máquina, do computador. Precisamos de ferramentas novas".

Sobre a entrega de tablets para os professores dos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, anunciada no ano passado pelo então ministro da Educação, Aloizio Mercadante, Beatriz diz não ter conhecimento sobre quando isso será feito. "Que eu tenha conhecimento, não [vai ser feita essa ano]" destacou.

Fonte: Agência Brasil 


América Latina - EUA estão envolvidos em execuções na Colômbia, aponta relatório

Com a eleição do novo governo – Juan Manuel Santos – a Colômbia pode prescindir da presença dos EUA.
O texto abaixo retirado do site Vermelho, se comprovada as acusações, é mais uma página de sangue escrita pelos Estados Unidos na América Latina.
Os governos de tendências progressistas precisam concretamente seguir um rumo de soberania e independência e livrar de vez o continente da presença incômoda dos EUA.
Por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

América Latina
EUA estão envolvidos em execuções na Colômbia, aponta relatório
Retirado do site http://www.vermelho.org.br/noticia/244479-7

A ajuda militar e policial dada pelos Estados Unidos à Colômbia, principalmente entre 2000 e 2010, teve impacto no aumento substancial dos casos de execuções extrajudiciais, conhecidas no país como "falsos positivos", segundo um relatório divulgado pelo Movimento de Reconciliação e a Coordenação Colômbia-Europa-Estados Unidos.
O estudo analisa o nível de penetração da ajuda militar americana nas diferentes unidades do exército e os registros na procuradoria de "falsos positivos", as execuções extrajudiciais de civis apresentados como baixas em combate em troca de benefícios econômicos ou promoções.
"Existe uma correlação entre as brigadas do Exército que receberam um nível médio de assistência dos Estados Unidos e a comissão de execuções extrajudiciais", estabeleceu o estudo, sem apresentar números concretos.

A explicação desta relação está, segundo testemunhos militares, no fato de que havia uma política estabelecida na instituição para apresentar altos números de guerrilheiros mortos, rebeldes ou não, o que provaria que o auxílio americano estava surtindo efeito.

Por isso, também conclui que "um maior percentual de unidades comandadas por oficiais treinados pelos Estados Unidos entre 2001 e 2003 cometeram execuções múltiplas de unidades de comandantes colombianos escolhidos ao acaso".

Durante o Plano Colômbia, o programa de cooperação com os Estados Unidos implementado em 2002 para acabar com o narcotráfico e as guerrilhas pela via militar, "mostrou um aumento substancial em estatísticas de execuções extrajudiciais pelas Forças Armadas e a polícia, o que torna imprescindível uma avaliação rigorosa dos impactos de tais recursos na situação humanitária da Colômbia", recomendou o relatório.

Entre 2000 e 2010 foram registradas 5.763 execuções extrajudiciais na Colômbia, 1.821 delas atribuídas a uma unidade do Exército por testemunhas, órgãos judiciais e ONGs. Estima-se que durante o governo do ex-presidente e senador eleito, Álvaro Uribe, os casos cresceram em 101%.

Os registros começaram a diminuir em 2008, quando explodiu o escândalo dos "falsos positivos" na pequena cidade de Soacha, próxima a Bogotá, onde 20 jovens civis foram enganados por militares para fazer um trabalho que nunca realizaram e depois foram reportados mortos com uniformes militares.

Em consequência, o investimento americano começou a diminuir porque o mau uso e as violações dos direitos humanos decorrentes do mesmo foram comprovados.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse na segunda-feira, após ser reeleito, que espera que os processos de paz em andamento permitam a utilização dos recursos do Plano Colômbia, que são cada vez menores, no pós-conflito.

Fonte: Agência EFE e Portal Terra

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Reeditada, trilogia “A Era Vargas” expõe interesse da elite em vender a Petrobras

Essa matéria abaixo ajuda entender a importância de governos trabalhistas no Brasil.
O que é governo trabalhista, voltado para os anseios da maioria e o que é governo neoliberal, voltado aos interesses dos mais ricos e das empresas daqui e de fora?
Getúlio Vargas governou por dois momentos na história brasileira – de 1030 a 1945 e de 1950 a 1954 quando se matou.
No primeiro governo foi ditador, entregou Olga Prestes à Gestapo (polícia política de Hitler); foi também trabalhista, no governo dele foi criada a primeira Lei Trabalhista do Brasil a CLT.
No segundo governo foi criada a Petrobrás (1953), as realizações dos governos trabalhistas demonstram muitas coisas, uma talvez seja a mais importante: Lei de amparo à classe trabalhadora e indústrias de base, que permitiram o início do desenvolvimento industrial brasileiro.
Grande parte das empresas brasileiras criadas de 1942 até hoje foi vendida no governo neoliberal de FHC na década de 90, no maior desmonte estatal já visto.
De todo o parque industrial criado no Brasil nos últimos 70 anos, restou, principalmente a Petrobrás.
O que nos espera a eleição de 2014 em relação à questão da privatização?
Nos governos lula da Silva – 2002 a 2010 e Dilma Roussef, presenciamos dois governos preocupados em fortalecer o Estado e criando dezenas de políticas públicas que beneficiaram principalmente os mais vulneráveis.
Entender o que é um governo neoliberal, privatista e diferenciá-lo de governos trabalhistas, voltados para a maioria é fundamental.
Você que é trabalhador, trabalhadora, que não é rico, que luta todos os dias para manter sua família, precisa procurar entender essa diferença.

Por José Gilbert Arruda Martins (Professor)




Fonte: site da revista Caros Amigos – retirado dia 19/06/2014

Autor falou à Caros Amigos sobre a reedição e a herança trabalhista

Por Rafael Zanvettor
Caros Amigos

“A Era Vargas”, trilogia do jornalista José Augusto Ribeiro, foi relançada em um nova e extendida edição, em homenagem aos 60 anos de Getúlio Vargas. A nova edição traz mudanças significativas em ralação à primeira, de 2001, como uma descrição minuciosa da Revolução de 1930 que não contava na edição anterior. O relançamento foi na Câmara dos Deputados, em maio, em Brasília, como parte da programação do evento “60 Anos Sem Getúlio Vargas".
O livro conta a trajetória política de Getúlio, e, mais do que apenas seu percurso pessoal, a  trajetória do próprio trabalhismo, a partir de suas raízes no republicanismo gaúcho.
Segundo o autor do livro, José Augusto Ribeiro, a nova edição foi motivada a pedido de estudantes, que sempre o questionavam em relação aos acontecimentos anteriores à ascensão de Getúlio: “Aproveitei a pesquisa que já tinha feito e fiz um primeiro volume sobre a revolução de 30, no segundo volume juntei o primeiro e segundo governo, e fiz um último volume sobre a crise de 1954". O jornalista  já trabalhou nos principais veículos de comunicação do País e é autor, entre outros, dos livros “De Tiradentes a Tancredo, história das Constituições do Brasil” (1987) e “Nossos Direitos na Nova Constituição” (1988). Ainda este ano, lançará, pela Record, uma biografia sobre Tancredo Neves, de quem foi assessor de imprensa, função que também exerceu na campanha de Leonel Brizola à Presidência da República, em 1994.
Novidades
O primeiro volume conta os antecedentes da revolução de 30, que, segundo o autor, foi muito inspirada nos eventos de 1882, sobretudo na criação do Partido Republicano no Rio Grande do Sul: “Era um partido abolicionista, que fez uma campanha muito grande pela alforria dos escravos sem compensação aos fazendeiros (procedimento comum na época). No Rio Grande do Sul eles conseguiram libertar 60 mil escravos, sem pagamento de indenização; quando chegou a abolição, apenas 6 mil foram libertados, ou seja, eles já haviam libertado 90% dos escravos. Getúlio considera que a Revolução de 30 foi necessária para aprofundar as leis trabalhistas, e por isso considerava que a Lei Áurea havia sido a primeira lei trabalhista”.
O último volume, também acrescentado à pesquisa anterior, apresenta novas informações ao leitor, principalmente em relação ao ano final da vida de Getúlio, até seu suicídio: “Com as modificações acredito ter trazido algumas novas informações, como a de que no auge da crise o presidente sofria muitos ataques da imprensa brasileira, pela imprensa de Assis Chateaubriand. O general Mozart Dornelles, subchefe do Gabinete Militar da Presidência da República, foi perguntar para Chateaubriand o motivo dessa campanha, e ele disse: ‘Eu adoro o presidente, tenho a maior admiração por ele, se ele quiser tiro Lacerda da televisão e coloco qualquer um para defender o governo, basta ele desistir da Petrobras'”.
Herança
Para o jornalista, a herança do presidente Vargas foi compartilhada por dois ministros dele, Tancredo Neves, da Justiça, e João Goulart, ministro do Trabalho. “Os dois trabalharam juntos no governo de Vargas e voltaram a trabalhar juntos quando Jânio Quadros renunciou e João Goulart era vice”. Na época, sob a pressão de forte instabilidade política e constante conspiração da ala golpista dos militares, foi aprovado o sistema parlamentarista e Tancredo foi indicado como primeiro-ministro. Para o autor, se o gabinete de Tancredo como primeiro-ministro resistisse, talvez João Goulart não tivesse sofrido o golpe dos militares.
Ele também afirmou que o último que levou o legado trabalhista à frente foi Leonel Brizola. "Quando voltou a democracia foi convocada a constituinte e os dois primeiros legatários da herança de Getúlio já estavam mortos, e o terceiro, Leonel Brizola, já tinha organizado o antigo partido trabalhista, mas o governo de Figueiredo, influenciado pela linha dura, não queria saber de trabalhismo e nacionalismo, fez uma manobra através do procurador e negou a legenda PTB. Então, Brizola teve que transformar o PTB no PDT”, afirmou.


quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Copa e o Complexo de Vira-latas - Documentário aborda sentimento de inferioridade que o brasileiro sente frente ao estrangeiro

FHC, segundo o livro “O Rei da Privataria”, governou com o complexo de vira-latas. Segundo os críticos, foi por isso que o governo dele teria conduzido o maior e mais espetacular desmonte de um Estado já feito até então.
A copa do mundo de 2014, trouxe à tona esta questão, por que?
A elite rica, voltada para os Estados Unidos, mas principalmente para a Europa, onde estudaram e curtiram a vida, tendo como presidente um nordestino, fizeram questão de alardear na imprensa conservadora aqui e no exterior que no país não teria condições de sediar um torneio tão importante.
O complexo de vira-latas de FHC e das elites brancas ligadas mais à Europa que ao próprio país foi vencida.
Somos 200 milhões de pessoas.
Somos um dos povos mais trabalhadores do mundo.
Temos uma riqueza espetacular que é o pré sal, o maior achado em termos de petróleo do mundo.
Temos condições de investir grande parte desse dinheiro em Educação Pública e em Ciência.
Além de tudo o país mostrou a todos que pode, estamos fazendo, talvez, a melhor copa de todos os tempos; ótimos estádios, estádios lotados, sem grandes problemas, com um sistema de comunicação perfeito, ou próximo disso.
Nosso Povo é capaz, nosso Povo construiu o evento do início ao fim. Falta a seleção seguir, se classificar e tornar-se campeão, aí o complexo de vira-latas será esquecido por um tempo, não se acabará por que é cultural, está nas entranhas da cultura brasileira.

Por José Gilbert Arruda Martins (Professor)


Fonte: site da revista Caros amigos – retirado dia 18/06/2014.

Documentário aborda sentimento de inferioridade que o brasileiro sente frente ao estrangeiro

Por Amanda Secco
Caros Amigos

No mês de maio, foi lançado o documentário “O Complexo de Vira-latas”, que trata sobre o sentimento de inferioridade que certos brasileiros sentem em relação ao que é estrangeiro (assista ao final do texto).
O filme foi produzido pela Cabrueira Filmes e Sem Cortes Filmes em 2013 e surgiu a partir de um Trabalho de Conclusão de Curso de Rádio e TV da Universidade São Judas Tadeu. O grupo composto por Leandro Caproni, Priscila Chibante, Bruno Silveira, Diego Silva e Nathália Bomfim teve a percepção de que o tema do “Complexo de Vira-latas” seria oportuno para as discussões que se iniciaram com a realização da Copa do Mundo no Brasil. “A Copa traz à tona a discussão sobre a capacidade brasileira. A mídia tradicional reproduz e cria o senso de que as coisas no Brasil não funcionam e de que, agora com a Copa, nos provaríamos um País despreparado. A Copa está aí e estamos provando o contrário”, diz Leandro Caproni, diretor do documentário.
Para mostrar que este sentimento de inferioridade e incapacidade está mais presente do que nunca, análises são feitas por especialistas como o escritor Ruy Castro, os jornalistas Mino Carta e Luis Zanin, o crítico de cinema Inácio Araújo, e os acadêmicos Luis Antonio Gomes Lima, Marcos Capellari e Gilberto Marigoni. O documentário resgata ainda a origem da expressão, explica como este conceito está presente na realidade brasileira mesmo antes de seu surgimento e discute em que classes sociais este sentimento é mais persistente.
A expressão “Complexo dos Vira-latas” foi cunhada pelo jornalista, escritor e dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues (1912-1980), na década de 1950, quando o Brasil foi pela primeira vez campeão da Copa do Mundo. Foi usada pela primeira vez em uma crônica esportiva da extinta revista Manchete para se referir ao futebol brasileiro, mas passou a se expandir para o sentimento de inferioridade em geral, como nas esferas cultural, econômica, entre outras.
Assista abaixo o documentário:




Augusto de Campos à Folha: "Vaia aos Vips!" - Augusto de Campos critica uso de seu poema em reportagem da Folha que destacava o xingamento à Dilma


Para que existe e qual a importância da imprensa num país como o Brasil ou em qualquer outro?
A imprensa existe para informar ao público.
A imprensa tem, por isso, uma importância fundamental, pois o leitor, acreditando no foi escrito e divulgado pela imprensa, leva seu dia a dia informado e consciente das coisas que acontecem.
Mas, parte da grande imprensa no Brasil é de “esgoto”, por que?
Imprensa de esgoto é aquela que não vale nada, é aquela que prejudica mais que ajuda, é aquela que não serve ao país, é aquela só serve ao conservadores, aos ricos e super ricos, como o jornal Folha de São Paulo.
O Jornal Folha de São Paulo, foi um dos maiores apoiadores da ditadura militar. Deu apoio com isso, a um regime que prendeu ilegalmente, torturou, assassinou e sumiu com milhares de brasileiros e brasileiras. Esse é o jornal que lidera a “imprensa de esgoto” nesse país.
O texto logo abaixo, divulgado pelo site da revista Caros Amigos, mostra o que é ser leviano, irresponsável e defensor do desrespeito e da violência, QUE JORNAL É ESSE?

Por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

Fonte: site da revista Caros Amigos – retirado dia 18/06/2014
Augusto de Campos critica uso de seu poema em reportagem da Folha que destacava o xingamento à Dilma
Da Redação
O poeta Augusto de Campos tornou pública, na segunda-feira (16), uma carta em que critica o jornal Folha de São Paulo por fazer uso indevido de um poema de sua autoria para ilustrar uma reportagem sobre as vaias à presidente Dilma Rousseff durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo. O poeta enviou a carta à Folha que, no entanto, só decidiu publicá-la depois da repercussão na internet. Leia abaixo a carta de Augusto de Campos:
“Prezados Senhores.
Esse jornal utilizou, em 14 de junho de 2014, com grande destaque, o poema VIVA VAIA, de minha autoria, como ilustração de matéria ambígua sobre os insultos recebidos pela presidente Dilma, na partida inicial da seleção.
Utilizou-o, sem minha autorização e sem pagar direitos autorais: sem me dar a mínima satisfação.
Poupo-me de comentar a insólita atitude da FOLHA , a quem eu poderia processar, se quisesse, pelo uso indevido de texto de minha autoria.
A matéria publicada, composta de três artigos e do meu poema, cercado de legendas sensacionalistas, deixa dúvidas sobre a validade dos xingamentos da torcida, ainda que majoritariamente os condene, e por tabela me envolve nessa forjada querela.
A brutalidade da conduta de alguns torcedores, que configura até crime de injúria, mereceria pronta e incisiva condenação e não dubitativa cobertura, abonada por um poema meu publicado fora de contexto.
Os xingamentos, procedentes da área vip, onde se situa gente abastada e conservadora, evidenciam apenas o boçalidade e a truculência que é o reverso da medalha do nosso futebol, assim como a inferioridade civilizatória do brasileiro em relação aos outros povos.
Escreveu, certa vez, Fernando Pessoa: “a estupidez achou sempre o que quis". Como se viu, até os candidatos de oposição tiveram a desfaçatez de se rejubilarem com os palavrões espúrios. Pois eu lhes digo. VIVA DILMA. VAIA AOS VIPS.
Augusto de Campos."


Ensino Superior - A privatização indireta das universidades estaduais paulistas

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Funcionários e alunos da USP fazem protesto na entrada do campus no Butantã

Essa matéria da revista Carta Capital é uma demonstração tácita da política neoliberal desenvolvida no âmbito nacional por FHC nos anos 90 e nos últimos 20 anos de governo PSDB no Estado de São Paulo.
É importante que as pessoas, eleitores ou não, do Brasil inteiro entenda as diferenças entre governos neoliberais e governos que defendem que o Estado tenha o tamanho das necessidades da maioria da sociedade.
A ideia central do neoliberalismo é diminuir a importância e o tamanho do Estado e aumentar ainda mais a participação das grandes empresas na condução da economia e da vida das pessoas.
Não existe nenhum exemplo claro de que isso tenha dado certo, até nos EUA e na Inglaterra esse modelo fracassou.
A sociedade brasileira e os eleitores precisam entender e ser capazes de distinguir um do outro.
No governo FHC o país passou por uma ampla e profunda privatização em vários setores, e, ao contrário do que foi divulgado, a miséria e o sofrimento das pessoas no Brasil aumentou absurdamente.
Nos governos Lula da Silva e Dilma Roussef, aumentou a participação do Estado e a miséria diminui, inclusive com a ONU divulgando números favoráveis ao Brasil o que não fazia desde a época da sua criação em 1945.
Leia a matéria a baixo na sua integra, entenda MAIS.

Por José Gilbert Arruda Martins (Professor)

Ensino Superior
A privatização indireta das universidades estaduais paulistas
Desde o início da greve, temas como doações financeiras de ex-alunos e corporações e cobrança de mensalidades têm sido trazidos ao debate
por Cássio Garcia Ribeiro, Fabiana de Cássia Rodrigues e Henrique T. Novaes 
Fonte: Site da revista Carta Capital – retirado dia 18/06/2014
A greve que atravessas as três universidades estaduais paulistas desde o final de maio evidencia uma nova ofensiva privatista, que vem sendo facilitada por informações divulgadas por reitores e alguns setores da imprensa. Temas como doações financeiras de ex-alunos e corporações e, principalmente, cobrança de mensalidades, têm sido trazidos à baila pelos setores mais conservadores da sociedade.
Com a adesão do Brasil à agenda neoliberal, não apenas por parte do governo central (o caso do estado de São Paulo é sintomático, sobretudo nessas duas décadas de gestão do PSDB), o setor público vai, paulatinamente, se descomprometendo (total ou parcialmente) de uma série de funções transferidas ao mercado. Nesse contexto, o precário “Estado de bem-estar social”, subjacente à Constituição de 1988, assiste a seu setor público brasileiro atendendo apenas superficialmente às demandas de sua população.
Diante desse quadro, a educação se transforma em mercadoria, dando ensejo à criação de nichos de mercado (nos ensinos fundamental, médio e superior). Ao mesmo tempo, são visíveis os processos de sucateamento e precarização pelos quais passam a educação pública brasileira (em todos os níveis), com investimentos insuficientes, infraestrutura inadequada e profissionais cada vez menos valorizados.
Especificamente no caso da política voltada para o ensino superior, cabe salientar o fenômeno de “privatização indireta” pelo qual vem passando a universidade pública, com o incentivo (pressão?) à captação de recursos externos por parte dos docentes. Com a Lei da Inovação criada em 2004 e o crescimento do poder das Fundações universitárias, parte dos professores se converte em “empresários da inovação”. Nesse contexto, ganham destaque as “Agências de Inovação” (UIN, na Unesp; Agência de Inovação, da Unicamp e USP) e as parcerias entre as Universidades e as corporações transnacionais e nacionais - de alguns ramos - via Fapesp.
Se é verdade que mais de 90% dos recursos das três universidades paulistas ainda vêm dos fundos públicos como ICMS, também é verdade que a cada ano os cursos de extensão e especialização, além das consultorias, vêm ganhando terreno na agenda de uma parcela dos docentes, como uma forma visível de “complementação” salarial. Vale observar que, além disso, a privatização indireta é reforçada quando algumas universidades públicas condicionam a progressão na carreira à captação de recursos externos.
A ameaça privatista não para por aí. De tempos em tempos, vem à tona a proposta da cobrança de mensalidade como panaceia para as dificuldades orçamentárias das universidades públicas, como tem ocorrido atualmente na “crise” enfrentada pelas estaduais paulistas. Novamente, a privatização surge como alternativa à “escassez” e “má gestão dos recursos públicos”.
Todavia, nada se fala sobre a política do governo paulista de ampliação de cursos e campi oferecidos pela USP, Unicamp e Unesp, não acompanhados por aumentos nas verbas destinadas a essas universidades (o percentual do ICMS repassado às três estaduais paulistas é o mesmo desde 1995), tampouco pela contratação de novos professores e funcionários.
Assim, a ampliação se dá, de cima para baixo, não oferecendo, muitas vezes, condições mínimas em termos de recursos humanos e materiais, como é o caso dos campi experimentais da Unesp. A irresponsabilidade dessa política de ampliação salta aos olhos no caso da interdição do campus Zona Leste da USP, cujas instalações foram construídas sobre solo contaminado.
Além disso, não foi dado nenhum esclarecimento por parte do governo do estado de São Paulo sobre a denúncia do Fórum das Seis de que tal não teriam sido repassados cerca de R$ 2 bilhões às coirmãs paulistas, entre 2008 e 2013. Aqui, é importante lembrar as contribuições de Aloysio Biondi sobre as privatizações brasileiras, segundo o qual, em muitos casos, primeiramente as estatais eram sucateadas (deixavam de receber financiamento do governo e eram usadas como instrumento de combate à inflação), e, em seguida, transmitia-se à sociedade a ideia de que elas eram ineficientes. Finalmente, após alcançar legitimação, ao menos por parte de uma parcela da população, tais estatais eram privatizadas, em processos que com frequência eram escandalosamente obscuros (com deságio, financiamento “camarada” do BNDES e dívidas assumidas pelo ex-proprietário – ou seja, o próprio governo brasileiro).
Isso parece muito com o que vem acontecendo na atual campanha lançada por alguns setores da imprensa em prol da privatização das universidades públicas paulistas. Ora, se o orçamento do setor público é escasso e tais universidades não conseguem geri-lo adequadamente, a saída seria sua privatização. Qualquer semelhança com as privatizações da era FHC não é mera coincidência.
Conforme salientado, é evidente a influência neoliberal no governo paulista e, em sua “agenda de desenvolvimento”, apregoa-se a importância da diminuição das funções assumidas pelo Estado, com vistas a torná-lo mais eficiente. “Estado mínimo” e “mercado máximo”, eis a solução para nossos problemas.
Diante desse contexto, salta aos olhos o perigo da proposta de cobrança de mensalidade nas universidades públicas do estado de São Paulo. Um deles reside na possibilidade de que o governo paulista, com a implementação dessa proposta e o aumento dos recursos “não públicos” na formação do orçamento de tais universidades, poderá se sentir tentado a reduzir unilateralmente os repasses a elas.
Infelizmente, nos sentimos desamparados pelo Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo), que, em vez de defender-nos dos ataques privatistas, repete o mantra do governo paulista: “frente ao baixo crescimento do PIB” e à “queda na arrecadação do ICMS”, é preciso fazer alguns sacrifícios (leia-se arrocho salarial, cortes em fomento para participação em eventos científicos, redução de recursos para a atividade de extensão etc.).
É de se lamentar a omissão do Cruesp à política de sucateamento praticada pelo governo do estado de São Paulo em relação à USP, à Unesp e à Unicamp, bem como a falta de abertura para o diálogo e de transparência em relação a suas contas.
Combatemos veementemente a privatização de qualquer natureza como solução para os problemas enfrentados pelas universidades públicas paulistas. Defendemos uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Concebendo-a como espaço privilegiado do pensamento livre, como responsável pela realização de ensino de qualidade, pesquisas e extensão voltadas a atender os interesses do conjunto da população brasileira, na construção de uma nação soberana. Condições incapazes de serem alcanças por universidades submetidas à lógica mercantil.

* Cássio Garcia Ribeiro é docente da Unesp - Franca; Fabiana de Cássia Rodrigues é professora substituta da Unicamp; e Henrique T. Novaes é docente da Unesp - Marília.